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História A Drowned Love - Namjin - Prologue - História escrita por BruuhkT - Spirit Fanfics e Histórias
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História A Drowned Love - Namjin - Prologue


Escrita por: BruuhkT e Androme

Notas do Autor


Olá meus anjos 💙 Tudo bom com vocês? Aqui temos o início de uma nova fic que realmente espero que vocês gostem e muito obrigada por terem nos dado uma chance. Essa fic não é apenas minha. Estou recebendo a ajuda de duas coautoras, créditos a essas duas divas 💙 Bem!! Sem mais delongas. Boa leitura :3 ~Bruuh🌷
Ah! Tem uma surpresa para vocês. A cada capítulo que passa. A capa do episódio muda. Vocês vão notar quanto mais progredirem na história 💙

Uns avisinhos básicos:
--- Essa fic tem muito palavrão. Suga que o diga.
--- O início dessa fic se passa no fundo do mar. Mais pra frente irá explicar :D
--- Em meu mundo de fanfics. O sistema educacional coreano é o mesmo do brasileiro. Assim como o lance de faculdade e de trabalho.
--- Essa fanfic pode ter ligações com outras fics minha. Ou seja. Interligadas. Para que entendam os easter eggs. É necessário que leiam a minha primeira fic (que atualmente está em processo de betagem, sendo repostada aos poucos)
--- Nada dos acontecimentos aqui são reais. Não pensem que a vida real é assim.
--- Só isso mesmo. Obrigada por ler os avisos anjos.
~
I purple you 💜

Obs: Pov Seokjin on. #
Tradução do título: Prólogo

Capítulo 1 - Prologue


Fanfic / Fanfiction A Drowned Love - Namjin - Prologue

Todo começo tem um fim


~

Talvez amar e confiar em alguém não seja a melhor solução do mundo. Nem a melhor escolha.

Quanto mais você ama, mais tem a chance de acabar com o coração partido.

Quanto mais você confia, mais tem a chance de acabar se decepcionando no final.

Então por que confiar em alguém? 

Por que amar alguém?

Essas perguntas. Me dão medo.

Eu tenho medo.

Tenho medo de que no fim, as pessoas acabem me abandonando.

Esse é o problema de se apegar à alguém. Quando eles te deixam. Você se vê completamente perdido.

Como uma escuridão depois da luz.

A tempestade depois do sol.

E é exatamente como me senti aquela vez... Naquela época....

É incrível como as memórias ruins do passado você sempre lembra, né? Por mais que eu quisesse esquecer. Sempre está ali. Pronto pra acabar com o seu dia.

Pronto para te lembrar que você foi um bosta.

E de fato... Eu me lembro muito bem...


[6 anos atrás]


...

- Seokjin! - senti uma batida forte em minha mesa, logo levantando meus olhos assustados para a professora irritada a minha frente.

Você me deu um susto....

- Eeer.... Sim, senhorita Lee? - dei um sorriso nervoso para a mulher que não parecia nada satisfeita com a minha resposta.

- Você por acaso pode me dizer que tipo de alga azul nós podemos consumir?

- Eeer.. As... Tirófilas? - respondi apenas pra não ficar calado. Mas acho que as risadinhas ao meu redor já indicaram que minha resposta estava completamente errada.

- Vai pro diretor.

Putz.

Ela nem precisou dizer mais nada, simplesmente levantei da minha carteira, enquanto recebia risadas e olhares nada discretos de alguns alunos. Eu já entendia que deveria me explicar sobre o fato de eu estar dormindo na aula chata da GRANDE professora Lee. (Cof cof cof cof ela tem 1,42)

Mas eu não tenho culpa se madruguei a noite, para acabar a parte do trabalho que certos alunos do meu grupo não terminaram.

Né?

Aff. Odeio ir pra diretoria. O diretor sempre me bota pra lavar prato na cozinha da escola. E é muito difícil lavar prato em um lugar onde já tem água. Se é que me entendem.

Abri a porta da sala, mal humorado, deixando algumas bolhas de ar sairem pela minha bufada audível. Eu deveria ter deixado eles se fuderem com aquela merda de trabalho.

Mas aí eu iria me fuder também. De qualquer maneira.

Porque você foi fazer o trabalho com eles mesmo? 

Ah verdade.

Porque fui o único que restou sem grupo naquela sala, e me "sortearam" para ver em qual grupo eu cairia.

Pois é. Eu sou um merda.

"Aquele olho de peixe vai ver só!"

Ouvi uma voz de um garoto que reconheço muito bem, no final do corredor e logo passos apressados são ouvidos quase perto de mim.

Me apressei em esconder atrás da parede.

"O que o Jae está aprontando desta vez?" 

Perguntei pra mim mesmo enquanto me escondia para bisbilhota-lhos.

Eu sei que espionar os outros é errado. 

Mas quando você bisbilhota um ladrão para ver se ele vai roubar alguma coisa não é errado. 

Né?

- Você fez o que eu pedi? - Jae perguntou para o seu amigo, o comparsa de todos os seus planos malignos e mesquinhos.

Jae é um dos garotos mais travessos daqui. Sabe aquele babaca que gosta de aprontar com tudo e todos? Bom.... Esse mesmo.

- Fiz. Aqui está - o outro entrega dois papéis fotos para o mesmo.

- He... He... Agora aquele inteligente olho de peixe merda vai ver o que é mexer comigo... - o mesmo disse levando seu olhar aos dois papel foto em sua mão e logo jogou uma no lixo, ao seu lado - Vamos entregar isso pro diretor - os dois correram em direção ao caminho em que eu deveria seguir. Ou seja. A sala do lindo diretor.

Franzi o cenho, desconfiado, saindo de meu esconderijo.

Abri a lixeira para ver o que eles tinham jogado. 

É claro. 

O papel foto.

O peguei, tirando um papel de doce que havia se colado com a mesma.

