História A família do Batman - Consequências

As coisas não tinham como ficarem mais complicadas para o herdeiro mais velho de Bruce Wayne. Além de se envolver em uma mentira enorme e desobedecer ao pai, Tim ainda estava prestes a colocar sua vida em risco como fazia antes, mas dessa vez, por conta própria, sem o Batman para ficar ditando o que ele deveria fazer. Obedecer a Bruce nunca foi um problema para o Tim já que vivia em constante brusca por aprovação, mas depois que o pai o proibiu de ser o Robin, para ele era como se Bruce estivesse dizendo que ele era incapaz e inútil, isso simplesmente magoou o mais novo em proporções que o morcego nem imaginava.

Timothy precisava do Robin, sempre precisou, era o único jeito de ter total atenção do pai e ele o proibiu de vestiu a roupa, o proibiu de treinar, de sair em patrulha, tudo! Uma parte do menino entendia o porquê, mas a outro se corroía de raiva, por que Bruce tinha que ser tão injusto sempre? Será que ele não via?

Tim não sabia, mas Bruce se odiava por ter feito isso com ele e não ter conseguido deixar claro para o filho que não era sua culpa, e sim culpa do próprio Bruce. Diana nunca concordou com aquilo mesmo sabendo que o Wayne nunca deixaria o menino se machucar, ainda assim, avisou o morcego diversas vezes sobre o risco, alegando que Tim era muito novo para ir as ruas dessa maneira, mas não insistiu em resistir a decisão quando viu a animação no filho. Bruce era complexo demais, ela sabia disso e o filho não era diferente, na verdade, era uma cópia fiel do pai e isso a preocupava.

- Eu estou vendo-o! – Stephanie sussurrou sem tirar os olhos do pai que entrava no prédio a frente.

Apesar da raiva momentânea do irmão mais velho, Jason foi vencido por ele mesmo e mandou mensagem para Tim sair logo do prédio, pois, Bruce estava a caminho e o mataria ali mesmo se o visse lá.

- O que é aquilo? Eu não estou conseguindo ver direito – A loira reclamou e pegou o binoculo que Robin a entregou – São... armas?

- Armamento militar – Tim observou o caminhão parado na frente do local – Contei sete homens, tirando seu pai.

- Isso não faz sentido! Como ele conseguiu armamento militar?

- Ainda não sei, mas tenho palpi...

- “Robin! Se não quiser enfrentá-lo agora... – Barbará o interrompe – deixe a Wayne agora!”

- Por onde ele entrou? – Robin já calcula o todas as saídas possíveis.

- “Pela porta da frente” – O menino se assusta e faz sinal para Steph o acompanhar.

- Ele...?

- “Sim. Está aqui como B... – Tim pigarreia, sinal para Barbará não continuar – saída norte, dois seguranças, mas as outras estão piores e pelo menos é longe da entrada”

- “Afirmativo” – Tim concorda e encara mais uma vez o caminhão – Precisamos sair daqui.

- O que? Mas e o meu pai? – Spoiler o encara sem entender – Vamos simplesmente deixar ele ir?

- Não, claro que não! Mas precisamos sair daqui agora.

- Mas por quê? Você mesmo bolou o plano e agora quer desistir? – A loira insistia – Eu vim aqui prender meu pai!

- Stephanie por favor! Eu armei o plano e agora estou dizendo que a gente ir! – O desespero na voz do herói deixou a menina confusa – Vamos pegar o Arthur. Eu prometo!

- Okay, então...

Jackson sabia que a garota estava frustrada com a ideia de largar tudo dessa maneira, mas era o único jeito de fazer isso, caso contrário, Bruce o colocaria de castigo para o resto de sua vida e ele não conseguiria mais deixar a mansão Wayne escondido e Steph teria que ir atrás do Arthur sozinha. Isso não! Tim não se perdoaria se a loira acabasse se machucando, ainda mais agora... ele tem quase certeza de que Arthur se envolveu com o Mascara Negra, por isso o armamento.

Era um caso simples e der repente se tornou algo para o Batman. Jackson sabia disso, só não tinha coragem de admitir para si mesmo que precisava da ajuda do pai, era orgulhoso demais para isso.

- Vamos por aí – Ele abre uma porta que dá acesso as escadas – Vai da direto no estacionamento, se dermos a volta na quadra e entrarmos no prédio pelos fundos...

- Pegamos eles lá dentro – Spoiler completa e ele concorda – Ótimo! São quatro para cada e o meu pai é meu!

- Não! – A loira parou na sua frente e arqueou a sobrancelha – Você está muito envolvida, seu julgamento fica prejudicado.

- Isso é ridículo!

