CAPÍTULO 10
Continue Lendo: A Aposta.
Jungkook se ajoelhou no chão, completamente pálido e assutado. Kim o chamava pelo celular ainda chorando, mas o Alfa não conseguia raciocinar.
— Filho, o que aconteceu? — seus pais perguntaram novamente, se agachando ao seu lado.
— Qual hospital Taehyung? — ignorando-os por breves segundos, ele se recompôs e perguntou.
— Wooridul Spine.
— Certo, estou indo. — desligou a chamada e se levantou.
— Pode nos explicar o que está acontecendo? — sua mãe interrogou, vendo que o filho não reagia.
— O Jimin está no hospital. — estava tão assustado com a notícia que não sabia o que fazer direito — E-Eu preciso ir até lá.
— Claro, mas o que houve com ele? — estavam preocupados ao ver a reação do filho.
— O Taehyung disse que alguns homens bateram nele, mas eu não entendi direito.
— Meu Deus! — a mãe cobriu a boca, assustada.
— Eu vou para o hospital ficar com ele.
— Você não vai dirigir nesse estado. — seu pai o barrou, e o Alfa já estava preparado para discutir com ele — Eu levo você.
— Não precisa, eu vou sozinho. — procurou a chave do seu carro com afobação, louco para sair.
Os pais se olharam vendo o desespero do filho e sentiram remorso.
— Jungkook, seu pai vai te levar para ver o seu garoto. — ele disse outra vez, com paciência — E isso não é negociável. Agora vamos.
— Ouça ele filho, pode ser perigoso dirigir nesse estado sozinho. — sua mãe pediu — Vão na frente, irei preparar uma comida para os pais dele e para vocês comerem enquanto aguardam no hospital. Encontro vocês lá.
Jung cedeu ao pedido de sua mãe e a beijou, saindo de casa sem falar uma palavra com o pai.
No trajeto à caminho do hospital que Jimin estava, o silêncio era ensurdecedor entre os dois. Jung se mantia triste olhando as ruas pela janela do carro.
— Filho. — chamou, ainda dirigindo — Me perdoe, sei que esse Ômega é importante para você. Não deveria ter proibido vocês dois de ficarem juntos.
Jungkook ficou calado até então, apenas escutando e se decidindo se valia a pena ou não respondê-lo.
— Você tinha razão, os filhos não são culpados. Essa disputa besta foi um terrível erro, eu e nossos antepassados que não quisemos perceber. — continuou — Eu conversei com o pai do seu garoto. Selamos a paz entre as famílias, de uma vez por todas.
— Foi por causa da matéria, não é? — ainda avistando a paisagem, ele questionou com rancor — Quando o seu filho implorou, você não quis ceder. Mas quando a matéria favoreceu a imagem da nossa família, você mudou de ideia.
— Isso não é verdade. — discordou — Sei o que está pensando e eu havia marcado uma reunião com o pai do Jimin muito antes de ler aquela matéria.
— Não, você não sabe nada sobre mim e não pode saber o que eu estou pensando. Porque você não me conhece pai, nunca teve interesse em conhecer. — sua voz falhou, as lágrimas já escorriam silenciosamente — E só não somos dois estranhos, porque moramos na mesma casa.
— Filho, por favor não fala assim. — olhou para ele por um momento, com olhos de arrependimento.
— Você nunca irá me aceitar como sou, mesmo eu tendo feito de tudo para chamar a sua atenção. — disse tudo que estava guardado há muito tempo em seu coração — Luta, arte, dança, canto, estudos... não serviram de nada. Eu desisti de ser o filho que te daria orgulho um dia.
— Você me dá muito orgulho, filho. Muito orgulho! — parou no semáforo vermelho e olhou para ele — Se você soubesse o quanto eu falo de você para todos que eu conheço, entenderia o amor inexplicável que eu sinto por você.
— Às vezes não parece, porque você nunca diz. — se emocionou, incapaz de olhá-lo nos olhos — Pelo menos nunca para mim.
— Mas eu te amo, meu filho. — disse claramente — Eu te amo muito e vou melhorar em tudo o que te deixa magoado comigo. Pode me perdoar e me dar uma segunda chance? Prometo ser um pai melhor para você.
— Certo. — balançou a cabeça, e limpou as lágrimas quietinho.
— Muito obrigado, meu tesouro. — apertou sua mão, depois fez carinho em sua cabeça — Agora vamos te levar até o meu futuro genro.
[...]
Após o caminho percorrido, Jungkook e o pai entraram na central de atendimento do hospital e encontraram Taehyung esperando apreensivo na recepção.
— Théo. — foi até ele e cumprimentou baixinho, já que estavam em um lugar silencioso — E o Jimin?
— Desacordado. A mãe dele está no quarto com ele e o marido, eu estava esperando você e o Yoon.
— Será que eu consigo vê-lo?
— Eu vou avisar a senhora Park que você está aqui. — fez reverência para o homem que acompanhava seu amigo — Boa noite senhor Jeon, obrigado por trazer o Jungkook.
— Seu amigo ficará bem, não se preocupe. — lhe deu um abraço, deixando Kim surpreso.
Taehyung saiu para avisar os pais de Jimin e minutinhos depois voltou com boas notícias para o Alfa apreensivo.
— João, você já pode ir. — retornou com os pais do amigo ao lado.
— Obrigado. — caminhou até eles — Senhor e Senhora Park, não planejava conhecê-los desta forma. Ainda assim, é um prazer finalmente conhecê-los.
O Alfa reverênciou cada um com muito respeito e educação, que recebera dos pais desde o seu nascimento.
— O prazer é nosso Jungkook. — a mulher sorriu para ele, seu esposo também o cumprimentou com cortesia — Jimin me contou muito sobre você.
— Ele o aguarda. — completou a fala da esposa — Quem sabe com você talvez ele acorde. Ele está no quarto 309.
— Muito obrigado. Eu darei o meu melhor para cuidar dele. — fez mais uma reverência — Com licença.
Jungkook saiu e no mesmo momento Taehyung avistou Yoongi no estacionamento, então foi buscá-lo, deixando o casal e o pai do Alfa sozinhos.
— Boa noite, Jeon. Que surpresa vê-lo aqui. — o pai de Park iniciou uma conversa.
— Viemos acompanhar o Jungkook, sinto muito pelo filho de vocês. Sua filha também se feriu?
— Não, graças a Deus. Ela está viajando, decidimos não informá-la por enquanto. — ele explicou — Rosé ficaria muito preocupada, e como o estado do Jimin não é tão grave, avisaremos quando ela retornar.
— Entendo. Tenho certeza que ele ficará bem logo. — devolveu a educação — Minha esposa está à caminho com o jantar que preparamos para vocês, imaginamos que estariam famintos.
