Severus analisava a questão de forma não muito contente. Iria andar de vassoura com James, mesmo não sabendo montar e tendo um leve pavor de altura. Talvez devesse pedir ao Potter que tivesse outra brilhante ideia para o encontro, mas a ideia de soar covarde em frente ao melhor Apanhador que Hogwarts já teve, não lhe deixa alegre. Ele queria montar com Potter, realmente estava feliz com a ideia de fazer isso.
Estava indo em direção ao Campo de Quadribol, onde James o aguardava. Chegando lá, engoliu a vontade de correr para longe ao vê-lo polindo duas vassouras. Iria mesmo colocar a sua vida em risco.
–Olá, James!--Andou até ele, vendo-o saltar ao escutar a sua voz.--Desculpa pelo susto.
–Não o vi chegar.--James soltou uma risada baixa.--Como está, Sev?
O apelido deixou-o nervoso. James não parecia tê-lo falado por mal, nem parecia ter notado que havia o dito, mas, para Severus, lembrar que Lucius o chamava assim, não lhe agradou.
–Eu estou bem,--disse, olhando para a vassoura–mas gostaria que não me chamasse de Sev.
James solta um som incomodado, como se só naquele momento tivesse percebido o que havia dito.
–Severus, eu não me toquei que havia o chamado pelo apelido, me perdoe.--Ele parece levemente desesperado, como se contasse as bolas fora.--Nunca mais o chamarei desta maneira.
Severus dá de ombros, sorrindo para a maneira como James o olhava. Era mesmo adorável.
–Tenho que confessar uma coisa antes de você me ensinar a voar.--Ele tenta vencer a vergonha, mas não é bom o bastante. Se contasse naquele momento, apesar de não querer fazê-lo, talvez não pagasse um mico dos grandes--Eu tenho um pouco de medo de altura.
James não parece achar besta, ele arqueia uma sobrancelha, coloca as mãos nas costas e diz:
–Tudo bem, não precisamos voar alto.
Severus não se sente melhor. No fundo, queria que James tivesse tido uma outra ideia. Eles poderiam, sei lá… Andar pelo castelo, convencer Dumbledure a deixá-los ir a Hogsmeade, qualquer coisa, menos voar. A única matéria em que não obtinha um Ótimo era Voo. Tudo bem que havia se decidido daquilo e realmente queria fazê-lo... Mas a que custo? Estava prestes a espatifa-se no chão somente por seu cérebro não contentar-se com a desistência.
–Você estava polindo as vassouras?--Ele pergunta, apontando para os modelos.
–Sim! Já estão prontas, inclusive.
Severus sente a necessidade de sair correndo, mas não o faz.
–Ótimo.--Sua fala sai estagnada.--Vamos lá, então?
James coloca uma vassoura ao seu lado e a outra ao lado de Severus, o garoto, perdido, apenas analisa Potter de rosto nervoso.
–Coloca a mão assim como eu e diga em alto e bom som: SUBA!
A vassoura de James subiu tão fácil, que qualquer leigo acharia assim sê-lo. Quando Severus colocou a mão para chamar a sua, porém, ela não obedeceu. Tentou cinco vezes, quando, na sexta, enfim aconteceu.
–Isso!--James comemorou.--Não foi tão difícil.
Para Severus, que já estava com o braço dolorido, havia sido.
–O que fazemos agora?--Perguntou.
–Agora você monta. Coloca uma perna por cima e depois a outra.
Severus estava se controlando para não tremer. James montou antes dele, a vassoura contentou-se com o seu peso. Por um segundo, o sonserino teve medo de montar e ele cair. Felizmente, ela continuou no ar e com ele em cima.
–Isso foi ótimo, Severus!--James comemorou novamente.
Por um leve instante, Severus permitiu-se sentir a vitória, mas isso foi antes de James olhar bem para a sua cara e dizer:
–Agora vamos subir um pouco.
Severus não conteve o impulso de arregalar os olhos.
–Pensei que fossemos voar baixo!
–E vamos, mas a altura que estamos é baixa demais.