- Não importa – Tim se cala assim que saem do estacionamento.

Ele tinha um plano, era um ótimo plano! Porém, ele não contava com a participação de Bruce Wayne no seu enredo, Tim esperava no máximo o Batman, nunca Bruce. Mas agora não tinha como voltar, eles já estavam ali e essa era sua melhor chance.

- Oráculo, na escuta? – Robin chamou enquanto se escondia – Preciso que ache uma entrada alternativa.

- “Olhe para cima” – Babs respondeu e ele rapidamente obedeceu – “Esse duto de ar vai dar direto na sala em que eles estão negociando, mas Robin...”

- O que foi?

- “Chame o Batman, são muitos lá dentro e você não precisa enfrentá-los sozinho”

- Eu não estou sozinho – Tim desliga o comunicador e se põe a tirar a grade do duto – Vem atrás de mim.

Normalmente, Stephanie jamais aceitaria ordens tão facilmente, ela tinha um gênio difícil de lidar, Tim a achava impulsiva igual seu irmão, mas não podia compartilhar essas comparações com ela ou estragaria seu disfarce, já que Steph conhecesse Jason a alguns anos. Entretanto, a loira não se encontrava na melhor posição para contestar algo, Robin a salvou de quase morrer em meio a uma briga algumas semanas atrás, foi quando ele afirmou que só a ajudaria se ela o escutasse. Steph concordou sem pestanejar, ela nunca contaria isso em voz alta, mas sempre teve vontade de conhecer a dupla dinâmica de Gotham.

- ...o que o senhor pediu – A voz grossa de um homem se alastrou pelo prédio – Como o combinado.

- Está escutando? – Ela questiona – O que é aquilo? Parece estar brilhando...

- Droga... Isso é kriptoniano. Como eles conseguiram isso? – Tim tira a segunda grade e desce – Vem, precisamos nos esconder.

- Batman está de férias e mandou as crianças, foi?

BRUCE ON

Eu deveria ter imaginado que Jackson não ficaria muito tempo sem se envolver como Robin novamente, só não esperava que ele fosse ser tão irresponsável a ponto de tentar lutar contra mais de quinze homens sozinho, não gosto nem de imaginar o que teria acontecido se eu não tivesse chegado.

Não foi difícil descobrir os planos do meu filho sobre o caso Brown, quando Jason mentiu eu sabia que estava tentando proteger o irmão, bastou rastrear meu filho mais velho para saber quem tinha mexido no sistema da Torre Wayne, Tim geralmente faz isso sozinho, mas invadir o sistema da minha empresa é especialidade da Barbará e como ela ainda está com raiva... Bom, não foi difícil. Da mesma maneira que foi fácil descobrir quem era a pessoa atrás de Arthur Brown, sua própria filha e devo admitir que a garota tem talento, mas ainda é muito inexperiente para se arriscar nas ruas desse jeito, acredito que seja por isso que Jack está ajudando-a.

- Seu silêncio está me matando – Ignoro o comentário do meu filho e me concentro na estrada – Vai mesmo ficar aí desse jeito? Quieto?

- Sugiro que se cale antes que eu perca a minha última gota de paciência com você!

- Me calar? Pai, a gente já foi até a sede da liga e aos laboratórios S.T.A.R. em silêncio, a única que coisa que você fez desde que chegou foi franzir a testa e me encarar – Aperto o maxilar – Exatamente como está fazendo agora!

- Passou pela sua cabeça que eu estou tentando me acalmar e não te dar uma surra aqui mesmo? No meio da estrada – Tim baixa a guarda e volta a encarar o vidro da janela – Não quero discutir isso no carro e quando chegarmos, vai me entregar o uniforme.

- Mas pai... Por favor!

- Você conhece as regras – O corto sem paciência – E depois, vai me contar exatamente o que aquela garota sabe.

- Ela não sabe da gente – Ele murmura emburrado – Eu não sou idiota, está bem?!

- Nunca disse que é idiota, mas não podemos brincar quando o assunto é manter tudo em segredo.

- Eu não estava brincando!

- Não, estava tentando se matar pelo que vi – Paciência não é o meu forte – O que você tinha na cabeça, hein Timothy?! Ao menos tem noção do que poderia ter acontecido? – Altero o tom de voz – EU MANDEI FICAR FORA DAS RUAS!

- Você chegou e resolveu tudo, não? – Tim nunca aceita uma bronca em silêncio, sempre precisa responder com o seu grau de petulância habitual - Ficar pensando no que poderia ter acontecido não vai mudar nada, Bruce.

- Lógico que não vai mudar nada para você - Fecho a mão com força no volante - Não era você que teria que velar o filho. Por Deus, Tim! Será que não percebe que poderia ter morrido?

