Cerco
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Baia de Umbar
Tenten acordou com um sobressalto, o som da corneta a tirou da cama. Rápida como um raio vestiu sua roupa e pegou a espada.
Saiu do quarto dando de cara com Neji, que já usando suas vestes de batalha a fitou com seriedade.
- Estamos sendo atacados.
Ela assentiu, já sabia disso.
- Orcs?
- Sim, tentaram nos pegar de surpresa. Vamos logo, preciso que você leve um batalhão pelo norte, eu levarei outro, atacaremos de frente.
- E eu pelo flanco.
- Isso.
Ele respirou fundo e num gesto impensado a puxou pela nuca, selando um beijo rápido nos lábios frios.
A guerreira não teve tempo para digerir a informação, pois gritos de soldados invadiram os corredores.
- Cuide-se – sussurrou o Elfo antes de sair às pressas.
Ela correu de encontro aos seus homens.
(...)
- Vamos homens! – ouvia-se o Uzumaki gritar. A espada afiada decepava os ossos e perfurava a carne. O sangue negro dos Orcs misturava-se ao vermelho dos homens e elfos em uma pintura macabra, tingindo o chão da floresta.
Ao longe Hinata conduzia os arqueiros e, de cima das árvores suas flechas zuniam até atingir os alvos com precisão.
- Como não os vimos...chegar! – gritou Naruto girando o corpo para a esquerda a fim de desviar da lâmina que era brandida contra si. Com um braço forte enfiou a própria espada na coxa da criatura, que urrou de dor até perder a cabeça.
- Eles, não ... fizeram nenhum barulho! – respondeu outro soldado enquanto lutava com dois Orcs ao mesmo tempo.
Naruto correu em sua direção e perfurou um deles pelas costas, deixando o corpo cair duro ao chão.
- Isso é impossível. – sussurrou o loiro – impossível entrarem sem fazer barulho, sem serem vistos!
Outra saraivada de flechas atingiu a primeira fileira que corria com espadas em punho.
- Magia senhor, magia!
Naruto não teve tempo de pensar, ouviu uma corneta soar ao longe e ergueu seus olhos, naquele momento Neji Hyuuga adentrava com um batalhão de elfos. Por um segundo Naruto pensou que as luzes eram produzidas por algo externo, mas, depois percebeu que na verdade eram eles que brilhavam. As criaturas mágicas da floresta.
Tenten apareceu pelo lado esquerdo, seus homens com dificuldade aparente por estarem a cavalo em um terreno irregular e coberto de vegetação deixaram as montarias e foram para o combate corpo a corpo.
Em pouco tempo os Orcs estavam cercados, em pouco tempo, eles pereceram.
Terras Ermas
Sasuke estava irritado, mas não sabia se o motivo era o silencio de Sakura, o fato dela não ter lhe comunicado seus planos, ou ainda, Sasori estar junto deles.
Antes de saírem de Suna ele foi comunicado pela própria bruxa que Ino e Shikamaru deveriam retornar as Colinas de Ferro e avisar Itachi que a aliança com os bárbaros estava selada. Assim, os exércitos de lá não precisariam se preocupar com as fronteiras de Suna.
O chefe dos bárbaros decretou que, seus mais leais guerreiros iriam junto, e assim Gaara e Temari seguiram em suas montarias ladeando os dois nortenhos.
Para sua surpresa então, Sakura informou que iriam até Umbar, pois a guerra estava para estourar e ambos deveriam estar na frente de batalha. Sasori arrumou suas coisas e decidiu que iria junto, a bruxa, aceitou.
Era o segundo dia de cavalgada e nenhuma palavra fora dita até ali.
Sakura permanecia quieta e parecia conversar somente com o corvo que crocitava em seu ombro, Sasori observava tudo ao seu redor e a noite caçava. Sasuke por sua vez não conseguir para de pensar na mulher a sua frente, aquele silencio o estava sufocando.
Ao anoitecer daquele dia a paisagem finalmente começara a mudar, a terra árida, seca e com arbustos de pequeno porte era substituída por campos mais férteis, trilhas serpenteantes com grama verde e, árvores começavam a despontar.
- Temos que parar, os cavalos precisam descansar – a voz de Sasuke soou grave e forte em meio ao silencio tumular.
