A sensação de felicidade era tão boa. Jeongguk abaixou o olhar para as mãos juntas as do Kim, os dedos longos de ambos se entrelaçando e o sorriso bonito que o acastanhado tinha. Tudo estava perfeito, mas aos poucos o sorriso do Jeon fora sumindo e o rapaz ganhou uma expressão preocupada, Taehyung o encarou sem entender e deu um passo a frente, observando o rosto abaixado do homem, ainda segurando suas mãos juntas.
— Kook, o que foi? — o coração do Kim se apertou, estavam tão felizes, o que poderia dar errado agora?
O rapaz aos poucos levantou a visão e fitou as orbes castanhas e curiosas do Kim, lambeu os lábios e desviou o olhar, estava um pouco envergonhado.
— É que… estive pensando também e… por mais que nossos sentimentos sejam mútuos, eu não acho certo que fiquemos assim, tão… próximos. — O rapaz sentiu o rosto esquentando aos poucos. — Antes de você… bem, antes de você resolver seu relacionamento com o Jung.
Finalmente fora como se Jeongguk tirasse um peso enorme dos ombros, desde o primeiro beijo na varanda o rapaz sentiu-se um pouco culpado pelo que fizeram, embora sempre que olhasse para o Kim esquecesse de tudo, ainda sim tinha a consciência de que Hoseok estava com o Kim.
— Eu sei que agora vocês estão juntos, e não quero ser… o outro.
O rapaz pareceu se envergonhar ainda mais, e apenas soltou uma das mãos do Kim para coçar a nuca, já o outro piscava os olhos lentamente captando cada uma daquelas reações e forçando seus lábios a ficarem quietos, teimavam em sorrir.
— Portanto, sem beijos até você resolver tudo, ok? — o Jeon disse, convicto. — Aliás, sem dar as mãos também, isso é muito perigoso. — continuou, soltando as mãos do rapaz.
Taehyung sorriu, já não conseguindo mais disfarçar o quão adorável aquilo lhe parecia, e audaciosamente puxar as mãos de Jeongguk e segura-las outra vez.
Os olhos de Jeongguk se arregalaram e rapidamente soltou as mãos do Kim, mas o outro era insistente e segurou suas mãos novamente, desta vez mais firme.
— Kook-ah, não há nada perigoso em darmos as mãos. — disse, com a voz suave.
Jeongguk aos poucos o fitou novamente, franzindo a testa.
— Como não? Se só de estarmos próximos já cometemos essas… essas loucuras.
— Oh, desde quando você é tão tímido?
Jeongguk ignorou o sorriso largo do rapaz, e as batidas frenéticas de seu coração. Queria mesmo que o Kim resolvesse sua situação com Hoseok antes de começarem qualquer coisa, sentia-se incomodado só de pensar que o outro ainda pertencia ao Jung.
Taehyung acariciou levemente a pele do Jeon com os polegares, encostando os corpos e descansando o queixo em um dos ombros do rapaz.
Automaticamente o acastanhado soltou as mãos do moreno e as levou até a parte de trás das costas o abraçando.
— Jeonggukie… — sussurrou. Sentindo aos poucos as mãos do Jeon em suas costas também.
— Sim?
— Hoseok e eu terminamos. Desde o dia em que nos beijamos na varanda tudo mudou, e eu não estaria aqui com você se ainda estivéssemos em um relacionamento, então não fique preocupado com isso, você não é o outro.
O coração do Jeon sobressaltou, e rapidamente afastou o Kim se si, segurando em seus braços para olhá-lo de perto, era quase nítida sua felicidade.
— Mesmo!? — disse, um tanto eufórico.
— Por quê você parece tão entusiasmado? — o Kim provocou, sabendo que o rapaz se envergonharia.
— Quê? Só estou surpreso. Aaah, que pena. Sinto muito. — Jeongguk disse, dando alguns tapinhas no ombro do rapaz que arqueou uma das sobrancelhas.
— Sente mesmo?
Lentamente o Jeon fechou os lábios em uma linha fina e negou devagarzinho.
— Não.
Taehyung sorriu, e novamente se jogou contra os braços do rapaz, o abraçando e desta vez sendo correspondido.
