Era outono, o ar estava gelado, as folhas caíam e eram carregadas pelo vento, o casal estava deitado na cama de Youngjae assistindo à um filme qualquer, a mais jovem encolhia-se embaixo do cobertor.
- Está com frio? - O rapaz perguntou, ela acenou que sim com a cabeça. - Vem cá. - Ele a abraçou e ela se aconchegou no peito do mais velho.
- Oppa, você é quente. - Ela disse sem pensar e fechou os olhos, 'Oppa', ele corou e sentiu borboletas em seu estômago, era a primeira vez que ela o chamava assim. O abraço do rapaz era aconchegante e fazia a garota sentir-se segura.
--X--
Depois de Youngjae sair para trabalhar, Miyoung estava em seu quarto, a tela estava em cima da mesa ao lado da cama, o pincel repousava em sua mão, as tintas todas à sua disposição. Ela suspirava encarando o teto pensando no que pintar, as imagens vieram à sua cabeça, Youngjae, as folhas de tons avermelhados que caíam no pátio do prédio. Ela sorriu e começou a pintar.
Youngjae estava em sua mesa, Junhong se aproximou e disse que o chefe queria falar com ele sobre um assunto importante, ele se levantou e foi até a mesa de seu chefe.
O rapaz entrou na sala e curvou-se para seu superior. - O senhor queria falar comigo? - Ele disse. O senhor tirou seus óculos e limpou o suor da testa.
- Sim. - Ele colocou novamente a armação - Sente-se - Ele gesticuou a cadeira e focou em uma pilha de arquivos ao seu lado. Ele retirou uma pasta e jogou na frente de Youngjae.
O mais novo pegou a pasta e folheou o seu conteúdo. - È um caso novo... Há suspeitas de... espiões norte- coreanos que atravessaram a fronteira ilegalmente. - Youngjae franziu a testa.
- Mas a fronteira é vigiada 24/7, isso é praticamente impossível. - Youngjae fechou a pasta.
- Eu sei. - O mais velho falou. - Mas há relatos de que dez menores fugiram do reformatório militar, dois foram capturados, mas não há rastros dos outros em todo o país. - O chefe se recostou na poltrona. - Começaremos as investigações amanhã às 5:00, portanto acho que você, como líder da investigação não vai poder ir para casa.
O mais novo arregalou os olhos. - Eu sou o líder? - Ele perguntou e o mais velho acenou com a cabeça e gesticulou para que ele saísse, Youngjae curvou-se e levou a pasta para seu escritório, era horário de almoço e ele pegou seu celular discando o número familiar de sua casa.
- Sim? - Ele ouviu a voz de Miyoung.
- Miyoung-ah, oppa vai ter que ficar até mais tarde. - Ele fez um voz manhosa. - Não me espere e vai dormir cedo. - Ele se jogou em sua poltrona, pôde ouvir a risada de Miyoung do outro lado da linha.
- Ne oppa, vou deixar sua comida na... - A voz de Miyoung falhou e ele ouviu vidro se estilhaçando, ele ficou preocupado.
- Miyoung-ah? Miyoung? Tudo bem? - Ele disse rapidamente, suava frio a tal momento.
- O-Oppa, eu derrubei uma tigela e ela quebrou, preciso limpar, posso ligar depois? - Ela disse, sua voz estava trêmula, mas Youngjae achava que era apenas pelo susto recente, nada demais.
- Aigoo, minha Mi descuidada. - Ele falou brincalhão. - Cuidado para não se machucar, sim? Te amo. - Ele esperou a mais jovem responder.
- Oppa bobão. Também te amo, Yoo Youngjae. - Ele desligou o telefone com um sorriso. Miyoung colocou a comida na mesa, suas mão ainda estavam trêmulas, ela caiu sentanda no sofá fitando o nada.
Youngjae estudava todos os fugitivos, eram vários menores, entre eles um rapaz chamado Yongguk, uma jovem chamada Kang Miyoung, um garoto bem jovem chamando JongKook e uma pequena garota chama Minji, esses foram os que mais chamaram a atenção, o que teriam feito pessoas tão jovens para ir parar em um refomatório?
