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História 4 Weeks of Pleasure - Tudo estava no mais absoluto silêncio. - História escrita por jpreponschilling - Spirit Fanfics e Histórias
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História 4 Weeks of Pleasure - Tudo estava no mais absoluto silêncio.


Escrita por: jpreponschilling

Capítulo 2 - Tudo estava no mais absoluto silêncio.


Por Piper

- Um dia vão te achar soterrada sob uma pilha de papéis, Piper.

Levantei os olhos para a porta do meu escritório. Ao meu redor, a típica montanha de processos descansava: um eterno lembrete de que eu sempre tinha trabalho a fazer. Ela estava parada na porta, com alguma coisa escondida atrás do corpo. Seu vestido era bem cortado, delineando seu corpo cheio de curvas. Seus cabelos pretos eram médios e levemente ondulados nas pontas. Ela me encarou com seus olhos verdes inquisitivos. Tinha ido até ali pra me provocar uma última vez. Isso era óbvio.

- Eu sempre mantenho meus prazos em dia, Alex. Não sou preguiçosa como você - disse sorrindo, e baixei os olhos de volta para meus documentos. - Os papéis nunca se acumulariam o suficiente para me soterrar.

Percebi que ela tinha dado alguns passos pra dentro do escritório e estava prestes a informá-la e que eu, obviamente, estava ocupada demais para o que quer que fosse e a mandaria dar o fora.

- Ouvi que você não vai poder ir hoje à noite.

- Para onde? - Perguntei, sem levantar os olhos.

- Minha despedida. Hoje é meu último dia, lembra?

Eu lembrava.

- Aleluia! - murmurei sorrindo. - Não, não me lembrava, Alex. Sua agenda não é o tipo de coisa que ocupa espaço em minha memória.

- Por que não vem, Piper? Não seria uma despedida apropriada sem você - ela respondeu. - Eu podia sentir seu sorriso e o seu sarcasmo. - Não acho que consigo ir embora sem ouvir seu último comentário azedo e invejoso sobre como eu não sou uma escolha adequada para meu novo emprego.

- Eles são uns idiotas sem colhões que fingem ter princípios para ganhar dinheiro - disse encarando-a. - Você vai se encaixar perfeitamente bem.

Ela riu alto, estourando uma garrafa de champanhe e servindo duas taças.

- O que está fazendo? - quis saber. - Você queria um último comentário azedo. Já teve. Sai.

- Se você não vem até mim hoje a noite, eu venho até você.

Irritante do jeito errado. Ela não ia perder a última oportunidade de regurgitar toda sua recém-encontrada alegria na minha cara antes de ir embora.

- Não vou hoje à noite porque tenho trabalho a fazer. A audiência do caso Monroe é amanhã.

- Amanhã? Achei que essa audiência só seria daqui a dois meses... Depois que você voltasse de férias. 

Engoli a seco. A palavra férias me incomodava de um jeito estranho e inesperado.

- E desde quando você sabe o agendamento das audiências do meu cliente?

- Um caso de danos morais pela quebra de segredo de justiça é o tipo de coisa que não se esquece tão facilmente.

- É por isso que você perde tantas causas, Alex. É despreparada.

- Perco tantas causas? - Disse rindo. - E por que eu sou despreparada? 

- Quebra de segredo de justiça é mais comum nessa cidade do que você imagina. - Torci o nariz para sua risada. - Saberia disso se dedicasse mais tempo aos próprios casos em vez de vigiar as colegas.

- O caso Monroe era meu caso. Antes de você roubá-lo, lembra?

- Somos uma equipe, Al - Sorri. - Não há isso de meu cliente ou seu cliente.

- Éramos uma equipe. Piper - Ela corrigiu. - A partir de amanhã, eu vou embora pra bem longe de você e de seu veneno - ela me ofereceu uma taça.

- Aqui - anunciei com falso tom de diplomática, levantando minha taça. - Um brinde a você.

- Não esperava isso de você - sorriu, levantando sua própria taça. - Vai ser clichê como os outros e dizer que não se importa que eu vá para longe desde que seja feliz?

- Vou dizer que não me importo se você será feliz desde que vá para longe - confessei e bati meu copo contra o dela. - Isso não está envenenado, está? - brinquei.