Em minha mão, tinha a foto de um campo de futebol com uma silhueta recortada. A mesma pessoa estava jogando bola.

"Hmmmmm....".

Já saquei o que eles fizeram.

A Jae. Não é hoje que você vai se dar bem com uma de suas brincadeirinhas.....


(...)


Esperei um tempo aguardando na frente da sala do diretor e então finalmente notei o garoto que suponho ser o "olho de peixe" que o Jae diz, bater na porta, um tanto desnorteado. Sem antes, me lançar um tímido olhar de um jeito curioso e atento.

Ele pareceu surpreso, mas rapidamente entrou na sala, fechando a porta atrás de si.

Me aproximei. Colocando meu ouvido esquerdo no metal da porta, desejando escutar a conversa. Pude notar que o diretor estava puto. Ele acusava o garoto de ter destruído as exposições de arte da escola e o garoto se defendia fielmente, crente que não tinha feito nada.

Foi então que ouvi o diretor falar que tinha provas, seguido do barulho de algo se chocando delicadamente contra a mesa. Notei que o mesmo falou a palavra: "foto".

Com certeza essa foto que tenho em mãos tem alguma relação com a foto que o diretor disse. Talvez seja a que o Jae entregou pro mesmo.

Entrei na sala no mesmo momento que notei o clima começar a esquentar. 

- VOCÊ VAI SER EXPULSO E--.... - o diretor para de falar, com o dedo indicador levantado, ao ver que eu tinha ousado entrar sem bater na mísera porta.

Engoli ruidosamente em seco notando que realmente não tinha batido. E o diretor odeia que entrem em sua sala sem avisar. 

Mas agora já era.

Respirei fundo e caminhei até os dois que me olhavam confusos.

- Eu--....

Fui interrompido com a música: "The fox (What does the Foxy say?)" Soando pelo cômodo.

Olhei ao redor me indagando de onde vinha aquela música.

Eu sabia que era uma música da superfície. Mas quem raios... 

O diretor se levantou de seu banco e nos pediu licença, atendendo o telefone com um certo envergonhamento estabelecido em sua face.

Segurei uma risada por pensar que aquela música era o toque do telefone aquático dele.

Ok. Não ria Seokjin.

Pelo canto dos olhos eu notei o outro garoto me olhar. Virei a cabeça para encara-lo. Seus olhos arregalados me olhavam com curiosidade e nem mesmo desviou a sua direção, totalmente focado em meu rosto.

Continuei o encarando. Sabia que as pessoas não aguentavam a pressão do meu olhar e acabavam desviando, mas aquele garoto parecia bem distraído para ao menos perceber que estava me encarando com tanta precisão.

Ele estava me encarando muito.

Agora sou eu que fiquei incomodado.

Em uma tentativa falha de acalmar a situação. Dei um minimo sorriso em sua direção. O que estranhamente fez o garoto corar e revirar o olhar finalmente, fazendo-o encarar seus próprios pés.

Ué.

Ouvi uma batida na mesa, fazendo-me acordar e notar que o diretor havia terminado sua ligação. Seu olhar severo já dizia tudo. era hora da explicação.

- Ah..... - olhei pros lados e respirei fundo, enchi os pulmões e comecei a falar - Não é bem assim que você acha que as coisas aconteceram senhor - comecei forte e confiante, não queria mostrar relutância em minhas palavras - Armaram contra ele - taquei a foto em mãos na mesa do diretor que olhou a foto de um jeito suspeito - Encontrei o Jae da sala 9°C jogando isso na lixeira. Achei que fosse melhor trazer para você ver - falei tudo destemidamente recebendo o olhar surpreso do outro garoto que tinha seu olhar admirado e um tanto agradecido a mim.

O diretor rapidamente pegou a foto e comparou as duas. De fato. Em suas mãos. Estava o garoto quebrando algumas estátuas e mesas. Mas a sua mesma silhueta havia sido recortada da foto que o Jae jogou no lixo.

- Se ainda não acreditar, você pode conferir na câmera. Com certeza deve ter uma filmagem mostrando - falei esperando acabar com qualquer chance de acusação.

O diretor me olhou de soslaio e então colocou a minha foto sobre a outra. Comparando as duas silhuetas. Depois de um bom tempo analisando ele deu um longo suspiro, encostando com tudo em sua cadeira macia. Levou as mãos as têmporas e começou a massagea-las. Processando tudo que acabou de acontecer.

- Aquele pirralho... Como não fui desconfiar... - o diretor resmungou com uma expressão arrependida, logo olhando para nós - Sinto muito Namjoon. Eu não sei onde estava com a cabeça para ir te julgando assim. Eu deveria ter desconfiado de que o Jae estava tramando algo. O melhor aluno da escola aprontar algo? O que eu fui pensar? - o mesmo cochichou a última frase mais para si mesmo do que para nós - B-Bem... Você esta liberado Kim Namjoon. Perdoe-me pelo mal entendido - o mesmo diz se desculpando em um gesto com a cabeça.

"Então ele se chama Kim Namjoon?" Pensei analisando o garoto ao meu lado.

- Tudo bem... - o mesmo respondeu dando finalmente um sorriso simples e se levantando da cadeira.

- Kim Seokjin, você fique. Ouvi dizer que a professora Lee te mandou aqui. Sente-se. Não pense que está liberado também - o mesmo apontou pra cadeira.

Drogaaa. Por que mundo cruel?

O garoto me olhou, antes de parar na minha frente para que eu me sente na cadeira que antes o outro estava.

Ele ficou por uns momentos me encarando antes de ser acordado pela voz do diretor.

- Você já pode ir embora Namjoon.

- A-Ahm. Sim. T-Tá... - ele me olha novamente antes de passar por mim, me dando caminho para que eu me sente.

"Porque ele ficou me encarando desse jeito?"

Balancei a cabeça e me sentei.

Notei a porta atrás de mim fechar e então me vi sozinho com o diretor.