— Bobo.
Passaram o restante do dia juntos. Na verdade, Jeongguk passou a frequentar a casa do Kim todos os dias. E claro que em muitas das vezes isso era no período da tarde, o que deixava senhor Jeon ainda mais intrigado. O Jeon não tornou a dormir na casa de Taehyung novamente mas em muitas vezes chegava quando já havia anoitecido, o mais velho tentou não se intrometer a princípio, apenas observando as atitudes do filho que já não parava em casa, estava cada dia mais preocupado. Os rapazes não faziam nada de mais, apenas conversavam e se conheciam como fora a proposta inicial do Jeon, passou mais tempo com o filho e até mesmo aprendeu trocar as fraldas do menino, se arriscava a cozinhar algumas vezes quando percebia o quão cansado o Kim estava, sentavam-se em frente a televisão e ficavam assim, em quase todas as noites, quando se aproximava do horário de dormir o Jeon ia embora.
Taehyung contou a Jeongguk várias histórias sobre os dois, e o mais jovem sempre tentava fechar os olhos e imaginar os acontecimentos, em muitas das vezes conseguia, o Kim mostrou a ele todos os objetos que ganhou e até mesmo uma camisa velha e surrada do Jeon que Taehyung guardava com tanto carinho em seu guarda roupas. A aliança sem par na gaveta, as cartas, o acastanhado deixou que Jeongguk lesse todas, o rapaz sentia-se bobo por seu coração acelerar e suas mãos suarem frio apenas por estar lendo palavras bonitas e de amor.
Conversavam sobre tudo, inclusive sobre o trabalho do Kim, Jeongguk gostava de ouvi-lo falar sobre seu dia, e depois de sentar com ele no sofá e lentamente Taehyung se sentar entre suas pernas encostando-se em seu peitoral, muitas vezes o rapaz adormecia ali mesmo, e o Jeon aproveitava para admirá-lo.
Ainda não haviam conversado seriamente sobre os sentimentos do Kim em relação ao Jung ou sobre tudo que aconteceu, preferiam se concentrar em Soobin e no futuro.
Mas o Jeon sabia que mais cedo ou mais tarde teriam que tocar no assunto ruim, embora desejasse ficar para sempre nos momentos bons que tiveram e que estavam tendo.
Aos poucos Jeongguk aprendeu que o Kim tinha muito medo de filmes de terror, e que adorava dormir com roupas largas e confortáveis, descobriu sua música preferida e que adorava comer as bordinhas do bolo, seja de qualquer sabor. Descobriu que o rapaz era muito sensível, e também que tinha dois pés esquerdos.
Aos fins de semana Jeongguk passava o dia inteiro com o Kim e com o filho, pintava para eles, brincava ou somente ficava ali, sempre buscava ajudar o rapaz com o que quer que fosse em casa e quando menos perceberam já estavam agindo como um casal.
Haviam se passado apenas um mês desde que decidiram se conhecer, não haviam se tocado muitas vezes após o combinado, Jeongguk não queria apressar as coisas e Taehyung respeitava isso, queria apenas ficar junto.
— Acho que devo procurar um emprego. — Jeongguk falou, enquanto esperava o Kim enrolar alguns omeletes.
Jeongguk queria trabalhar. Observar como Taehyung sempre se esforçava todos os dias o estava deixando inquieto, queria ajudar com Soobin e com as despesas da casa, e também queria recomeçar.
— Não me imagino voltando para o exército. — revelou.
Taehyung ficou feliz e aliviado pela iniciativa de Jeongguk, tanto que se ofereceu para ajudá-lo com currículo e com a procura por trabalho. O Jeon não tinha muita experiência, mas estava disposto a tudo desde que pudesse ajudar o Kim.
Yoongi ainda não simpatizava com o Jeon, mas como seu patrão estava feliz, não se importou em ajudá-los quando teve a oportunidade.
— Bem, minha avó está precisando de ajuda com a lojinha dela. — disse, enquanto observava os dois homens sentados no sofá. — Ela vende bolinhos e chá. Eu a ajudo quando tenho tempo mas também trabalho em dois empregos. — explicou, referindo-se ao seu trabalho na conivência e como babá. — Ela precisa de alguém pra ajudar, se quiser posso falar com ela pra você.