— Agradecemos a consideração. — a mãe dos gêmeos deu um sorriso gentil — Lamentamos por não ter ido ao jantar, infelizmente este imprevisto aconteceu.
— Não se preocupe, teremos inúmeras oportunidades de agora em diante. — coçou a nuca, envergonhado — Inclusive, gostaria de me desculpar novamente com vocês em meu nome e em nome de todos os meus ancestrais. Essa rivalidade nunca deveria ter existido, eu deveria ter colocado um fim nela há muitos anos.
— Esqueça isso Jeon, são águas passadas. O destino quis que os nossos filhos nos unisse. — Park comentou, sem rancor algum — Eu conversei com a minha esposa e concordamos que por amor aos nossos filhos, as famílias deveriam se dar bem.
— Foi exatamente o que pensamos também.
— Que ótimo! Eu sempre quis conhecer a senhora Jeon. — ela brincou — Ela aparenta ser muito simpática.
— Ela é. Minha esposa é o amor da minha vida. — respondeu honestamente — Ela e o Jungkook são o que eu mais tenho de valor nessa vida.
— Olá, boa noite... — a mãe do Alfa chegou no mesmo minuto, acompanhando a conversa — Senhores, é um prazer revê-los.
Os adultos começaram a conversar, Sodam trouxe de casa comida o bastante para alimentar todos que aguardavam o Ômega acordar. E mesmo em uma situação triste, aquele momento serviu para que os pais dos herdeiros se conhecessem melhor.
[...]
Jungkook seguiu em direção ao quarto onde o ruivo estava hospitalizado e respirou fundo antes de abrir na porta. Entrou calmamente e em silêncio.
Vendo que ele ainda não havia acordado, se aproximou lentamente da cama, seu coração se partiu ao ver todos os ferimentos em seu corpo e rosto. Chegou mais perto de Jimin e sentou na poltrona ao lado da cama, ainda olhando para ele.
— O que fizeram com você, minha Cenourinha... — o remorso tocou fundo em seu coração.
O Alfa levou sua mão ao rosto do Ômega que ainda dormia e acariciou com cuidado. Se levantou minimamente para beijar os lábios de Jimin, que estavam um pouco feridos.
— Me perdoe por não ter protegido você. — se desculpou, com a consciência pesada — Eu deveria ficar do seu lado o tempo todo.
Usando seu poder de Alfa Lúpus, Jeon segurou a mão de Park e absorveu suas dores, aliviando-o. Alfas tinham o poder de alívio de dor em geral, mas somente os Lúpus tinham a capacidade de dar um fim definitivo a ela.
Portanto, foi isso o que Jungkook fez. Se concentrou bastante para que o seu poder fosse usado sabiamente, retirando todo o sufoco do seu Ômega.
Embora sentisse um terço daquela dor também, Jung se sacrificou para fazer com que aquela aflição passasse. Libertando o ruivinho deste pesadelo infernal.
— Hum... — arfou bem baixinho, despertando enfim, graças ao alívio proporcionado.
O moreno chamou seu nome, na esperança que ele respondesse. Foi quando Park começou a abrir os seus olhos lentamente, livre de toda a dor que tinha ao tentar se mexer.
— Jungkook? Onde eu estou? — foram suas primeiras palavras — O que aconteceu...
— Oi meu amor... — sentou-se na poltrona e segurou a mão dele — Consegue falar?
— Sim. — afirmou com a voz meio rouca, ainda acordava — Onde eu estou?
— No hospital. — explicou com calma enquanto carinhava sua mão — Você não se lembra de nada?
— Me lembro de desmaiar. E lembro que minha cabeça doía muito. — começou a chorar, confuso— O que aconteceu comigo, Coelhinho?
— Ei pequeno, não chore... — se aproximou dele e beijou sua testa — Vai ficar tudo bem, eu estou aqui agora. Você irá se lembrar e se recuperar. E depois, eu mesmo irei cuidar de quem fez isso com você.
Jeon lhe garantiu, determinado a fazer os responsáveis pagarem com a vida. Absolutamente ninguém tem a permissão de mexer com o seu Ômega e sair impune disso.
— Agora descanse e não se preocupe com nada, vou estar aqui o tempo todo. — se sentou de volta e entrelaçou suas mãos — Nunca vou te abandonar.
— Promete? — deitado naquela cama, ele virou a cabeça para o lado, encarnando-o.
— Eu prometo, meu amor. — beijou sua mão — Agora tente descansar, precisa cicatrizar essas feridas.
— Não sinto mais dor. — disse, suspeitando que o moreno tenha usado seus poderes para ajudá-lo — Foi você?
— Não há nada que eu não faça por você, Park. — respondeu, beijando outra vez a palma de sua mão.
O Ômega mostrou um sorriso grato e por pouco não derramou novas lágrimas, era a primeira vez que experimentava o sabor de como era ser verdadeiramente amado.
— Meus pais sabem que eu estou aqui? — perguntou, ainda sonolento — Me desculpe por não ter ido ao jantar, não consegui te avisar. Aconteceu tudo tão de repente.
— Não peça desculpas Cenourinha, estava fora do seu controle. Seus pais estão aguardando no saguão, provavelmente com os meus pais. Taehyung e Yoongi estão aqui também, não sei se o Hoseok e a IU sabem do que aconteceu.
— O que? — se assustou, abrindo os olhos imediatamente, levantando o corpo — Seus pais estão aqui?
— Sim, mas está tudo resolvido entre as nossas famílias, fique tranquilo. — sorriu para ele — Acho que isso tudo finalmente acabou, meu amor.
— Quer dizer que nós podemos ficar juntos agora? — soltou um ar de alívio e felicidade, incrédulo com a notícia.
— Podemos. — deu um terceiro beijo cheio de amor e carinho em sua palma pequena e macia — Não há nada que nos separe agora, meu ruivinho.
Jimin sorriu lindamente, completamente feliz. Seu coração estava em paz e sua mente descansada.
— Olá! Como está o nosso dorminhoco? — Taehyung deu três batidas na porta antes de adentrar o quarto com Min.
— Me parece que ele não é mais um dorminhoco, Príncipe. — Yoongi sorriu e caminhou até os dois.
— Oi meninos, que bom vê-los. Obrigado por estarem aqui. — os recebeu sorrindo.
— Você está bem, Chimchim? — ficou do outro lado da cama e tocou seus cabelos - Eu fiquei tão preocupado. Quem fez isso com você meu pitoco?
— O Jimin não se lembra de nada ainda Tae.
— Eu só me lembro de desmaiar, mas não lembro de nada antes disso. — disse.
— Tudo bem Jimin, você lembrará no tempo certo.
— O Yoongi tem razão, não se preocupe com nada e foque apenas na sua recuperação. — chegou mais perto e beijou sua bochecha — Vamos cuidar bem de você.