- Infelizmente, não - ela respondeu, bebendo.

- Tem um gosto horrível de champanhe barato - eu disse com uma careta.

- Você acha que eu ia gastar meu dinheiro com você? - riu - É mais do que você merece - Ela bebeu mais um pouco antes de ficar em um profundo silêncio - Não quero sair daqui com inimizades, Piper - disse finalmente. - Não acho que você seja tão ruim quanto demonstrou ser... A vida inteira - disse sorrindo.

- Os que me conhecem há mais tempo do que você dizem que eu sou ainda pior.

- Meu avô dizia que as pessoas amargas geralmente têm motivos para serem assim. Então, seja lá qual for o seu motivo...

- Qual seu problema? - interrompi.

- Só quero dizer que, no que depender de mim, não há mais qualquer clima ruim entre nós. Está desculpada.

- Por que eu tenho motivos para ter sido amarga, Alex? A sua incompetência e irritação. Esses eram meus motivos.

- Não quis te ofender, Piper.

- Mas ainda sim conseguiu. Meus parabéns. Ou você acha o quê? Que tive algum trauma e por isso sou desse jeito hoje? Não e não, Vause. Fique avisada.

- Não precisa fazer um alarde tão grande. Só vim até aqui fazer as pazes.

- Pois vá embora e leve suas pazes com você. Quando um homem é ambicioso, ele é uma grande personalidade que conquistou seus mais majestosos sonhos. Quando uma mulher é ambiciosa, ela deve ser uma vadia amarga que merece ser desculpada pelo seu comportamento?

- Não foi isso que eu disse e você sabe.

- Começamos a trabalhar aqui quase ao mesmo tempo, Vause, e qual de nós duas foi mais longe?

- Você não está sugerindo que minhas promoções não foram merecidas, está?

- Ah, por favor. Eu cubro os seus erros desde o seu primeiro ano aqui.

- Isso é absurdo e injusto... Mas pelo menos também conseguiu seu comentário invejoso.

- Ah, cai morta, Alex.

- Sabe, eu realmente, realmente, pensei que você não era uma pessoa horrível. Mal tive contato com você no meu primeiro ano aqui e todo mundo já falava que você era a megera indomada, se me permite a paráfrase, mas eu nunca acreditei. Não de verdade. Aí você entra na justiça contra mim.

- As raízes da sua maldita árvore estavam quebrando o muro da minha propriedade! E eu não sabia que você era a minha vizinha com o cachorro maníaco que parece não conseguir parar de latir. Como eu podia ter adivinhado?

- Adivinhado? Sua maluca arrogante e egocêntrica. Qual problema de levantar os olhos da sua vidinha medíocre para desejar bom dia a algum vizinho. Moro naquela vizinhança a menos tempo que você e te garanto que conheço mais pessoas.

- Ah, parabéns. O que você quer? Uma estrela dourada?

- Você só precisava ter falado comigo e poderíamos ter resolvido toda situação da árvore sem um juiz. Será que você consegue entender isso, Piper? Que é possível resolver problemas conversando com as pessoas fora de uma sala de audiência?

- E por que eu faria isso se na sala de audiência eu consigo um documento assinado por um juiz dizendo que eu estou certa e que posso chamar a polícia para fazer valer o meu direito?

- Você é impossível - ela disse. Eu ia dar mais um gole no champanhe mas Alex se adiantou e tomou a taça das minhas mãos. - E eu não acredito que cheguei a pensar que poderia sair daqui em bons termos com você.

- O que você quer ouvir? Que eu sinto muito? Porque eu não sinto.

- Trabalhamos juntas por anos. Você foi uma péssima colega de trabalho. Arrogante e insensível. Sou provavelmente a única pessoa desse escritório inteiro que não te acha um caso perdido. Você poderia ter sido boazinha uma única vez na sua vida - ela se levantou, levando o champanhe barato consigo.

- Me processe - disse sorrindo quando ela alcançou a porta.

- Vai pro inferno, Piper.

(...)

Saí do banho enrolada em meu robe azul-claro. Meu corpo ainda estava úmido e a seda grudava em minhas curvas de uma forma quase carinhosa. Soltei o coque folgado que prendia meu cabelo e o atei mais uma vez, firmemente. O vento sacudiu algumas árvores do lado de fora e me peguei observando a casa vizinha através da janela do meu quarto.

