O sagitariano olhava indiferente para o casal, tentando demonstrar que não se importava.
— Parabéns, Saga.
— Obrigado. — O geminiano olhou para Camus e preocupou-se com o seu silêncio. — Você deve estar com fome, vamos pedir alguma coisa?
— Sim. — Sorriu tentando ser agradável.
Saga seguia em direção ao balcão do quiosque, quando foi interrompido pela indagação de Aiolos.
— Onde está o Milo?
— Está preso. — Kanon foi mais rápido.
— O que ele fez pra isso?
— Milo estuprou o Camus, Aiolos. — Virou - se sério para o ex. — Eu como Patriarca, não podia deixar isso ficar impune.
— Como é, Saga? — Riu de forma sarcástica, surpreendendo a todos — Como você pode ser tão hipócrita?
— Hipócrita? — Aiolia olhava para o irmão sem entender seu posicionamento — O Milo cometeu um crime, Aiolos.
— Acho injusto. — Pontuou sério — Eu não quero jogar nada na cara de ninguém, mas a maioria aqui já cometeu crimes bem pesados e nem sequer foram presos. — Desafiava Saga com o olhar.
— São situações bem diferentes. — Saga defendeu - se.
— Pois é, para que lembrar do que já passou? — Camus encarou-o com raiva.
— Liga não, cunhado. — Kanon debochou — Ele tá putinho porque meu irmão não está mais disponível para ele!
— Saga, Camus e Kanon… — O irmão de Aiolia notou que Shura segurava a mão de Kanon e ironizou — E Shura! Que quarteto santo, não?
— Para com isso, Aiolos! — Aiolia pediu irritando ainda mais o irmão.
— Parar? Eu fico impressionado em como vocês deixaram isso acontecer. — Olhava para todos com raiva — Saga cometeu um crime gravíssimo e ninguém o prendeu. Kanon, nem se fala! Shura e Camus também não ficam atrás! Por que o Milo tem que ficar preso? Ele não merece perdão também?
— Ah, pronto! Um defensor do Milo! — Afrodite revirava os olhos.
— Atena me perdoou. — Saga disse sem encarar o ex. — Talvez não saiba, mas eu paguei por tudo da forma mais cruel e dolorosa que um ser humano pode ser punido. Eu sofri de uma forma que não desejo para ninguém.
Notando a aura hostil do namorado, Camus segurou Saga pelos ombros preocupado.
— Saga, não se deixe levar. Olha pra mim… Eu tô aqui. — Olhava-o nos olhos tentando não deixar que fosse dominado por sua personalidade maligna.
— Que lindo! — Aiolos exalava ciúme — Eu não vou aceitar isso. Shion, faça alguma coisa! — Exigiu encarando o ariano que apenas suspirou.
— Eu não tenho o que fazer… — Shion falava calmamente — Saga não está errado em ter prendido o Milo. Ele apenas zelou pela segurança de todos e, principalmente, pela de Camus. Se o Milo chegou a esse ponto, deveria estar muito desequilibrado. — Concluiu.
— E se ele se arrependeu? Todo mundo pode se redimir livre e ele não?
— Se ele for solto, isso dará liberdade para qualquer um se sentir no direito de fazer coisas erradas, tendo esse exemplo como argumento.
— Eu já entendi.
Aiolos olhou mais uma vez para todos e saiu irritado, deixando o grupo incrédulo com suas atitudes.
Camus puxou Saga para uma mesa, onde sentou-se ao seu lado preocupado.
— Você está bem?
— Sim. — Olhou para o ruivo e sorriu, acalmando-o — Parece que o destino sempre arruma um meio de tirar nossa paz, não é?
— Nós somos fortes, vamos superar mais essa. — Disse confiante.
— Camus… — Olhou-o nos olhos — Eu te amo e quero ficar com você de verdade. Não vai ser Aiolos e nem Milo que irá me impedir.
— Saga… — Se sentiu mal ao lembrar do beijo na cela — Eu quero ficar com você, mas eu preciso te contar uma coisa.
— Diga.
Surpreendido por Kanon e Shura, Camus preferiu deixar para depois. Era um assunto delicado e queria estar a sós com o namorado para ter aquela conversa.
— Não quero atrapalhar vocês, só vim ver como você está, Saga. — Kanon agachou ao lado do irmão observando-o.
— Estou bem, não se preocupe. — Sorriu.
