Alguns fios de cabelos do Jeon caiam ao chão, os tufos negros estavam sendo aparados por um de seus pais, os cabelos que já quase tocavam os ombros do rapaz e estavam incomodando, então pediu esse favor embora o homem não fosse um especialista, Jeongguk também não queria os cabelos curtos da época de soldado, então os deixou cobrindo parte da nuca e completamente a testa, os fios ondulados eram rebeldes, mas gostou do resultado que viu no espelho, sorriu.
— Obrigado, appa.
Vasculhou em seu guarda roupas colocando uma a uma das camisas em frente ao corpo e se olhando no espelho, segurou uma das fardas nas mãos e apertou o tecido soltando o ar dos pulmões, já se fazia uma semana desde que tinha visto Taehyung, seus hematomas da briga com Hoseok já estavam clareando, e as dores no corpo haviam passado, uma semana desde que beijou o Kim, e ele também não havia voltado a procurá-lo, Jeongguk ponderava o tempo todo se seria melhor deixar tudo como estava, fazer de seu passado uma página virada, mas também havia seu filho e ele queria vê-lo outra vez. Colocou uma camisa social preta em frente ao corpo e gostou, acabou por vesti-la e em seguida cobrir suas pernas com um jeans rasgado que achou dobrado dentro da gaveta, estava pronto.
Havia marcado um encontro com Jimin e Namjoon, ambos haviam ido visitá-lo algumas vezes em casa mas os homens precisavam ir embora, o trabalho os esperava e também suas vidas próprias, aceitou almoçar com eles para se despedir. Senhor Jeon o levou e deixou algum dinheiro com o filho para caso precisasse, o moreno entrou no pequeno restaurante e olhou ao redor, não estava cheio então procurou por uma mesa próxima a janela e se sentou observando a rua pela vitrine.
Se surpreendeu ao ouvir um "oooh" sonoro ao seu lado e ao levantar o olhar encontrar Jimin cobrindo a boca com as mãos e Namjoon sorrindo largamente.
— Você está lindo, Jeongguk! — o Park elogiou, e rapidamente abraçou o amigo.
Jeongguk se levantou para correspondê-lo, logo em seguida o abraçando também.
— Você parece ótimo!
Os três se sentaram e fizeram seus pedidos, enquanto esperavam apenas conversaram sobre tudo, principalmente sobre o progresso de Jeongguk com sua família, os amigos já sabiam de toda história, sabiam que o Jeon era pai, sabiam sobre a briga do rapaz com Hoseok e sobre sua situação com Taehyung, o aconselharam e tentaram ajudar, mas o Jeon ainda estava confuso e magoado, apenas o apoiaram.
— Já sabe o que vai fazer daqui para frente? — Namjoon perguntou, recebendo uma cotovelada de Jimin.
Ambos se olharam em uma conversa muda, o Jeon apenas sorriu.
— Não sei, na verdade, viver, acho que é isso.
Jeongguk respondeu, e levou novamente os hashis a boca.
— Kook, sabemos que toda sua situação é muito delicada, mas… tente não fechar tanto o seu coração, ok? — o Park continuou, olhando para o amigo querendo encoraja-lo.
— Ok. — o rapaz respondeu.
— Tente se divertir também, quem sabe fazer novos amigos? — o Kim sugeriu, dando de ombros.
— Vou tentar.
Os três terminaram a refeição em silêncio e quando já estavam satisfeitos apenas se olharam, haviam passado muito tempo juntos e provavelmente não se veriam muitas vezes mais no futuro, Jeongguk sentia seu coração apertar. Todos ficaram calados, mas o momento tornou-se estranho demais então o Park limpou a garganta antes de tomar um gole de água e fitar seriamente os dois homens.
— Aish! Eu odeio despedidas. — reclamou, levando as mãos até os fios loiros os bagunçando. — Queria poder ficar mais, poder te ajudar mais Jeongguk… vou sentir saudades. — os olhos do Park se encheram de lágrimas mas ele as controlou. — Espero que tudo se ajeite para você aqui, e que você seja muito feliz. — Não aguentando mais, o Park derramou algumas lágrimas fazendo o namorado rir ao seu lado.