— Mesmo!? — Jeongguk se levantou, e eufórico segurou as mãos do Min que o olhou assustado.
— Sim.
— Aaa, eu sabia que você não era tão ruim assim. — Jeongguk disse, sorrindo.
— O que quer dizer com isso?
Taehyung riu, e se colocou entre os homens agradecendo a Yoongi por sua generosidade. O Jeon rapidamente foi contratado pela senhora Min, seu trabalho era simples, apenas carregar caixas pesadas, limpar a dispensa, o chão e as louças, enquanto isso a mais velha cozinhava e atendia os clientes, ela também vendia macarrão a noite, sempre que podia o Jeon passava na casa do Kim para dar um beijo de boa noite.
O Min quase sempre estava presente ajudando a mais velha a atender os clientes, aos poucos Jeongguk e ele conseguiram conversar sem que farpas fossem atiradas para todos os lados, Yoongi só se preocupava com uma coisa constantemente.
O fato de que o Jung quase sempre jantava ali.
[...]
Após ler o bilhete deixado por Yoongi Hoseok sorriu, se levantou e preparou café como recomendado, também preparou algo para comer, a alguns dias não fazia todas as refeições, sua cabeça ainda latejava quando entrou debaixo da água gelada, se lembrou pouco a pouco de tudo que aconteceu na noite anterior, principalmente da conversa que teve com o Min, o rapaz tinha razão, Hoseok não era assim e não deixaria que o término com Taehyung destruísse sua vida.
Fora a primeira vez em dias que saiu para fora determinado a colher todo e qualquer morango ruim e deixar somente os bons, a tempos não cuidava de sua plantação, muito menos dos outros alimentos que cultivava, passou grande parte do dia ocupado e quando acabou, havia um cesto cheio de morangos e não sabia o que fazer com eles.
Procurou na internet por uma receita e foi tomar um banho a fim de tirar toda a lama dos sapatos. Quando voltou arriscou-se a cozinhar ele fez suco, e fez quatro tortas de morango, sua cozinha ficou completamente suja mas no fim valeu a pena.
Quando já quase anoitecia se arrumou para sair, segurou uma das tortas na mão e caminhou lentamente em direção a casa do Min, durante o caminho pensou no que dizer, seria estranho demais aparecer sem avisar? Só queria agradecer por toda a ajuda do Min mas não tinha um plano em mente.
Sabia que pelo horário o rapaz já deveria estar em casa, ao lado havia um pequeno restaurante de comida e bolinhos, o Jung bateu mais uma vez na porta e quando ouviu passos se afastou, Yoongi estava terminando de amarrar um avental quando saiu e deu de cara com uma torta de morangos.
Olhou do doce para o Jung alternando vez ou outra.
— Senhor…
Yoongi fora interrompido quando o outro colocou a bandeja com a torta em suas mãos.
— É uma forma de agradecer por suas palavras e sua ajuda, obrigado! — Hoseok se curvou em frente ao rapaz que engoliu a seco.
— Hum… não precisava, obrigado.
— Haviam muitos morangos na minha casa então… se você não gostar, pode dar para alguém.
— Eu gosto!
Yoongi rapidamente falou, assustando o mais velho.
— Que bom, fico feliz. — O Jung sorriu.
— Espere aqui, vou guardar lá dentro.
Yoongi rapidamente se virou e fechou a porta, deixando Hoseok parado em frente a casa. O mais velho colocou as mãos no bolso da calça no exato momento em que uma senhorinha surgiu segurando uma colher de pau em uma das mãos, ela usava um avental igual ao do Min e resmungava algo.
— Min Yoongi!!! — de repente gritou, assustando Hoseok que deu um passo para trás. — Aish, onde esse menino se meteu!
A mais velha olhou ao redor e pode observar Hoseok parado em frente a casa, logo cruzou os braços em frente ao corpo, o olhando de cima a baixo.
— Quem é você rapazinho?
— Um amigo de Yoongi.