— Nossa ligação é tão forte que se mexerem com você, mexeu comigo. Eu só não dei na cara do Aiolos para evitar uma confusão e te tirar do controle.
— Obrigado, Kan. — Abraçou o irmão com carinho.
— A gente veio para relaxar e não consegue, que ódio! É problema atrás de problema! — Kanon levantou passando as mãos no rosto irritado.
— Verdade. — Shura riu do namorado — Por que não saímos nós quatro para espairecer um pouco a mente? Programa de casais, topam?
— Eu topo.
Camus foi o primeiro a se pronunciar, surpreendendo Saga que alegrou-se.
— Se o Camus quer, eu não vou recusar.
— Fechado. Vou perguntar Aldebaran se ele sabe de algum lugar romântico. Hihi!
— E que não tenha só bebida. — Riu da careta que o irmão fez — Não somos cachaceiros como você!
— A vá! Pra cima de mim não, reflexo! — Saiu rindo acompanhado de Shura, deixando os dois novamente a sós.
— Acho muito legal essa amizade sua com o Kanon. — Camus puxou assunto — Vocês se dão tão bem.
— Nem sempre foi assim.
— Eu sei, mas é linda a ligação de vocês.
— Só não é mais linda que a nossa. Eu te conheço muito bem. Sei quando está bem ou não.
— Nunca fomos tão próximos assim… — Encarou o grego desconfiado que riu.
— Isso é o que você pensa. Apesar de você nunca ter me dado confiança, eu te observo desde que era pequeno.
—...
— Camus… — Segurou a mão do aquariano com amor — Desde que chegou, que eu tenho um sentimento por você. Me lembro como se fosse hoje quando te peguei no colo e te levei para Shion todo acanhado. Eu tinha um carinho especial por você. Não podia estar muito presente em sua vida devido às minhas obrigações, mas mesmo de longe, eu sempre te observei. Te vi crescer, lógico, sempre ao lado do Milo que não te deixava em paz, mas vi… Acompanhei cada detalhe, cada evolução, até você se tornar meu maior orgulho, admiração, e por fim, meu amor. — Sorriu emocionado ao ver os olhos de Camus brilharem.
— Saga, eu preciso te dizer uma coisa. — Disse tenso.
— Diga, meu amor.
— Eu odeio mentiras e não posso esconder isso de você. — Olhou-o e respirou fundo, criando coragem — Eu beijei o Milo na prisão.
— Não, ele te beijou.
— Como sabe? — Surpreendeu - se.
— Eu vi. — Sorriu — E apostei com o Kanon que você me contaria. — Concluiu orgulhoso.
— O Kanon sabe? — Camus estava envergonhado.
— Sim, pedi para ele manter sigilo. Quando vi, liguei para ele e contei. Precisava desabafar com alguém, não vou mentir, não foi fácil pra mim.
— Desculpa… — Abaixou os olhos tristemente.
— Eu vi tudo pela câmera, mas até que me surpreendi. Você não correspondeu ao beijo e não terminou comigo.
— Eu não sei o que dizer…— Voltou a olhar o geminiano se sentindo culpado.
— Camus, presta atenção. — Segurou ainda mais forte suas mãos — Eu sei que você está confuso e é normal. O Milo foi seu primeiro amor e seu único namorado até eu chegar. Eu entrei nessa história sabendo disso, mas eu prometi para mim mesmo, que iria tentar te conquistar e, só o fato de você não querer desistir de tudo depois daquele beijo, já me faz vitorioso.
— Saga… — Olhava para o gêmeo encantado, não conseguindo evitar um sorriso.
— Vamos virar essa página e recomeçar aqui e agora?
— Vamos.
Saga levantou do seu lugar e foi até Camus, beijando - o inesperadamente, causando um certo alvoroço no restante do grupo, que observavam a cena boquiabertos.
— Acho que agora não resta mais dúvidas que você perdeu essa. — Riu.
— Lá vem você de novo com esse negócio de Saga, Mu? Eu não estou nem aí para o Saga! — Irritou-se.
— Saber perder é algo extremamente importante. — Olhava o loiro de soslaio querendo rir.
— Você está puro veneno, Áries! — Olhou para Mu que gargalhou alto.
Aos poucos foi se recompondo e quando finalmente conseguiu parar de rir, voltou a falar, tentando não rir da cara emburrada do virginiano.
— Aliás, o que queria falar comigo?
— Eu queria saber por que está me tratando tão mal. — Evitava olhar para o amigo, mantendo os olhos fechados.