Quando Taehyung ia se afastar, Jimin teve um lapso de memória ao olhar para ele. E isso lhe causou muita dor. Deu um grito alto e colocou as mãos na cabeça, fechando os olhos com força.
— Jimin, o que foi? — Kim e os outros dois se preocuparam.
O ruivo se lembrava de algumas coisas e começou a chorar, porque as recordações ruins doíam em sua mente e em seu físico novamente.
— O que está acontecendo, meu amor? — Jungkook entrou em desespero — Onde dói?
— Aqui... — aumentou o choro, indicando sua cabeça — Faz parar Jungkook, por favor...
— Jungkook fica com o Jimin, eu vou chamar o médico com o Taehyung. — Min pediu, mantendo-se controlado diante da situação de emergência.
O Alfa balançou a cabeça e se sentou na cama, trazendo Park para ficar em seus braços. Os outros dois saíram à procura de um médico.
— Está doendo, Coelhinho! —seu rosto estava completamente molhado por lágrimas — Dói muito!
— Eu estou aqui, meu amor. Vai ficar tudo bem, eu prometo. — segurou seu corpo, protegendo-o — Me dê a sua mão, vou fazer isso parar.
Ver seu Ômega naquele estado partia o coração de Jeon, devido isso, ele soube no mesmo instante que nunca mais deixaria ninguém tocar nele outra vez.
Jimin apertou a mão do moreno com força, desesperado para que aquela dor de cabeça acabasse. Jungkook usou seus poderes outra vez, absorvendo tudo de ruim que seu ruivinho sentia.
A dor era tanta, que seus olhos transformaram automaticamente, libertando o lado predador para que ele conseguisse suportar.
— Respira meu amor, vai passar... — abraçados, ele passava as mãos pelos fios ruivos, acalmando o menor — Seu Alfa está aqui, não tenha medo.
Jimin continuou com os olhos fechados, sentindo o alívio percorrendo seu corpo por dentro. Saber que estava seguro nos braços do seu amor, era a melhor sensação do mundo.
— Cheguei, deixe-me ver o paciente por favor. O que houve? — um médico entrou no quarto.
— Ele está sentindo muita dor, doutor. — Jeon respondeu, se mantia na mesma posição — Estou tentando aliviar, mas ele precisa descansar.
— É claro, obrigado pelo seu apoio. — preparava uma agulha — Eu vou dar um sedativo para ele conseguir dormir bem.
O médico esticou o braço de Jimin e aplicou o sedativo nele para amenizar a dor que ele sentia. Poucos segundos depois, o ruivo acabou dormindo nos braços do Alfa que ainda o abraçava.
— Obrigado, doutor. — agradeceu ao médico que ainda estava no quarto organizando outras coisas — Eu nunca o vi assim, foi desesperador.
— Eu entendo, mas ele irá melhorar e tudo voltará ao normal. Infelizmente coisas assim acontecem. — consolou sua alma — Agora, poderia me acompanhar para conversarmos lá fora enquanto o seu namorado dorme?
— Claro. — olhou para Jimin e beijou sua testa.
Jungkook deitou cuidadosamente o Ômega na cama — de uma forma confortável para ele — e depois seguiu o médico para fora do quarto.
— Eu expliquei a situação do jovem Ômega para os pais, mas como você é o namorado dele, penso que deveria saber também. — dizia com gentileza — Como já deve estar ciente, seu namorado foi espancado e ficou desacordado por muito tempo.
— Sim, estou ciente. — não gostou de lembrar, porém, confirmou.
— Ele demonstrou alguma reação ao acordar? Como por exemplo, a perca de memória?
— Sim, ele comentou que não se lembrava de nada, apenas de desmaiar.
— Então vou avisá-lo para que não fique tão preocupado. Estes são os resultados dos exames do seu namorado. — lhe entregou um envelope e Jung observou as gravuras — Como pode ver, ele teve muitas lesões na cabeça, abdômen e coluna.
— O que quer dizer? — se preocupou.
— Se acalme. — tranquilizou — O que estou querendo dizer é que a perca de memória foi causada pelas lesões na cabeça, mas, como o senhor observou, seu namorado não se esqueceu de você nem dos amigos ou família. Correto?
— Sim.
— Ou seja, a perca de memória foi voltada apenas ao incidente. Provavelmente porque isso o abalou emocionalmente e fisicamente. Então, posso garantir que ele ficará bem e se lembrará aos poucos do que aconteceu, essa perca de memória será temporária.
— Que bom, menos mal doutor... — suspirou.
— Porém, venho pedir que não o pressionem para que ele se lembre do que aconteceu. Isso precisa ocorrer naturalmente ou pode prejudicá-lo.
— Sim senhor, irei cuidar disso.
— Você é um namorado muito atencioso, deve amar muito o seu Ômega. — sorriu.
Jungkook não respondeu, ficou tímido demais para dizer qualquer coisa. Apenas afirmou com a cabeça e desviou o olhar, com vergonha.
— Vou fazer uma receita da medicação que ele irá precisar tomar para ter uma boa recuperação e entregarei aos responsáveis dele. Então, fique tranquilo, seu namorado vai ficar ótimo de novo. — pegou o envelope de volta e lhe deu um tapinha nos ombros — Agora deixe ele descansar, se precisar de algo, não hesite em me chamar.
— Muito obrigado, doutor.
— Disponha. Nos vemos quando eu voltar para cuidar dele, boa noite e tente descansar também. Vai precisar de muita energia para cuidar bem do seu namorado. — sorriu gentilmente e saiu.
Jungkook voltou para dentro do quarto e viu que Jimin ainda dormia, se sentou ao seu lado e observou ele dormir.
— Jungkook? — a mãe de Park entrou no quarto.
— Senhora. — se levantou no mesmo segundo e a reverênciou com respeito.
— Por favor, não há necessidade de tanta formalidade. — disse com um sorriso — Seus pais estão te aguardando com o seu jantar, querido. Por que não volta para casa? — sentou-se em um sofá de frente a cama — Eu ficarei com ele.
— Não por favor, deixe-me ficar com ele mais um pouco. — insistiu.
— Você precisa descansar, meu bem.
— A senhora também. Não quero ser desrespeitoso, mas eu não estou cansado, deixe-me ficar com ele.
— Façamos assim então, você volta para casa hoje, dorme e organiza as suas coisas. Depois, amanhã fica com ele para que eu e o meu marido descansemos também. O que acha?
— Não mudará de idéia? Poderei mesmo ficar com ele amanhã?
— Claro. — sorriu, achando o garoto fofo — Pode confiar em mim, não vamos à lugar nenhum.
— Está bem, eu vou para casa. — aceitou a negociação — Amanhã volto e fico com ele.
— Tudo bem.
Jeon se levantou sem pressa e se curvou para deixar um beijo amoroso na testa do Ômega, se despedindo com carinho do seu garoto.