A mais velha estreitou os olhos pequenos e logo o Min surgiu, um pouco afobado, tocando um dos ombros da avó.
— Estou aqui vovó. — disse e levantou o olhar para o Jung. — Oh, este aqui é Jung Hoseok. — apresentou o Jung, que sorriu acenando para senhora. — Ele nos trouxe uma torta muito bonita.
— Hum… — a mais velha resmungou, olhando do neto para o homem parado a sua frente. — Sabe consertar cadeiras senhor Jung?
— Vovó! — Yoongi a repreendeu. — Eu disse que já vou arrumar.
— Se esperamos por você Yoongi, não teremos onde sentar. Não sabe nem segurar uma ferramenta.
A mais velha balançou a cabeça negativamente observando a careta do neto. Yoongi se virou para o Jung e pediu desculpas.
— Obrigado pela torta, mas tenho que trabalhar agora. — Se despediu.
— Esperem. — mas o Jung chegou mais perto. — Eu sei consertar sim, posso fazer isso.
— Não, não precisa. — Yoongi segurou no braço da avó para que entrassem.
— Eu insisto.
— Aceitamos. — a última fala fora da senhora, que apenas se soltou do aperto do neto e entrou na loja.
O Jung se ofereceu para consertar algumas cadeiras que estavam moles, e também algumas das mesas. Yoongi assistia o trabalho do homem em silêncio enquanto secava alguns copos, quando acabou a senhora Min o agradeceu e acabou o convidando para jantar por conta da casa, Hoseok não quis aceitar de primeira mas fora praticamente obrigado a se sentar pela senhorinha e aguardar por seu prato. A mais velha cozinhou e quando terminou entregou o prato a Yoongi para que levasse. O rapaz acabou obedecendo e posicionando uma tigela com macarrão e acompanhamento em frente ao Jung.
— Oh, está cheirando bem. — comentou, enquanto pegava uma colher para provar o caldo. — É bom.
O Min sorriu, e puxou uma cadeira para se sentar a frente do rapaz.
— Vovó cozinha muito bem.
O Jung apenas assentiu enquanto segurava os hashis para pegar o macarrão, Yoongi apenas descansou o rosto em uma das mãos e observou o homem comer, perdendo a noção do tempo em que estava ali sentado. O moreno já estava virando a tigela para beber o caldo quando o Min se deu conta e se levantou, quase derrubando a cadeira onde estava sentado.
— Estava ótimo. — Hoseok agradeceu, e se levantou para ir embora. — Tenho que ir pra casa, mas agradeça sua avó.
— Certo.
Ambos se despediram e o Min acompanhou o Jung até o lado de fora, ficou parado em frente a loja observando o homem se afastar cada vez mais, pelo menos até ouvir batidinhas e notar que sua avó estava atrás de si, batendo os pezinhos freneticamente.
— Min Yoongi, as louças te esperam. — a mais velha falou, enquanto jogava um pano de prato contra o rapaz.
Que sequer se importou.
Hoseok voltou outras vezes, com o intuito de jantar, e em algumas delas ajudava a mais velha com seus pequenos consertos. Já que não tinha muito o que fazer em casa passava o dia cuidando de sua plantação de morangos e tratando das vendas, mas ao anoitecer ia até a loja dos Min conversar com Yoongi e comer as delícias que sua avó preparava.
E era por isso que Yoongi estava preocupado, já se faziam três dias que o Jung não jantava ali, então não sabia quando o rapaz viria, se esqueceu totalmente deste fato quando ofereceu o emprego ao Jeon.
Yoongi contava o dinheiro no caixa enquanto Jeongguk levava o lixo para os fundos, o rapaz desviou o olhar por poucos segundos da caixa registradora e quando olhou para frente pode observar o Jung entrando na loja.
O jovem ergueu uma das mãos em um aceno e rapidamente o Min correu em sua direção segurando um de seus braços e o puxando para fora.
— O que foi? — Hoseok perguntou confuso.
— Yoongi, pode me arrumar outro uniforme? O meu sujou com shoyu e… — Jeongguk parou de falar assim que visualizou o Jung ali.
