História A Babá - Jori - Mudança

Jade:

Beck se aproximou de mim, depois que me afastei da Tori.

- Tá tudo bem entre vocês?.

Perguntou se encostando no armário ao lado do meu.

- Tá, eu acho.

Falei desanimada.

- Não foi muito convincente.

- Só não gostei da crise de ciúme.

- Quando começa assim só vai de mal a pior.

- Experiência própria?.

- Aham, minha ex começou a ter ciúmes de todo mundo que se aproximava de mim, queria até me proibir de falar com algumas amigas.

- A Tori queria me proibir de falar com você.

- Se eu fosse você terminaria.

- Mas a gente acabou de voltar.

- Deveria ter voltado?.

- Óbvio, eu adoro ela.

- E está feliz com essa decisão?.

- Muito.

- Não é o que parece.

- Mas estou.

- De novo, não foi muito convincente.

- Caramba Oliver, você tá me deixando confusa.

- Só pensa um pouco, se você tem mesmo que mínima, alguma dúvida se deve ou não ficar com ela, é por quê não é a pessoa certa.

- E quem seria a pessoa certa?.

Ele apenas me encarou.

- Você?.

Perguntei.

- E por quê não?.

- Há alguns meses você me deu um fora, e disse que não queria nada além de ser meu amigo, e se fosse pra rolar alguma coisa não passaria de sexo casual.

- Mudei de ideia.

Disse acariciando meu rosto.

- É, eu também.

Ele sorriu e se aproximou, nossas bocas estavam a poucos centímetros uma da outra, quando virei o rosto.

- Você não entendeu, Oliver.

- Entendeu o quê?

- Eu mudei ideia, em relação a você, não quero nada com você, e se se aproximou de mim na intenção de ser mais que meu amigo, pode se afastar novamente.

- Tá brincando né?.

Perguntou sorrindo.

- Não.

Falei e seu sorriso se desmanchou.

- Você é a fim de mim desde pequena, e quando eu quero te dar uma chance você me diz não?.

- Pois é.

- Fala sério.

Disse e saiu frustrado.

Me sinto na obrigação de pedir desculpas a Tori, pelo visto ela tinha razão em se sentir desconfortável, e eu fui um pouco grossa com ela.

A procurei pelo colégio, a encontrei em uma sala, conversando com uma loira.

- Vega, quero falar com você.

Falei.

- A vontade.

Falou e olhei para a loira que a acompanhava.

- Entendi a deixa, nós falamos depois.

A garota disse e saiu da sala.

- Primeiro quero dizer que você tinha razão em ter ciúmes do Beck, e segundo, desculpa por ter sido grossa.

- Aceito as desculpas, mas quero uma explicação sobre eu ter razão em ficar com ciúmes.

- Beck disse que queria ficar comigo, e ele tentou me deixar confusa sobre nossa relação e quase funcionou, desculpa.

- De novo? Ele te fez ficar confusa outra vez?.

- Já pedi desculpas.

- Eu sou uma idiota.

Falou.

- Por quê?.

- Precisa perguntar?.

- Desculpa.

- Para de me pedir desculpa.

Falou brava.

- Só tô tentando fazer as pazes.

- Esse é o ponto, precisamos fazer as pazes por quê toda vez que estamos bem você faz alguma merda pra ferrar com o nosso namoro.

- Sempre faço besteira, sei disso, mas...

- Mas nada, eu insisto em ficar com você, sendo que é o pior relacionamento que já tive na vida.

- Vega...

- Sabe quem era aquela garota que estava aqui?.

- Não.

- Era minha ex namorada, tínhamos um relacionamento perfeito.

- Não era tão perfeito se acabou.

- Acabou por quê ela brigou com o pai e mudou se cidade, decidimos que um relacionamento a distância não daria certo, terminamos da melhor forma possível.

- Por quê tá me dizendo isso?.

- Também teve a Mila, me tratava como uma rainha, terminei por sua causa.

- Vai listar todas as namoradas que teve?.

- Não, mas saiba que todas foram melhores que você.

- Se sou tão horrível assim termina.

- Eu deveria, mas tenho tão mal gosto, que me apaixonei pela pessoa mais difícil de se amar, por quê te amar é muito difícil, e aturar todos os seus vacilos é pior ainda.

- E vai o fazer o quê?.

- Quero ficar com você, muito mesmo, mas ou você melhora e começa a me dar o valor que eu tenho e mereço, ou mesmo sem querer eu termino, e não vai ser difícil encontrar outra pessoa que me valorize mais que você, por que parece que não sou nada na sua vida.

- Você é a melhor pessoa que já entrou na minha vida.

- Então começa a demostrar, por quê é muito difícil manter um relacionamento unilateral.

Falou demonstrando exaustão.

- Vou melhorar, prometo.

- Palavras não são o bastante.

- Me dá um tempo, vou mostrar que posso ser uma pessoa e uma namorada melhor.

- Espero que sim.

Disse me dando um beijo rápido e saindo da sala.

Fiquei sozinha na sala, aproveitei o silêncio pra pensar um pouco, e tomei uma decisão que tenho certeza que a melhor que eu poderia ter tomado.

(...)

