Quatro anos mais tarde.
Os fogos brilhavam no céu, enquanto no porto ao lado de Mingyu, Minghao reclamou sobre alguma coisa da qual ele definitivamente não estava prestando atenção.
Era ano novo.
O primeiro deles em quatro anos fora da prisão, graças a Jeonghan conseguiram um acordo para cumprirem o resto da pena em liberdade, óbvio que ainda recebiam visitas constantes de agentes da condicional e possuíam algumas restrições, mas isso não importava muito.
— ...Você sabe ele está tentando me punir por você ter me beijado há seis meses atrás.— Continuou Minghao. — SEIS MESES!
—Você me beijou. — Ele corrigiu. — E foi estranho.
— Eu disse pra ele que foi estranho. — Concordou. — Mas ele nem me atende.
— Por que você disse isso a ele afinal? — Mingyu questionou, pegando a garrafa de champanhe da sua mão para tomar um gole. — Você por acaso é idiota?
— Eu queria que ele se decidisse de uma vez que tipo de relação temos, ou tínhamos, eu já não sei.
Minghao e Jun decidiram finalmente pararem de negar que se queriam, talvez a prisão de Minghao tenha feito Jun perceber o quanto sentia falta dele, Mingyu achava.
— Eu acho que ele tem razão de estar chateado e além do mais você está aqui agora comigo e não tentando consertar as coisas com ele. — Disse por fim.
— Você é meu amigo, eu não ia te deixar sozinho hoje. — Murmurou o chinês. — Se ele quer fazer isso funcionar precisa entender que seremos sempre um trio.
— Vá atrás dele. — Kim ordenou porque o conhecia bem o suficiente para saber que era o que ele mais desejava fazer naquele momento.
— Sério?— Perguntou. — Você não vai...
— Eu estou te dando uma folga hoje. — Garantiu. — Vá atrás dele antes que eu mude de ideia.
Minghao não esperou que ele dissesse uma segunda vez, se levantou tão rápido quanto o piscar de olhos e saiu correndo, pegando o celular no bolso para ligar para Jun.
Mingyu tirou os sapatos e dobrou a calça para colocar os pés na água, os fogos ainda estavam queimando lá em cima e refletindo no mar, era uma coisa bonita de se presenciar.
Mais um ano se passou e eu ainda continuo parado no tempo.
— Eu te disse para seguir em frente. Por que você nunca ouve o que eu digo?
A voz estranha o pegou de surpresa e Kim levantou o rosto para descobrir quem poderia falar com ele com tanta intimidade e possuir uma voz com a qual não estava familiarizado.
Ou não se recordava perfeitamente.
As roupas pretas foram substituídas por cores claras como bege e branco, seu cabelo bem mais longo do que Kim se lembrava formando pequenos cachos na nuca e haviam óculos redondos no seu rosto, mas ainda era ele.
O coração de Mingyu errou o compasso, suas mãos se tornaram gélidas e ele se esforçou para colocar-se de pé, porém quando o fez não conseguiu se mover ou dizer qualquer coisa.
Wonwoo estava parado na sua frente, mas não o seu Wonwoo. O homem frio e cheio de raiva dentro de si que poderia facilmente colocar fogo no mundo, aquele Wonwoo parecia leve, cheio de vida, quase tímido.
Como ele poderia parecer tão diferente e o seu corpo reagir como reagia há anos atrás?
Ele não me pertence mais.
— Parece que você viu um fantasma, Kim Mingyu. — Sua voz finalmente saiu como Mingyu esperava, como se nada tivesse mudado, como se o tempo não tivesse passado.
Wonwoo riu.
Jeon Wonwoo riu.
Sem sarcasmo, sem ódio, apenas uma risada leve e melódica que aqueceu todo o coração de Mingyu.
Kim não sabia como agir, queria tocá-lo, mas não sabia se devia.
— Eu preciso ser egoísta e dizer que estou feliz por você não ter encontrado ninguém que merecesse o seu coração porque isso seria a minha destruição. — Ele deu um passo na direção de Mingyu e mesmo quando Kim tentou recuar seus pés não se moveram. — Eu viajei o mundo, conheci lugares e pessoas mas não havia um lugar onde eu mais desejei estar do que ao seu lado.
Quem era aquele Wonwoo que podia tão facilmente falar dos seus sentimentos?
O assustava, mas também o desafiava. Não sabia nada sobre aquele homem a sua frente e ainda assim desejava beija-lo desesperadamente, havia se esquecido como era se sentir daquela forma, perdido em seus próprios sentimentos e pensamentos.
— Você devia estar aqui? — De tudo que podia falar escolhera aquilo e se sentiu imediatamente estúpido. — Digo, a polícia-
— Eles procuram por Jeon Wonwoo, não respondo mais por esse nome. — Murmurou ele parecendo feliz. — Seungcheol me ajudou com a mudança de nome, eu sou oficialmente um professor de literatura.
Mingyu abriu a boca em choque e o outro riu ainda mais, seus olhos se fechando juntamente com o gesto. Kim nunca tivera consciência daquele detalhe e não sabia o quanto amava aquilo até ver.
— Então, como devo chamá-lo? — Perguntou por fim.
— Não quis mudar meu primeiro nome, não posso simplesmente apagar o meu passado e todas as coisas boas que ele me deu. — O mais velho respondeu. — Mas o nome Jeon e tudo que vem dele é amaldiçoado.
Mingyu entendeu tudo e isso o fez rir tanto que poderia chorar.
— Você é inacreditável. — Sussurrou quebrando a distância entre eles para invadir seu espaço, acariciando seu rosto com o polegar para ter certeza de que ele ainda era real. que ainda era ele. — Você é inacreditável, Kim Wonwoo.
Wonwoo virou o rosto como um gatinho manhoso e beijou a palma da sua mão, de repente suas mãos se fecharam ao redor da nuca de Mingyu e ele levantou o rosto para beija-lo.
Essa visão é incrível.
A visão dos fogos coloridos refletidos nos olhos negros de Wonwoo segundos antes deles se fecharem enquanto se beijavam.
Ainda era a mesma sensação de que o mundo inteiro estava nos meus braços.
Ainda era o mesmo beijo.
Ainda era ele.
E Mingyu sentiu que estava se apaixonando pela segunda vez pelo mesmo homem.
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