Hoseok também ficou sem palavras, a tempos não via Jeongguk, desde que brigaram para ser mais preciso, seu coração se agitou.
— Eu já arrumo pra você, volte ao trabalho, por favor. — Yoongi pediu.
Jeongguk piscou os olhos e concordou, voltando para os fundos da loja.
— Ele está trabalhando aqui? — Hoseok perguntou, se soltando do aperto do Min. — Desde quando?
— Faz uns três dias, me desculpe, ele estava procurando emprego e estávamos precisando de ajuda…
— Por quê está se desculpando? Está tudo bem.
Yoongi olhou para o Jung preocupado, mas o homem não expressou nada, pelo contrário, apenas andou procurando por uma mesa e se sentou. O Min como de costume sentou-se a sua frente, o homem agora fitava o lado de fora, os primeiros clientes chegando.
— Está tudo bem mesmo? — perguntou, somente para garantir.
— Claro, não sou o dono do mundo.
Yoongi voltou a trabalhar após a conversa com o Jung, deixou Jeongguk no caixa para não correrem riscos, mas seus olhos sempre estavam nos dois homens que vez ou outra se encaravam, o Jeon não sabia o que sentir, ainda sentia raiva ao olhar para o Jung mas já não era tanto quanto antes, Hoseok também não, apenas olhava vez ou outra para o rapaz que parecia estar muito melhor, sentiu vontade de levantar e puxar algum assunto com o mais novo, mas não seria mais tão presunçoso ao ponto de achar que ainda poderiam ser amigos, jantou em silêncio apenas ouvindo o som da televisão ligada, e quando acabou se levantou e ficou na fila do caixa para pagar a conta.
O Min tentou trocar de lugar com o Jeon nesse momento, mas o rapaz se recusou e continuou atendendo os clientes.
Hoseok esperou pacientemente na fila e quando chegou sua vez fora impossível não encarar mais do tempo necessário o rosto de Jeongguk, que também o encarava.
O rapaz sentia-se nervoso, principalmente quando resgatou o dinheiro das mãos do mais velho.
O Jung acenou com a cabeça e mais lentamente Jeongguk o imitou, o rapaz era o último da fila, e antes que fosse embora, girou os calcanhares e encarou o Jeon que guardava as moedas na gaveta.
Ambos se encaram por um bom tempo sem dizer uma palavra sequer, até Hoseok suspirar longamente, e desviar os olhares.
— Fico feliz por você, parabéns pelo emprego. — disse rapidamente.
E Jeongguk soltou o ar dos pulmões, que havia prendido. Hoseok não disse nada mais, apenas bateu contra o balcão com uma das mãos e virou as costas, saindo.
[...]
No caminho para casa de Taehyung, Jeongguk andou chutando as pedrinhas na rua, não conseguia esquecer os olhares que o mais velho lançou para si durante toda a noite e o desconforto que sentiu em seu estômago, uma ansiedade estranha. Sentia-se confuso enquanto abria o portão e entrava na casa, na sala não havia sinal do Kim, nem do filho, mas ao julgar pelo horário o menino deveria estar dormindo, chamou pelo rapaz recebendo uma resposta rápida, ele estava no quarto.
Jeongguk caminhou lentamente até o quarto do Kim dando leves batidinhas na porta, mas parou assim que observou o homem sair do banheiro.
Taehyung usava uma camisa branca comum, como as que sempre usava para dormir, ela batia na metade de suas coxas, e rapidamente os olhos de Jeongguk foram para elas.
Mas logo seu olhar se levantou ao ver o homem se aproximar e abraça-lo.
— Como foi o dia de trabalho?
O Jeon retribuiu o abraço voltando a focalizar o Kim.
— Cansativo, mas foi bom.
Taehyung concordou, e se aconchegou mais ao corpo do homem.
Aos poucos Jeongguk sentiu seu coração bater um pouco mais rápido.
— Quer jantar antes de ir? Eu fiz bastante comida.
— É, pode ser. — Jeongguk afastou o rapaz, sorrindo pouco, estava com calor.
— Pode tomar um banho também, se quiser, te empresto umas roupas.