Quando cheguei na Wayne como Bruce minha entrada foi extremamente rápida, mas não o suficiente, pois, meu filho já tinha saído da minha sala. Porém, foi fácil descobrir por que ele entrou na minha sala com aquele descarregamento acontecendo em frente a empresa, aquilo era coisa do Máscara Negra.

Coloquei a roupa do Batman e fui até lá buscá-lo. Derrubei os seguranças da entrada e o motorista, vi Arthur arrancar com o carro assim que notou minha presença... Eu deveria ir atrás dele, é para isso que o Batman serve, mas não podia, não com Tim ainda lá dentro.

Quando entrei dentro daquele prédio vi meu filho e aquela garota em luta corporal com mais de quinze homens, não simples homens, pessoas treinadas para matar, usando armas e tudo. Joguei um batarang derrubando a arma apontada em direção a garota de roxo e assim notaram minha presença, fiz com que a maioria viesse para cima de mim e gritei mandando Robin sair, mas para variar, Tim se fez de surdo e continuou ali. Vi o exato momento que um dos capangas do Máscara Negra agarrou meu filho pelas costas e enquanto outro se aproximava, joguei uma granada de fumaça para sumir de perto dos que estavam na minha cola e então derrubei o que segurava o meu filho, mas o outro disparou em nossa direção e por reflexo agarrei Tim ao meu peito. Foi por muito pouco que o tiro não acerta seu rosto.

- Mas isso são ossos do...

- NÃO TIMOTHY, NÃO SÃO!!! - Me altero e vejo ele me olhar assustado - Eu treinei você, mas qual era a primeira regra? - Silêncio absoluto - Responda!

- Não me colocar em perigo - Meu filho murmura e volta sua atenção a mim - Eu sei que está bravo, pai, mas eu precisava ajudá-la.

- Isso não é desculpa! Poderia ter me contado e evitaria tudo isso - Me esforço para me acalmar, mas a adrenalina de horas antes ainda está correndo no meu sangue - Jack, eu não... Eu não posso perder você. Tem noção do filme que passou na minha cabeça naquela hora? Filho, eu sei que gosta disso tudo, mas para mim você é mais importante do isso tudo!

- Desculpa.

Não sou imbecil, eu entendo por que ele fez isso e é tudo minha culpa, nunca deveria ter o treinado, envolvê-lo nesse meu mundo. Diana tinha razão, mas me deixei levar por simplesmente gostar de o ter por perto.

Já estava de madrugada quando finalmente chegamos em casa, ninguém estava acordado mais, somente Alfred que como sempre só dorme depois que todos voltem para casa. Meu amigo estava na cozinha e se aproxima assim que nos vê entrando.

- Devo me preocupar? – Ele pergunta analisando Jack.

- Não, Alfred – Nego e apoio no balcão – Estamos bem, pode descansar. Eu cuido dele.

- Tenha um boa noite, patrão Bruce – Alfred passa mão no rosto do meu filho – Você também, mestre Jack.

Espero Alfred deixar a cozinha e volto toda minha atenção a Tim que não para de me encarar, como se esperasse alguma coisa. Pego uma bolsa de gelo no freezer e entrego a ele.

- Coloque no queixo, antes que fique roxo – Ele faz uma careta assim que encosta a bolsa no rosto – Tire esse uniforme, tome um banho e vá dormir, conversamos amanhã.

- Vai me fazer esperar para depois me dar uma surra? – Tim me olha indignado – Fala sério, pai! Briga comigo de uma vez, eu não aguento mais esse assunto.

- Você não aguenta mais? – Rio sem humor – Faça o que eu mandei, Timothy. Já esgotou minha paciência hoje!

- Como se você tivesse alguma... – Dou uma palmada no seu bumbum.

- Não me testa, filho! – Respiro fundo – Eu vou subir e ver o Jason, quando eu sair do quarto dele é melhor já estar na cama.

- Jason? Pai, não foi culpa dele!

- Sabe que o seu irmão deveria ter me contado a verdade assim que soube onde você estava se enfiando.

- Não briga com ele. Por favor! - Tim insiste - Ele nunca mais vai falar comigo se o senhor o castigar por minha culpa.

- E não pensou nisso quando colocou ele no meio?

- Por favor, papai! Eu sei que ele mentiu, mas foi porque eu pedi – Sua voz vem carregada desespero - Jay queria te contar toda a verdade quando descobriu, só não contou por que eu insisti que conseguia. Desculpa, ele só queria me ajudar.

- Tim...

- Droga, pai. Por favor, deixa ele fora disso.

- Vamos ver.