Alex parecia uma mulher limpa e organizada. Ou, pelo menos, essa era a ideia que eu tinha da sua garagem e do pedaço do seu quintal que eu conseguia ver pela minha janela. Em algumas ocasiões cheguei a vê-la na cozinha da sua casa, ou no andar de cima, mas não conseguia enxergar quaisquer detalhes de sua vida, não importava o quanto minha curiosidade e minha visão aguçada tentassem.

Os fundos do meu quintal dava pra lateral de casa dela. Ainda bem que eu não era usuária assídua da minha piscina, ou teria tido sérios problemas de voyeurismo da parte dela. Meus olhos visualizaram o espaço vazio que antes abrigava a maldita árvore que tinha sido origem de tantos problemas. Um sorriso se grudou ao meu rosto e uma ideia proibida começou a se espalhar em minha mente.

Me aproximei do vidro da janela e olhei com cuidado ao redor. Sua casa estava completamente apagada.

Ela iria embora no dia seguinte, não era? E a essa hora, devia estar enfiada na festa de despedida do escritório. Todo mundo amava Alex Vause. Ela era a garota maravilha. Gentil e agradável e sensível e nhé, nhé, nhé. Deviam ter feito uma festa memorável.

Mordi os lábios e corri para o banheiro. Voltei ao quarto com meu vibrador rosa de 16 cm nas mãos. Sim, eu tenho mais de um vibrador. Desci as escadas ainda decidindo se ia ou não fazer aquilo. Abri as portas de vidro que davam para o pátio de trás e senti a brisa da noite balançar a seda do meu robe. O clima estava fresco e agradável. Olhei ao redor: a casa de Alex estava envolta na mais absoluta escuridão, mas andei até o muro baixo que dividia nossas propriedades e fiquei em silêncio tentando ouvir alguma coisa. Qualquer coisa.

Nenhum som. Tudo estava no mais absoluto silêncio.

Estiquei o pescoço e observei sua casa mais uma vez. Sua garagem entreaberta estava entupida de caixas. As coisas da mudança, provavelmente. Deviam estar ali para facilitar o trabalho do caminhão que certamente chegariam pela manhã.

Parte de mim quis pular o muro e roubar suas coisas. A ideia me divertiu e por um tempo fiquei sorrindo como uma criança contra o muro. Ainda sorrindo, esfreguei minha testa, dei as costas para a casa da Vause e fui para as espreguiçadeiras na borda da minha piscina.

Massageei o pescoço e repassei o que eu sabia. A casa está vazia. Está tudo apagado. Nenhum som. Não tem ninguém. Ela está em uma festa. Não tem hora pra voltar. Deve voltar tarde. Eu serei rápida.

Enfiei o dedo no nó do robe e desatei o cordão. Eu estava nua por baixo e tinha plena consciência disso. O ar levemente frio fez meus mamilos enrijecerem quase que imediatamente.

Ah, merda, Piper... Vamos fazer isso de uma vez.

Joguei o robe no chão e senti meus pelos se arrepiarem. Sentei na espreguiçadeira de frente pra casa de Alex. Meu polegar encontrou a base do vibrador e girou. O zumbido discreto me informou que ele estava devidamente ligado em uma velocidade baixa. Deitei e observei as estrelas.

Havia algo embriagante na sensualidade de estar nua do lado de fora. Deixei que minhas coxas se afastassem e enfiei o vibrador entre elas.

Fechei os olhos e consegui vê-la na minha frente. Ela estava parada na porta do meu escritório. Ela diria que aquele champanhe barato era tudo que eu merecia. Aproximei o vibrador do meu clitóris. Eu a ofenderia até que ela não conseguisse mais suportar, seria incisiva e feroz com as palavras. Consegui ouvir sua voz, apenas um sussurro contra meu rosto: "vadia". Desci o vibrador um pouco mais e ele deslizou gostoso. Eu já estava molhada. Levantaria a mão e daria uma tapa em seu rosto que estalaria alto. Aqueles olhos verdes iam me observar com ódio e ela rosnaria que eu não tinha solução, me mandaria pro inferno. Ah... Aumentei a velocidade e encontrei meu ponto favorito, logo acima do clitóris, e segurei o vibrador com força. "Vai pro inferno, Piper". Eu colocaria a mão contra a porta e diria que não tinha autorizado ela a sair. Eu a conhecia bem demais: com certeza seu sorriso apareceria com uma pergunta: "Como é que é?" Pra cima e pra baixo. Só com a ponta do meu aparelho, sentindo as vibrações em poucos lugares de cada vez. Eu tiraria a roupa e ficaria seminua na sua frente. "Você quer a última chance de fazer as pazes? Pois, então, implore."