Severus desejou bater na cabeça de Potter com a vassoura, mas manteve a paciência. James lhe mostrou exatamente o que fazer, e Severus o fez com o coração batendo acelerado no peito. Quando estavam alto o suficiente para Potter se contentar, Severus tremia ao ponto de mal ter controle do próprio corpo. Notando a situação estranha, James se aproximou.
–Hey!--Severus sentiu o braço dele em seu ombro.--Não pensei que tivesse tanto medo assim, se quiser, você pode subir na minha vassoura e voar comigo.
Severus levantou o rosto e olhou para o sorriso compreensível de James. Do jeito que estava tremendo, não conseguiria ter o controle sobre a própria vassoura, de forma que voar na mesma vassoura que o Potter, não pareceu ruim. Severus poderia aproveitar o momento para… Bem, abraçá-lo e sentir como era a situação de sua barriga. Não era uma ideia péssima.
–Eu gostaria de voar na sua vassoura, James.--Conseguiu, de maneira suspeita, falar sem gaguejar.
James o ajudou a descer até o chão. Quando Severus saltou para fora da vassoura, sentiu-se aliviado, porém, seu alívio não durou mais do que alguns segundos. James ajudou-o a subir na vassoura dele e Severus, desesperado, envolveu seus braços ao redor do estômago de Potter, que soltou o ar pelo nariz devido ao susto.
–Sev…Severus, só não aperta com tanta força.--Soou nervoso, a respiração tensa.
Severus tentou afrouxar o toque, mas James, mesmo sem querer, subiu um pouco com a vassoura, quase fazendo-o perder a postura e cair. Diante disso, Severus o apertou com ainda mais força, grudando a cabeça em seu pescoço.
–Olha, não vai dar, eu tenho pavor de vassoura!--Deixou o medo vir à superfície. Tão assustado, tão imprevisível, que James se assustou. Entendendo, desceu com a vassoura até que estivessem grudados ao chão. Severus saltou para fora e James também.
–Severus,--Potter se aproximou, colocando as mãos em ambos os seus ombros–às vezes é bom passar por provações para perder o medo. Se você me deixar, não importo que me aperte até o ar me abandonar, mas nós podemos voar devagar ao redor do campo.
Se Potter estivesse de brincadeira, Severus saberia. O olhar do garoto lhe dizia que queria apenas ajudá-lo, mas Severus não tinha certeza. Ganhara aquele medo bobo no primeiro ano, quando caíra no chão e torcera o pé. Sabia que não aconteceria naquele momento, mas talvez quebrasse um braço.
–Promete que não irá pensar em me deixar cair?--Soou duro, tal qual uma mãe irritada.
James meneou a cabeça rapidamente, os olhos arregalados como se lhe dissesse: Você é importante demais para eu deixá-lo cair, Severus.
Respirando tão fundo que quase explodira os pulmões, ele subiu atrás de James na vassoura. Abraçou-o até que sentisse os seus ossos debaixo do uniforme. Tenso, James subiu com a vassoura e começou a andar lentamente pelo campo. Severus, com os olhos fechados e a cabeça em cima do ombro de James, conseguia sentir a sua respiração pela veia do pescoço. O coração acelerado do outro era quase anormal.
–Severus…–A voz de Potter é rouca.--Abra os olhos.
Com uma dificuldade quase anormal, ele abriu os olhos e olhou ao redor. Estavam na altura de meia arquibancada, mas, mesmo assim, Severus achou alto. Respirou fundo três vezes, apertando Potter ao ponto de tira-lhe o ar.
–Eu estou bem.--Severus comentou para si mesmo.--Muito bem.
–Não está tão ruim, não é?--James acelerou um pouco a vassoura, fazendo com que o sonserino tremesse na cabeça aos pés. Porém, ele conseguiu manter a cabeça longe do ombro de James e tentou, apesar de com dificuldade, afrouxar o aperto ao redor de sua cintura.
O vento frio batendo contra o seu rosto não lhe tirou o ar.
–É bom, até.--Comentou, ainda tenso.
–Mais um pouco e a gente desce.
James acelerou mais uma vez, porém Severus não sentiu-se assustado. Tirou os braços do arredor de James e colocou as mãos em seus ombros, os olhos bem abertos enquanto olhava ao redor. James subiu um pouco com a vassoura, mas, de novo, Severus não se assustou.
