PRÓLOGO - UM PEDIDO
ALEMANHA – 1933 – ORFANATO FEMININO DE BERLIM
- Parabéns pra você, nesta data querida. Muitas felicidades, muitos anos de vida... – Eu estava sorrindo, sorrindo como sempre fiz quando estou ao lado delas. A lua iluminava nossas faces e nossos sussurros eram cautelosos após a ‘‘Boa noite’’ da Madame. Dividimos os chocolates roubados da cozinha e assim passamos a meia noite, ouvindo as outras garotas se mexerem em seus leitos, com o frio na espinha de sermos pegas acordadas e, comemorando meu aniversário de dezesseis anos.
- Coma mais um como presente. – Naomi colocava mais um chocolate em minhas mãos, a garota de cabelos negros me fascinava com sua bondade e simplicidade, a Judia de quinze anos, arrumava os óculos que caiam sobre o nariz de forma folgada. Agradeci e mordisquei mais um pouco do chocolate ao leite feito pela cozinheira do orfanato.
- Qual é o seu pedido? – Melitta me indagava, o jeito maduro de minha amiga alemã me encantava, era o meu exemplo, seus conselhos me eram úteis embora nunca precisasse usa-los de forma correta, seus olhos claros e cabelos negros demonstravam o sangue alemão que corria em suas veias.
- Ser feliz. – E agora a minha voz sussurrava, encarei a lua na grande janela e observei cada detalhe daquele céu escuro, as estrelas pareciam ter ido dar uma volta enquanto a lua tomava conta de seu território. Lembrei-me de meus avós, falecidos avós, aqueles que cuidaram de mim até seus óbitos. Quase oito anos vivendo sem eles, dezesseis vivendo sem sequer saber o nome de meus pais, tudo que sei é que foram morar na Holanda após meu nascimento.
- Tenho certeza que será! – Melitta selou aquele momento e, juntas demos um abraço, eu perdi minha família, porém ganhei duas irmãs que cuidariam de mim da mesma forma e eu cuidaria delas.
Eu só espero ser feliz em mais um aniversário.
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