— Tenha uma boa noite, senhora Park. — se despediu dela também — Por favor, me avise se precisarem de qualquer coisa.
— Boa noite meu bem, descanse para o seu turno amanhã. Aviso sim, não se preocupe.
— Obrigado.
— Eu agradeço Jungkook, muito obrigada por tudo. — se levantou e deu um beijo na sua bochecha — Meu filho tem sorte de ter você.
— Não, eu que tive a honra de conhecer o seu filho. Fico feliz que as nossas famílias possam estar juntas agora. — sorriu e saiu — Boa noite.
A mãe do Ômega sorriu sozinha, refletindo na escolha perfeita que seu filho havia feito. Não precisava se preocupar mais, pois Jimin tinha encontrado um Alfa corajoso, protetor e que o amava incondicionalmente.
— Ele é exatamente como o Jimin me descreveu.
[...]
Jungkook voltou para o saguão e foi até os seus pais, que conversavam com o pai dos gêmeos.
— Filho, como está o Jimin? — sua mãe perguntou assim que o viu retornando.
— Estável, acabou de dormir. A senhora Park irá ficar com ele hoje e amanhã será a minha vez.
— Que bom, meu amor. — passou a mão em seu rosto — Trouxe sua comida e um agasalho, se quiser podemos ficar mais um pouco. Ou pode ficar com o meu carro.
— Acho melhor voltar para casa e dormir um pouco. Preciso estar bem para ficar com ele amanhã.
— Obrigado por ter vindo Jungkook, tenho certeza que significou muito para Jimin. — o pai do ruivo agradeceu — Foi bom para ele conhecer você.
— Eu quem agradeço por terem me cedido essa oportunidade. — retribuiu — O seu filho é incrível, senhor Park. Espero que as nossas famílias possam continuar se vendo a partir de agora.
— Claro que vamos continuar. — o presidente da família Jeon's se pronunciou — Essa amizade continuará por novas gerações.
Jungkook apenas olhou para o pai enquanto o via abraçar o homem que tanto julgou ser seu rival. A guerra parecia ter finalmente acabado, e agora, a história estava sendo reescrita em novas páginas.
— Bom, boa noite senhor Park. — se despediu com um aperto de mão — Nos vemos amanhã.
— Boa noite, façam boa viagem de volta para casa.
Jungkook deixou os seus pais se despedindo dele e foi procurar por Taehyung e Yoongi, que estavam no estacionamento.
— João, o Jimin está melhor? — interrogou.
— Sim, ele está dormindo.
— Que bom, a mãe dele disse para irmos para casa porque ela ficaria com ele.
— Sim, vou voltar amanhã para ficar no lugar dela. Mas antes de ir, gostaria de saber de uma coisa. — disse, pensativo — Théo, o que aconteceu com ele? Por favor diga tudo o que viu em detalhes.
— O Jimin estava me esperando sozinho do lado de fora enquanto eu terminava de me arrumar, ele iria me levar para casa antes de ir para o jantar com os pais. Tudo o que eu vi quando saí foi ele no chão, três homens encapuzados batiam nele. Corri até eles, mas fugiram. Pensei em ir atrás, mas quando vi como o Jiminie estava... Precisei socorrê-lo.
— Não sabe me descrever nenhum deles?
— Infelizmente não, mas eu queria. Eu iria atrás deles, mas quando vi o Jimin, entrei em pânico. Ele estava tão machucado João... — se lembrava, tentando não chorar — Estava jogado no chão e acabou desmaiando em meus braços. Foi a pior cena que eu já vivi na vida.
— Já passou Príncipe, ele está bem agora. — Yoongi consolou, abraçado nele.
— Sim, mas ainda não é o bastante. — Jeon disse, com raiva — Não vou parar até achar os culpados. E quando eu encontrar... Que Deus tenha piedade de sua alma, porque eu não terei.
Garantindo com olhos vermelhos de fúria, o lobo daquele Alfa Lúpus jurou vingança. Kim olhou para Min, mas não ousaram interferir.
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No dia seguinte Jungkook acordou às 8h da manhã, organizou todas as coisas que precisaria, tomou o café da manhã, um banho e dirigiu para o hospital.
Quando chegou lá, avistou a mãe de Jimin comendo na praça de alimentação do hospital e foi até ela. Não iria retornar ao colégio até que Park estivesse recuperado.
— Bom dia, senhora Park. — cumprimentou.
— Oi Jungkook! Já está aqui? — sorriu — Dormiu bem?
— Sim, agora a senhora já pode ir descansar.
— Mas que pressa é essa? — riu — Sente-se, já se alimentou hoje?
— Já sim. — se sentou, rindo também.
— Que bom. O Jimin ainda não acordou, acho que o sedativo de ontem foi muito forte.
— Ele precisa acordar e comer, acredito que não comeu nada desde ontem.
— Também acho. Bom, eu só vou terminar de comer e já vou para casa. Não se preocupe, o Jimin está com o meu marido. — percebeu que ele estava inquieto — Você já irá ver ele, meu bem.
— Ah... — tentou disfarçar — Claro.
— A Rosé não foi informada ontem, estava resolvendo algumas coisas em uma cidade perto daqui. Ela chega agorinha, se quiser ela pode ficar no seu lugar para que não fique tão cansado.
— Não! — recusou na hora — Quero dizer. — limpou a garganta — Não é necessário, eu fico com ele.
— Está bem. — deu uma risadinha, encantada com o seu jeitinho espoleta — Mas de qualquer forma ela virá para visitá-lo ainda hoje, está muito preocupada com o irmão.
— Claro, eu entendo.
— Bom... — terminou de comer — Vamos, eu vou te levar até ele.
— Tudo bem. — se levantou e afastou o assento da mulher para que ela se levantasse também, bastante cavalheiro.
Os pais de Jimin conversavam com o Alfa do lado de fora do quarto antes de irem.
— Por favor Jungkook, se precisar de alguma coisa nos ligue. Se o Jimin passar mal ou algo acontecer, nos avise imediatamente.
— Claro. — fez uma curta reverência — Eu irei cuidar bem dele, fiquem tranquilos.
— Sendo assim, confiamos em você. — o pai do ruivo apertou sua mão — Vamos querida, o nosso filho está em boas mãos.
— Tudo bem, vamos. Até logo Jungkook.
— Até, bom descanso. — sorriu e se despediu.
[...]
Após os pais irem, o Alfa entrou no quarto e se sentou no sofá de frente para a cama, onde Jimin dormia. O observou com os olhos deslumbrados a cada segundo que se passava, e poucos minutos depois uma enfermeira entrou no quarto com uma bandeja nas mãos.
— Olá, bom dia. — cumprimentou com gentileza — Você deve ser o acompanhe do senhor Park.
— Bom dia, sou sim.