- Pois bem. Não vou te dar suspensão ou dar 80 pratos pra lavar, não darei nada. Tanto porque você acabou de resolver o mal entendido agora a pouco. Mas eu peço que não fique dormindo no meio da aula. Você sabe que essa escola tem uma ótima reputação e de nenhuma forma queremos alunos dormindo na aula... Muito menos aprontando por aí. Você sabe. Certo?

- Sim, senhor - respondi abaixando a cabeça.

- Era só isso. Pode ir - ele diz.

Todo esse suspense pra isso? Ah que saco.

- Tenha uma bom dia senhor. Me desculpe por não ter batido na porta - falei falsamente.

- Vou ignorar dessa vez - Ele diz com um sorriso de lado e então abro a porta da sua sala ainda olhando pro mesmo, tentando entender o por quê de ele não ter me xingado.

Talvez o rumor de que ele esteja saindo com uma mina seja real?

Tipo. Ele parece mais colorido.

Se é que me entendem.

 Fechei a porta ignorando o pensamento desnecessário.

Quando me viro, eu me esbarro com o garoto que estava na sala agora a pouco.

"Kim Namjoon", né?

Nunca fui bom de guardar nomes.

- O-O-Oi - ele diz, levantando a mão timidamente ao me ver e então logo abaixou a cabeça, com tudo. Encarando o chão.

- Ah.... Oi? - respondi dando um sorriso amigável.

Estranho...

- O-Obrigado por... Ajudar... - o outro ajeitou seus óculos que havia caído em seu nariz, sem nem mesmo olhar pra mim.

Ele é tímido?

Seu olhar fixo em mim aquela hora não dizia isso.

- Ah. Imagina. Não é a primeira vez que o Jae apronta... Suponho que ele esteja pegando no seu pé... - disse tentando puxar assunto ao ver que o outro estava todo recatado e restrito em palavras ao meu lado - Você fez alguma coisa que possa ter o irritado desnecessariamente?

- Eu... Ele... Eu - ele olha pro lado se embaralhando nas palavras e no fim se cala, soltando um grito interno.

- H-Hey... - coloquei minha mão em seu ombro - Relaxa. Eu não vou morder você ou algo do tipo.... Só se você quiser - ri descontraidamente, tentando acabar com aquele clima desagradável.

No momento que toquei em seu ombro ele deu um mini pulo e seu rosto corou fazendo-o parecer um tomate.

Nunca vi uma pessoa ficar tão vermelha assim em minha presença.

Fofo. Pensei.

- A-Ah... C-Certo... - o outro respira fundo - Ignore a beleza dele Namjoon, você não é assim, pare de agir como um idiota - o outro cochichou baixinho e balançou a cabeça - Ele pediu cola pra mim e eu neguei.

"Ignore a beleza dele?" e.e

Eu sei que sou bonito, mesmo. Mas não precisa ficar assim.

- Ah... Por isso? Jae é uma criança idiota - cruzei os braços em negação - Não se preocupe. Ele não vai mais se meter com você. Ele pode ser um valentão, mas é um cagão quando é descoberto em seus planos.

- Que bom... - o outro diz aliviado.

- Olha! Você não gaguejou! - apontei pro outro, rindo.

- Q-Q-Quee??

Soltei uma gargalhada alta ao ver que o outro novamente tinha corado.

Muito fofo.

- Sou Kim Seokjin! Prazer! - estendi minha mão ao outro que a encarou perplexo por alguns segundos como se minha mão fosse algo impressionante.

Pensei até no fato de que tivesse algo em minha mão pra ele estar a encarando com os olhos arregalados assim. Por tanto tempo. Mas no fim, o outro aceitou minha mão, sua mão quente segurando a minha em um aperto forte.

Sorri docemente e o outro retribui o mesmo com um sorriso de covinhas.

Ah.

Covinhas.

Pecado.

Deveria ser ilegal.

Ele tem.

Covinhas.


(...)


Se tem uma coisa que eu tenho uma queda. Ou melhor. Um abismo gigante. São covinhas.

Eu AMO covinhas. Elas são lindas. São... Sei lá.

Maravilhosas.

Parece ser um fetiche estranho. Mas eu sou estranho. Porque elas são lindas mesmo.

E é bem raro eu achar alguém que tenha covinhas desse tipo.

Resultado?

Me vi obcecado pelas covinhas do garoto chamado Kim Namjoon.

Me vi correndo atrás dele e o desejando um bom dia apenas pra ver aquelas covinhas sendo formada especialmente só para mim.

Isso fazia meu coração aquecer e saltitar de alegria, com o tempo fomos ficando mais próximos e isso só contribuiu para a felicidade no meu coração.

Nossa proximidade só aumentou quando nossas salas se juntaram para fazer a feira de peixes no final do ano. E coincidentemente - Ou apenas por obra do destino - Acabamos caindo no mesmo grupo.

Em um dia, na minha casa, lugar onde combinamos para resolver algumas coisas do trabalho. Eu já notei que tínhamos muito em comum. Inclusive a rejeição dos nossos colegas de salas.

Mas ambos tínhamos razões diferentes.

Eu por ser considerado muito bonito. Tão bonito que ninguém quer se aproximar de mim, porque basicamente acham que eu sou exibido.

E eu sou mesmo u.u. Mas com moderação.

Já o Nam (Sim. "Nam". Nós já somos próximos, e eu posso chamá-lo assim ta?) Os seus colegas não se aproximam dele por conta de que ele é muito inteligente. Quieto e anti-social. Ou seja, dois excluídos da sociedade que se juntaram e formaram uma amizade.

Não é lindo? Nós nos completavamos! Nos dávamos tão bem.

Já da pra criar uma história de amor clichê.

Mas infelizmente a vida real não é assim.

No entanto. Ter a companhia do Namjoon era algo grandioso.

Eu sentia que a cada mês que passava, eu ficava mais próximo do mesmo.