— Você é mesmo um bebê chorão. — Namjoon disse puxando o Park para os braços. — Olhe essas bochechas coradas. — ele apertou o rosto de Jimin, o irritando.
— Sem graça. — Jimin o empurrou, fazendo-o soltá-lo e se endireitou na cadeira.
Namjoon e Jeongguk apenas sorriram enquanto Jimin enxugava as lágrimas com o casaco que usava.
— Mas ele tem razão, Kook. Espero que você seja muito feliz, você merece.
— Obrigado, hyungs.
Jeongguk agradeceu passando as mãos sobre o jeans que usava e em seguida respirando fundo, o rapaz se levantou rapidamente e antes que pudessem dizer algo ele se curvou em frente aos dois homens, os pegando de surpresa.
— Obrigado! — falou, alguns tons mais altos. — Muito obrigado por tudo que fizeram por mim! Por cuidarem de mim, por me apoiarem e por serem meus amigos, obrigado Jimin-hyung por não ter desistido de mim quando todos já tinham, obrigado Namjoon-hyung por ter me acalmado quando precisei e por ter segurado minha mão, obrigado por tudo! Serei eternamente grato a vocês, e espero nunca esquece-los.
O rapaz parou um pouco para respirar e quando levantou o rosto encontrou não só Jimin com os olhos marejados, como Namjoon também.
— Ommo.
Os homens se abraçaram novamente e alguns aplausos foram ouvidos dos outros clientes no restaurante, Jeongguk estava feliz. Os amigos ficaram conversando um pouco mais do lado de fora do restaurante, antes de se despedirem, o Jeon ficou olhando até que o carro sumisse na rua e quando foram embora apenas colocou as mãos nos bolsinhos da calça que usava e chutou uma pedrinha no chão. Não queria voltar para casa ainda, eram três horas da tarde e o dia estava tão bonito então apenas caminhou lentamente pela calçada observando tudo, desde as lojinhas ao redor até as bicicletas e carros, o céu azul e as árvores da pracinha onde se sentou.
Jeongguk ficou ali por um bom tempo, sentado em um banco branco de madeira, algumas folhas caíram em seu colo, o ar era puro e fresco e algumas crianças brincavam pela pista, sentiu-se em paz, tombou a cabeça para trás no banco e inspirou profundamente, seus olhos estavam fechados quando ouviu um barulho de um sininho e ao abrir os olhos e se endireitar pode observar um grupinho de crianças descer a rua a todo vapor em suas bicicletas, isso o fez sorrir.
E logo um sentimento de nostalgia o atingiu, seus olhos piscaram um pouco mais lentamente no momento em que uma menina se desequilibrou e caiu, pensou em levantar e ajudá-la mas seu corpo travou no lugar, então apenas assistiu a cena, um dos meninos do grupo parou para ajudar e a levantou, ele parecia irritado e preocupado ao mesmo tempo.
E de repente…
— Eu te disse que não ia conseguir! — a menina disse, e cruzou os braços em frente ao corpo.
— Se você desistir não vai mesmo! — o menino devolveu, fazendo o coração de Jeongguk se acelerar.
Por que ele sentia como se já tivesse vivido aquela cena antes? Devagar o rapaz levou a mão até o peito e engoliu a seco. Antes que pudessem discutir mais a menina olhou para o garoto uma última vez antes de montar a bicicleta novamente e voltar a pedalar. Jeongguk permaneceu ali por mais algum tempo antes de acalmar o coração agitado. Era o mesmo dejavu que já havia sentido outras vezes, mas desta vez o deixou com uma sensação gostosa no peito.
Ele caminhou um pouco mais, sem rumo e com menos vontade ainda de voltar para casa, passou em frente a uma lojinha e acabou observando pela vitrine um pequeno coelhinho branco de orelhas grandes e caídas, o achou fofo, colocou a mão no bolso e contou o dinheiro que tinha consigo, acabou comprando a pelúcia, caminhou segurando o brinquedo nas mãos e alisando o pelo.
Parou em um ponto de táxi, havia um carro parado ali e o motorista estava encostado falando ao celular, Jeongguk pensou, e acabou cedendo aos seus desejos.