Yongguk, havia matado ambos seguranças do presidente, além de fazer piada dele em sua face, fora condenado à execução, mas por intervenção de governos de outros países, ele foi mandado para um reformatório até sua maioridade.
JongKook, tinha uma mãe judia que se escondia em uma fachada de cristã, mas ele não queria o mesmo, era judeu e praticava suas religiosidades ao ar livre, era rejeitado por todos, até que o governo o descobriu, ele matou todos que ousaram encostar um dedo em sua mão, sendo julgado como traídor de sua pátria ele foi condenado à mais de 10 anos.
Miyoung assassinou um agente militar, esse é o caso mais vago, não há informações, muito menos um foto da garota. Há registros de sua morte na secretaria do refomatório.
Minji, assaltou uma loja de conveniência, além de matar o caixa e dois funiconários
Youngjae suspirou, eram todos tão jovens, mas tinham uma história tão forte e digna de um filme de terror, ele questionava a si mesmo, por que o destino escolheu essas crianças?
Ele voltou a focar em uma forma de agir e descobrir qualquer um que estivesse se escondendo da polícia.
- Junhong? - Ele perguntou ao mais novo que tomava um pouco d'água.
- Hm? - Ele colocou o copo na mesa.
- Se você tivesse fugido, onde você se esconderia? - Youngjae sabia que a pergunta era ridícula, mas precisava da opinião de um adolescente.
O mais novo pausou e pensou um pouco. - Eu tentaria me mesclar com os outros, assim ninguém suspeitaria de um amigo. - Youngjae analisou a frase, era o que ele precisava, talvez a maioria desses fugitivos estivessem em algum colégio.
- Junhong-ah.
- Hm?
- Me prepara uma lista de todos os colégios perto daqui. - Ele disse e saiu da sala, Junhong sorriu de canto.
- Pra quê você quer uniformes escolares? - Himchan perguntou, tinha acabado de falar com sua irmã para lhe trazer os uniformes de seu sobrinho.
- Junhong me deu uma ideia. - Esse era o Youngjae que todos conheciam, um rapaz entusiasmado e dono de muitas ideias, apenas uma pequena pista poderia desencadear milhares e milhares de hipóteses em sua mente. - E se esses fugitivos estiverem disfarçados em escolas? - Ele deu um gole em seu café, a única coisa que o mantia acordado à essa hora. Himchan riu e fez o mesmo, terminando seu americano.
- Tenente Yoo? - Uma voz feminina o chamou.
- Sim? - Youngjae se virou, era uma mulher muito bonita, a farda contornava suas curvas e realçava o corpo bem cuidado. Ela era uma moça muito bonita, cabelo castanho e escuro, olhos pequenos e um lindo sorriso.
- Olá, eu sou Jun Hyosung e eu fui chamada para ajudar na investigação. - Ela sorriu e estendeu a mão para cumprimentar o rapaz. Ele trocou um aperto de mão com a jovem e se introduziu.
- Oi, eu sou Yoo Youngjae apesar de você já saber. - Ele sorriu. - Esse é Kim Himchan, ele também esta no caso. - Himchan tomou a frente e cumprimentou a moça.
- Oi, eu sou Himchan, mas ele já disse então... Prazer em te conhecer. - Ela riu com a timidez do rapaz.
- Fico feliz em ver que vocês já se conheceram, começaremos em 30 minutos. - O chefe deles falou com um sorriso.
Youngjae, Himchan e Hyosung usavam os uniformes de algum colegial. - Nos vemos em 3 horas. - Youngjae falou e eles foram para o carro.
- Esse colégio é apenas 30 minutos daqui. - Hyosung disse enquanto olhava no mapa. Após várias intruções e acabar em um praça, eles chegaram. - Vou me enturmar com as meninas, Himchan vou precisar de você. Youngjae, tente falar com os alunos na biblioteca, aqui. - Ela jogou um óculos falso para Youngjae e saiu acompanhada de Himchan.