E junto com a nossa amizade ele me trouxe felicidade. Pouco a pouco. Conquistando aquele meu coração de pedra.

No final do 9°. Tivemos a nossa festa de formatura.

Eu obviamente não participei da festa, porque não sou desse tipo. Em vez disso, eu e o Nam combinamos de ilegalmente sair nadando por aí até chegar na superfície.

Bem. Não é "ilegalmente", mas é que como somos muito "novos", não podemos sair do mar sem a permissão dos pais. Então sim, estávamos quebrando uma regra.

Eu nunca sai da água. Quando criança, eles me proibiram de subir até a superfície. Mas agora já estou mais crescido. Ainda assim. Nunca nem mesmo respirei o ar fora da água. É diferente?

Isso me deu uma sensação de nervosismo e ansiedade enquanto era puxado pela mão até a superfície pelo Nam.

- Você vai gostar Jin. Não tenha medo.

Ele disse momentos antes de eu me chocar com a superfície da água e um vento gelado bater em meu rosto a medida que os pingos de águas se espalhavam ao meu redor.

Abri meus olhos e notei o céu completamente escuro acima de mim. A lua brilhava em cima de nós e as estrelas preenchiam o resto em perfeita harmonia. Ficava muito mais escuro em baixo do mar. Aqui é mais claro.

Um vento forte batia em nossos rostos causando um friozinho agradável. Mais ao longe. Havia uma pequena cidade, pequenas casas e enormes prédios mais ao fundo compunha o cenário gratificante ao meu olhar.

- O povo da terra... - falei com meus olhos brilhando.

- Bonito né? - ele diz me fitando - O povo da terra são incríveis. Eles têm tantas coisas que não temos.

- Sério? - o olhei surpreso.

- Sim.

- Tipo o que?

- A energia. A eletricidade. A tecnologia... - ele disse enquanto observava aquela cidade - Eles tem os jogos, Jin.... São incríveis!


(...)


Naquele dia. O Nam me falou que seu sonho era criar um jogo.

Na época. Eu não dei muita importância. Pensei que Nam nunca seria capaz de sair da tão bonita cidade chamada Arcadia Island. E de fato. Se ele saísse. Ele não poderia mais voltar. Considerei que aquele era apenas mais um sonho de adolescentes, assim como muitos sonhos que já tivemos, mas acabamos desistindo depois de pensarmos com mais delicadeza ou até mesmo pelo fato de crescermos e nossa mentalidade mudar.

Só que eu me enganei.


Três anos mais tarde.


Quando estávamos completando o  terceiro ano do ensino médio.

Nam veio me falando do quanto o mundo humano era incrível, bonito, cheio de coisas e etc.

Eu não dei muita bola. 

Afinal, o outro sempre foi um amante do mundo humano terrestre.

Mas com o tempo, comecei a perceber que o outro apenas falava da terra e da tecnologia existente. Apenas. Isso. 24 horas. Como se ele estivesse obcecado por aquele lugar.

Ao notar isso. Comecei a observa-lo melhor.

Descobri que o mesmo não tinha nenhum interesse em nenhuma faculdade aqui em nossa cidade.

No lugar disso, mostrava interesse em uma faculdade de Design em uma cidade da terra.

Meu pior pesadelo estava se tornando realidade.

Realmente o meu único amigo que tenho, planeja sair daqui?

E o pior de tudo era que ele não me falava nada. Apenas dava pistas. E isso estava me irritando a cada dia que passava.

Eu queria uma resposta.

Queria a certeza de que ele ia MESMO ir embora sem falar nada pra mim.

Foi quando eu ousei perguntar o por quê de ele gostar tanto da terra.

Disse que não era tão interessante assim como ele diz e que aqui é muito melhor.

Ele não concordou e começou a dizer fatos em defesa.

Eu não entendia.

Não entendia o por quê de ele defender TANTO aquela mísera civilização da terra.

Eu estava com medo.

Com medo de que ele fosse me deixar. Me deixar aqui.

Eu simplesmente explodi após guardar esses sentimentos avassaladores apenas para mim e acabei falando coisas que nunca queria ter falado em minha defesa. Isso o assustou, assim como a mim mesmo que nunca me imaginei capaz de dizer coisas tão horríveis para a pessoa que eu mais gostava.

Agora já era.

Ele me julgou dizendo que eu não o entendia e que eu era egoísta por não o entender.

E de fato eu sou.

Não quando você gosta tanto de uma pessoa e ela simplesmente mostra que vai embora sem nem mesmo falar algo pra você.

Eu nunca signifiquei nada pra ele?

Nossa amizade.

Não significou nada?

Pra ele resolver ir embora assim tão facilmente.

Parece que ele não tem nenhuma dificuldade em me deixar pra trás.

Eu de fato não sou nada?

Se isso é ser egoísta. Então eu sou mesmo. 

Eu não aceito isso.

- Chega. Nunca mais fale comigo - sua voz saiu rude e cortante. Nam nunca soou assim antes. Ele realmente estava muito bravo.

....!!!

Após isso. Eu virei as costas sem falar mais nada. Sentia meus olhos arderem e meu coração ser apertado com uma força invisível. Eu me senti destruído. E de fato eu estava. Ele havia me destruído por completo. Destruiu meu coração.

Acabou que pelos últimos 4 meses do ano, nós não nos falamos mais. Éramos meros desconhecidos um para o outro e nem mesmo nos cumprimentavamos com um simples: bom dia. 

 A cada dia que passava. Eu ia me sentindo mais triste. 

Quando você não tem seus pais para lhe oferecer amor. Você busca amor nos outros. Mas nem mesmo acho amor nas pessoas ao meu redor.

E nós últimos dois meses. Eu quase desmaiei quando notei que o mesmo estava começando uma mudança. Guardando e recolhendo as suas coisas.