Não importa que ela seja gentil, agradável ou sensível. E eu veria seu desejo através dos seus olhos. Se havia uma mulher no mundo que ela nunca imaginou que veria nua, essa mulher era eu. E lá eu estaria: com uma lingerie rendada, e tudo o que ela precisava fazer era implorar.

Aumentei a velocidade na minha massagem íntima, nunca chegando a penetrar. Penetração com o vibrador nunca me fazia gozar. A ilusão era minha, e na minha ilusão, Alex Vause iria fazer exatamente o que eu queria. Ela ia implorar.

Ia me despir e passar as mãos pelo meu corpo nu. Ia me jogar em cima da mesa e me foder com força. Ela ia me chamar de puta, eu tenho certeza. Ia me chamar de vadia, arrogante e impossível. Eu ia ouvir sua voz rouca de desejo contra o meu ouvido e eu ia empurrá-la antes que ela gozasse. Ia me cobrir e mandar que saísse. Ah, eu conseguia ver a incompreensão em seu semblante, e o sorriso voltou ao meu rosto. Apertei o vibrador com força e me ouvi gemer. Eu diria que se ela quisesse gozar teria que se desculpar pela árvore, pelo cachorro, pelo champanhe barato, pelas ofensas... Se quisesse enfiar seus dedos dentro de mim, ia ter que merecer. Ia ter que implorar.

E ela imploraria. E eu deixaria que ela me possuísse mais uma vez.

Afundei o vibrador com tanta força que teria doído se não estivesse sendo tão gostoso. Gemi alto e acho que disse seu nome. O alívio veio rápido e fez minhas pernas tremerem involuntariamente.

Desliguei o vibrador e o soltei em cima da espreguiçadeira. Eu estava encharcada. Abri os olhos, ainda passando a língua pelos lábios, e estiquei a mão para pegar meu robe.

Foi aí que algo me chamou atenção.

Aconteceu tão rápido e ao mesmo tempo tão devagar.

Uma minúscula luz vermelha nas sombras, do outro lado do muro.

Um sorriso abafado.

Um clique baixo da máquina fotográfica de um celular.

Eu tinha perdido a noção do tempo.

Ela tinha voltado pra casa.

Vesti o robe novamente e, quando dei por mim, estava correndo como uma leoa pra cima de Alex.

(...)

- Eu vou te matar, Alex.

Entrei na casa dela sem pedir autorização. Ela estava rindo satisfeita.

- Me devolve isso agora, sua tarada!

- Tarada? Eu? - Ela ria como se nunca tivesse passado por uma situação tão engraçada na vida. - Que eu saiba, não era eu quem estava se masturbando em público.

- Estava me masturbando no quintal da minha casa e você estava tirando fotos, pervertida!

- Tirando foto? - Ela riu alto. Eu me lancei em sua direção enquanto ela mantinha o celular fora do meu alcance com o braço esticado. - Certo... Calma, calma - disse passando o braço pela minha cintura, me deixando presa contra ela. Vause estava tentando me manter quieta e longe do celular. Eu estava com os mamilos rígidos e a vagina molhada, coberta por uma fina camada de seda, logo depois de ter me masturbado pensando exatamente nela: a coisa toda tinha uma sensação errada e deliciosa, e eu não estava conseguindo me concentrar. A empurrei para longe em uma tentativa de recobrar a plenitude dos sentidos. O ar descia ardendo pelos meus pulmões.

- Certo - comecei diplomática. Eu precisava reassumir o controle. - A brincadeira foi engraçada. Piper estava se masturbando e eu tirei algumas fotos, hilário. Tudo bem, eu sou uma vadia arrogante que merece que você vingue. Você já me deu um susto horrível. Vingança completa. Agora, me dê isso.

