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História A Fila - A vida no acampamento - História escrita por MarteloDeAssis - Spirit Fanfics e Histórias
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História A Fila - A vida no acampamento


Escrita por: MarteloDeAssis

Notas do Autor


Dedicatória: 私はこの作品をジェムスモリアーチイと呼ばれたい友人に捧ぎます。

Crack, é o que vai ter nessa fanfic, muito crack ship.

Não aparecem todos os personagens no primeiro capítulo, eles vão sendo introduzidos nos subsequentes, mas já o plano de aparecerem.

Capítulo 1 - A vida no acampamento


— Mas isso parece um cortiço! gritou um transeunte ao cruzar o emaranhado de barracas ladrilhando a calçada por onde se perderam suas palavras.

Foi isto que enfureceu o delegado Ferid Bathory, contando notas enquanto esperava seu subordinado.

—Cacete, Aoba! Não terminou ainda?

—Esses foram os últimos, e com estas palavras o policial de longos cabelos azuis entregou, ofegante, mais um maço de notas para Ferid.

Ferid Bathory começara sua carreira na polícia de São Paulo a exemplo de seu pai. Desde jovem, acompanhava-o à delegacia e, por vezes, saía em patrulhas, que lhe mostraram um mundo cindido entre bem e mal. A lição de suas experiências foi clara: é preciso que seja feito o necessário para sobreviver.

Tornou-se um homem de muitas amizades e grande influência nas esferas mais altas de poder da cidade. Amigo do prefeito, chefe de boca de fumo e, sobretudo, delegado de polícia, Ferid galgou rapidamente os degraus do status e da riqueza. Depois de um tempo, e já com estabilidade, sua atuação se resumia a dar ordens e administrar seus negócios. Um deles era a manutenção da legalidade da fila, cinco meses antecipada, para o show do Justin Bieber.

—Ei, pivetes! Se alguém vier perturbá-los chamem-me, disse Ferid aos adolescentes, que se espalhavam pela calçada e se escondiam do sol ardente nas finas barracas de plástico, e voltou-se a seu assistente, Aoba. Vamos, já trabalhei demais hoje.

Aoba era ainda um jovem em seus 21 anos, seu foco era exercer bem sua profissão para poder ajudar sua família com as despesas. A convivência com Ferid vinha lhe condicionando a aceitar algumas realidades e, a esta altura, já não possuía dilemas morais quanto a propina. Pensava que era o que precisava ser feito para sobreviver.

O Jovem morava com sua avó de 85 anos e já não conseguiam se sustentar, pois a aposentadoria da senhora estava há meses sendo atrasada e o salário de policial era pouco. Contando de sua situação para Ferid, a Aoba foi oferecida a oportunidade de acompanha-lo em suas visitas matinais à Fila de que tomava conta. A princípio, Aoba estranhou o fato do delegado se referir a uma fila qualquer como “A Fila”, mas logo percebeu-a como algo realmente digno dessa atenção, era quase como um organismo com vida própria.

Além de recolher os pagamentos dos campistas, Aoba tinha a autorização de Ferid para vender coisas a eles, desde que repassasse parte de seus lucros para o delegado.

—Pode armar uma pequena quitanda se quiser, não me importo, mas pague-me metade do que lucrar, disse Ferid ao jovem, enquanto voltavam ao quartel numa tarde.

Daí em diante Aoba traçou uma meta: montar sua quitanda à porta do estádio onde ocorreria o show e onde começava a Fila. Nos dias seguintes passou a levar alguns pedaços de bolo caseiro e pão para vender aos poucos que podiam comprar. Não fazia nem uma semana que a Fila existia e Aoba já passara a aceitar favores sexuais como pagamento para algumas coisas, dentre elas fazer vista grossa para transgressões das regras de Ferid.

Essa era a vida nas ruas de São Paulo, mas ao menos o senso de comunidade era forte entre os campistas. Havia regras e prezava-se o respeito mútuo, coisas indispensáveis para sobreviverem naquele ambiente adverso.

—Ladrão! Ladrão! Ele desmontou minha barraca e montou a dele no lugar, gritou uma voz de dentro do labirinto de barracas e varais improvisados, esse moço roubou meu lugar!

Era Jean Valjean. Claramente o fã mais velho daquele acampamento. Sua barba denunciava a idade avançada, mas sua camiseta do ídolo, a que todos ali iriam assistir, revelava sua alma jovem.

—Quietos seus merdas! Bando de desocupados, vou chamar a polícia! uma voz gritou da janela, seguida de outras em coro.

—Mendigos!

—Desordeiros!

—Comunistas!