Toda vez que passava em frente a sua casa. Eu notava o mesmo carregar alguma coisa dentro de um cômodo.

Algumas vezes ele cruzava seu olhar com meu, fazendo ele fechar a janela, cortina, ou até mesmo fingir que nunca estive ali. 

Ele estava fazendo uma limpa até em seu armário da escola. E de fato. Ele não parecia querer nunca mais voltar.


(...)


Depois da nossa colação do médio, logo em seguida veio a festa.

Mas desta vez. Eu não tinha nem mesmo o Nam para estar comigo. 

Eu não tinha ninguém.

Nessa noite. Eu dei a mesma desculpa que estava passando mal e que ia voltar para casa mais cedo. Mas dessa vez.  Eu estava sozinho. 

Me vi caminhando solitário pela estrada marítima enquanto observava os inúmeros peixes acima de mim, nadando como se a vida fosse bela, o céu escuro que não continha nenhuma estrela, ao contrário, uma enorme nuvem escura preenchia-o por inteiro, fazendo o mar ficar mais escuro do que o normal.

...

- O que eu fiz....? - Perguntei pra mim mesmo, parando de andar - Teria sido melhor se eu não tivesse falado nada pra você? Se eu fingisse não saber de nada... Tudo teria sido melhor...? - Perguntei sentindo o coração doer, olhei pros peixes acima de mim, mas nem os mesmos paravam para me dar ouvidos. Ninguém dava.

Sabe quando você percebe que fez algo errado? Mas que está muito tarde para mudar?

Sabe quando você sente seu coração quebrar ao notar que não consegue mais viver sem aquela pessoa?

Era exatamente isso que eu sentia. Mais a tristeza da solidão.

Abaixei a cabeça, absorto em meus pensamentos.

...

Droga.

Caminhei de volta para a minha casa já sentindo uma corrente fria passar por nossa cidade.

Sinal óbvio que ia chover.

Se eu ficar aqui acabarei por passar frio.

Apressei o passo a medida que sentia a corrente fria aumentar. Se chocando com meu corpo me fazendo cambalear algumas vezes.

Ao chegar na frente da minha casa, tudo o que eu queria era apenas me atirar na cama e dormir como se não houvesse o amanhã. No entanto minha mente bloqueou e parou ao notar alguém parado na frente da minha porta. Uma pessoa familiar.

Apertei os olhos para enxergar melhor e notei que era o Namjoon ali. Parado na frente da porta da minha casa. Como uma planta.

"O que ele está fazendo aqui?"

- Jin. Por favor. Abra a porta.

O mesmo estava carregando uma mala em sua mão e uma bolsa em sua costa. Ele parecia preocupado e um tanto impaciente.

O que eu faço...? Eu quero ir lá, mas ao mesmo tempo não quero.

- Por favor, eu vou embora agora, me deixe te ver apenas mais uma vez. Eu preciso te falar algo.

Me falar algo?

O que ele iria querer falar pra mim nessa altura do campeonato? Depois de todos esses meses sem dirigir uma palavra pra mim. De me ignorar por completo e fingir que nem existo? Por quê agora? Não foi você que disse para eu não falar mais com você?

O que está fazendo aí então?

Um misto de raiva começou a surgir em minha mente. Meu coração dizia para ir lá e perdoa-lo, assim como também deveria me desculpar. Mas a minha mente convencida me dizia para continuar com a minha ignorância e deixá-lo ali.

Estive dividido em duas partes. E sinceramente? Não sabia o que fazer.

Eu gosto muito dele.

- ... Talvez ele não esteja em casa... - Namjoon diz por fim, depois de esperar mais um tempo - Eu... - Ele logo pareceu se lembrar de algo e então tira algo da sua mochila. Um papel foto e uma caneta aquática.

Ele escreveu algo e enfiou por baixo da porta.

- ... - o mesmo observou a porta uma ultima vez antes de se retirar com sua mala raspando pelas pedras marinhas que formavam a calçada, fazendo um barulho irritante, mas que me ajudavam a distinguir a distancia que ele estava de mim.

Depois de não ouvir mais o barulho de sua mala. Eu saí de trás do muro vizinho onde estava escondido e caminhei em passos lentos até a porta da minha casa. Pegando a chave e olhando pra mesma.

"O que ele escreveu...?"

...

...

... Bem.. Você não vai descobrir se não abrir essa porta né Seokjin.

Abri a porta com certo receio e de cara já notei o cartão no chão.

Relutante o peguei e o virei.

Uma letra impecável estava decorando aquele espaço antes branco.

"Eu... te..."

Meu coração falhou uma batida e arregalei os olhos enquanto sentia meu corpo tremer com a carta em mãos.

O que é isso?

Virei a carta várias vezes não crente no que estava escrito ali.

Quando finalmente me dei conta de que aquilo que estava escrito, era real. Eu joguei a carta no chão sentindo o coração a mil.

- Namjoon idiota! Idiota! IDIOTA! - soquei a parede com força.

No fundo. Pude notar a chuva cair na superfície do mar. Significando que era uma tempestade e as águas fortes se mexiam do lado de fora causando um barulho estranho.

"Eu te amo...?"

Como ousa dizer isso agora...? E só isso? Só vai dizer isso?

Peguei a carta novamente, a olhando para ler a frase por inteiro.


Eu te amo Jin. Me desculpe.


...


Deixei meus braços cair ao lado do meu corpo e levei o olhar lentamente até o porta retratos em cima de uma mesinha.

Uma foto do Namjoon estava ali, segurando um peixe, com o sorriso mais sincero que já vi. Lembro que me diverti muito naquele dia. Nunca estive tão feliz. Talvez foi naquele dia que eu percebi que gostava mais dele do que eu queria gostar.

E daí tudo mudou.

....

Eu sinto falta dele....

Eu queria que ele voltasse pra mim...

Fitei o quadro mais uma vez.

A culpa é sua Kim Namjoon. Por que você foi gostar da terra?

