Gosto e Sabor são coisas distintas. O gosto se limita somente ao sentido do paladar, que envolve a boca e seus anexos. O sabor é reconhecido pela combinação de dois ou mais sentidos, como o paladar e o olfato trabalhando em conjunto para a degustação do sabor. Sheldon tem esse fascínio nos beijos de Judy por causa dessa combinação. Gosto e Sabor. Alguns são doces, outros... amargos.
XXX
– Você está sujo, Sheldon!
Judy ria baixo enquanto limpava o queixo do parceiro. Sheldon estava tímido, pois havia deixado cair um pouco do que comia de sua boca quando Judy comentava sobre a filmografia de George Lucas.
– Perdão, eu me distraí!
– Sem problemas, eu... – Judy empacou no meio da frase ao reconhecer uma juba de cabelos ruivos avermelhados – Ah não, não creio nisso! – Ela declara um tanto irritada.
Benjamim havia notado que sua cliente observava a mesa em que estava e se encolheu. Jack e Jane estavam rindo um com o outro, sem perceber nada. Jane não viu nada “abusado” em Sheldon e resolveu curtir o jantar, sentia falta de seu irmão, a vida adulta era muito corrida para ela. Mesmo com namoricos e encontros, ainda se sentia sozinha. Os homens se intimidavam com ela (e ela mesma não abria brecha para algo mais profundo ou íntimo). Sheldon acompanhou o olhar da amada e também se surpreendeu com a presença dos irmãos ali.
– Oras, não imaginei que seus irmãos viriam também, senão teria oferecido carona! – Sheldon comenta de forma inocente. Como ele havia gostado de Jack, não via maldade e nem se sentia desconfortável agora na presença dele.
– Confesso que nem eu imaginaria tamanha petulância deles, Shelly! – Judy estava irritada. Sheldon soltou um suspiro. Não gostava de vê-la daquele jeito. Esse encontro era pessoal, e Judy começava a se magoar com isso. Seja com o protecionismo de Jane e a bisbilhotice de Jack. E para ela, esse encontro tinha tantos significados... Dar um passo em frente depois do que lhe aconteceu, seja em New Jersey ou até mesmo em Pasadena!
Ela se sentia injustiçada. Amava os irmãos, mas ela sabia se virar sozinha. Ela tinha escapado de um ataque! E ela nunca tinha saído em festas com os irmãos para vê-los em seus flertes. Não era justo! Fora que, ela ainda teria que se virar com os boatos que Penny poderia fazer.
Isso era algo que ela não entendia. O que tinha feito para irritar tanto Penny?
– Posso fazer algo? – Sheldon se prontifica. Qualquer coisa para vê-la sorrindo de novo. Ela o olha de forma intensa.
– Vamos fugir! – Fugir?! Mas e a conta?! – Sheldon se assusta enquanto ver Judy escanear o lugar com seus olhinhos ávidos.
– Sei que o nosso chofer vai dar um jeito nisso! – Judy ri consigo mesma enquanto pega o pager e digita uma mensagem: “Avise ao meu irmãozinho que essa bisbilhotada vai custar caro! Ele pagará a conta!”. Ela envia e se levanta.
– A dama já vai? Não gostou de nosso cardápio? – O Signore Mario aparece um tanto preocupado ao ver no rosto de Judy uma feição determinada. Sheldon corou e admirou aquela face. Ele tinha se encantado desde o primeiro contato com aquela feição. Na loja de quadrinhos, ela tinha feito o mesmo rostinho. E agora, sabendo do que passou, ele conseguia entender um pouco o motivo daquilo.
– Pelo contrário, estava tudo divino. Só vim avisá-lo que em outro momento virei com mais fome ainda. Minha companhia e eu, claro! – Judy sorria abertamente. Ela tinha mesmo gostado da comida – E quando eu estiver melhor, também! – Ela riu sem graça ao mostrar o braço. Meu irmão, que se encontra ali naquela mesa – Judy sutilmente acena para a direção – Irá pagar a conta.