- Por-que-diabos-eu-faria-isso? - Ela disse sorrindo, ainda segurando o celular nas alturas.

- Porque você é uma pessoa decente.

- E você é uma pessoa horrível.

- Certo, tudo bem. - Não era hora de brigar, era hora de negociar - E o que pretende fazer com isso, então?

- Eu poderia te ensinar uma lição. Poderia te ensinar a ser mais humilde.

- Se você acha que vai conseguir me chantagear, você está louca.

- E se você acha que amarrou esse robe direito, é você quem está louca. - Ela continuou rindo

Olhei pra baixo e vi um de meus seios expostos. Ah, merda de situação que fica cada vez pior. Puxei as laterais do robe e amarrei o cordão com tanta força que estava quase prendendo a circulação. Que se dane. Não preciso de pernas. Preciso daquele celular

Ela estava se divertindo absurdamente. Eu também estaria no lugar dela. Estaria sendo agradável, ao contrário da dose concentrada de horror que eu estava experimentando.

- Se você fizer algo com essas fotos, vai estar sendo uma pessoa tão horrível quanto eu, Alex - Tentei convencê-la.

- Você fica repetindo a palavra "fotos"... - Levei três segundos inteiros para entender.

Puta merda.

Ela tinha me filmado.

- Sua nojenta pervertida! Você me filmou? Dei um murro contra o peito dela e vi, pela primeira vez, seu sorriso sumir. Ela chiou de dor enquanto eu continuava a socá-la.

- Estava filmando a minha casa, Piper! - Alex berrou quando consegui me segurar por um pulso. Estava filmando os arredores para ter uma lembrança caso me sentisse nostálgica durante a mudança - ela explicou, e logo tinha meus dois pulsos presos em uma de suas mãos fortes - Não imaginei que você quisesse me dar um suvenir de despedida - brincou. Eu me sacudi até que ela me soltasse.

- Mas você poderia ter parado de filmar quando...

- Ah, você pararia?

- Eu...

- Para de me tratar como um monstro. Estava filmando a minha casa, ouvi um barulho, girei a câmera, você estava com um vibrador enfiado no meio das pernas, e eu fiquei sem reação - ela explicou. Gelei diante das palavras descontraídas de Alex - Nada que não seja perfeitamente compreensível - concluiu, me encarando - Agora, a pergunta é: o quanto você merece uma lição?

Tudo bem. Ela estava com o poder. Eu precisava acabar com aquela situação. Eu ia me odiar pelo resto da vida, mas não era a única saída.

- Alex, por favor. Se você colocar isso na internet, minha vida acabou. Eu perco a minha credibilidade, meu emprego... Perco tudo. Por favor. Você sabe como o mundo jurídico é conservador. Uma única foto dessas seria suficiente para... - eu já estava implorando, mas por Deus, eu não ia chorar. Respirei fundo. - Tudo pelo que trabalhei a vida inteira. Destruído. Com uma só foto. Imagine um vídeo. Por favor. - Juntei as mãos em súplica.

Ela respirou fundo e pareceu considerar.

- Não quero mostrar isso para ninguém - ela falou finalmente. Eu suspirei aliviada. - Mas... Prendi a respiração de novo. - Você merece uma lição. E eu não posso perder essa oportunidade.

- Que lição, Alex? - perguntei irritada.

- Você faz uma coisa, e apago o vídeo - ela disse sorrindo, como se tivesse amado a própria ideia.

- Ou eu te processo e tomo todos os seus bens e coloco você na cadeia! - respondi, cruzando os braços.

- Processa? - Ela estava rindo como se tivesse acabado de ouvir a piada mais engraçada do mundo. - Não sei, Piper... mas acho perigoso. Ouvi dizer que quebra de segredo de justiça é muito mais comum nessa cidade do que imagina.

Ouvi-la repetir minhas palavras fez com que um arrepio de pavor descesse pela minha espinha. Poderia correr tudo bem. Eu iria deixá-la pobre e furiosa quando tudo acabasse. Mas... E se alguém ficasse sabendo? Um único comentário bastaria para acabar com a minha reputação. E seria pelo menos um juiz que eu nunca mais poderia encontrar na vida. Sem contar as fofocas e teorias que, certamente, correriam pelo escritório. Seria um risco, quanto a isso não havia dúvida. A questão que permanecia era: seria um risco que eu estava disposta a correr?