Jeongguk apenas concordou, pedindo licença e indo rapidamente para o chuveiro.
Fechou os olhos enquanto sentia a água bater contra seu corpo, estava cansado e também com o coração agitado. Sentiu aos poucos um cheiro de comida preencher os cômodos da cada, e sorriu. Lhe parecia tão familiar, terminou seu banho e se enxugou enrolando a toalha na cintura, assim que abriu a porta do banheiro encontrou algumas roupas do Kim para vestir e o fez, secando os cabelos, aproveitou para ir até o quarto do filho, Soobin geralmente dormia com Taehyung mas a algumas semanas o Kim disse que seria bom o menino ter uma cama somente para si, e Jeongguk o ajudou a montá-la, abriu devagar o quarto da criança e visualizou o pequeno menino adormecido. Na ponta dos pés se curvou em direção ao menino e lhe deu um beijinho na testa antes de sair do quarto e fechar a porta. Seguiu o cheiro de comida esquentando o Kim na cozinha, mexendo nas panelas.
— Já estou quase terminando. — Taehyung disse, desligando o fogão.
Jeongguk puxou uma cadeira para se sentar e fitou o homem parado a poucos passos a sua frente.
O Kim também o encarava com a mesma intensidade, observando cada detalhe.
— Eu… vi Hoseok, hoje. — Jeongguk disse baixinho, desviando o olhar do Kim para o chão.
Taehyung sentiu o coração aos poucos acelerar, e juntou as mãos em frente ao corpo.
— E… como foi? — perguntou, também não encarando o rapaz.
Sabia um pouco sobre Hoseok apenas pelo que o Min lhe contava, mas já havia um tempo que o mais velho não respondia suas mensagens, tanto que parou de enviá-las, agora mandava apenas fotografias de Soobin, vez ou outra.
— Eu não sei, normal. — O Jeon deu de ombros.
— Bem, vamos jantar. — Taehyung disse, se virando para pegar as panelas.
O rapaz ainda não havia jantado também, esperando Jeongguk chegar. Ambos comeram em silêncio, vez ou outra seguravam as mãos por cima da mesa, o Kim ligou o rádio em um volume baixo, tocando a música preferida do casal, e embora o Jeon não se lembrasse soube que ele a adorou no momento em que o rapaz o puxou para dançar. As louças ainda estavam sobre a mesa enquanto Jeongguk e Taehyung giravam pela cozinha e riam vez ou outra dos pisões que o acastanhado dava nos pés do moreno.
— Desculpe. — Taehyung pediu, se apoiando mais nos ombros do Jeon.
Já Jeongguk se abraçou ainda mais a cintura do mais velho, juntando os corpos em uma dança lenta.
— Tudo bem, é fofo.
Ao ouvir isso o Kim escondeu o rosto no pescoço de Jeongguk, sentindo seu cheiro, era bom, suas mãos deslizaram lentamente pelas costas do rapaz em uma carícia, continuaram assim dançando lentamente, até que estivessem na sala e com um último giro a música acabasse e outra um pouco mais animada começasse a tocar.
Ambos não se separaram, Jeongguk continuou segurando uma das mãos de Taehyung e com a livre retirou um pouco dos fios castanhos que caiam sobre seus olhos.
— Você pode dormir aqui, se quiser. — Taehyung ofereceu, se sentindo acanhado.
Não queria parecer oferecido, mas já se fazia algum tempo em que desejava que Jeongguk viesse morar consigo de uma vez.
— Não sei se é uma boa idéia… — Jeongguk sussurrou, enquanto encarava aquelas orbes castanhas.
— Por quê não? — Taehyung sussurrou de volta, sentindo o coração apertar.
— Porque estou apaixonado por você.
Jeongguk respondeu, e o coração de Taehyung disparou no peito. O Jeon calmamente levou uma das mãos até a nuca do rapaz que rapidamente apoiou as mãos no peitoral alheio, ambos os rostos próximos demais, vez ou outra os olhares desciam até os lábios.
Taehyung não esperou muito mais para tomar impulso e juntar os lábios dos dois em um beijo.