— Me pediram para informar que já está na hora do café da manhã dele, então por favor peço que o acorde dê a refeição para ele. — sorriu e entregou a bandeja para o moreno — Se precisar de alguma coisa aperte este botão e uma enfermeira logo virá atendê-lo. — entregou em suas mãos um pequeno controle com um botão vermelho no centro.
— Certo, muito obrigado.
— Disponha. Com licença.
Quando a enfermeira saiu do quarto, Jung deixou a bandeja em uma mesa perto da cama e foi até o Ômega para acordá-lo.
— Jimin. — deu leves empurrões para que ele acordasse — Acorda Cenourinha, está na hora de se alimentar. — beijou seu rosto em vários lugares, dando-lhe selinhos cheios de amor.
O ruivinho resmungou bem baixinho, finalmente despertando de seu sono com muita preguiça.
— Bom dia, Coelinho... — abriu seus olhos sem pressa, sorrindo lindamente para o garoto diante de sua visão.
— Como você está? — roçou seus narizes, aproveitando para sentir um pouco do seu cheiro — A dor passou?
— Sim, completamente. Graças a você. — entrelaçou seus dedos, olhando para ele ainda deitado — Não consegui te agradecer por tudo o que está fazendo por mim, Jungkook. Não sei como posso retribuir, mas muito obrigado de verdade.
Jeon deu um sorriso simples e se levantou, deu um beijo molhado em sua testa e caminhou até a mesa onde havia deixado a bandeja com a refeição dele. Depois retornou para perto e se sentou na cama.
— Sei como pode me retribuir. — o ajudou a se sentar na cama para comer — Você não comeu nada desde ontem.
De frente ao menor, o Alfa segurou o pote de comida em uma das mão e encheu a colher com a outra. Levando-a em direção a Park, que elevou a sobrancelha, sem entender.
— Vai me dar comida na boca?
— Algum problema? — perguntou naturalmente, aguardando que ele aceitasse engolir aquela refeição.
Jimin apenas soltou um riso meigo em demonstração a atitude adorável do moreno, e abriu a boca, esperando que ele depositasse a comida ali.
A cada colherada de sopa que o Ômega engolia, Jeon o retribuía com um beijinho no nariz. Park não dizia nada, somente sorria com muita vergonha e buscava se alimentar até o fim para receber inúmeros beijos do Alfa.
[...]
Rosé havia chegado ao hospital onde seu irmão estava internado, foi na central de atendimento e depois caminhou em direção ao quarto que a recepcionista tinha informado.
Ao chegar nele, ela abre a porta devagar pensando que seu irmão poderia estar dormindo. Mas ao entrar encontra dois garotos apaixonados olhando um para o outro em silêncio.
Curiosa para descobrir o que tanto faziam, ela se escondeu atrás da porta entreaberta e os observou. Eles apenas se olhavam, Jimin estava com a cabeça deitada no travesseiro enquanto encarava os olhos do Alfa que alisava seus cabelos sentado na poltrona ao lado.
— Está quase no fim. — Jungkook observou as últimas feridas cicatrizando e desaparecendo do corpo do ruivo.
— Não dói em você? — questionou de forma atenciosa, avistando seu Alfa utilizar todas as suas energias para curar as feridas em seu corpo.
— Não se preocupe comigo, tenho vantagens por ser um Lúpus. — comentou sobre sua resistência perante a dor — É como um arranhão interno, mas o seu homem aguenta.
Jimin tirou os olhos de suas mãos entrelaçadas e o encarou de imediato, focado nas últimas palavras que o escutou dizer.
— Meu homem? — arregalou os olhinhos, que refletiram um brilho apaixonado.
Jungkook confirmou com a cabeça e libertou um sorriso belo, se aproximou com calma e beijou seus lábios, sem malícia ou apavoramento. Apenas sentindo o gosto deles e matando a saudade de seu cheiro suave de Peônias.
— Seu homem e seu Alfa, se assim você desejar um dia. — disse após as suas bocas se afastarem com lentidão.
A irmã de Park cobriu os murmúrios detrás da porta, se controlando para não gritar. A cena que avistava era tão fofa que quase não conseguia controlar seus nervos.
Portanto, antes de estragar o momento dos dois, Rosé simplesmente se obrigou a fechar a porta e aguardar mais um tempinho antes de entrar.
Ao abrirem os olhos, Jimin suspirou, sem palavras para respondê-lo. Com toda certeza o deseja como seu Alfa, mas ainda estava inseguro emocionalmente para aceitá-lo desta forma no momento. Precisavam de um pouco mais de tempo.
— Você quer tomar banho? — percebendo seu silêncio, Jungkook mudou de assunto para não constrangê-lo mais — A sua mãe trouxe uma mala com tudo o que você precisa. E vejo que já está totalmente curado agora.
— Ah sim! — se afastou para se levantar da cama — Que maravilha, eu gostaria mesmo de tomar um bom banho.
Jungkook concordou com a cabeça e se levantou primeiro, indo ao outro lado da cama para pegar o menor no colo.
— Coelhinho eu ainda consigo andar, obrigado, mas não precisa fazer isso.
— Me deixe cuidar de você.
Notando sua insistência incansável, o Ômega decidiu ceder. Então o Alfa o pegou nos braços e levou Jimin até o banheiro do quarto, com bastante calma e cuidado.
Depois disso, o ruivo lhe agradeceu.
— Precisa que eu te ajude a se lavar? — perguntou tranquilamente — Posso te dar um banho.
— N-Não é necessário! — se engasgou com a própria saliva, mas tentou disfarçar o nervosismo — Eu consigo tomar banho sozinho, muito obrigado.
Jeon sorriu e passou a mão em seus cabelos, sempre que tivesse a oportunidade de cuidar dele, iria apreciar. Deu um beijo em sua bochecha e caminhou até a porta.
— Se precisar de algo me chame, estarei esperando no quarto.
Jimin balançou a cabeça e segurou a respiração, soltando-a apenas quando o Alfa abandonou o banheiro.
Corou de olhos fechados, tímido ao imaginar que por pouco o moreno não lhe viu despido.
Minutos após o banho, Jungkook aguardava o Ômega no quarto. Jimin saiu do toalete com os cabelos molhados, vestido com roupas largos e confortáveis.
— Você está lindo. — elogiou assim que o mesmo voltou para a cama — Se sente melhor?
— Obrigado. Sim, eu realmente precisava disso. — se sentou no colchão e sorriu para ele — Se importa se eu dormir mais um pouquinho?
— Claro que não, descanse.
Jimin beijou seus lábios como agradecimento e se deitou, poucos minutos depois acabou pegando no sono. Jungkook o admirava com um sorriso no rosto, até começar a bocejar de sono também.
— Acho que vou tirar um cochilo também.
Duas batidas na porta foram feitas, anunciando a entrada da gêmea de Jimin.
— Oi Rosé. — acenou e se levantou para ir até ela.