Por que?

......

Idiota.

Você não tem direito de fazer meu coração bater assim por VOCÊ.

Abri a porta com força e comecei a nadar rapidamente na direção que ele seguiu momentos atrás.

Eu sou um idiota por estar fazendo isso.

Mas ele foi mais idiota ainda por ter deixado aquela carta.

Nós dois somos idiotas então, no fim.

...

Infelizmente idiotas que gostam um do outro.

...

E só agora notei isso.

...

Quando sai a superfície. Senti os pingos fortes da tempestade baterem com tudo em minha face. Como tiros totalmente impiedosos. A visão embaçada não ajudava em minha procura. Ele não está em nenhum lugar. Nem na sua casa. Nem no mar. Nem aqui fora. Eu não o achei. Não sei onde ele está. Ele sumiu. Ele simplesmente sumiu.

Eu o perdi.

Eu o perdi pra sempre...

Não que uma vez ele já foi meu....

Mas....

Eu queria que tivesse sido...


(...)


Depois disso. Eu mudei completamente. Aprendi a não amar. Aprendi a não confiar nas pessoas. Aprendi a não me iludir. Eu mudei. Com o tempo eu mudei. E agora... Depois de três anos.

Agora...

Agora...

Agora eu estou aqui comendo um sanduíche de atum na frente de uma empresa esperando que um MILAGRE do Deus do Mar me ajude nessa PORRA de teste de emprego. Tentativa 34.

Desculpa o palavrão.

- Senhor Jin. Sinto muito... - a secretária aparece na porta,  me soltando um de seus sorrisos amarelos.

- Pera. Deixa eu adivinhar..... - interrompi a moça - Eu não fui contratado? Certo?

A moça abaixou a cabeça.

Mas que... SACO. NINGUÉM ME CONTRATA NESSA VIDA INJUSTA. INJUSTA. EU PRECISO COMPRAR COMIDA PROS MEUS PEIXES DE ESTIMAÇÃO PÔ.

E como sempre, eu não sou o escolhido.

Que.

Raiva.

AAAAAAAAAAAA.

Chutei a cesta de lixo e a mesma quase tombou para o lado se não fosse por eu a tê-la segurado desajeitadamente recebendo o olhar assustado da secretaria.

.... Eu gosto de passar vergonha hein...

Acho que depois de tudo eu também fiquei mais revoltado com a vida. 

Eu acho.

Acho que não sou mais o garoto gentil e paciente de antes. Eu sinto que quero matar todo mundo. E sla. Até os peixes se possível.

Eu acho isso INJUSTO.

Injusto.

Não importa o quão bom eu vá no teste.

Eles sempre me negam. Por que? Porque eu tenho Henna de cor diferente. Tomar no cu. Só porque a minha é mais azulada.

Mentira. Não é por causa da Henna. É por conta de que eu sou uma merda que não sabe fazer nada mesmo. Argh. Que triste mano...

Sai batendo os pés com força daquela empresa enquanto tentava me manter na sanidade exata para que não cometesse algum homicídio ali mesmo.

Uff.... Que saco...

Coloquei as mãos no bolso enquanto nadava até a superfície com o objetivo de refrescar a mente.

E agora? Onde poderei arranjar um emprego?

- Relaxe... - fechei os olhos enquanto continuava a subir pelas densas águas - Na próxima você consegue.... Você consegue. Você conseeeeeee--...!!!! - senti um monte de peixes passar nadando rapidamente por mim, acabando por se chocarem fortemente contra meus braços - EI! - reclamei com o "atropelamento" - Os peixes estão loucos e eu não see--.!!! - senti uma rede em minhas costas me impulsionando rapidamente para a frente. 

Espere. 

O que é isso?!?! Uma REDE??? 

Estão me....

Mas eles não são permitidos pescar aqu--.....

DROGA EU ESQUECI.

Pesca ilegal.

Porra.

Comecei a nadar o máximo possível tentando escapar daquele rede que parecia querer se juntar comigo de qualquer forma.  Por mais que eu nadasse o mais "rapido possível". Não era o suficiente. Apenas consegui ultrapassar alguns peixes antes de me meter entre eles, no objetivo de me esconder, e sermos puxados rapidamente para cima.

Droga droga...!

Bati no meu rosto. Porque você é tão burro Seokjin?

Senti sairmos da água e rapidamente uma voz grossa de um homem:

- Engraçado. Essa rede está pesada, mas só tem peixes médios aqui...

"Esta me chamando de gordo?"

- Bem. Coloque eles na caixa. Vamos logo. Ou eles podem nos ver - a voz de um outro homem soa.

Senti nos movimentarmos para a direita e logo a rede é soltada de seu suporte antes de eu me espatifar com tudo no chão assim como os peixes ali presentes. A abertura por qual entramos, rapidamente é fechada e ficamos no quase breu. Se não fosse por um mísero buraco que permitia a entrada e saida de ar.

Aaaaah não. Eu não vou ficar com esses peixes FEDIDOS nesse lugar apertado não é?

....

....

Okay....

Fudeu...

Pesca ilegal... Droga. Esqueci disso... Eu tinha visto no aviso hoje mais cedo, falando que deveríamos ter cuidado e evitássemos o máximo de subir para a superfície. Mas eu estive tão preocupado com a minha entrevista de emprego que nem mesmo liguei.

Parabéns Seokjin.

Mais uma demonstração de uma cagada sua.

...

...

Enfim...

O mais importante.

Pra onde.... Estão me levando...?

Eles não vão me comer vivo né? Olha. Eu não sou nem um pouco gostoso. Só pra saberem.


(...)


Depois de muitas horas de viagem.

Finalmente o barco parou. Onde a caixa que estávamos foi descarregada e logo colocada em um outro lugar com a ajuda de uma máquina gigante. Novamente senti nos movimentamos e o barulho de um motor alto começar a soar.