No início casto, mas logo em seguida repleto de vontade e paixão. A muito tempo o Kim desejou ter Jeongguk assim para si novamente, e agora as coisas nunca pareceram tão certas. O Jeon o segurou firmemente nos braços enquanto o Kim envolvia seu pescoço com os dois braços em uma busca frenética de diminuir o espaço quase nulo entre os dois. as bocas se moviam no mesmo ritmo, e alguns murmúrios e gemidos baixinhos soavam vez ou outra, uma das mãos do Jeon acabou descendo um pouco mais pelo corpo do mais velho, e parando sobre uma das coxas do mesmo. Romperam o beijo quando o ar lhes faltou, e se encaram, ofegantes, a mão do Jeon ainda estava sobre a coxa do rapaz quando sem muito esforço o Kim entendeu o que ele queria.
Em um impulso para cima Jeongguk o retirou do chão, as pernas de Taehyung agora envolviam a cintura do Jeon, enquanto juntavam os lábios em mais um beijo.
Jeongguk caminhou lentamente em direção ao quarto do Kim, e com um pouco de dificuldade o depositou sobre a cama.
Ambas as respirações estavam descompassadas quando o Jeon tratou de fechar a porta do quarto.
Seus dedos formigavam quando se deitou sobre o Kim o beijando novamente.
— Kookie. — Taehyung sussurrou entre os beijos até que o homem se afastasse.
Jeongguk desceu o olhar para o corpo do Kim e para o modo como os dois primeiros botões de sua camisa estavam abertos o deixando ainda mais bonito, as coxas morenas ao redor de seu corpo e seus lábios avermelhados, tão bonito.
O jovem engoliu a seco quando aproximou uma das mãos até os botões da camisa do Kim, os abrindo, lentamente.
Taehyung sentiu o estômago gelar, principalmente quando Jeongguk deslizou a peça de seu corpo, a fazendo cair contra o colchão, o Jeon tomou a liberdade de selar o pescoço desnudo do homem lentamente, vez ou outra passando a língua sobre a epiderme causando arrepios incontáveis ao Kim, que suspirou, tombando a cabeça para o lado para dar mais acesso ao homem.
Jeongguk selou aquela pele como se quisesse marcá-la como sua. E quando a manchou de vermelho que consequentemente mais tarde ficaria roxo, voltou a beijá-lo, desta vez um beijo mais rápido.
O Jeon se ajoelhou na cama e retirou a camisa da cabeça, rapidamente revelando ao Kim o corpo que sentiu tanta saudade.
As cicatrizes de que o Kim se lembrava ainda estavam ali, e também haviam outras, imitou o Jeon se ajoelhado na cama e tocando o peitoral definido, Jeongguk assistia tudo com atenção, as mãos grandes do outro explorando seu corpo como se fosse a coisa mais bela já vista.
— Você é tão bonito. — Taehyung sussurrou.
Jeongguk sorriu, e segurou um dos lados do rosto do rapaz o beijando novamente, logo estava sobre o Kim e seus dedos desceram pelo corpo alheio chegando a roupa íntima que usava, o coração do Kim quase rasgava o peito quando sentiu que o Jeon o dispiria por completo, segurou nos braços firmes, fazendo com que o outro parasse e ganhasse sua atenção.
O Kim engoliu a seco.
— Kook… Eu… — Taehyung estava envergonhado, pois além da cicatriz que obtinha pela gravidez, também fazia muito tempo que não ficava tão próximo de alguém assim. — Faz muito tempo que não faço isso. — E explicar para Jeongguk era ainda mais difícil. — Então, por favor, cuide bem de mim.
Jeongguk prendeu a respiração, concordando. Mas uma dúvida pairou sobre sua mente, no momento em que deslizava a roupa íntima do rapaz por uma de suas coxas, Taehyung fechou os olhos fortemente, envergonhado. Não havia mostrado seu corpo nem mesmo para o Jung, nenhum outro homem havia o tocado além do Jeon, e seu corpo já não era mais o mesmo de antes, sentia vergonha de sua cicatriz e dos quilinhos que havia ganhado deixando sua barriga macia.
Já o Jeon pouco se importava com a marca que via ou com as gordurinhas do Kim, tudo o que conseguia pensar era no quanto o homem era lindo, e no quanto o desejava.