- Se alguém perguntar, você é meu irmão. - Ela arrumou o cabelo, ele abriu a boca pra falar, mas ela o interrompeu. - Se você for meu namorado as meninas vão me ver como uma rival, se você for meu irmão, elas me verão como uma forma de chegar a você. - Ela se virou pro rapaz. - Entendido? - Sorriu e ele acenou com a cabeça. - Então vamos. - Ela pegou a mão dele e ele corou inconscientemente.
A porta da sala foi aberta e todos os alunos se sentaram achando que era o professor, mas dois alunos entraram, uma garota extremamente bonita, dona de um sorriso estonteante e um rapaz alto e atrante, seus olhos prendiam a atenção de qualquer um que ousasse encará-los. Ambos sentaram-se ao lado de um grupop de Queenkas, Hyosung começou uma conversa.
- Oh My God! Isso é uma legítima Gucci?! - Ela disse com sua boca aberta em forma de um perfeito 'O', a jovem olhou de canto às amigas que não reconheciam marcas tão famosas.
- Claro. Foi trazida de Paris por meu pai. - Hyosung cobriu sua boca como se estivesse surpresa. Mas tanto ela como Himchan estavam rindo por dentro, ambos sabiam como reconhecer de longe uma falsificação.
- Uma garota merece usar algo digno, né! Eu sou Hyosung. - Ela se introduziu sorrindo, a mais jovem sorriu de volta e trocou um aperto de mão. - Esse é meu irmão, Himchan. - Himchan pegou a mão da adolescente e beijou, cumprimentando-a como um legítimo cavalheiro.
- Sunhwa. - Ela sorriu, Himchan sorriu de volta, era incrível como que com apenas uma frase, Hyosung já havia ganhado a confiança da jovem.
Youngjae andava pelos corredores da silenciosa biblioteca poucos alunos iam àquela area, na verdade ele viu apenas cinco alunos desde que entrou naquele lugar. Um jovem baixinho de óculos com lentes grossas, agora eram seis alunos. O rapaz esbarrou em Youngjae, seus livros caíram.
- Oh, me desculpe. - Youngjae se abaixou e foi ajudar o rapaz, o mais jovem pareceu surpreso com a ação. - Aqui. - O mais velho entregou a pilha de livros astronômicos pra ele.
- Obrigado - ele abaixou a cabeça.
- Eu sou novo aqui, pode me ajudar? - Youngjae sorriu para o mais novo. - Você parece um pouco novo para estar no colegial. - O rapaz franziu a testa.
- Eu pulei alguns anos. - Ele disse com o rosto virado.
- Hm... - Youngjae olhou os os livros. - Gosta de astronomia? - Os livros tinha como assunto principal estrelas.
- Gosto. - Seus olhos brilharam. Logo Youngjae já havia ganhado a confiança do jovem, que se chamava Joonmyeon.Ele era um garoto muito inteligente, em seus meros 12 anos já estava em um ginásio, e no auge de seus 14 era o melhor estudante de todo o colégio.
--X--
Miyoung encarava aflita as páginas do caderno que repousava sobre a mesa de madeira. Ela engoliu seco e e pegou a caneta.
"Dia 26
Eu estou com medo, muito medo. Nunca pensei que isso fosse voltar, já se passou mais de um mês desde que eu fugi, mas por que agora?
Eu vi a foto de Yongguk na televisão, eles querem prendê-lo, não só ele como o Jongkook também, isso é péssimo, eu sou a próxima, eu sei. Eles pegaram a SooYoung, ela era tão esperta, como foi pega? E o MyungSoo foi sempre tão cauteloso, eu sei o destino deles e tenho medo de que vá acontecer comigo, afinal somos monstros, não merecemos a vida. Nosso destino é a morte.
Eu estou com medo. Mas acima de tudo, estou com medo de arrastar Youngjae junto nessa fossa comigo."
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