Você tinha acordado alegre, um bom sentimento batia forte em seu coração. Em questão de poucos minutos já estava pronta e batendo na porta de Satoru.
— GOJO!! - Falou irritada e ouviu a porta ser destrancada e a visão do feiticeiro ficar presente.
— Não podia esperar?! - Riu e você escondeu seu rosto quente ao ver o feiticeiro terminando de vestir a blusa do uniforme, mostrando claramente seu abdômen marcado.
— Se vista logo, quero ir ver a sala agora... - Se sentou na cama bagunçada e suspirou encarando o telefone e tentando processar a cena, que insistia em ficar em sua cabeça.
— Tenho que terminar mesmo, você ia derrubar minha porta e eu tive que sair pingando pelo meu quarto todo. - Reclamou e você o encarou, descendo o olhar para suas pernas, somente cobertas com uma toalha. — Assim eu fico tímido S/n...
— VOCÊ É DOIDO PARA ABIR A PORTA QUASE NÚ? - Reclamou com ele jogando os travesseiros em sua direção com raiva, mas na verdade era nervosismo. — PODIA SER QUALQUER UM..
— E você não quer isso, certo? Qualquer um me vendo nu... - Insinuou com um sorriso malicioso nos lábios e se aproximando lentamente.
Sentia seus neurônios explodirem e seu coração disparar, a única coisa que soube fazer foi acertar um chute no peito dele, fazendo-o se afastar rápido e você sair pela porta, extremamente nervosa e com as bochechas quentes.
— Porra Satoru... - Ele reclamou consigo mesmo e terminou de se vestir. — Agora você realmente estragou tudo...
Ele rumou até você se martirizando, culpando-se por ter criado esse clima estranho com as piadas de duplo sentido, mas ele não conseguia segurá-las, ele a viu crescer, se tornar uma linda mulher em sua frente, seria errado ele querer tê-la para si?
A linda mulher que um dia ele segurou nos braços como uma inocente criança? Ele poderia pensar coisas indecentes com você? Seus longos fios escuros e as mechas brancas grudados em seu corpo suado? Os olhos híbridos desfocados em puro êxtase? Seu frágil corpo embaixo do dele? Que pecado seria, mas seria um belo pecado afrodisíaco.
E lá estava você, em pé na porta da sala e esperando ansiosamente por ele... Satoru sabia que no final de tudo ele teria que te confortar, ajudar você a assimilar tudo, e faria tudo sozinho, já que Nanami tinha uma reunião de urgência hoje, o loiro foi pessoalmente avisar você e te desejar sorte, mesmo sabendo os resultados.
— Vamos? - Te perguntou chegando mais perto de você, aflita, você concordou sorrindo fracamente. — Você terá que entrar sozinha, certo? Mas eu sempre estarei do lado de fora e quando você acabar eu saberei e irei te ver...
— Tudo bem....obrigada por...por tudo, Gojo... - Desviou o olhar nervosa e abriu a porta, sorrindo antes de a fechar totalmente e encarar a sala escura.
Agora estava sozinha, totalmente sozinha, como sempre esteve. Somente podia ver uma casa, uma simples casa. Imaginou ser a sua e andou até lá, na esperança de encontrar algo.
Mas estava redondamente enganada, havia somente caos e destruição ali. Uma linda mulher chorando, tinha seu rosto machucado, o corpo marcado com furos de agulhas, roxos de batidas e até mesmo sangue escorrendo de seus lábios. Ela chorava, chorava como se algo horrível tivesse acontecido.
— M-mãe? - A voz saiu fraca e trêmula, com medo de ser a sua própria mãe.
Ela te encarou e você tinha a certeza, aquela era sua mãe.
Os longos fios brancos e os olhos escuros, ela era linda, extremamente linda aos seus olhos. Ela sorriu ao te ver, sorriu gentilmente.
— Meu bebê cresceu... - Ela tentou, tentou ir até seu encontro, mas seus tornozelos estavam presos em correntes, pesadas correntes.
E ela caiu, fracamente ela se lembrou e voltou a chorar com medo, medo de ele voltar e te ver ali.
— Vo-você precisa ir filha...e-ele va-vai voltar lo-logo... - Murmurou e sorriu adoravelmente para você, os olhos estavam embaçados e chorando.
E ele voltou, uma alta figura masculina se aproximava por trás da mulher, e ela chorava e implorava misericórdia.
— Karma... - A grave voz clamou e você gritou.
Gritou com medo, nervosa e chorando pela memória horrível de sua mãe. E quando abriu os olhos estava no quarto escuro que se lembra.
O gélido quarto era sujo, pequeno e apertado. Não tinha brinquedos, não tinha água, comida, amor, não havia nada ali, somente o sentimento de dor e solidão.
Seu pequeno coração estava repleto de dor e sofrimento, tentava andar por ali, mas estava escuro demais e parecia haver correntes em seus pés, a prendendo ao chão que pisava, a impedindo de prosseguir.
Viu um pequeno amontoado no canto, estava quieto e calmo em seu canto, como um animal enjaulado e domado. Aquilo não era um animal.
Era uma criança.
Você.
Sua pequena figura, os cabelos sujos e bagunçados, os olhos vermelhos e chorosos clamavam por ajuda, queria gritar, queria correr até lá, entender tudo isso, mas era impossível, você estava sem mais nada.
Não havia voz que pudesse gritar, pernas que corriam, mente que entendesse isso, se tornou impossível demais estar ali.
— S/N! - Uma voz alterada gritou por você, sentiu seu corpo ser segurado e lágrimas caírem sob sua face.
O seu corpo mexia, podia sentir aquilo, claramente estava acordada e viva, mas não sentia totalmente, não tinha forças e nem vontade para responder a tudo aquilo.
— M-me desculpe S/n... - Alguém segurou sua mão, conhecia aquele toque, reconheceria o toque que a tirou da escuridão em centenas de milhares de outros.
— Satoru... - Murmurou em pela dor e tristeza. — Não chore...
— E-eu não t-te aj-ajudei... me des-desculpe, pequena S/n... - Sentia lágrimas quentes caírem sob suas pernas e a cabeça dele pesar em seu colo.
— Não faz mal... você pode me ajudar agora... - Segurou firme a mão dele e o fez te encarar. — Só não chore mais...
Ele concordou enxugando as lágrimas e sorriu gentilmente para você, sendo extremamente cuidadoso e gentil com você.
— Pode se deitar aqui comigo?... Não quero ficar sozinha... - Murmurou e ele concordou de prontidão, voando para seu lado e se deitando a sua frente, encarando seu rosto.
— Eu prometo te proteger, S/n....sempre irei te proteger.
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