O italiano iria questionar quando Benjamim apareceu ao seu lado. Jack e Jane estavam absortos no telefone, provavelmente vendo o tinder ou algo assim. – Boa noite, é... A minha mesa se prontifica a pagar a conta do casal... – Ben concordou, resignado. Depois ele explicaria para o seu contratante. (E estava triste, talvez Jack ficasse bravo e nem lhe daria uma chance).
– Tutto buono! Lhe esperarei ansioso, minha querida! – Mario sorri e aperta a bochecha de Judy, que ri. Sheldon sente Judy lhe pegar pela mão, lhe incentivando a levantar enquanto Ben voltava a mesa, ajudando a distrair Jane durante a fuga do casal.
Sheldon estava bravo. Seu planejamento estava comprometido. Como a levaria para um passeio agora, sem carro?! Judy ria bastante.
– Conseguimos! Fugimos deles! – Ela estava radiante, literalmente aos pulinhos enquanto comemorava! – Bem-feito! Enxeridos! – Ela comentou dando a língua para o ar. Sheldon suspirou, um tanto cabisbaixo.
– Mas agora... o que faremos, coelhinha? – Sheldon estava deprimido. Queria e planejara algo tão perfeito. Digno dela. Ela o abraçou.
– Quer tomar sorvete?! – Ela aponta para uma sorveteria perto de onde estavam. Ele deu de ombros.
– Talvez, eu... Não sei... – Ele estava muito, muito chateado. Queria exasperar, mas sabia que não era culpa dela. Ele respirou fundo. Sua mãe tinha comportamentos assim, protetores demais. Então, ele deu de ombros. Ainda era compreensível.
– Vamos! – Ela ria enquanto ainda o puxava pela mão. Ele lembrou de que ela tinha feito algo parecido no shopping. Resignou-se. Chegaram ao local e sentaram-se nos bancos perto do balcão.
– Boa noite, casal... Acho que erraram de lugar, a Trattoria é do outro lado da rua e... – A garçonete riu sem graça ao vê-los tão elegantes. Judy sorriu para a mulher, a fim de tranquilizá-la, já que Sheldon ainda estava um tanto irritado.
– Boa noite! Gostaria de uma banana-split tripla, de chocolate, com bastante calda e amendoim! Por favor!
– Certeza? – A garçonete morena olhava Judy com curiosidade, agora. “Meu Deus, será uma rica excêntrica? Devo me preocupar?”
– E um milk-shake de morango também, por favor. Grato – Sheldon saiu do torpor. A garçonete deu de ombros e foi realizar os pedidos.
– Não é justo! – Sheldon externou sua frustração. Judy concorda solene.
– Eu sei, Shelly... Mas não me sentiria bem com eles nos vigiando. Sabe, depois do que passei, entendo que eles estejam mais protetores ainda. Porém, é injustificável tamanha invasão de privacidade.
– Compreendo agora, mas a incrível coincidência de nossos encontros não seguirem da forma que planejamos está se tornando tragicômica! – Ele suspirou pesado. Ela sorriu.
– Bom... Eu até que gosto! – Ela deu uma risadinha enquanto pegava as colherinhas do balcão e organizava por cores frias e quentes – O inesperado, a emoção! Fugir do restaurante me animou igual aos filmes do Indiana Jones! “Pãpãpãpãããã-tãtãtãããã” – Ela cantarolou a música tema, fazendo Sheldon sorrir. – E outra, levando em conta as infinitas possibilidades de nossas vidas, era infinitesimal a chance de nos conhecermos! E olha só, estamos aqui tomando sorvete! – Ela arrumou o cabelo – E lá vem o nosso pedido! – Ela comemora ao ver a garçonete equilibrando os pedidos na bandeja.
– Aqui estão, aproveitem e bom apetite! – A garçonete foi simpática, talvez o casal lhe desse uma generosa gorjeta por isso. Judy aproximou os dedinhos das mãos, eufórica!
– Então, eu fico brava com a interrupção? Claro, não sou tão boazinha assim. Mas, estando com você, tudo bem! – Ela encerra comendo uma generosa colherada de sorvete – Quer um pouquinho? – Ela oferece, Sheldon recusa.