— Cunhado, tudo bem? — cumprimentou também, dando um beijo em cada bochecha — Como ele está? Vim assim que soube.
— Ele está melhor, pelo menos é o que ele sempre me diz. Fiz o possível para aliviar a sua dor, agora as feridas foram todas cicatrizadas.
— Eu vejo. — chegou mais perto da cama, analisando o irmão — Ele parece muito bem, obrigado por tudo o que fez pelo Jimin, Jeon.
O garoto tocou no ombro dela e sorriu, demonstrando que não era necessário receber seus agradecimentos.
— Como isso foi acontecer com o meu maninho? — suspirou, se sentando na ponta do colchão — É tudo culpa minha.
— Como pode ser culpa sua? — discordou — Claro que não Rosé, os únicos responsáveis são aqueles bandidos. E eu irei encontrá-los.
— Mas se eu estivesse lá com ele... — engoliu o choro — Se eu estivesse do lado do meu irmão todas as vezes que ele precisou de mim, se eu me abrisse com ele, se eu fosse presente. Talvez isso não teria acontecido.
— Bom, creio que o "se" pertence ao passado agora, não fique se cobrando por algo que você não pode mais alterar. Não podemos mudar nosso passado, porém, ainda podemos reverter uma coisa.
Rosé o ouvia com atenção, aberta a receber seus conselhos e opiniões. Se culpava por não ter sido uma irmã tão presente da vida do Ômega, mas o amava com todo o seu coração.
— O nosso futuro. — apontou para Jimin, voltando a atenção dela para ele — Sei que se lamenta pelo pouco tempo que passou com o seu irmão, então recompense cada minuto perdido com ele. Não importa se você não esteve aqui antes, você está aqui agora.
— Mas ele nunca vai ter intimidade comigo depois de ficar anos longe dele.
— Uma coisa que eu aprendi vivenciando é que nós nunca temos certeza de nada na vida.
— Como assim?
— Às vezes fazemos planos, mas um único detalhe pode mudar tudo. — disse, olhando para o Ômega — Eu nunca planejei gostar do Jimin, eu não podia. Principalmente por causa das nossas famílias, mas agora veja, eu sou totalmente apaixonado por ele.
Jung suspirou sorrindo, nada do que disse era mentira. O sentimento que construiu por Park cresceu de maneira tão natural e intensa, que ele mal se lembrava de como levava a vida antes dele.
— Não planeje absolutamente nada, apenas viva como se hoje fosse o seu último dia.
Rosé teve o coração arrebatado por suas palavras, sentia o renovo de sua alma acontecendo. Ela o abraçou com carinho, grata pela lição de vida.
— Obrigada Jungkook, era exatamente o que eu precisava escutar. — se emocionou, de novo — Por favor, faça o meu irmão feliz por mim se eu não conseguir.
— O Jimin será feliz com nós dois ao lado dele.
— Definitivamente o melhor cunhado. — sorriu e se separou — Bom, o meu irmãozinho está dormindo. Então não quer ir comer alguma coisa? Deveria almoçar também.
— Eu vou sim, estou com fome. Mas não vou tão longe, então qualquer coisa me ligue por favor.
— Pode deixar.
Jungkook saiu para almoçar no restaurante que encontrou mais próximo do hospital. Antes de voltar para o quarto, ele passou por uma floricultura e decidiu levar um agrado para o seu pequeno.
Às 14h da tarde, Jimin já estava desperto e conversava com a irmã sentada na poltrona ao seu lado.
— Você não está com fome?
— Não, me alimentei antes de dormir. O Jungkook me deu sopa.
— Ele está cuidando bem de você, não é?
— Sim... — sorriu, se lembrando com carinho do Alfa que gostava — Como nenhum nunca fez.
— Acho que vou ter que estabelecer um limite então, ou você vai ficar mimado.
Park retrucou com uma careta, mas antes que pudesse respondê-la à altura, a maçaneta se mexeu.
Jungkook adentrou o quarto, arrancando um lindo sorriso do Ômega automaticamente.
— Acordou Cenourinha. — chegou mais perto da cama, com as mãos atrás das costas — Dormiu bem?
— Sim, senti a sua falta. — percebeu que ele tentava ocultar algo — Onde esteve?
— Fui buscar um presentinho para você. — mostrou o buquê de flores escondido atrás das costas e entregou para ele, que sorriu no mesmo instante.
Surpreso com o gesto extremamente lindo e romântico, Jimin só teve forças para fechar os olhos e corar. Encolhido no cobertor, ele cobriu o rosto com muita vergonha.
Tentou recuperar a coragem e tirou as mãos da face, olhando em seus olhos com o rosto redondamente vermelho.
— Minhas favoritas. — segurou o buquê nas mãos e cheirou as Peônias, com o coração batendo forte — Obrigado, Jeon.
Jungkook olhou para o garoto com as pupilas dilatadas, a vontade de tê-lo como único Ômega crescia cada vez mais. Jimin conseguia liberar o seu lado mais puro e protetor, estava completamente encantado por ele.
— Suas favoritas? — Rosé se atentou a fala — Mas eu pensei que gostasse de...
— Peônias! — interrompeu a irmã imediatamente — Sempre gostei de peônias.
— Para mim isso também é novidade. — o Alfa se direcionou ao outro lado da cama, se aproximando do ruivo — Algum motivo específico?
— Talvez elas sejam iguais a mim. — respondeu com provocações, sabendo que ele estava ciente do motivo — Temos o mesmo cheiro, não?
— Sério? — Rosé se manifestou com curiosidade e esticou o corpo para cheirar o buquê, notando que o aroma delas era realmente familiar ao do irmão — Minha nossa, é verdade!
Os dois garotos riram da ruiva ao lado e voltaram a se encarar, Jungkook se agachou perto da cama, próximo ao corpo de Jimin e segurou sua mão.
— Obrigado Coelhinho, elas são lindas. Eu adorei.
Park curvou-se um pouquinho para alcançar o rosto alheio e o tocou com carinho, trazendo-o pela nuca para estar mais perto. Se beijaram docemente.
Rosé abriu um sorriso ao ver o irmão tão realizado com um parceiro de vida, mas revirou os olhos com diversão ao perceber que estava sobrando ali.
— Com licença, Park Jimin? — mais uma vez alguém bateu na porta, entrando em seguida — Hora de tomar os seus remédios.
— Ah sim, tudo bem. — endireitou seu corpo na cama, fazendo com que Jeon se levantasse também.
— O senhor almoçou? Precisa se alimentar corretamente para que os medicamentos possam fazer o efeito necessário.
— Eu sei, comi apenas a sopa que trouxeram ainda.
— Entendo, como ainda não almoçou eu irei trocar os seus curativos e depois você irá comer. Assim que terminar, retornarei para lhe dar a medicação.
— Tudo bem.