- Tem razão, há um capão de mato logo em frente, vamos nos abrigar ali – concordou Sasori.
Sakura permaneceu quieta até largarem as montarias. Perto do local escolhido para abriga-los encontraram uma pequena nascente onde deixaram os cavalos bebendo água, logo depois arrumaram pelegos e uma fogueira.
- Já volto – disse a bruxa enquanto os dois homens se aconchegavam em volta do fogo.
Sakura estava confusa, a guerra, a descoberta sobre Madara e o beijo de Sasuke a deixaram sem chão. Nunca se sentira assim, sempre manteve as rédeas de sua vida, de suas ações e das coisas que deveria fazer, agora, no entanto não conseguia explicar o rumo que tudo estava tomando.
Afastou-se até a nascente e deixou seus pés descalços e machucados descarem na água corrente. O contato com a superfície fria a fez soltar um gemido de alivio e ela se deixou relaxar.
(...)
Sasuke ficou só quando o ruivo que lhes acompanhava partiu para caçar o jantar, ele poderia ajudar, mas decidiu que precisava fazer algo urgente. Levantou e seguiu a trilha que Sakura havia feito, sabendo onde ela estaria.
Caminhou e a viu lá, a luz fraca do poente com os longos cabelos ondulados acariciando a água límpida.
- Sasuke.
Ele se dirigiu até o lado da mulher, sentando-se na pedra fria e cheia de musgo.
- Não falou comigo desde aquela noite, quer me enlouquecer?
Ela sentiu o peito apertar diante daquela frase, a voz dele soava um pouco irritada, mas, com uma verdade que ela não pode negar.
- Eu não sei o que te dizer, aconteceram muitas coisas...
- Fala do Madara?
- Também.
- Sakura – ela virou-se para encará-lo e prendeu a respiração diante daqueles orbes negros, o cabelo liso e rebelde balançava suavemente por conta da brisa quente que lhes enlaçava – eu não sei o que aconteceu, nunca ouvi falar que Madara era um Uchiha, mas como você, também quero uma explicação, porém somente meu pai poderá fazer isso.
- Não posso falar com seu pai agora, e nem sei quando o farei.
- Eu vi você falar com os elfos sem sair de casa Sakura.
Ela mordeu o lábio inferior, ele desejou que não fizesse aquilo.
- Já pensei nesta possibilidade, mas me cansaria muito e seu pai deve estar junto do exercito Uchiha.
- Fale com Mikoto, não quero nenhum tipo de desconfiança entre nós.
Ela continuou o encarando, o ar parecia mais rarefeito e só ouviam o barulho suave das águas, vez ou outra o crocitar de Hugin.
- Eu o farei, mas vou precisar do seu sangue.
O Uchiha engoliu em seco pensando nas consequências de tal ato, mas concordou. Queria acabar logo com aquilo.
Sakura então pegou a bolsinha que trazia sempre consigo e de lá retirou um pequeno vidro e uma taça de prata. Com um graveto em mãos riscou a terra fazendo um pentagrama grande o bastante para acolher seu corpo, juntou um pouco de água na taça e pingou algumas gotas do liquido espesso que havia no vidro. Olhou para Sasuke e este entendeu que precisava se aproximar. Ela levantou o vestido deixando a coxa à mostra, ele retesou aquela visão tão bela. Junto da perna havia um punhal preso em uma tira de couro, ela retirou e pegou a mão dele.
- Três é bom, três é forte.
Ele esperou que ela rasgasse sua pele em três longas linhas. O sangue forte brotou e Sakura virou o mesmo na taça, algumas gotas caíram misturando-se com o que já havia lá.
A bruxa então segurou a palma ensanguentada e levou à própria boca. Lambeu o liquido com gosto férreo e Sasuke prendeu a respiração diante de tal ação, quando ela acabou, não havia mais cortes.
- Você já me viu fazer, sabe como agir.
Ele concordou.
A mulher entornou de uma vez só o liquido da taça e seus olhos giraram nas orbitas agora tudo estava branco e o contraste com os cabelos róseos que se elevavam na noite escura era assustador.
A voz saiu em um sussurro agonizante.
- Accipe me per caliginem. Accipe me ad Aquilonem*
Então ela levitou.