– Morango e chocolate não fica tão bom... – Ele suga o canudinho, enquanto Judy ri.
– Redondamente enganado, Cooper! Morango com calda de chocolate é uma delícia!
– AHÁ, com calda! Não como sorvete e milk-shake.
– Quer apostar? Dê-me um gole do seu milk-shake, vou te provar que... – Judy riu e se aproximou do copo, com a boca entreaberta e a ponta da língua para fora. Sheldon petrificou no lugar, aquela cena era hipnotizante. Era algo comum, simplório. Mas aquele gesto acendeu nele um instinto estranho. Sensual. Engoliu em seco.
(Sluuurp)
Judy sugava o canudinho de olhos fechados enquanto Sheldon ainda observava. As reações fisiológicas de seu corpo por conta de Judy estavam se tornando mais corriqueiras, e cada vez menos racionais. Era a porcaria de um milk-shake! Como ela tornava tudo sedutor? Uma coisa tão simples quanto o ato de sucção?
– Viu? Agora vou pegar uma colher do meu sorvete e... Ah, caiu uma gota no meu...
Sheldon observou a gotinha do líquido cair na parte exposta do colo da garota, e de forma instintiva, levou o dedo ao local. Sem lenço, sem permissão. Judy tremeu, seja com o gelado na pele, seja pelo contato do dedo delicado em seu colo. Sheldon aproximou o dedo aos lábios. Lambeu devagar, sem quebrar o contato visual agora com aqueles orbes esmeraldinos. Judy suspirou, um tanto desconcertada. Perdera a fala. O ar estava pesado. Não era algo invasivo, nem algo ruim (não era nada, comparado ao que acontecera no quarto mais cedo, na verdade), mas aquilo... Aquele olhar... Judy achava excepcionalmente excitante. Sentiu um leve formigamento em suas partes baixas.
– HÁ!
Ela tapou a boca com a mão boa logo que a risada extremamente alta saiu dela. Sheldon se assustou, tanto com o ruído, quanto com a quebra de contato ocular. Porque ele só percebeu que a admirava quando acabou. Ele soltou um risinho baixo, coçando a bochecha.
– O que houve, um inseto lhe picou? – Sheldon perguntou um tanto tímido. Judy balançou a cabeça, de forma negativa.
– Estou sentindo coisas estranhas quando você me olha. Ou me toca – Ela respondeu rápida, para logo depois olhá-lo de forma assustada. Ela voltou a encarar o balcão. Sheldon também se assustou, gostava e muito da sinceridade dela, mesmo que não estivesse pronto para isso sempre.
– Hum... Coisas... Como assim? – Sheldon queria saber, tinha medo de ser sentimentos ruins, ou reações corporais ruins. O que era compreensível, levando em consideração o que ela passou. Judy comeu mais um pouco do sorvete.
– Coisas... Coisas que eu acho que sentimos quando gostamos de alguém. Fisicamente falando. Entende? – Ela volta a olhá-lo, mas agora de esgelha, de forma insegura. Ele encara o olhar, de forma pensativa.
– Não muito... – Sheldon responde e Judy suspirou. É claro que ele não saberia, quando ela teve a mesma “reação” e desandou a rir dentro do banheiro, ele estava dormindo em seu quarto.
– Como lhe falei no elevador, estou atraída por você. Antes era seu intelecto, sua personalidade desafiadora, e é estranho, porque não nos conhecemos direito. Mas agora... Meu corpo tem, ele faz... Hum... Ai! Sinto... certos, formigamentos, sabe? – Judy confessa aos sussurros, olhando para ver se a garçonete não surgiria. Sheldon engasgou enquanto tomava a bebida.
– Ah, formigamentos... sim... Compreendo. – Sheldon corou como nunca. Então era normal ele também sentir. Se ela sentia, ele poderia sentir.
– E eu sei que conversamos sobre isso mais cedo, mas ainda é algo irracional para mim. Não senti isso antes, e olha que eu como chocolate de forma alucinada.