— Agora por gentileza, levante o moletom. — abriu o kit de primeiros socorros que havia levado — Pode levantar mais um pouco, por favor?
— Claro. — subiu a blusa, mostrando toda a sua barriga.
— Que maravilha, suas feridas sumiram todas! — observou seu corpo completamente curado — Não é necessário adicionar mais nenhum curativo. Como teve uma recuperação tão rápida assim?
— Eu tive um Alfa muito atencioso cuidando de mim. — respondeu, com o olhar fixo em Jungkook.
— Oh entendi, o jovem rapaz é um Lúpus! — abriu um sorriso feliz — Fique contente então senhor Park, porque graças ao seu namorado você irá voltar para casa mais cedo.
Jimin ficou quietinho com a face rosada e desviou o olhar de Jung, que o encarava com afeto.
A enfermeira começou a se desfazer dos curativos usados anteriormente e passou apenas uma pomada no corpo do ruivo, para fortalecer a boa recuperação que ele já estava tendo.
Acompanhando cada passo que ela dava, Jeon se lembrou do seu propósito: encontrar a pessoa que fez o seu Ômega passar por aquilo e destruí-la.
Portanto, sem dizer nada, Jungkook andou em silêncio em direção a porta do quarto.
— Onde você vai, cunhado? — perguntou, fazendo o mesmo parar e olhar para ela.
— Preciso resolver um assunto, mas eu volto logo. — disse antes de ir.
Jungkook estava nitidamente estranho e Rosé percebeu, mas não o impediu de seguir adiante.
— Para onde ele foi?
— Não sei dizer maninho, ele apenas saiu.
[...]
Em frente a entrada do hospital, o moreno discava um número de telefone no celular, ligando para Taehyung.
— Théo preciso de um favor.
— O que aconteceu?
— Preciso que faça algo por mim. Você conhece praticamente todos os alunos do colégio, certo?
— Provavelmente, por quê?
— Quero que me ajude a investigar algumas pessoas para tentar descobrir quem bateu no Jimin. Ele não se lembra de nada ainda e eu quero muito encontrar os miseráveis que fizeram isso com ele.
— Deixa comigo, mas você acha que foram alunos do nosso colégio?
— Quase certeza que sim. Os pais do Jimin são muito influentes, mas não acho que alguém iria perseguir o filho deles. Não de uma maneira tão mal planejada, só um adolescente pensaria em fazer aquilo com o Jimin na frente da própria casa.
— Pode ser. Olha, eu tenho uma pessoa em mente que talvez possa ter feito isso com o Ji. — contou — Mas eu juro que se for quem eu estou pensando... Ela já está morta.
— Independente de quem você pense que foi, fique tranquilo, eu mesmo irei acabar com ela.
— Não, nós dois iremos. Porque eu também quero me vingar.
— Certo, então descubra quem foi amigo.
— Confia em mim, farei algumas ligações e problema resolvido. Te ligo quando encontrar.
Depois de falar com Taehyung, Jungkook se sentiu melhor. Seu amigo iria descobrir os responsáveis pelo estado de Jimin e depois ambos iriam acabar com eles com as próprias mãos.
Algumas horas depois já estava ficando à noite, Jungkook tinha ido para casa para tomar um banho e ver os pais. Depois voltou para o hospital.
— Coelhinho, você pode pegar aquela bolsa para mim por favor? — apontou.
— Claro. — pegou e depois lhe entregou.
— Obrigado. Não vai para casa? Você deve estar cansado Jungkook, vai dormir um pouquinho.
— Não se preocupe ruivinho, não estou cansado. Eu vou ficar com você e assunto encerrado.
Jimin não disse mais nada, apenas guardou o sorriso para si e assentiu.
— Mochi. — Rosé entrou no quarto — Eu já estou indo, a mamãe veio me buscar com o papai. Eles irão vir aqui para te dar boa noite.
— Está bem.
— Tchau cunhado, durma bem. — acenou.
— Tchau cunhada, boa noite.
Às oito da noite os pais de Jimin já haviam ido com a irmã e os dois garotos ficaram sozinhos no quarto. A enfermeira voltou a visitar Park e lhe deu a medicação noturna para uma boa noite de sono.
Jeon tentou se encaixar bem no sofá do quarto, mas dormir nele não parecia tão favorável a sua estrutura óssea.
— Coelhinho. — chamou o Alfa inquieto no sofá pequeno a frente — Você quer dormir comigo? — ofereceu a mesma cama em que estava deitado.
— O que? — ficou surpreso — Não é necessário, meu bem. Estou ótimo aqui, pode dormir.
— Mas essa cama é grande o bastante para acomodar nós dois. — insistiu, tentando não sentir tanta vergonha — E eu tenho certeza que você não ficará confortável nesse sofá ou na poltrona.
— Meu amor não se preocupe comigo, eu vou dormir bem.
— Por favor, Jungkook. — insistiu outra vez, com mais determinação e manipulação — Por mim.
O Alfa suspirou, percebendo que não havia nada no mundo que pudesse negar a Park Jimin.
— Não vou incomodar?
— Claro que não, então vem deitar aqui comigo.
Jungkook desligou a luz do quarto e deixou apenas a do abajur acesa ao lado da cama, depois se deitou ao lado de Jimin.
O Ômega se aconchegou no abraço dele e deixou o sono tomar conta.
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Dia seguinte:
Rosé vai ao hospital por volta das oito da manhã, e quando chega no quarto do irmão, se depara com uma cena muito fofa.
— Não acredito. — avista Jimin e Jungkook dormindo de conchinha — Eu preciso registrar isso. — falou bem baixinho para que eles não acordassem.
Rosé pegou o celular, chegou mais perto e tirou uma foto dos dois. Depois correu e se sentou no sofá, agindo como se nada tivesse acontecido.
— Hum... — o Alfa rolou na cama, despertando enfim.
— Bom dia, cunhado.
Um pouco assustado com a voz inesperada, ele abriu os olhos e procurou pela pessoa presente naquele quarto. Ao ver a garota que era idêntica ao Ômega, Jeon cumprimentou ainda sonolento e sorriu.
— Bom dia, Rosé. — coçou os olhos — Chegou agora?
— Sim. Como passaram a noite?
— Bem. — riu, meio tímido ao ser pego junto de Jimin na cama.
— Que bom, se quiser ir comer o seu café da manhã eu fico com esse preguiçoso aí.
— Ah, eu te agradeço. — se levantou, dando risada — Vou me trocar primeiro e ir.
O moreno se direcionou ao banheiro do quarto e realizou as suas higienizes pessoais. Minutos depois foi tomar o seu café e retornou para junto dos irmãos.
O dia passou rápido. Jungkook ficou ao lado de Jimin o fim de semana inteira e na segunda-feira de manhã o Ômega recebeu alta.
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Segunda, no colégio:
Taemin chegou na escola e foi conversar com Lisa, que estava organizando o seus livros no armário.