De dentro de uma tenda, segurando uma lata de milho em conserva semiaberta e quase vazia, Viktor Nikiforov, fã de carteirinha de Justin Bieber, surgiu aos berros. Sua briga com a vizinhança em defesa da Fila datava desde os primeiros dias de acampamento.

—Escuta aqui seu pivete mal comido, nós temos o direito de montar barraca onde quisermos! Se não gostou, pega um trator e passa por cima, recalcado. Viktor jogou a latinha de milho em uma das janelas das casas luxuosas na calçada oposta à Fila, ele já sabia exatamente com quem falava.

O alvoroço foi grande na Fila, muitos já estavam acostumados, mas os novos, que vinham de longe hospedar-se na barraca de seus amigos para cortar fila também, assustaram-se. Em questão de segundos a Fila lembrou um formigueiro sendo ameaçado, pessoas saíam freneticamente das várias barracas e juntavam-se à multidão em volta de Viktor.

—Hmpf! Façam como quiserem, mas não venham chorar à minha porta depois! Ciel Phantomhive, órfão herdeiro da fortuna de uma das maiores famílias da elite paulista, fechou a janela violentamente.

Paralelamente, uma roda se formava entorno de Jean Valjean, que levava colheradas de pau de Ken Kaneki e Naruto Uzumaki, responsáveis pelo almoço em suas respectivas barracas, mas que se não se contentavam em deixar o que Valjean fizera barato.

Fora Kuroko Tetsuya quem tivera seu lugar roubado. O menino baixo, magro e sem muita presença lutava para ser percebido na selva de pessoas bestializadas, que assistiam ao show de espancamento com utensílios culinários.

Essa era a diversão na Fila. Não havia muito o que fazer a não ser fofocar, brigar, cantar músicas do ídolo e conversar ao meio-fio olhando o trânsito da cidade. A bateria dos iPhones e Galaxies acabava rápido demais, usar o facebook era um luxo que poucos tinham. Todo dia lotavam a padaria dos Uchiha para usar a tomada, mas eram poucos os que conseguiam, pois Madara, o dono do estabelecimento, enxotava-os do lugar por não consumirem nada.

—Ei, Kuroko! Como você deixou esse cara roubar o nosso lugar?! Kagami Taiga, um rapaz alto e com o porte físico de um jogador de basquete, aproximou-se do baixinho, puxando-o pelo braço para fora da multidão.

—Desculpa, amor... Eu... Foram as últimas palavras de Kuroko antes de ser calado por um beijo de Kagami.

Num canto da calçada, um pouco afastado da grande concentração das barracas, um grupo se reunía entorno de várias bacias plásticas de água e uma caixa de sabão em pó.

—Nossa que dia quente... mesmo assim aquele povo não para quieto! Disse Jean Jaques Leroy, apelidado JJ, descamisado, torcendo as cuecas de seu marido e adicionando-as à pilha de roupas que iriam ao varal de sua barraca.

—Você deveria preocupar-se com essa sua roupa mal lavada ao invés de se meter na vida dos outros! Sasuke Uchiha, que fugiu da casa de seu pai, Madara, para entrar na Fila, esfregava com força um macacão laranja.

—E você é quem pra falar? Dúvido que não vá à padaria quando ninguém vê para pedir arrego para o papai. Fácil ser você né, amor? Hyuuga Neji tinha uma rixa com o Uchiha e não perdia a oportunidade de alfinetá-lo.

—Ei, vocês! Cheguem mais perto, ouvi uma fofoca quente! Parece que o Viktor Nikiforov está saindo à noite para encontrar um cara... pelo que me falaram ele vende amendoim no trem e se chama Aomine... Yuri Katsuki cochichou para os que estavam em volta dele ouvindo atentamente.

Viktor Nikiforov era um ídolo da Fila, talvez o segundo, atrás apenas de Justin Bieber. Seu carisma era enorme, todos o adoravam, desde os solteiros aos comprometidos, dos mais novos ao Jean Valjean.

Viktor costumava andar bastante de patins com seus amigos na rua de sua casa antes de entrar para a Fila. Por vezes reunia um grupo grande de fãs para assistirem-no patinar na rua de madrugada. Yuri Katsuki era provavelmente seu maior fã, mas tinha medo de demonstrar por que a concorrência era pesada.

—Ahh esse homem na minha cama... JJ gemia em voz alta enquanto torcia cuecas.

—Espera até o Otabek saber, seu sem vergonha! Neji fingiu ameaçar JJ, mas logo abriu uma risada sarcástica.