Era incrível como sua memória era boa mesmo que ele tivesse perdido parte dela, pois se lembrava perfeitamente do caminho que o pai usou para ir até a casa do Kim a uma semana atrás e também do nome da rua. Assim que saltou do carro e pagou o motorista se arrependeu. O que estava fazendo ali? O que o Kim pensaria?
Se envergonhou e cobriu o rosto com o coelho que segurava, mas logo olhou por cima do portãozinho, provavelmente o Kim não estava em casa pois pela janela o Jeon conseguiu ver Yoongi e Soobin, também estava com saudades do filho, e ao vê-lo mesmo que rapidamente, sorriu.
Ele se sentou na calçada, não tinha coragem de bater e esperar dentro da casa com Yoongi, não depois de tudo que aconteceu, então apenas esperou, e quando deu por si já havia anoitecido.
Piscou os olhos confuso e se assustou quando uma luz forte de faróis quase o cegou, ele se levantou no momento em que Taehyung saltou do carro, o Kim se surpreendeu e parou no lugar ao ver o Jeon ali.
Ele estava lindo. Fora quase impossível que o coração de Taehyung não acelerasse.
— Jeongguk, o que faz aqui? — questionou, passando a mão nos cabelos, em um tentativa de arrumá-los.
Jeongguk olhou bem para o Kim, ele usava um jaleco e segurava uma maleta, seus olhos estavam um pouco fundos, provavelmente de cansaço.
O Jeon soltou o ar dos pulmões e abaixou os olhos para o coelho que segurava, logo uma idéia brilhou em sua mente.
— T-trouxe isso para Soobin.
Os olhos do Kim foram para o pequeno coelho e novamente um sobressalto em seu coração aconteceu.
— Você se lembrou… — ele murmurou, se aproximando e segurando a pelúcia em uma das mãos.
Jeongguk não compreendeu, mas pode observar os orbes castanhos brilharem.
— Espero que ele goste.
Taehyung concordou, sorrindo um pouco e abraçando o coelho contra o corpo.
— Ele vai.
O Jeon sentiu-se estranho, suas mãos suavam então as levou até o jeans prendendo a respiração, o Kim ainda olhava para a pelúcia com tanta ternura que chegava a dar inveja, então o rapaz apenas limpou a garganta para chamar sua atenção.
— Você não me procurou.
Falou e se arrependeu no exato momento por ter dito, pois os olhos alheios rapidamente pousaram em si.
— Eu não sabia… que você queria que eu te procurasse. — Taehyung revelou. — Você me mandou embora, não queria incomodar.
— Eu não queria… quer dizer, esqueça. — Jeongguk se virou de costas para o homem. — Bem, já vou indo.
Taehyung se assustou ao ver o Jeon se afastando, e rapidamente foi atrás dele, segurando em um de seus ombros mas o soltando logo em seguida.
— Não quer ver Soobin? Entregar a ele o presente? — o acastanhado sugeriu, sentindo as mãos tremerem.
— É uma boa idéia. — o moreno pegou o coelho das mãos do rapaz e o seguiu.
Taehyung abriu o portão e esperou que o rapaz entrasse, Jeongguk o seguiu devagar ainda envergonhado, assim que o Kim abriu a porta encontrou o filho nos braços de Yoongi, o menino sorriu abertamente ao ver o pai, e levantou os bracinhos sendo segurado pelo Kim, que o abraçou e beijou sua bochecha algumas vezes, Jeongguk e Yoongi se tornaram meros espectadores, e ao notar a presença do moreno na casa rapidamente o Min adotou um semblante fechado.
— Como foi seu dia meu amor? Brincou muito? Comeu bem? Sentiu saudades do papai? — Taehyung perguntava tudo ao filho, de uma forma tão carinhosa que fazia o coração do Jeon balançar.
O Kim olhou para o Jeon ainda parado se se aproximou com o filho no colo.
— Bin, olhe o que seu pai te trouxe. — O homem incentivou o Jeon a entregar o coelho.
— É… — O Jeon se atrapalhou, de alguma forma estava nervoso. — O Papai… te trouxe um presente. — seu coração se agitou ao se referir ao filho assim.
Soobin segurou o coelhinho pelas orelhas mas logo em seguida o abraçou firmemente, arrancando sorrisos de Jeongguk.