- Pode arriscar um processo e acabar perdendo a sua preciosa reputação, Chapman - ela avisou como se estivesse lendo minha mente. - Ou pode aceitar um simples acordo e ninguém nunca vai precisar saber disso.

Suspirei controlando a raiva. Em todas as situações sexuais que eu já tinha imaginado, nunca era assim. Nunca era ela que tinha o poder. Inferno. A filha da puta ia querer transar. O lado bom é que transar com ela, pra mim, não era uma má ideia. Mas desse jeito... Desse jeito não.

- Tudo bem. Vause. Você quer me chantagear, então? - decidi enfrentar o menor dos males e, pelo menos, ia poder experimentá-lo uma vez na vida. - Vai ser assim? Tudo bem - disse. Ela poderia me ter, mas eu não ia deixá-la perceber que eu estava interessada. Arranquei o robe com fúria, e Alex levantou as mãos em uma assustada rendição. - Pode ter o que você quer, mas saiba que essa decisão vai te assombrar pelo resto da vida - dei dois passos em sua direção e ela deu dois passos para trás. Ela estava rindo, e eu estava vagamente consciente de que ela estava observando de perto o que tinha visto de longe mais cedo. - Toda vez, na sua existência miúda e patética, que você se considerar uma pessoa decente, vai se lembrar do dia de hoje e do monstro que você verdadeiramente é.

Ela baixou os braços ao lado do corpo.

- Piper, será que você pode parar de ficar nua? Está ficando difícil manter a concentração.

- Parar de... Mas o que diabos você quer, Vause?

- Não quero transar com você em troca da gravação. Garanto - ela explicou pausadamente e, de repente, senti uma vergonha impossível de medir.

Ela apanhou meu robe e eu me vesti novamente em uma fração de segundo.

- O que você quer?

- Bom, eu poderia só ficar com esse vídeo pra mim - disse rindo. - É um produto de qualidade - afirmou levantando o polegar, e eu dei um tapa em seu braço com toda minha força.

- Diga de uma vez.

- Primeiro - ela reclamou, apontando o indicador para o meu nariz -, parar de me bater.

- Diga logo - rosnei.

- Eu odeio mudança - deu de ombros. - Sou muito desorganizada. Levo uma eternidade para arrumar tudo.

- Não estou acompanhando, Alex.

- Você entra de férias amanhã.

- E o que tem isso?

- Você viaja para me encontrar depois de amanhã e passa suas férias comigo. Arruma minha casa nova. Organiza meus documentos. Desempacota minhas coisas - concluiu com um sorriso nos lábios. - Quando tudo isso estiver feito, apagamos o vídeo.

Mordi o lábio com raiva.

- Você quer que eu seja sua assistente pessoal de luxo?

- Precisamente - afirmou sorrindo, maldita.

- E quer que eu fique minhas férias inteira? Arrume sua casa em uma semana. Não há necessidade alguma de...

- Eu sou bem bagunceira.

- Duas semanas, então - reclamei. - Um mês é muito...

- Um mês - ela repetiu. Não é negociável.

- Eu trabalhei duro. Mereço esse descanso! Pedir minhas férias inteira é crueldade.

- Não. Crueldade foi o que você fez com a garota do financeiro, seja lá o que tenha sido.

- Ela é uma incompetente que não sabe contar e a culpa é minha?

- Ela chorou o dia inteiro!

- Se ela é emocionalmente desestabilizada, deveria procurar ajuda profissional. Não entendo por que eu seria responsável por...

- Você é um ser humano terrível - ela concluiu com um ar de exaustão. - E, se eu fosse você, aceitaria antes que eu mude de ideia.

Ela não ia ceder. Processá-la seria um risco grande. Talvez grande demais. E ir com ela...

Uma pequena parte de mim estava achando interessante a ideia de ter companhia durante as férias. Mas era uma parte ridícula e minúscula que eu preferia não ouvir. A vadia dentro de mim tinha planos mais interessantes.

Ela queria me humilhar? Tudo bem... Eu jogo seu jogo, Alex. Vou pra sua casa, garanto que ninguém nunca vai ouvir falar qualquer notícia sobre essa merda de vídeo, mas não se engane, meu bem... A arte da guerra me ensinou a manter meus inimigos por perto. E eu vou me vingar.