Neji fora o último a entrar para a Fila. Ficou sabendo do acampamento por meio de seu amigo Saiki Kusuo, que pegou um dos primeiros lugares da Fila. Como a barraca de Saiki já estava lotada, Neji teve que armar uma sozinho. Também não tinha muito dinheiro, não teve como pagar a propina a Ferid e acabou tendo que oferecer-se a Aoba Seragaki, o assistente do delegado, para que fizesse vista grossa e não o denunciasse para seu superior.

Toda semana havia uma noite em que a vida fervilhava na Fila. Queimava-se jornal catado no lixo para fazer uma fogueira, entorno da qual organizava-se um grande luau que atrapalhava a passagem dos poucos carros que passavam por lá. Todos se divertiam assando marshmallows, comprados com o dinheiro que os pais lhes davam para sobreviver, e tirando selfies para atualizar a foto de perfil do Facebook. Era um momento especial e muitos deixavam os celulares desligados por dias só para terem bateria nesse momento.

Não era raro que nesses dias de luau a entrada da garagem de Ciel Phantomhive ficasse obstruída. O jovem magnata morava sozinho com seu mordomo, Sebastian Michaelis, e não tinha amigos, apenas uma rixa com seu vizinho, Alois Trancy, e com Ferid Bathory e sua Fila.

Andava de Rolls-Royce e comia em restaurantes chiques à noite, sozinho. As vezes acompanhava algum editor de jornais de respeito, como a Folha de S. Paulo e o Estado de SP, para conversar sobre problemas sérios da cidade e discutir assuntos para o editorial dos jornais. Ciel era muito respeitado e influente, já havia sido convidado, inclusive, para escrever um artigo nos jornais a respeito da Fila em frente à sua casa, nos quais, para seu deleite, pôde destilar todo o veneno contido em seu coração. A repercussão foi grande, mas havia autorização do prefeito para que a Fila se mantivesse.

O bloqueio da garagem de sua casa era intencional e ele sabia que não era fruto apenas de pirraça dos campistas, mas de Ferid Bathory também. Houve um episódio, nos primeiros dias da Fila, em que tiveram uma conversa em sua casa.

—Delegado Ferid, bem-vindo! Disse Ciel recebendo o homem em sua sala, que fora guiado pelo mordomo Sebastian da entrada ao aposento.

—Sr. Phantomhive, é um prazer ter sido chamado à sua residência. Curvou-se levemente mostrando respeito o delegado e, logo em seguida, sentou-se no lugar que Sebastian lhe indicava.

—Gostaria de registrar uma reclamação formal a respeito daquela balburdia em frente à minha casa. Por favor, mobilize seus homens e desfaça aquela pouca vergonha. Ciel Phantomhive foi direto ao assunto.

—Impossível, devo dizer, é totalmente legal e tem aval do prefeito. Ferid negou educadamente, mas mostrando um leve desconforto com o assunto.

—Pois faça algo! Não aceito que continue, isso está atrapalhando minhas vendas. Você deve saber que tenho uma empreiteira de renome e vários dos edifícios aqui foram construídos por mim. Já perdi várias vendas por conta dessa fila que mais parece um cortiço! Bradou furioso o pequeno empresário, mas Ferid não se abalou e abriu um sorriso.

—Desculpe, mas não estou inclinado a cooperar com o senhor, essa situação me favorece de certa forma. Agora, se me permite, tenho que receber alguns impostos dos campistas. Obrigado por seu tempo. Ferid acenou para Ciel enquanto pegava seu casaco no mancebo e fez seu caminho à saída da casa.

Foi assim que toda a guerra havia começado. Ciel revidou fazendo denúncias de Ferid à secretária de segurança pública, mas foi tudo em vão, pois, o delegado tinha contatos fortes lá dentro. Tentou, em seguida, os jornais, mas Ferid era imune ao descontentamento público, ainda mais de uma parcela reduzida da população. Isso, entretanto, motivou Ferid a cooperar mais ainda com o afronte que os moradores da Fila faziam a seu vizinho rico.

Ferid costumava divulgar nas bocas de fumo que administrava os dias em que haveria festas na Fila, isso mobilizava um grande número de carros de porta-malas abertos tocando funk, que se reuniam próximos à Fila para agregarem-se à festa. Nessas noites Ciel não conseguia dormir e socava seu travesseiro frustrado. Por outro lado, era nessas noites que os fãs estendiam pôsteres do Justin Bieber no chão e dançavam rebolando até tocarem a bunda no colo da imagem do ídolo, no chão.

Essa era a vida na fila do show do Justin Bieber, um grande fervilhar de personalidades e paixões que ardem com o fogo da juventude e com o estresse do calor escaldante do verão.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado :D

A atualização será semanal e o próximo capítulo já está no forno.


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