— Ele gostou. — Taehyung disse. — Quer segurá-lo?
— Eu… bem, claro.
Logo Soobin estava nos braços de Jeongguk, o rapaz se perdeu novamente com cada detalhe da pequena criança, observando enquanto o menino mordia uma das orelhas da pelúcia.
— Seus dentinhos estão crescendo rápido. — O Kim explicou, chamando sua atenção. — Se importa de eu tomar um banho? Yoongi pode te fazer companhia, certo?
Jeongguk levantou o olhar do filho para o homem pálido ao lado que o encarou com um rosto nada amigável, pelo jeito não havia causado uma boa impressão.
— Certo.
O Kim se apressou, sabia que Yoongi não gostava de Jeongguk, e levou um grande puxão de orelhas ao ter contado que havia rompido o namoro com Hoseok, não queria deixá-los muito tempo sozinhos. Taehyung grunhiu ao sentir a água gelada bater em seu corpo, rapidamente a mudou para quente e se ensaboou, nem conseguia acreditar que o Jeon estava ali, muito menos quando se secou e vestiu e fora caminhando lentamente para sala, sempre sonhou com a cena, sempre desejou, mas agora que estava acontecendo parecia muito melhor.
Jeongguk estava sentado no tapete com o filho, brincando com o coelhinho, o Jeon fazia vozes para a pelúcia e o colocava no rosto e no corpo do menino simulando beijinhos, Soobin sorria abertamente para o pai, fazendo consequentemente o rapaz sorrir também, o Kim se encostou em uma das paredes e apenas assistiu mais da cena, com uma das mãos no coração, seu sonho estava se realizando, sentiu os olhos arderem quando Jeongguk puxou o bebê para mais perto e se levantou com ele nos braços o girando, Soobin gargalhou, o moreno girava com ele quando parou de frente para Taehyung o pegando em flagrante.
Ele ficou com vergonha e com o bebê ainda rindo em seus braços parou, sentindo-se um pouco tonto. Yoongi acabou se despedindo do patrão e superficialmente do Jeon, antes de partir deixando os dois homens sozinhos com o menino. Taehyung convidou o rapaz para o jantar, embora a situação de ambos ainda parecesse estranha, deixou o homem com o filho na sala e foi em direção a cozinha para preparar o que iam comer, vez ou outra o Kim bisbilhotava o que estavam fazendo e em uma das vezes acabou observando enquanto Jeongguk se deitou no chão e colocou Soobin sobre seu peito, ambos acabaram adormecendo.
Fora demais para o coração do Kim que apenas correu em busca do celular e tirou uma foto, era lindo, Soobin dormia tranquilamente sobre o corpo do pai enquanto o Jeon se apoiava em um dos braços, era quase um pecado acordá-los, mas Taehyung o fez assim que o jantar estava pronto.
Jeongguk se sentia inquieto, estava sentado à mesa de frente para Taehyung que o encarava o tempo todo, Soobin estava em seu colo, e vez ou outra puxava a manga de sua camisa para alcançar os hashis em sua mão e comer também. O Kim sorria com cada interação dos dois, sentindo cada vez mais seu coração aquecer, o Jeon alimentava o filho e limpava seu rostinho sujo, a cena mais linda para Taehyung.
Quando terminaram de jantar o Kim preparou uma mamadeira para o filho, e acabou dando a oportunidade de Jeongguk amamenta-lo. As mãos do Jeon tremeram um pouco, o menino repousava em um de seus braços e as mãozinhas seguravam a mamadeira junto às mãos grandes do homem que o alimentava, estava maravilhado, e não desgrudou os olhos do menino nem mesmo quando seus pequenos olhinhos foram se fechando e ele adormeceu.
A mamadeira fora colocada sobre a mesa e Soobin descansou em um dos ombros de Jeongguk que apenas dava leves tapinhas em suas costas e o balançava.
Taehyung o chamou para o quarto, o Jeon não pode deixar de notar e analisar o local, era a primeira vez que estava entrando ali, apenas depositou o filho na cama colocando alguns travesseiros ao seu redor e saiu do quarto junto ao Kim.
Ambos não disseram nada, pelo menos até chegarem a sala.
— Ele deve ter brincado bastante hoje.