— Foi você, não foi?
— Bom dia para você também, Taemin.
— Não me enrola Lisa, responda. — falava com o tom de voz sério.
— Como posso te responder algo que não sei do que se trata?
— Eu acabei de saber o que aconteceu com Jimin, o colégio inteiro está falando sobre isso. — interrogou a menina, mas ela deu os ombros, fingindo inocência — Foi você, Lisa? Você fez isso com ele?
— Não.
— Não minta para mim! — pegou em seu braço com força e forçou a garota a encarar seus olhos furiosos de predador —Você não me engana, sei que foi você. Admita!
— Eu também sou uma Alfa meu amor, você não me intimida com esses olhinhos coloridos. — debochou — E se eu admitir, hum? Vai me bater?
— Eu sabia... — seu olhar encolheu, estava decepcionado — Você não se cansa? Por que fez algo tão desprezível com o Jimin? O que ele fez para você?
— Ele quer o que é meu. Isso eu nunca vou permitir, então o farei pagar por entrar no meu caminho.
Taemin suspirou, se negando a acreditar no que tinha acabado de ouvir. Soltou sua mão e se afastou dela.
— Eu me cansei de você, sinceramente. — disse, esgotado — Tanto tempo se humilhando por alguém que nunca te quis, que nunca olhou para você. Enquanto tem um Alfa bem na sua frente que daria tudo para ter uma única chance com você.
— O que? — arregalou os olhos com surpresa, abrindo a boca aos poucos — O que quer dizer?
— Eu não entendo porque você sempre se coloca nessa posição, suas amigas zombam de você, os garotos te humilham e te usam como querem, as pessoas riem de você. Você é uma garota tão talentosa, Lisa. É mais inteligente do que demonstra ser, e principalmente, é a Alfa mais linda e encantadora que eu conheço.
Lisa se calou no mesmo segundo, perplexa com as palavras dele. Taemin e ela se conheciam há anos, sempre estiveram no mesmo ciclo de amigos e ambos têm em comum a amizade de Jungkook. Porém, nunca se gostaram, pelo contrário, era um costume trocar faíscas um com o outro.
Pois, Lisa o achava imaturo e Taemin pensava que a garota era muito influenciável. Mas na realidade, o garoto sempre notou os mínimos detalhes dela, mesmo mantendo o personagem que a provocava e odiava.
— Eu sinto muito por não ter seus sentimentos retribuídos, Lisa. — voltou a dizer, desta vez com o semblante mais entristecido — Mas você precisa aceitar que o Jungkook nunca irá gostar de você da mesma maneira, ele ama outra pessoa. Ele sente falta da sua amizade e gosta de você como uma irmã, mas essa obsessão louca e doentia por ele tem que acabar. O Jungkook não é o único Alfa que pode te fazer feliz, se ao menos você pudesse mudar de alvo um pouco...
Taemin abaixou a cabeça, muito triste.
— Esquece, você nunca vai mudar. — suspirou, frustrado — Tenho pena do Jeon, mas ele vai precisar conviver com isso sozinho, porque eu desisto. Gostaria que pudesse conhecer o verdadeiro amor, entretanto, você não é garota que tem interesse em ser amada de verdade por alguém. E sinceramente, eu lamento por isso.
O garoto virou as costas e deu um passo, saindo sem previsão de voltar a vê-la outra vez. Porém, no impulso do medo de perder a primeira pessoa que a enxergou realmente, Lisa o puxou pela mão — pedindo que ainda ficasse.
— Você tem razão. — com a mente totalmente aberta e liberta dos pensamentos ruins, a garota disse completamente arrependida — Não sei onde estava com a cabeça, eu passei dos limites. Irei me redimir com o Jungkook e prometo olhar para outros horizontes.
— Você machucou o Jimin, Lisa. — retornou a olhar para ela, incrédulo com sua capacidade de ser cruel — No que estava pensando?
— Eu não sei, você está certo, acho que eu fiquei obcecada. — curvou a cabeça, olhando com vergonha para o chão — Admito que estou errada.
— Não é para mim que deve admitir nada. — se afastou, impedindo que ela o tocasse de novo — Gostaria que pudesse se ver com os meus olhos, Lisa. Tenho certeza que se conhecesse toda a beleza que eu vejo em você, não haveria tanta maldade no seu coração.
O garoto virou as costas e se foi, sem mais nada a dizer. Ainda não conseguia acreditar que a garota que gostava teve capacidade de liderar aquele ataque desumano voltado à Jimin, percebeu que nunca iria se relacionar com alguém que tinha esse tipo de atitude ruim.
Por mais que a amasse, estava disposto a ignorar esse sentimento se ela continuasse agindo de forma cruel com os outros. Principalmente, com os seus amigos.
— Ei, você! — Kim se aproximou furiosamente e a empurrou com força contra o próprio armário — Eu não te mandei ficar longe dos meus amigos?!
— Taehyung? — arregalou os olhos, assustada.
— Príncipe por mais que eu concorde em vingar os nossos amigos, ainda não sabemos se foi ela. — Yoongi intercedeu, segurando em seu ombro — Vamos atrás das provas primeiro, depois, da vingança.
— Está bem. — concordou com a cabeça, ainda olhando a garota — Mas escuta bem Lisa, se eu descobrir que foi você... considere-se morta.
Lisa engoliu a saliva com medo da ameaça, e Taehyung a deixou ir. Fechou os punhos e armazenou a raiva para liberar mais tarde, pois tinha certeza absoluta que ela tinha culpa no cartório.
No fim da tarde, Jungkook estava deitado em sua cama descansando quando recebeu uma ligação de Kim.
— Oi Théo.
— Oi. Eu descobri quem são os filhos da puta que bateram no Jimin.
Jungkook se levantou rapidamente da cama, se concentrando no mesmo segundo. Mudou o semblante instantaneamente e questionou com a voz mais séria e impaciente:
— Quem são?
— Tenho os nomes, o meu informante acabou de me mandar. Como eu suspeitava, foram três.
— Quem são, Taehyung? — repetiu a pergunta, já tomado pela fúria de seu lobo, que passou a controlar suas emoções.
— Você não conhece, mas eu sim. Amanhã quando você voltar para o colégio, nós resolvemos isso pessoalmente. Se prepare Jeon, porque vamos quebrar algumas regras.
— Estou aguardando ansiosamente por isso. — disse com voz imperdoável e desligou a ligação.
Jungkook segurou o telefone com força, estava nervoso. Era só tocar no assunto sensível que envolvia Park Jimin e seu lado protetor era ativado. Jurou para si mesmo que faria os responsáveis pagarem, e não iria parar enquanto a sua vontade não fosse saciada.
Independente se tivesse que deixa-los da mesma forma em que deixaram Jimin, Jungkook estava disposto em deixá-los em situação muito pior.
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