— Você é lindo, Tae. — sussurrou, enquanto se abaixava entre as pernas do homem.
Taehyung rapidamente abriu os olhos ao perceber os movimentos, e ao fitar o rapaz visualizou Jeongguk segurando em sua cintura enquanto se abaixava um pouco abaixo de seu umbigo selando sua cicatriz, delicadamente.
O Kim levou uma das mãos a boca para controlar a emoção que estava sentindo, sentir os lábios quentes do Jeon o tocando com tanta ternura naquele local, era divino.
— Tão lindo, meu Tae.
Jeongguk se levantou e fitou o homem com as bochechas coradas. Suas dúvidas se dissiparam apenas por olhar para aquele rosto amável, Taehyung era totalmente seu, disso teve certeza.
— Confie em mim.
Ele sussurrou, antes de voltar a beijar o homem que amava.
Não demorou muito para que juntos se tornassem um só, os corações batendo sincronizados, as respirações quentes e ofegantes contra os rostos, os olhares repletos de luxúria e também amor, as costas do Jeon ficaram marcadas pelas unhas do Kim assim como sua pele pelos lábios do Jeon. Se amaram como a muito tempo almejavam, o desejo ardente queimando dentro de cada um se dissipando pouco a pouco em forma de prazer, e logo após os braços firmes do Jeon puxando o amado para perto, adormeceram assim, abraçados e com os corpos cansados do amor consumado a pouco.
Jeongguk fora o primeiro a acordar, sentindo o peso de uma das coxas do Kim sobre seu corpo, e do rapaz deitado sobre seu peito. Sorriu, feliz como a muito tempo não se sentia, pouco a pouco conseguiu com que o rapaz deitasse do outro lado da cama, sem acordá-lo, apenas resmungou um pouquinho e ganhou um beijinho de Jeongguk em uma das bochechas.
Taehyung se agarrou a um dos travesseiros no momento em que Jeongguk saia da cama e buscava por suas roupas para vestir.
O rapaz admirou o outro deitado livremente sobre a cama com apenas um lençol cobrindo parte de sua pele beijada pelo sol, desejou muito ter um quadro e seus materiais de pintura para poder registrar aquele momento.
O Jeon sorriu, abobalhado quando teve uma idéia, e em busca de papel e uma caneta abriu uma das gavetas ao lado da cama do Kim.
Procurou por algo que pudesse desenhar o jovem, mas não encontrou, pelo contrário acabou encontrando um livro grosso e negro e o retirando da gaveta.
Jeongguk franziu a testa e passou os dedos pela capa, olhou para o lado e Taehyung ainda dormia, então respirou fundo antes de lentamente abrir o livro mas antes mesmo que pudesse ler algo ouviu um choro de Soobin e se assustou derrubando objeto.
O Kim se remexeu na cama e logo despertou, se sentando, Jeongguk ainda obtinha o livro nas mãos quando Taehyung o fitou.
— Desculpe, eu não estava vasculhando suas coisas eu só queria achar papel e… — O Jeon fora se explicando e abrindo a gaveta para guardar o caderno.
Mas fora impedido pelo Kim.
— Este é meu diário. — Taehyung revelou. — Eu escrevi nele durante os anos em que você esteve desaparecido.
O coração de Jeongguk recebeu um sobressalto, olhou novamente para o livro e fez menção em guardá-lo.
— Então é bom guardarmos. — disse, envergonhado.
— Não está curioso?
Ambos se olharam por um breve momento em silêncio. É claro que o Jeon estava curioso, suas mãos até mesmo tremiam ao segurar o diário. Mas, tinha medo do que poderia encontrar ali, aos poucos apenas concordou, assentindo.
Taehyung suspirou, se levantando e segurando o lençol contra o corpo.
— Acho que já passou o momento de você ler esse diário. — os olhos castanhos brilhavam. — Vou ver como Soobin está.
Antes de sair o Kim vestiu as roupas que estavam jogadas, Jeongguk calmamente se sentou na cama, segurando o livro que guardava parte de seu passado nas páginas, contra o peito.
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