Um mês depois
Kim Seokjin
A impressa não para de me atazanar, parecem ratos a procura de comida, e eu já não suporto mais tantas notícias falsas sobre mim e a empresa.
Justo agora que eu estava perto de conseguir o contrato que salvaria de vez a empresa, o senhor Cha quis suspender por ter lido que eu namoro uma qualquer, que ficou grávida de mim. Disse que só assinara o contrato, quando os boatos se tranquilizarem pra que a empresa dele não caia sobre maus julgamentos.
Pela primeira vez eu quis sufocar um velhinho.
— Senhor, sei que não devo opinar, mas que tal estabelecer um casamento de contrato com a senhorita Kwon?
— Um casamento de contrato? Me explique mais sobre. — Falei, me apoiando sobre a mesa do escritório.
— Se o senhor casar com ela, os boatos cessarão por um tempo e senhor Cha vai querer assinar o contrato. O acordo estabelecido entre o senhor e ela, é que o casamento durará um ano, e obviamente terá algumas regras de sigilo.
— É uma boa ideia. Aumente o salário dela nesse contrato, e assim que tiver ele em mãos, me avise.
Nunca pensei em me submeter a isso, mas se for preciso terei que fazer. _______ não me deu nenhuma má impressão até agora, e tem cuidado bem do meu filho.
Espero que ela aceite esse contrato.
Kwon _______.
Os dias aqui tem sido exaustivos, principalmente quando tenho que acordar tarde da noite pra cuidar de Jae.
Ultimamente saiu uma notícia desagradável sobre Jin, e ele está com um mau humor terrível. Principalmente quando ele descobriu — provavelmente por Nayeon, porque eu não fiz questão de contar — que a senhora Kim deduziu eu ser sua namorada, e ele e a mãe discutiram.
Desde que me viram indo buscar Jae na escola, a mídia não para de supor um possível relacionamento, ou de inventar coisas absurdas sobre Seokjin e a criação que ele dá ao pequeno Jaemin.
Nós não conversamos mais que palavras necessárias — acho que depois do “Gostei do seu pijama”, ele sentiu que fiquei envergonhada — e isso já é o bastante. Apesar de que venho me preocupando com ele.
Estava brincando com Jae na sala de estar, era um sábado bastante frio e não queria arriscar do pequeno ficar resfriado. Jae deu um pulinho quando ouviu a porta de entrada bater bem forte, e um alvoroço do lado de fora da casa.
Seokjin entrou na sala de estar, acompanhado de um homem mais baixo e aparentemente mais velho e Dan-i.
— _______, por favor, leve Jaemin até o quarto dele, e vá até o meu escritório. Precisamos conversar sobre algo importante. — Pediu Seokjin.
Fiz o que ele me pediu, pegando Jae no colo e levando ele até o quarto. Logo depois caminhei em direção a seu escritório, me arrependendo de estar com uma roupa tão casual pra algo que parece ser bem sério.
— Espero não ser despedida. — Sussurrei, de olhos fechados e juntando as mãos. Respirei fundo, e bati a porta do escritório, ouvindo um “entre”.
Entrei no escritório que era espaçoso e bem decorado, parecia até ser outra sala de estar da casa, mas era apenas o escritório de Kim Seokjin.
Dan-hi estava em pé, do lado da cadeira onde Seokjin sentava, e o senhor baixinho estava em uma das cadeiras de frente pra mesa de escritório. Me sentei do lado do senhor, cruzando as pernas e entrelaçando minhas mãos, que já suavam de nervoso.
Kim estava com uma aparência estranha, não sei dizer se estava desconfortável, nervoso, envergonhado ou passando mal. Ele estava muito vermelho.
— Senhorita Kwon, o senhor Kim te chamou para restabelecer um novo contrato. — falou Dan-i, quebrando o silêncio. O senhor baixinho abriu sua maleta e me entregou um papel.
Li o contrato, sem acreditar que era aquilo mesmo. Casamento? Eu e Kim Seokjin? Essas três coisas em uma só frase?!
Acho que estou louca.
Li e reli novamente, e até o meu salário mensal aumentou. Mesmo assim, não sei se aceitaria casar com alguém por dinheiro. Porém, seria apenas por um ano, e eu só teria que fingir na frente dos outros e da mídia.
Aish, e seria ótimo passar na cara de algumas pessoas que me casei com Kim Seokjin, mesmo sendo por um contrato.
E Jaemin poderia parar de ser zombado pelas outras crianças, por ele não ter mãe.
— Ok. Eu assino. — Falei, olhando pra Jin, que suspirou, e já não estava tão corado. Peguei a caneta que estava sobre a mesa, e assinei o contrato.
Tive uma longa conversa com o senhor baixinho — que era o advogado de Jin — que me explicou o que aconteceria se eu quebrasse o sigilo do contrato (incrível como existe inúmeros jeitos de processar alguém hoje em dia).
— Dan-i, agora faça o que é preciso e entre em contato comigo mais tarde. — Falou Jin. Dan-i e o advogado saíram da sala e eu permaneci sentada. Jin coçou as têmporas e me encarou quando percebeu que eu ainda estava ali.
— Eu só queria dizer, que não é pelo dinheiro. Não sou esse tipo de mulher. — Falei, me levantando e saindo do escritório.
Não quero parecer uma qualquer que se vendeu, estou fazendo isso por não ver problemas em ajudar. Ambos os lados irão se sair bem, inclusive o pequeno Jaemin que criei um carinho enorme.
[...]
Estava sentada na mesa da cozinha — onde os empregados geralmente almoçam — pensando no que aconteceu em tão pouco tempo.
E o que mais me assusta, é pensar em como o pequeno Jaemin está apegado a mim. Não sei se fiz a decisão certa, é difícil medir as consequências de um ato quando não se sabe o que vai acontecer amanhã. Principalmente nessa casa, onde tudo parece uma loucura. Mas me dói o coração em imaginar ele chorando quando tudo isso acabar, e percebi que tudo que o pequeno precisa é de uma mãe, ou pelo menos uma figura dela.
Não sei o que aconteceu com a mãe dele, sempre que pergunto a Hae Rin — minha ‘ajudante’, ela é bem nova, mas muito madura — a garota nunca me responde. Fala que não é bom tocar nesse assunto, e nem sair perguntando por aí.
Eu acho isso tão estranho. Kim nunca foi casado — ao menos é o que diz na internet —, e a mãe do seu filho parece que tomou doril e sumiu. Ele nunca apareceu com nenhuma mulher, nem mesmo as escondidas, e por isso vive com boatos de que é gay e outras coisas.
Jaemin tem pesadelos, e maioria das vezes acorda chamando pela mãe. Percebi que antes de começar a trabalhar aqui, o menino ficava totalmente sozinho e ele sente a falta do pai em momentos aleatórios, parece até que Seokjin é um fantasma na vida dele. Por isso desconfio ele ter ficado tão próximo de mim, se pra mim é horrível estar sozinha e sem ninguém pra servir de ombro amigo, imagina uma criança de três anos.
Cheguei até a supor que Jin adotou ele, só pra ter um pouco de atenção e boa mídia pra si — já que na época que ele disse que tinha um filho e era pai solteiro, todos se comoveram com a situação —, mas é impossível negar a semelhança que Jaemin tem a ele. O rosto do pequeno parece que foi impresso, só que em uma versão bebê de Jin, e colaram no molde dele.
E, sinceramente, não sei o que vai ser de mim depois de ter assinado esse contrato.
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