–Não está mais com medo?
Severus pensou bem na resposta. Não, ele não estava mais com medo.
–Não, estou ótimo!--Falou de forma assustada, mal acreditando nas próprias palavras. Não deveria ser tão fácil.
Diante disso, James desceu com a vassoura e os dois desmontaram.
Potter estava corado feito um pimentão quando olhou-o, mas sorria feito uma hiena feliz. Severus não riu, porém, na verdade, achou adorável. James Potter era completamente adorável!
–É preciso tentar para perder o medo.--James aproximou-se, os braços abertos em completa felicidade.--Sabia que você iria conseguir.
Aquilo era tão fofo, Potter feliz por uma vitória que não era dele.
Severus poderia ter feito qualquer coisa naquele momento, diante daqueles olhos brilhantes, rosto corado e roupas abarrotadas, mas o que ele fez foi aproximar-se e, enquanto Potter parecia pensar em outra coisa para dizer, grudar seus lábios em um selinho. Afastou-se segundos depois, mas diante das pupilas dilatadas do grifinório e boca aberta, não conseguiu se manter longe por muito tempo.
James, o verdadeiro retrato de um ser divino, puxou Severus pela cintura e o beijou-o como se não houvesse mais nada que lhe contentasse. Severus jogou os braços ao redor de sua nuca e devolveu o beijo com tanta luxúria, que James quase puxou-o para o seu colo. O grifinório, para completo terror do sonserino, recuperou a razão antes que estivessem deitados naquele chão levemente molhado.
–Eita!--Potter deu três passos longos para trás, deixando-o perdido.--Desculpa, Severus, não quis agir desta maneira!
Olha, Potter, eu estava gostando.
–Tudo bem, mas eu gostei.--Deu de ombros, vendo-o aumentar a vermelhidão em seu rosto. Potter, obviamente, estava com um probleminha duro na virilha.
–Eu não quero que você pense que eu quero usá-lo, Severus. Não, eu realmente acho você incrível e não quero ser um imbecil com você.
Severus achou aquilo fofo... Estava achando tudo muito fofo. Potter parecia estar levando a sério o que Severus confessara que queria em seu primeiro encontro, embora tivesse esquecido da parte do “desejo”. Bem, pelo menos o Potter sentia esse desejo. Severus conseguia notar com muita certeza, mas, infelizmente, James não estava notando os olhares que Severus lançava para a virilha dele
–Sinto-me feliz por ouvir isso, James.--Severus disse, apontando para a vassoura extra em seguida, apesar de estar desejando outra coisa--Sinto-me seguro para aprender a voar só.
James aproximou-se novamente, menos duro, embora Severus ainda conseguisse notar a proveniência e a quisesse tocar. O desejo por qualquer um deles estava o enlouquecendo, não parecia que qualquer pessoa fosse ser capaz de ajudá-lo com sua excitação (Severus tampouco queria).
–Prometo que ficarei ao seu lado,--James colocou-o ao lado da vassoura extra, ainda corado, ainda o verdadeiro retrato da beleza e luxúria, mas Severus só conseguiu sentir-se amado e seguro pela maneira que ele falava--não precisa ter medo. Quando eu aprendi a voar também sentia um pouco, mas você vai notar que voar é a melhor coisa que existe. Eu me sinto livre quando voo, sinto que nada pode me derrubar, nada pode me machucar. É maravilhoso.
Snape olhou-o nos olhos e os dois ficaram presos naquilo por um tempo que ele não ousou contar ou quebrar de forma que não fosse fazer Potter sorrir. Da maneira que só ele poderia fazer, Severus deixou um selinho em sua bochecha e afastou-se com tranquilidade.
–Você é adorável.--Comentou.
James arregalou os olhos e Severus sentiu seus olhos brilhando. Como era possível que estivesse feliz daquela maneira, mesmo tendo acabado de passar por um dos momentos mais assustadores de sua vida? Talvez Potter fosse uma espécie de herói divino.
–Você também é adorável.
Severus poderia tê-lo olhado pelo resto do dia.
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