- Ah... Ótimo... Ótimo... - olhei pelo o buraco da caixa e notei que estávamos nos distanciando do mar.

Distanciando do mar? Pra onde estamos indo afinal?

Mas que....

Affu...

O pior de tudo. É que eu não posso gritar por ajuda. Não posso pedir ajuda para eles... Porque eles não podem saber que eu existo... Que nossa espécie existe... 

Eu estou lascado.

Pelo menos eu tenho um pouco de água aqui dentro dessa caixa, junto com esses peixes. Mas depois... Depois ficarei sem... E minha Henna vai secar...

Vocês devem estar se perguntando.

O que é Henna?

Já que estou aqui preso com esses peixes, que nessa altura do campeonato já estão mortos (tadinhos). Eu irei explicar.

Basicamente funciona assim. 

Todos nós. Seres do mar. Temos uma "proteção" em volta de nossa pele. Uma pele fina. No corpo inteiro. Como se fosse escamas de peixe. É através delas que nós respiramos e sobrevivemos em baixo do mar. Mas ao mesmo tempo que ela oferece benefícios. Ela também tem seus problemas. Por exemplo. Os humanos terrestres já não tem essa Henna. A Henna se quebra no primeiro dia após o bebê ter nascido. Isso porque essa Henna não pode ficar sem a água do mar. Uma vez que você fica muito tempo fora da água. Ela começa a rachar. Quebrando e quebrando. Até você a perder por completo e se tornar um ser terrestre normal.

É por isso também que os humanos do mar. Uma vez que saem. Não podem mais voltar. Isso porque eles já perderam sua Henna. 

Esse é um dos maiores motivos. E apenas a água DO MAR funciona para hidratar nossa Henna. Ou Água salgada. Qualquer outro tipo, não funciona e isso é um problema grande para nós.

Também existem outros motivos para o povo do mar não poder voltar uma vez que saem de Arcadia Island. Eles são considerados traidores por ter deixado nosso povo, ou seja, já é um bom motivo para você não querer voltar. Já que todo mundo iria te olhar com um certo desprezo. Afinal, todos deveriam saber que nós temos uma grande rixa com o povo da terra.

"Nós" o odiamos.

Ao mesmo tempo que o povo da terra nem mesmo reconhece a nossa existência. Eles se esqueceram de nós. E nós nos isolamos. Eles só não nos descobrem por conta da ilusão de ótica que faz com que nossa cidade não seja visível aos olhos dos humanos quando estão na superfície do mar.

Isso de fato veio se mantendo durante todos esses anos. Uma rivalidade que nunca acaba.

E agora. Eu estou entrando no mundo deles sem nem mesmo querer. Não quero perder minha Henna. Não quero ir pro mundo deles. Eu só quero voltar pra casa. É tão difícil isso? Por que isso Deus do Mar? Eu só chutei uma lixeira....

...


(...)


BLAM.

!!!

Sou acordado com o caminhão pulando por conta de um provável obstáculo no meio do caminho.

(No meio do caminho tinha uma pedra....)

"Já escureceu?" Me perguntei enquanto olhava pelo buraco da caixa.

Notei o céu escuro, repleto de densas nuvens escuras.

"Por quanto tempo viajamos?" Foi a primeira coisa que pensei.

Notei o veículo parar e então vozes de pessoas ao meu redor começando a carregar as outras caixas.

Logo nossa caixa começa a ser carregada por cerca de 9 pessoas e colocada no chão de forma rude. Talvez porque esteja pesado.

NÃO É EU. SÃO OS PEIXES QUE SÃO GORDOS DEMAIS.

Mas...

GRAÇAS A DEUS. NÃO AGUENTO MAIS FICAR DEITADO SOBRE ESSES PEIXES FEDIDOS.

Observei pelo buraco notando que os homens se distanciaram para conferirem todas as caixas. Abri a tampa sem nenhuma dificuldade me queixando o por quê de eles não colocarem nenhum cadeado para prender a tampa, segurança 0. 

No entanto, melhor pra mim. Rapidamente pulei pra fora da caixa e corri por uma saida por trás, na esperança de que eles não me vissem.

E de fato. Nem mesmo se deram conta.

Eles são cegos ou o que? Tá. Não vou reclamar...

Blé. Estou cheirando a peixe. Que nojo.

Mas aliás. Onde eu est--...

Calei a boca ao olhar para a cidade a minha frente.

Observei os inúmeros prédios, todos brilhantes e cristalinos dispostos um seguido do outro.

Todos tinham NO MÍNIMO uns 40 andares cada um.

As ruas movimentadas. Repletas de pessoas voltando do trabalho. Todas estilosas e bem vestidas. Elas pareciam apressadas dizendo que ia chover e muitas quase corriam dizendo que iam precisar pegar o metrô lotado. Outras falavam que o tempo no jornal de hoje ia ser de chuvas fortes e temperatura 13°

Coisas que eu não entendia. O que seria essas coisas? Metrô? Jornal? E onde estou afinal? Não parece ficar perto do mar. Só tem... Prédios....

Bom. Lógico. Ficamos por horas viajando. Se tem um lugar que é bem distante do mar. É aqui.

Percebi que uma mulher ao passar perto de mim, fez uma careta e tampou o nariz saindo rapidamente de perto de mim falando nada discretamente a seguinte frase: "Que nojo. Ele não toma banho?"

Bem...

De fato entendo o por quê de ela ter comentado isso. Se eu estou sentindo meu  próprio cheiro. Imagina os outros. 

Ah... Que ótimo... 

Mas então.... Como vou saber onde estou? Como vou pedir ajuda? Se todos fogem de mim em 5 metros de distância? Pelo menos alguém irá me ajudar. Certo?

Errado.

Eu não posso entrar nas lojas. As pessoas não se aproximam de mim em nenhuma hipótese.

Não acontece PORRA NENHUMA.

Não estou feliz...

Senti um pingo cair em meu cabelo.

