Foi de moto até a cidade mais próxima: Maykai, assim que chegou fez questão de ir ao centro da cidade e por lá esquecer a moto que poderia mostrar seu rastro.
Estava exausta, dirigiu cerca de trinta minutos, não que isso seja muito tempo, mas estava exausta psicologicamente, havia muito que pensar, o que fazer, o que decidir.
Procurou o hotel mais discreto possível, em um bairro não considerado seguro ou confiável, pegou um quarto bem afastado, tomou um banho quente e deixou seu corpo relaxar na banheira.
Saiu vestida apenas com o roupão do hotel, pouco se importou se estava molhada ou sem suas roupas, se jogou com tudo no macio colchão e deixou seu corpo relaxar, agora tudo o que precisava era uma boa noite de sono.
Entretanto esta não foi lhe dada, haviam vizinhos um tanto ocupados com suas discussões que não perceberam quanto altas estavam.
Duas horas este foi o máximo de tempo que conseguiu dormir com a gritaria alheia, desistiu, levantou-se e se vestiu, já estava na hora de sair daquele barulho imenso.
Subiu até o terraço do hotel e pulou para o próximo e próximo e próximo até que se cansou, deitou sob o chão e passou a admirar o céu, colocar os pensamentos em ordem, pensou até que adormeceu.
Acordou com o som súbito do chão do terraço, levantou-se assustada e olhou para a direção do som, notou uma silhueta extremamente familiar, cuja qual veio correndo em sua direção, sua primeira reação foi uma cambalhota para trás e posicionar-se em forma de ataque.
― Pare de dificultar as coisas para o meu lado - Pediu girando as algemas no dedo indicador.
― Lhe digo o mesmo - Colocou a mão na cintura ao reconhecer a voz.
― Você quer que eu te prenda do modo fácil ou difícil? - Chegou mais perto.
― Gosto de desafios - Sorriu de lado e logo tentou uma rasteira, porém o rapaz foi mais rápido.
Levantou-se rapidamente próxima de levar um chute no estômago. Ficou um pouco atordoada por uma forte dor de cabeça e levou uma rasteira, estava tentando se levantar quando sente um enorme peso sob seu corpo e algo frio em seus pulsos.
Agora estava começando a perder os sentidos, sua dor de cabeça fora apenas o início, sua visão estava escurecendo e a dor de cabeça só aumentava, sentia ânsia de vômito e dores no corpo.
O rapaz estranhou a repentina quietude da mulher, ela fechou os olhos com força exagerada e começou a se encolher embaixo de seu corpo, parecia com dor.
― Ei! Ravena? Você está bem? Ravena? - A Ladra sequer respondeu, estava ocupada demais com a própria dor.
O rapaz se levantou, pegou a mulher nos braços e foi em direção ao carro. Chegou ao veículo e com certa dificuldade colocou a mulher no banco do passageiro.
― Ravena, você pode me ouvir? - Perguntou preocupado, contudo notou que a mulher abrira os olhos. ― O que você está sentindo? Ei! Não dorme! Olha para mim! - Pediu o homem.
A gatuna se mantinha com os olhos abertos, a visão havia melhorado, entretanto as dores de cabeça só aumentaram. Ele entrou no carro e seguiu pelas ruas de Maykai.
― Richard - Falou bem baixinho, porém não passou despercebido aos ouvidos do moreno.
― Ai, Que bom você está consciente! Diga-me, o que está sentindo? - Perguntou um tanto aliviado.
― Sinto que minha cabeça vai explodir, sinto que há alguém mexendo nela, estou com dor, muita dor. - essas ultimas palavras cortaram o coração do moreno.
― Me prometa uma coisa - Disse ele tentando olhar para a mulher e a estrada. ― Me prometa que irá ficar acordada até que cheguemos ao hospital.
― Não sei se consigo não eu não consigo - Afirmou deixando mais uma vez o rapaz preocupado ― Meus olhos estão pesados, minha cabeça dói de uma forma que nunca senti tanta dor - Ela ia piscando cada vez mais demorado.
― Você consegue sim, só preciso te manter acordada, vejamos hum... O que gostava de fazer quando criança? - Perguntou esperançoso.
― Eu... Eu gostava de desenhar - disse entrando na conversa.
― Desenhar... Interessan- Interrompido.
― Pare de pensar como um policial, não me interrogue para tirar conclusões para justificar meus atos - Disse seca, surpreendendo-o.
― Eu não estava fazendo isso - Completou defendendo-se
― É claro que estava... Você é um... Policial... É o seu dever... - falou diminuindo o tom de voz a cada palavra e fechou os olhos.
― Ei! Ravena! Droga! - Estacionou o carro retirou o cinto de segurança e se aproximou da moça. ― Ravena, ei Ravena, acorda vai! - Aproximou-se mais a pegou pelos ombros e a sacudiu levemente, nada, nenhuma resposta.