- Quatro semanas?

- Quatro semanas.

- E como isso vai me ensinar algum tipo de lição?

- Isso te ensina um pouco de humildade, Piper. Algo que você precisa com urgência.

- E quem é você pra me dar alguma lição de vida, Vause? Meu pai? Minha mãe? Deus?

- Melhor! - ela riu. - Eu sou a mulher que tem um vídeo de você se masturbando.

- Você também é um ser humano horrível, sabia? Uma pessoa baixa.

- Vou deixar passar desta vez - brincou. - Nunca fui baixa durante toda minha vida, acho que se for fraca só dessa vez não vou morrer por isso.

- Eu desempacoto umas coisas, compro uns lençóis novos e pronto?

- Você é uma assistente pessoal de luxo, como você bem descreveu. Vai precisar fazer o que eu pedir. Pense nisso como um emprego. Eu sou a chefe - ela apontou pra si mesma com um sorriso irritante no rosto. - Você trabalha pra mim. Se fizer um bom trabalho, recebe um vídeo como pagamento.

- E como vou saber que não fez cópias?

- Eu tenho uma pasta de compartilhamento integrada no celular. Todas as fotos que eu faço vão direto para essa pasta na internet, que eu posso acessar de qualquer computador.

- Ótimo - senti meu sangue subir. Então a gravação já está na internet?

- Não. Está numa pasta pessoal, com senha, que fica na internet. Mas ninguém pode acessar.

- Só você.

- Exatamente.

- E de que me serve isso? - reclamei ferozmente. Estava perdendo a paciência, e ela estava se deliciando com isso.

- A gente vai até o meu computador agora, e muda a senha da pasta. Eu escrevo a primeira metade e você a segunda. Assim ninguém sabe a senha inteira. Nenhum de nós pode acessar sem a outra. Depois nós acessamos juntas e apagamos o arquivo.

- E como tenho certeza de que é a única cópia?

- Piper. Você acabou de correr atrás de mim como um animal. Eu tive tempo de fazer alguma cópia?

- Não que eu tenha visto, mas você é uma demônia ardilosa - lembrei.

- Então você vai ter que confiar em mim. Não é como se tivesse uma escolha.

- Mas, se você não tiver a senha completa, o arquivo vai estar protegido. O que te garante que eu vou fazer o que você quer? Eu posso deixar o vídeo simplesmente lá pelo resto da eternidade.

- Pode - ela deu de ombros. - Mas bem guardado não é o mesmo que inexistente. Se você não for comigo, o vídeo vai ficar lá até você morrer ou alguém consegui-lo acessá-lo. Se você for, ele deixa de existir. Você escolhe - Ela sorriu. Estava odiando que ela estivesse se divertindo às minhas custas. - Negócio fechado? - perguntou esticando a mão para que eu apertasse.

- Eu quero o celular. Mesmo indo pra sua pasta, o arquivo também fica gravado no aparelho.

- Te dou o celular assim que mudarmos a senha. Ou você poderia acessar a pasta direto pelo telefone e apagar o vídeo.

- Fechado - apertei com nojo a mão que ela oferecia.

- Você quer ir se trocar?

- Não saio de perto de você até a senha dessa pasta ter sido modificada - expliquei.

- Como quiser - ela riu. - Viu que é possível resolver as coisas com um diálogo agradável? - Sarcástica.

- Pense o que quiser. Eu só estou satisfeita que você não quis sexo. Acho que nunca mais ia me sentir limpa na vida, se você me tocasse - reclamei.

- Você fala com muito pudor para quem estava completamente nua se masturbando bem embaixo da janela do meu quarto.

- Será que podemos mudar de assunto e não falar sobre isso nunca mais?

Ela me observou com uma cara exagerada de incompreensão.

- Piper, meu bem... Eu nunca vou parar de falar disso com você - disse rindo - E olha, talvez eu ainda mude de ideia e aceite o que você estava oferecendo antes. Então, é melhor manter a mente aberta - ela terminou com uma gargalhada. E eu não entendi se ela estava brincando ou falando sério.

Um ponto entre minhas coxas tremeu deliciosamente e, eu desejei que fosse sério.

 


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