Quando as aulas acabaram eu fui direto para casa, fiz algumas pesquisas na internet, encontrei uma psicóloga com ótimas recomendações, e agendei uma consulta para amanhã de manhã.

(...)

Acordei cedo, me arrumei e fui para o consultório.

Aguardei na sala de espera, assim que fui chamada me dirigi a sala.

Quando entrei ela ficou me encarando alguns minutos.

Fiquei mexendo nos meus anéis para diminuir um pouco do nervoso, ela não disse nada me sinto tão julgada.

- Jade, certo?.

Perguntou olhando sua prancheta.

- Isso.

- O que te traz até aqui?.

- Sou uma namorada horrível, quero saber como mudar isso.

- Me conte um pouco sobre seu relacionamento.

- Ela é incrível, me ama, não tenho dúvidas sobre isso, me trata bem, adora minha família e eles adoram ela.

- Não estou vendo o problema.

- Eu sou o problema, por quê mesmo ela sendo perfeita, eu sempre estrago tudo.

- Como?.

- Terminei com ela por quê tive uma paixonite ridícula por um cara, aí depois me envolvi com uma amiga da minha mãe e nesse tempo a Tori e eu, Tori é minha namorada, estamos ficando amigas e eu a tratei mal por causa da Kate, a amiga da minha mãe, arruinei a amizade de anos da duas por causa disso, e após isso, a Tori e eu tentamos ser amigas outra vez, e acabamos voltando, e tava tudo ótimo, até o carinha que eu tinha me apaixonado voltou a se aproximar de mim, e tratei a Tori mal outra vez.

- E vocês terminaram de novo?.

- Não, mas ela me colocou contra a parede, e disse que ou eu mudava ou ela terminaria comigo, por isso eu estou aqui.

- Autossabotagem.

- Já pensei que era isso.

- Ótimo, admitir o problema já é um começo.

- E agora o que faço?.

- Sempre foi assim nos seus relacionamentos?.

- Na verdade, esse é meu primeiro relacionamento.

- Pode me falar um pouco sobre sua família?.

- Somos só minha mãe e meus dois irmãozinhos.

- E o seu pai?.

- Morreu há alguns anos.

- Como você descreveria sua relação com sua mãe?.

- É ótima, ela além de mãe também é uma amiga.

- E seus irmãos?.

- São duas pestes, mas adoro os dois.

- Sua mãe é solteira?.

- Ela tá namorando.

- Voce se dá bem com ele?.

- Só o vi uma vez desde que eles estão juntos, mas sim, nos demos bem.

- Então é uma relacionamento recente?.

- Aham.

- Antes dele, teve outro?.

- Teve.

Falei e olhei pra o chão.

- Você se dava bem com ele?.

Perguntou, apenas balancei a cabeça negando.

- Por quê não?.

Fiquei com vergonha de falar, então minhas palavras saíram quase como um sussurro.

- Ele abusava de mim.

- E como você se sente sobre isso?.

- Envergonhada.

- Culpada?.

- Um pouco.

- Sua mãe era feliz com ele?.

- Aham.

- Talvez você sabote seu namoro com a Tori, por quê pensa que não merece ser feliz por achar que destruiu o relacionamento feliz da sua mãe.

- Não acho que seja isso.

- Tem certeza?.

- Tô te pagando pra você me dizer as respostas, não pra me fazer ter mais dúvidas.

Continuamos conversando até meu horário acabar, ela me pediu pra voltar na próxima semana, e assim o fiz.

Comecei a me encontrar com ela duas vezes na semana, e me senti muito melhor a cada sessão.

(...)

Pela primeira vez em semanas, eu destranquei a porta do quarto, quando a Tori veio cuidar dos meninos.

Eu ando evitando ela, queria vê-la apenas quando estivesse pronta para ser uma nova pessoa, e hoje é o dia.

Andei pela casa a procura dela, a encontrei na lavanderia.

Ela estava sem blusa.

- Oi.

Falei.

- Oi.

- O quê aconteceu?.

Perguntei.

- O Dylan derrubou suco de uva na minha blusa.

- Ah.

- Resolveu falar comigo de novo?.

- Eu precisava de um tempo.

- E o que você fez nesse tempo? Por que me pediu um tempo pra me mostrar que mudaria, mas a única coisa que fez foi se afastar.

- Fui em uma psicóloga.

- Deixa eu adivinhar, se apaixonou por ela e vai terminar.

- Dá pra colaborar?.

- Ok, foi mal.

- Ela me ajudou com o meu problema de autossabotagem.

- Isso significa?.

- Que vou ser uma namorada melhor de agora em diante.

- Eu quero acreditar.

- E pode.

- Então a gente tá bem?.

- Vamos ficar.

Falei e ela me abraçou.

Como prometi me tornei uma pessoa melhor, provei isso todos os dias, não só como namorada, mas como filha e irmã também.

Mamãe deu uma segunda chance para o amor, e se casou com o Roger, ganhei uma nova irmã, foi estranho no começo, afinal ela é ex da minha namorada, mas nos tornamos ótimas amigas.

Demorei pra tomar jeito, mas fico feliz por ter conseguido mudar.

Fim.