— É.
Jeongguk e também estavam ambos intimidados com a presença um do outro.
— V-vou fazer um chá.
O Kim anunciou antes que o Jeon pudesse dizer algo e foi para a cozinha. Estava nervoso, tanto que acabou deixando o pó do chá cair ao chão, quase derrubou água quente nas mãos mas quando o chá ficou pronto apenas o serviu, se sentando de frente para o Jeon na mesa, ele o serviu, e Jeongguk apenas aceitou a xícara bebericando o chá, ficaram então em silêncio, apenas os barulhos da louça e das sucções eram ouvidos, pelo até a xícara de um deles se esvaziar.
— Você é médico? — os olhos do Kim se levantaram pouco a pouco da madeira da mesa e fitaram as orbes negras que o encarava. — Você estava usando jaleco. — o Jeon deu de ombros e encheu um pouco mais xícara com chá.
— Ainda não, mas em breve serei, por enquanto apenas estagio no hospital.
— Hmm… você parece cansado.
— É um pouco corrido.
Novamente o silêncio se alastrou, mas desta vez o Kim o rompeu, ao terminar de beber o chá.
— Você cortou o cabelo e está usando roupas bonitas… ficou bem em você.
O elogio pegou o Jeon desprevenido, e antes que pudesse evitar sentiu o rosto aquecer. Ele se remexeu na cadeira, e apoiou as mãos nas coxas.
— Soobin… ele… me fale um pouco dele. — pediu, desviando os olhos do Kim. — O que ele gosta, o que não gosta, quero conhecer meu filho.
Taehyung acabou sorrindo, e concordando.
— Bem, Soobin é um menino muito bonzinho, ele quase nunca chora, apenas quando está assustado ou com dor, ele é muito apegado a mim, e esperto, brincalhão, ele gosta de beijos e abraços mas não gosta quando pego em suas orelhas no banho, ele franze as sobrancelhas e me olha assim. — O Kim fez uma careta brava para demonstrar. — É muito engraçado. Ele está na fase de colocar tudo na boca por seus dentinhos estarem crescendo rápido, ele quase nunca fica doente e gosta muito de assistir poporo. Hmmm… o que mais? — o Kim pareceu ponderar por um tempo. — Ah! Ele também gosta do Rilakkuma! E de Kimchi, mas eu não dou muito porque ele ainda é pequeno.
Taehyung colocou a mão no queixo tentando pensar em algo mais para dizer ao Jeon, que por sua vez o interrompeu.
— Desculpe.
A atenção do Kim fora rapidamente chamada, e ele parou o que fazia para encarar o moreno a sua frente.
— Por te mandar embora depois de te… beijar.
— T-tudo bem.
— Tudo ainda é muito doloroso… desculpe.
— Certo, não precisa se desculpar. — Taehyung se envergonhou, e levou uma das mãos em frente a testa, tirando o cabelo dos olhos.
Ambos ficaram em silêncio por um bom tempo, não se olharam nem pronunciaram uma palavra sequer, mas o Kim se surpreendeu ao observar lentamente o corpo do Jeon se debruçar contra a mesa, o rapaz afastou a xícara que usava e se deitou na madeira, calmamente fechou os olhos e suspirou.
— Vamos tentar algo? — sugeriu, baixinho.
— Como o que?
O coração do Kim já estava agitado.
— Me conte como nos conhecemos, vou permanecer de olhos fechados e tentar imaginar…. Talvez ajude com minhas memórias. — concluiu.
Fazendo o Kim fechar a boca, o rapaz respirou mais pesadamente, concordando.
— Certo. Bem… nos conhecemos em um parque de diversões.
— Prossiga, sem pausas… diga detalhes, qualquer coisa que possa me ajudar a imaginar…
— Estava quase anoitecendo mas o pôr do sol ainda estava lá… haviam muitas pessoas ao redor, crianças e famílias, muito barulho ao redor… eu estava em uma barraquinha de tiro ao alvo tentando acertar um coelho para minha irmã mais nova.
Jeongguk tentou imaginar, e um pequeno sorriso enfeitou seus lábios ao pensar no Kim concentrado em acertar o alvo.
— O que estava usando?
— Jeans e um casaco de moletom.