— Mal? Eu só não estou mais te importunando, Shaka. Você é uma divindade, não pode se misturar com os humanos. Deveria morar numa redoma. — Falou sério, mostrando-se magoado pelo tom de sua voz.
— Mu! — Segurou o rosto do ariano assustando - o — Você quer sair comigo hoje?
— Que? — Não acreditava no que tinha acabado de ouvir.
— Eu não vou repetir, você ouviu.
— Tudo bem. — Respondeu no susto com os olhos arregalados — Para onde vamos?
— Bom, eu não sei, não conheço nada aqui. — Afastou-se sem graça.
— Entendi. — Recostou no encosto da cadeira, tendo uma vista melhor do loiro — Bom, espero que eu não me arrependa de cancelar meu compromisso.
— Compromisso? — Shaka abriu os olhos enciumado.
— Eu iria sair com o Aldebaran, mas como fui chamado para um evento extraordinário, ele vai entender. — Falava com um sorriso irônico nos lábios — Relaxa, eu saio com você.
— Me espere às dez.
— Dez da noite? — Admirou-se. — Tudo bem.
— Por que o espanto?
— Nada. — Olhava para o indiano e teve vontade de beijá-lo, mas mudou de ideia, não iria se render — Eu vou escolher uma roupa.
— Por que me olha assim?
— Não é nada, só estava reparando como você parece a Barbie.
— Que absurdo!
— Uma Barbie linda por sinal…
Mu sorriu e deixou Shaka abobado olhando para a mesa , o que não passou despercebido por Afrodite, que logo comentou:
— Shakira tá amando! Haha!
Shaka ignorou e ele continuou falando, mas mudou de assunto, olhando sério para Aiolia.
— O que houve com o seu irmão?
— Não sei. — Estava preocupado — Nunca vi ele com tanto ódio.
— Nem eu. — Shion comentou — Aiolos sempre foi tão doce.
— Acha que ele pode estar armando alguma coisa? — Dohko perguntou dando um gole generoso em sua cerveja.
— Eu não sei. — Shion falava pensativo — Só sei que estou com um mal pressentimento.
— Sai dessa! Vou te animar! — O libriano aproximou o rosto bruscamente, fazendo com que Shion quase caísse da cadeira — Vou te levar para dançar um forrozinho!
— Que? Eu não sou maluco! — Empurrou - o e olhou para Seiya e Aldebaran cantando em um karaokê — Essa vergonha eu deixo pra vocês.
“ Uai, não era eu que não prestava?
Uaaaaaaai, não é você que não me amava?
Uai, se eu fui um nada pra você
Uai, 'cê quer voltar pra quê? (Vem, vem)
O pessoal gritava e pedia mais, encorajando os dois cavaleiros a continuarem cantando.
— Já que vocês pediram, aí vem mais!
Seiya falava animado ao lado de Aldebaran, enquanto os bronzeados caíam na gargalhada.
Um pouco afastados, mas também se divertindo com o som, Saga e Camus trocavam risadas e beijos, não escondendo de ninguém o quanto estavam felizes.
— Meu amor, eu vou ter que dar uma saída, prometo que não demoro, se importa? — Saga perguntou.
— Claro que não.
Olhou em volta procurando Kanon e logo o encontrou agarrando Shura atrás de um coqueiro. Balançou a cabeça e riu, gritando - o em seguida:
— Kanon! — Ele olhou e Saga fez sinal para que se aproximasse, se dirigindo rapidamente ao francês em seguida — Vou lá, te amo!
Beijou a cabeça do aquariano e correu de encontro ao irmão completamente feliz.
— O que eles vão fazer? — Shura sentou à mesa com Camus já que também havia ficado sozinho.
— Não sei.
— Hum. Saga estava numa felicidade danada. Aquele homem gosta de você de verdade, Camus. Eu nunca vi ele tão radiante.
— Pelo jeito você também está…
— Ah, estou feliz mesmo. Kanon é maluco, mas tem suas qualidades. — Riram.
— Imagino.
— Vem cá…Cadê aquele maluco do Aiolos? O que foi aquilo, hein?
— Acho que ele não gostou de me ver com o Saga, acho que presenciamos uma crise de ciúmes.
— É, também acho.
Já distante da praia, Saga e Kanon procuravam desesperadamente por uma loja de jóias.
Animaram-se ao encontrar uma, mas para a infelicidade de ambos, estava fechando.