Colinas de Ferro
Mikoto vagueava pelo amplo quarto torcendo as mãos. Ela sabia que as mulheres deveriam permanecer em suas casas a espera dos homens que iam à guerra, porém isso não a impedia de sofrer a cada minuto.
Sentou-se na cama e observou o fogo que crepitava na ladeira, esquentando as pedras de seu enorme castelo. Quase caiu da mesma quando fitou a imagem da bruxa à sua frente.
- Sakura! – guinchou ao ver os orbes brancos e os cabelos esvoaçantes.
- Lady Mikoto, precisamos conversar.
A mulher soltou o ar dos pulmões e se aproximou da imagem pálida a sua frente.
- Minha doce menina, a ultima vez que você veio ter comigo ainda era uma criança assustada, apareceu aqui naquela noite chuvosa trazendo noticias sombrias.
- Culpa-me?
A mulher sorriu amável.
- Jamais a culparia. Mas porque está aqui? Aconteceu algo com meu filho? – a expressão tornou-se preocupada.
- Não, Sasuke está bem. Vim ter com a senhora, pois me foi dito algo muito terrível, quero saber o que sabe sobre Uchiha Madara.
Mikoto ergueu a cabeça e segurou o fio de dignidade que lhe escapava após tal pergunta.
- Sempre soube que este dia chegaria Sakura.
- Não tenho muito tempo, mas preciso saber de que lado estou e devo lutar. Não aprecio mentirosos.
- Sakura, meu marido proibiu-me de contar isto quando você adentrou em nossas terras, mas se está com pouco tempo eu serei breve. Sua mãe era muito conhecida, acredito que saiba disso, afinal, toda a linhagem de bruxas da noite carregam hordas de seguidores e pedintes para onde vão.
“Bom, aqueles eram dias negros querida Sakura, a peste assolava nossas terras e fazia com que o povo morresse aos poucos, com as carnes carcomidas por vermes e larvas. As ruas fediam, os corpos eram amontoados e o cheiro de carne queimada invadia nossos lares, embrulhando o estomago. Sua mãe tinha minha idade quando aqui pisou pela primeira vez. Cuidou de nossos enfermos, fez sua magia para o bem e acredite, salvou muitas vidas, inclusive a minha.
Mas como sabe, os homens são facilmente corrompidos pelo poder, e o irmão mais velho de meu marido deixou que a ganancia o levasse por lugares imorais para nossos costumes. Madara ficou encantado por sua mãe, a luz que ela emanava, o poder que suas mãos possuíam o levou quase a loucura, mas, como também sabe o sangue mágico não é privilégio de todos.
Meu cunhado então procurou outros meios de obter poder, abandonou nossas terras e vagou pelo mundo em busca de conhecimento. Conheceu os bárbaros de outrora, homens sem face e fez coisas inimagináveis.
Então ele voltou, Fugaku ficou em cólicas de felicidade, mas, aos poucos reparamos que ele não era a mesma pessoa. Vagueava pelas florestas à noite e voltava coberto de sangue durante o dia, não era uma boa pessoa.
Fugaku o expulsou daqui, e ele se abrigou na montanha sombria, então a primeira guerra chegou. E o resto da historia, você já conhece”.
Sakura absorveu cada palavra, a expressão mudando a cada minuto diante da revelação que tivera.
- Minha mãe confiava em você.
- Nos tornamos grandes amigas Sakura. Quando Madara se declarou inimigo dos povos livres Fugaku e eu fomos os primeiros a mandar nosso exercito. Eu sabia da obsessão dele pela linhagem mais forte entre os bruxos, avisei Mebuki, mais ela não me deu ouvidos. Estava apaixonada, e tinha você.
Sakura concordou com a cabeça, sentia-se fraca e a imagem começava a rarear.
- Obrigada Mikoto.
- Sakura – pediu a outra em suplica antes que ela se fosse – cuide de meu filho.
E a imagem se desfez.
Terras Ermas
Sasuke viu o corpo oscilar, os cabelos que iam até a cintura da bruxa começavam a cair e o torpor se dispersava. Ele já fizera uma vez, e a segunda não foi diferente.
Quando Sakura tremeu no ar ele correu, e antes que o corpo arqueasse ela caiu com força, em seus braços.