— Continue…
O Kim respirou fundo, olhar para o rosto sereno do homem o deixava inquieto e mesmo que o Jeon tivesse os olhos fechados sentia-se sendo observado.
— Minhas mãos estavam tremendo porque eu não sabia manusear uma arma, foi frustrante, eu errei todos os tiros. Eu ia tentar mais uma vez, uma última quando acabei me assustando… alguém havia segurado a arma e esse alguém era você.
— O que eu disse?
Taehyung sorriu ao se recordar, se remexendo na cadeira e descansando o queixo em uma das mãos.
— Se me permite… suas mãos estão tremendo demais, você nunca irá acertar assim.
Jeongguk acabou sorrindo, pois em sua mente tentava imaginar tudo, pouco a pouco as cenas surgiram em sua mente, agitando seu coração.
— E então você retirou a arma das minhas mãos e mirou atirando diretamente no alvo, foi incrível…. As pessoas ao nosso redor vibraram e eu fiquei sem palavras.
— O que você me disse?
— Após minha euforia passar eu perguntei como você havia feito aquilo e disse que você era muito bom. O vendedor entregou o prêmio em seguida, era um coelho.
— Sua irmã gostou do coelho?
— Ela adorou.
— O que aconteceu depois?
— Eu estava envergonhado por estar segurando um coelhinho então eu me justifiquei dizendo que era pra minha irmã… você disse que não havia problemas em ser para mim.
Jeongguk sorriu, imaginando a expressão envergonhada do Kim.
— E não havia mesmo.
Taehyung suspirou baixinho, se sentindo feliz, o pequeno sorriso não saia de seus lábios, acabou tomando a liberdade de se debruçar como o Jeon fez sobre a mesa e também se deitar, fitando o rosto do homem de perto, Jeongguk respirava lentamente e obtinha um semblante tão calmo.
— Eu te agradeci… e você me disse que não havia sido nada demais… depois seus amigos chegaram… e não conversamos muito mais. Você disse que tinha que ir e nos despedimos… — O Kim ficou em silêncio por um tempo, observando o rosto bonito. — Esse dia foi um dos mais bonitos na minha vida Kook, jamais vou me esquecer de quando te conheci…
Jeongguk nada respondeu, sua respiração parecia cada vez mais pesada.
— Ou do que eu senti quando nossos olhos se cruzaram.
O Kim lambeu os lábios e ficou em silêncio por alguns segundos, mas Jeongguk estava quieto demais, o que fez Taehyung levantar uma das mãos e tocar os cabelos negros caídos sobre a testa com a ponta dos dedos.
— Você dormiu? — sussurrou.
Não obtendo resposta, então sua mão acabou aprofundando-se mais nos fios, fazendo um carinho, seu coração pulsava loucamente no peito, e seus olhos passeavam livremente por todo o rosto do rapaz, conseguia até mesmo sentir a respiração quente e pesada contra seu rosto.
— Kookie? — chamou uma outra vez, sem resposta. — Não acredito que você dormiu… — sussurrou, sorrindo.
As mãos nos fios acabou descendo para o rosto do rapaz, o Kim acariciou lentamente uma das bochechas e seu olhar desceu diretamente para os lábios cheinhos e rosados, engoliu a seco e voltou a encarar aquele rosto.
Sua mão desceu um pouco mais, e acabou tocando a mão do rapaz sobre a mesa, Taehyung a apertou e fechou os olhos também, suspirando.
— É tão bom te ter aqui comigo… — segredou baixinho, sentindo os próprios olhos pesados.
O aperto na mão do Jeon tornou-se mais forte, mas aos poucos o Kim também perdeu a consciência, adormecendo.
Algumas horas mais tarde e com o sol batendo em seu rosto Jeongguk se remexeu e descolou o rosto da mesa, seus olhos tentaram focalizar mas ainda estavam embaçados pelo sono, sua mão se moveu mas sentiu um peso sobre ela e permaneceu no lugar, assim que focalizou pode observar o corpo do Kim contra a mesa, sentado em uma cadeira, seu coração sobressaltou ao observar o rosto sereno, e os lábios partidos em uma respiração lenta.
Ainda parecia mentira, mas havia passado a noite toda ali.
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