— Eiiii! Fecha não, mulher! Espera aí! — Kanon segurou a porta impedindo que a funcionária a fechasse — Por favor, moça!
— É um assalto! — A mulher gritou amedrontada.
— Não… — Saga interferiu — Peço desculpas pela forma que meu irmão te abordou, mas só queremos comprar um anel.
— Um não, quatro. — Kanon corrigiu.
— Nossa… — Olhava admirada para os belos homens — Vocês são gêmeos? Entreolharam-se com a pergunta óbvia e ignoraram, respondendo educadamente.
— Sim.
— Como vocês são lindos!
— Obrigado. — Kanon sorriu convencido — Então, vai deixar a gente ver os anéis?
— Qualquer anel que vocês quiserem… — Falou com malícia fazendo Saga enrubescer e Kanon sorrir maliciosamente.
— Mostre-nos… — Saga corrigiu rapidamente ao notar o olhar da mulher — Digo, os anéis da vitrine.
A vendedora pegou o mostruário deixando exposto sobre a bancada, para onde os gêmeos olhavam indecisos.
— Queríamos um anel de compromisso…
— Vocês são comprometidos… — A mulher disse desanimada. — Acho que esses são ideias.
Mostrou alguns anéis de prata, aguçando a curiosidade dos dois.
Os gêmeos discutiam qual escolheriam, sob olhos cobiçosos da moça que não parava de admirá-los.
— Vamos levar esses quatro — Kanon apontou para as finas alianças de prata — Quanto fica?
Após calcular no próprio celular, ela disse :
— Fica em dois mil reais.
— Como é? — Os dois disseram chocados.
— Esse é o valor, são alianças duradouras.
— Não rola nem um desconto? — Kanon tentava negociar.
— Bom, pela beleza de vocês, eu faço por mil.
— E se eu te der um beijo? — Kanon sugeriu deixando Saga incrédulo.
— Aí é de graça…
— Olha, eu vou te dar um beijo no rosto. — O mais novo disse orgulhoso.
— É só ele, eu não. — Saga tirou o corpo fora.
— Aiiii! Eu quero!
Kanon deu um beijo no rosto da mulher saindo satisfeito com o embrulho em suas mãos. Saga ainda não acreditava no que tinha acabado de presenciar, mas admitia, que tê-lo chamado, acabou sendo um bom negócio.
— O que a gente não faz quando se está apaixonado… É cada sacrifício…
— Pois é, Kanon, muito sacrifício…
Transbordavam felicidade, até Kanon se dar conta de algo importante.
— Saga, precisamos correr! Temos um jantar para ir! — Falou com olhos arregalados.
— Verdade! Partiu!
Santuário, Grécia
— Milo!
O grego olhou desconfiado para o corredor escuro e quase infartou ao ver quem era.
— Nossa! Eu tô ficando maluco, até fantasma estou vendo! — Falou com a mão sobre o peito.
— Que fantasma. Eu tô vivo! — Esticou o braço para que o outro pegasse.
— Como é? — Milo tocou receoso, ainda não estava convencido.
— Atena me deu uma segunda chance, como também deu pra você.
— Do que você está falando?
— Digamos que ela tinha uma dívida comigo por ter salvado sua vida quando ainda era um bebê.
— Aí você foi lá e pediu para me soltar.
— Isso.
— Ela já fez muito por mim, reconstituiu meu…Você já deve saber….
— Que horror, Milo! Vê se agora não perde mais ele. — Riu.
— Tá, mas em troca de que você quer me soltar? — Olhava desconfiado para o sagitariano.
— Justiça. Milo, um monte de gente fez merda e ninguém foi preso, por que só você tem que ser?
— Sei não. Eu prometi ao Camus que iria cumprir minha sentença, não quero errar mais, Aiolos.
— E vai deixar Saga tomar ele de você? Eles estão tão felizes juntos que não duvido nada que daqui a pouco vão querer casar!
— Casar?
— É.
— O que quer que eu faça? Eu prometi que iria mudar, Aiolos!
— Precisamos separar aqueles dois.
— Como?
— Você é inteligente, tenho certeza que saberá o que fazer. — Abriu a cela e olhou para o grego — Topa?
— Eu topo!
— Agora vai lá tomar um banho e volta a ser o Milo irresistível de antes.
— Você tem algum plano?
— Eu tenho você, Milo! É simplesmente tudo que preciso.
— Tá bom, Aiolos, para ter o Camus de volta eu faço qualquer coisa.
— Isso! É assim que se fala!
Continua…
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.