Pegou uma das delicadas mãos, notou que estava muito fria e procurou por pulso, não o encontrou. Pronto! Antes ele estava preocupado agora estava desesperado.
Puxou-a pelos ombros novamente e aproximou seu rosto dos seios fartos, colocou gentilmente sua orelha sob o seio esquerdo em busca de batimentos cardíacos. Encontrou-os, suspirou pesadamente e soltou um "Ainda bem" e abraçou aquele corpo frágil do jeito que estava.
Sentiu uma mão fria sob seus cabelos acariciando-o e ouviu um:
― Está bom ai? - Finalmente se deu conta na posição em que estava: os braços envoltos do pequeno corpo de forma possessiva, o dorso totalmente inclinado na direção da mulher e por fim a cabeça encostada sob o farto seio esquerdo da ladra.
Assustou-se e se recompôs em segundos, voltando ao banco do motorista, colocando o cinto de segurança e discretamente olhando para a garota que sorria, ainda parecia bem abatida, porém estava consciente, isso já era bom.
A mulher de orbes ametistas riu ao ver o moreno corado voltando a dirigir o carro, ela ainda quis provocar:
― O que você fazia aqui? - Apontou para o seio esquerdo com a mão direita, ainda estava com dor, ainda estava fraca, mas não perderia a chance de constrangê-lo.
― Achei que estava com dor - Disse seco.
― Estou, mas quero saber a sua resposta. - disse maliciosa.
― Tenho que te levar para o hospital rápido - Ficou sério.
― Não há necessidade - Deu de ombros.
― O que? Como não? Acaba de me dizer que está com dor e me deu um susto - Bufou pensando "Mulher louca".
― Eu sei e realmente estou sentido dor, mas isso é normal - Simplificou.
― Normal para quem? Ninguém normal perde a consciência fácil assim - Bufou novamente.
― Apenas confie em mim isso é extremamente normal para mim e não há necessidade de irmos ao hospital.
― Tem certeza? - Olhou para ela que parecia muito abatida.
― Tenho! Mas... Voltando ao assunto inicial... - Começou.
― Droga! Achei que tinha esquecido.
― Não tão cedo, mas e então? - Arqueou uma sobrancelha.
― Eu estava checando os seus batimentos cardíacos - Disse tentando se convencer de que isso a calaria, mal sabia o quanto estava enganado.
― Sei, Eu nunca poderia imaginar que o Investigador Richard fosse capaz de abusar de mulheres inconscientes. -Disse ficando cada vez mais tonta, mas não iria deixar de constrangê-lo.
― O que? Está louca? Eu NUNCA faria isso, compreendeu? - Estava se sentindo completamente difamado.
― Eu sei disso, e... Obrigado! - Sorriu docemente.
― Hm? Pelo o que? - Inocentemente questionou.
― Por se preocupar tanto comigo - Fechou os olhos novamente e calou-se.
― Droga! De novo não! Ravena! - Estacionou o carro outra vez e chegou muito próximo à mulher, apenas para ser surpreendido por dois pequenos e finos braços enrolando-se em seu corpo, um dos braços agarrou sua nuca e o outro sua cintura.
Estranhou e muito o movimento inicial da mulher, porém não se moveu, a ladra aproximou os lábios de sua orelha e disse:
― Já faz muito tempo... Desde que alguém se preocupou comigo assim, obrigado! - Agarrou-o forte e rapidamente o moreno pode sentir sua camisa sendo molhada, ela estava... Estava chorando?
Com muito cuidado e bem devagar desvencilhou um pouco o abraço apenas para poder ver o rosto dela, ela tinha uma expressão abatida e triste, as lágrimas e a força que ela colocou naquele abraço inicial fez com que o coração do moreno se rasga, quebra-se em mil pedacinhos.
Gentilmente utilizou o polegar e acariciou aquela tão frágil face, limpou algumas lágrimas e disse:
― Não faz isso não, por favor, isso acaba comigo... - Disse sendo sincero e limpando mais algumas lágrimas teimosas que insistiam em rolar por aquele lindo rosto.
Ela permaneceu imóvel e desta vez o moreno se levantou um pouco mais e puxou a mulher consigo, prendendo-a em um abraço forte. Ele agarrou-a pela cintura e nuca assim como ela havia feito, a mulher parecia um tanto receosa, ele deixou sua boa bem próxima ao ouvido dela e disse:
― Eu me preocupo com você, por esta razão você não deve se preocupar com nada. Confie em mim. Pare de acreditar que eu estou agindo como um policial, pois este é o meu dever, lhe garanto, não estou agindo como um. Eu não sei o que aconteceu em seu passado e não precisa me contar se não quiser - Lhe beijou o topo da cabeça de uma forma carinhosa.
O que fez a mulher se aconchegar mais ao peito do rapaz e descansar sua cabeça por lá, o mesmo ficou afagando-lhe a cabeça até que adormecesse. O investigador acabou dormindo também.
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