- Sakura? – chamou segurando o rosto pálido com as duas mãos.
Aos poucos a mulher abriu os olhos, de inicio os orbes brancos o fizeram tremer, mas logo o verde tomou conta e brilhou o encarando.
- Sasuke... – sussurrou fraca.
- Não fale nada agora.
- Sasuke... eu confio em você.
Aquelas palavras o acertaram em cheio, e pela segunda vez na vida Sasuke sentiu uma ardência no estomago.
- Confia?
Ela assentiu com a cabeça e ele percebeu como estavam próximos. Os lábios finos da bruxa se abriram em um pedido mudo, e ele encerrou o pequeno espaço que ainda os separavam.
Sakura fechou os olhos quando recebeu o beijo. Desta vez calmo, doce e sem se conter levou as mãos até os fios negros o puxando para mais perto.
Sasuke sentiu o gosto dos lábios da bruxa e a apertou mais contra o peito forte. Enrolou os dedos nos cabelos sedosos e arfou quando sentiu o ar fugir dos pulmões.
- Desculpe incomodar mais, temos companhia.
Separam-se assustados e viram um Sasori suado e arfante. A manga da camisa de linho estava cortada e pequenas gotas de sangue manchavam o tecido.
- Quantos são? – perguntou Sakura levantando afoita.
- Dez. Magos.
Ela arregalou os olhos.
- Magos? Não existem mais magos desde...
- Desde onze anos atrás Sakura, mais acredite, são magos. Matei dois deles...
Ouviram estalos e algumas árvores foram arrancadas da terra erguendo-se no ar antes de cair com grandes estrondos acima de outras.
Ela parou por um segundo antes de ser jogada com força para trás. O corpo ricocheteou no ar e antes que colidisse com uma rocha foi suspenso.
- Sasori – sussurrou ela com os olhos lacrimosos.
Ela não teve tempo de agradecer, pois oito homens encapuzados entraram em seu campo de visão. A bruxa então estalou os dedos e girou o corpo levantando terra. As partículas se ergueram no ar.
- Terram tu Shape.**
Os grãos se uniram uns nos outros formando agulhas, todas foram direcionadas aos homens que proferiam palavras aos murmúrios.
Um deles caiu morto, mas os outros revidaram.
Sasuke permanecia em choque. Não tinha magia no sangue e a luta de fagulhas o deixou extasiado.
Sakura girava o corpo com agilidade, junto de Sasori formava pontes de energia que atingiam os homens e toda a paisagem em volta. Arvores eram arrancadas, crateras eram formadas e o som era quase insuportável.
Mesmo com a diferença de oponentes ficou claro para Sasuke que a mulher era muito forte, em pouco tempo todos jaziam no chão.
Sasori passou a mão pelo rosto suado e se encaminhou até os corpos, um a um ele sussurrou coisas inaudíveis e absorveu o que podia ser absorvido.
- Você está bem? – perguntou o Uchiha para a bruxa que olhava para o ambiente desolado.
Ela ergueu os olhos e o encarou.
- A guerra começou.
- Não que isso fará muito diferença para o nosso Uchiha – disse Sasori de forma amarga, o sorriso em seus lábios era de puro escarnio.
- O que está insinuando bárbaro?
- Cuide das palavras – cuspiu o outro – você não fez nada aqui.
- Pegue uma espada e verá o que posso fazer. Sua cabeça cairá antes de desembainha-la.
- Por favor! – grunhiu Sakura atraindo os olhares para o corpo sujo e ensanguentado – não é hora de discussões! Preciso de você Sasori, mas também preciso de Sasuke! Nossa magia não vai ser capaz de deter todas as hordas de orcs, homens e magos! Pelo amor dos deuses!
O ruivo ergueu a cabeça e concordou, se afastando logo em seguida.
- Não precisava me defender.
- Sasuke, eu não te defendi, só falei a verdade.
- Não achei que viveria para ver você admitindo que precisa de alguém.
Ela olhou para os próprios pés e depois o encarou. Ele viu exaustão em sua face.
- Eu preciso.
Sasuke a viu se afastar com Hugin no ombro, o corvo beliscava os fios róseos retirando pedaços de toda a sujeira que ali impregnara. Não conseguiria dormir, e como sempre, a culpa seria dela.
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