- Pingo? Ah... Chuva....

É claro...

Eu estou fora da água... Não tem corrente fria nem nada...

No lugar. É um vento gelado.

E eu odiei. É pior que a corrente fria.

Outro pingo cai em meu rosto. Em seguida. Outro. E outro. E rapidamente entrei em um beco sem nem mesmo ver onde estava entrando, apenas queria pegar a cobertura do mesmo e me proteger da chuva.

Péssima escolha... Péssima escolha.

- Olha só... Temos um garoto aqui, buscando fugir da chuva... - uma voz grossa surgiu atrás de mim e eu me virei assustado.

Dois caras nada confiáveis estavam me encarando fixamente com suas expressões indecifráveis.

Péssima escolha.

- B-Boa noite... - disse os cumprimentando, dando uns passos pra trás em receio aos homens.

- Parece que ele não sabe... - um deles cochicha - Ele não sabe que nós recebemos muito bem nossos visitantes. Venha aqui garoto eu vou te mostrar o que temos... - ele se aproximou de mim.

- Não obrigado... Eu vou para outro lu--AH!!! - Senti alguém me empurrar pra frente e eu caio com tudo no chão. Coloquei meus braços a frente do meu corpo para o impacto não ir direto em minha barriga.

Ao acontecer isso. Eu senti a Henna em meu braço rachar, seguido de uma dor absurda. Como se minha pele tivesse sido cortada.

Ah...

Dói... Tanto... Assim....?

- Ele não vai levantar? Já se rendeu? - um dos homens fala e então recebo um chute certeiro em meu rosto em uma das tentativas falhas de me levantar.

Meu rosto igualmente rachou em pequenos "cracs" e uma dor agoniante me atingiu. Fazendo uma água estranha, incontrolável, descer pelos meus olhos em dor, fazendo arder meu rosto ainda mais do que antes. Cai fraco com o corpo no chão.

- Ei....... Espere ai... O rosto dele está rachando.... - um dos homens me agarrou virando meu rosto pra si - Assim como seu braço... Como um boneco... Que merda. Que macumba é essa?! Sai fora!! Vamos cair fora - os dois homens saem correndo em estado de pânico gritando que eu era um boneco vivo, me deixando ali sozinho, no beco. Os pingos caíam em meu corpo a medida que a chuva aumentava.

"Que dor... Que... Dor..."

Meu rosto ardia. Doia. Não sei dizer ao certo a dor que estou sentindo. Mas pense que cortaram sua pele em pedaços. É basicamente isso. Não deveria doer tanto assim. Pelo menos é o que me falavam.

- S-Soc----..... - parei de falar ao sentir a dor novamente e fechei os olhos com força.

Pisquei algumas vezes antes de sentir alguém me chamar bem no fundo: garoto? Está tudo bem aí?

Alguém... Alguém vai me ajudar...?

Minha vista apagou no mesmo momento que o outro tocou meu corpo.


(...)


Quando voltei a abrir os olhos. Eu estava dentro de uma banheira. Com meu corpo inteiro afundado em uma água quente. Num lugar inteiramente desconhecido por mim.

Ao olhar meus braços. Eu notei que minha Henna havia se regenerado. E conscientemente perguntei: "o que aconteceu?".

Pensei em me levantar e sair dali, mas meus músculos ainda estavam doloridos demais para que eu conseguisse ao menos me mexer.

Sou surpreendido com a porta do banheiro sendo aberta, um garoto alto, com um boné e uma máscara cobrindo todo seu rosto, roupa preta larga, calça jeans escura e um vans preto, entrar com um pote em mãos. Seus olhos logo se arregalam ao me ver já acordado e ele paralisa em seu lugar.

- O-Oi...? - Perguntei receoso ao ver que o outro apenas me encarava. Sem dizer nada.

Minha voz ainda saia um pouco fraca e isso não me faz feliz. Só de lembrar a dor que senti anteriormente.

O garoto apenas balança a cabeça. Vindo até mim e puxando um banquinho ao meu lado. Se sentando nele. E começando a despejar um pó branco na água.

- O que é isso??? Você tá querendo me cozinhar?? Eu não sou um peixe não! - Perguntei assustado observando o pó similar a um tempero.

O garoto levantou os olhos surpresos a mim, hora me encarando, hora encarando o pó em mãos. 

Notei seus olhos se apertarem e então o mesmo não consegue se segurar, soltando uma risada alta, abafada pela máscara.

"Por que ele esta rindo?"

E também. Sua risada é familiar...

- É sal... - o garoto disse depois de um tempo - Estou colocando-o na água para fazer efeito em sua Henna. Para que ela continue se regenerando....

- Ah... - olhei constrangido em direção a água - Faz sentido. Minha Henna está....

...

Espere....

Arregalei os olhos de imediato.

- Você sabe o que eu sou???? - perguntei assustado.

- Sei - o outro respondeu simples.

- Por favor, não conte pra ninguém - implorei juntando as mãos - Mas como você descobriu?

- ... - notei o outro franzir as sobrancelhas - Você não está me reconhecendo, mesmo?

- Hein?

- Sério? Já se esqueceu de mim?

- Hmm.... - analisei o outro - Não consigo ver seu rosto...

- Talvez você se lembre... - o outro tirou a sua máscara. Dando um sorriso a mim.

Prendi a respiração ao notar quem estava na minha frente.

Não acredito...

O dono das covinhas mais lindas do mundo.

Bem a minha frente....?

Depois de três anos....?

- Licença? Ainda está ai, Jin? - o outro balança a mão na frente da minha cara.

O olhei. Chocado.

- Kim... Nam...Joon...?


Notas Finais


Espero que tenham gostado! Não deixem de nos dar a opinião de vocês! Ficaremos muito gratas de saber se vocês gostaram ou não.
Até o próximo capítulo~Bruuh🌷
Bye~!
~
I purple you 💜


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