História A dona do universo - Sugestões

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         Nunca vi uma edição tão demorada de um jornal, quase não termina! Sem falar que não vi nada que devesse ser noticiado às pressas, o rei continuava na mesma, mas isso já havia sido dito, será que a população não pode dormir sem saber como anda a Bolsa de Valores? Ou que o rei vai trocar de conselheiros? Ele não faz isso a cada ano? Ahren entra e sai do país quando bem entende, qual a necessidade de noticiar que ele voltaria com tanta urgência?

         Nenhuma. Eadlyn está escondendo alguma coisa e agora que esse jornalzinho chato já foi ao ar eu vou descobrir o que é. Certamente Marid tem algo a ver com tudo isso, ah como eu queria terminar de arrebentar a cara dele! Mas não, os guardas tinham que aparecer!

         Marid... Aposto que ele sabe perfeitamente o que está acontecendo, se ele não tivesse nenhuma carta na manga não seria burro ao ponto de protagonizar aquela ceninha deplorável com a Eady mais cedo.

         Mudo a rota e vou até a sala onde creio que ele ainda devesse estar detido, por mim teria ido direto para cadeia, não sei porque tratar com respeito alguém que não tem uma gota que seja de caráter.

— Ou você abre o bico ou eu te mando agora para o esquadrão de fuzilamento!

         Ouço a voz de Ahren assim que me aproximo da sala, acho que não fui só eu que decidi buscar explicações direto na fonte.

— Você não pode fazer isso! Você renegou Illéa, não tem mais poder aqui!

— Provoca para você ver se eu não faço bem pior!

A briga já estava prestes a ultrapassar limites. Um guarda abre a porta relutantemente, essa foi a primeira vez que eu gostei de quase ter um título. Ahren e Marid estavam frente à frente e é bem visível que os dois já haviam trocado socos, um desses socos deve ter acertado o olho de Marid, pois ele mantinha a mão pressionada no local, ao passo que Ahren parecia não se importar tanto com a pequena quantidade de sangue que saia do canto de sua boca.

— Fala de uma vez o que você pretendia com a Eadlyn! — Exijo sem o mínimo resquício de paciência. Ele apenas ri.

— Chantagem. Ele tem um livreto ridículo, mas não acho que seja só isso o que esse infeliz tem em mãos. — Ahren responde, estava tão furioso quanto no dia em que Eadlyn e Theodore foram sequestrados. — Última chance, Marid. Minha irmã pode fazer a burrice que ela quiser, mas contigo ela não casa nem que queira! Você só assume o poder nesse país por cima do meu cadáver! Agora ou fala ou eu termino de acabar com isso que você chama de vida!

         Casar com ele? É esse o jogo? Se os olhos de Ahren já estavam ardendo de ódio, os meus estavam incendiando. Quem esse desgraçado pensa que é?!

— Eu já disse que não sei! Nunca conheci a Wanessa! — Marid responde sem aparentar muita sinceridade.

— Ah, mas você vai refrescar a sua memória, ah se vai! — Digo perdendo todo e qualquer controle que eu estava tentando manter até então.

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— E só agora você me conta isso? — Mamãe diz indignada com o meu silêncio.

— Estou tentando resolver, mãe. — Respondo mesmo sabendo que quando America Schreave está com raiva ela só escuta o que quer escutar.

— Você não pretende aceitar, não é? É loucura! A propósito, onde está o Marid? Quero-o na prisão imediatamente com ou sem essa droga de livro!

         Ela diz cravando os seus olhos nos meus e exigindo uma resposta imediata. Ahren regressa ao escritório junto com Kile, meu noivo também parecia estar com os ânimos à flor da pele.

— Eu já dei essa ordem, mãe, fique tranquila.

— E como eu posso ficar tranquila numa situação dessas?! — Para mamãe reclamar com o filhinho perfeito dela é porque as coisas estavam realmente críticas. — E onde você arrumou esse machucado?

— Mãe, respira. Está tudo sob controle.

— Se continuarem mandando eu me acalmar coloco os dois de castigo! — Mamãe rebate nos analisando seriamente.

— Nós só não queremos que a senhora passe mal, já é preocupante demais ter o papai nessa situação.  

Ahren diz guaiando mamãe até o sofá. Ela se senta e aceita o copo de água que Kile lhe ofereceu.

— Obrigada, querido. — Ela diz ao tomar um pouco de água. — Quanto a vocês dois, comecem a falar. Principalmente você, filho. O que exatamente está sobre controle? O que você fez?

— O livreto deve sair, isso é fato. Contudo eu já tenho algo em mente, já até iniciei, Marid se aliou ao movimento rebelde, está mais do que claro e ele até confessou isso.

— E o que seria esse “algo”? — Pergunto também aflita. O mundo todo resolveu cair sobre a minha cabeça mais uma vez, é como se o universo estivesse gostando de me ver sofrer.

         Kile caminha até mim e me abraça, quase como se quisesse reafirmar que eu pertencia a ele, coisa que já era mais do que óbvia.

—Divulguei alguns dados sigilosos para confrontar com os de Marid, ele pode ter sido mais criativo, mas eu sou mais rápido, detalhes referentes à segurança nacional não foram divulgados, naturalmente. Divulguei também imagens da câmara de segurança, desculpe, Eadlyn, mas aquelas que você sabe quais são tiveram que ser as primeiras.

— Entendo. — Murmuro constrangida, odiei ter aquilo exposto, odiei ter meu poder subjugado.

— Isso pode sufocar o livro, não o movimento. — Mamãe comenta pensativa. Imagino a quantidade de vezes em que ela se viu em um campo minado como esse.

         Certamente foram muitas. O movimento rebelde, está aí algo que eu quero liquidar definitivamente, já não aguento mais os problemas causados por eles, não tem reinvindicações justas, não fazem nada além de causar um completo estrago. É como se tudo o que quisessem fosse chegar ao poder sem se importarem como os meios.

— Sei disso. Kile pensou em algo a esse respeito, eu particularmente achei um plano interessante.

         Ahren responde. Os olhares de todos pousam em Kile, ele parecia imerso em pensamentos.

— E o que seria? — Pergunto curiosa e ansiosa para me livrar disso de uma vez por todas.

         Minha cabeça girava em uma velocidade impressionante, porém eu preciso de tempo para pensar, coisa que não tive, ainda não consegui pensar em nada útil, então aguardo as sugestões e o aval da rainha para executá-las.

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