– E o que há isso a ver com os... “formigamentos”? – Sheldon perguntou agora bem curioso, enquanto olhava o sorvete diminuir em generosas colheradas ligeiras.
– Ora, chocolate tem cacau, Shelly. E cacau tem triptofano, sabia? Precursor de serotonina, e a serotonina...
– É um neurotransmissor de bem-estar e induz a endorfina. Oh... – Sheldon sorriu. Lembrou-se da balinha de menta que Judy lhe oferecera no carro. Corou violentamente com isso. Ela também havia feito algo envolvendo a boca nessa cena, lambidas nos dedos. E como aquilo o hipnotizou.
– O que foi? – Ela ficou curiosa com a coloração avermelhada no rosto de Sheldon. Pensou que fosse alergia.
– Lembrei do carro, das balas de menta – Ele pigarreou, porque também lembrou de TODO o resto. Do abraço repentino, do pedido para chamá-lo de “Shelly” e do... Ele bebeu o milk-shake mais rápido, sentindo a famosa dor de cabeça e lembrando que ela explicara o motivo. Riu de novo.
– Você me assustou no carro, com aquele abraço. Mas depois, passou. Seu cheiro é muito calmante, sabe? – Judy sorriu enquanto catava a farofa de amendoim restante do sorvete derretido. Resolveu comer as bananas. Ofereceu um pedaço para Sheldon, que prontamente aceitou.
– Judy, preciso lhe perguntar algo.
Ela limpou o canto da boca, toda atenção ao homem ao seu lado. Limpou as mãos no guardanapo e alisou o vestido.
– Sim?
Sheldon engoliu em seco. Aquele lampejo que tivera na limusine ainda o atormentava. Mas ele não aguentaria esperar a compra de um anel. Precisava e queria firmar compromisso agora, já. E enlouqueceria se não externasse sua vontade naquele mesmo instante. O que era esquisito, já que ele sempre ponderava e pensava em todas as possibilidades antes de tomar uma decisão. Mas, ora bolas, ele sempre estava certo em tudo, então aquilo era uma decisão certa também!
Uma chance de ser... feliz?
– Judy Winters, eu...
– CADÊ AQUELES DOIS? A voz de Jane pode ser ouvida do outro lado da rua, o que era uma façanha e tanto. Levando em conta o barulho das pessoas, risadas, carros e comércios, aquele grito devia ter estourado alguns decibéis. Judy deu um salto da cadeira, num estado de alerta.
– Temos que ir embora, já!!! – Ela diz de forma rápida, tomado o resto do sorvete aos goles, enquanto deixava uma nota de cinquenta dólares no balcão. Sheldon iria reclamar sobre o pagamento, que era ultrajante sua dama arcar com as despesas, mas Judy o calou com um selinho risonho e se abaixou no chão da lanchonete, enquanto Sheldon se escondia atrás de um banco. A garçonete voltou a aparecer e estranhou ao ver a nota de dinheiro sozinha no balcão. Era uma graninha boa.
– Psst! Pssssst! A garçonete olhou para a origem do barulho, e se espantou ao ver Judy acocorada no chão, sorrindo. A mulher soltou um pigarro.
– Precisa de ajuda com algo? – Ela foi gentil, afinal, a gorjeta tinha sido bem generosa.
– Podemos sair pelos fundos, por favor? – Judy sorriu. Sheldon estava muito assustado e até indignado em estar agachado, perto do chão. A garçonete percebeu a algazarra na rua, com uma mulher loira dando berros, enquanto dois homens tentavam acalmá-la. E interpretou errado:
– Aquela mulher loira é namorada dele? – A garçonete apontou para Sheldon, que iria retrucar.
– Não! Ela é minha irmã!!! Por favor, nos ajude!!! – Judy se assustou com a lógica infundada, mas estava rindo – Ela é extremamente protetora...
– Dá pra notar... – A garçonete inclinou a cabeça para o lado, enquanto observava Jane mostrar o telefone para um guarda de trânsito. Possivelmente apontando uma foto da ruiva para o mesmo. – Foi mal, é que ela aparenta ser meio... Hum...
– Maluca? Você não faz ideia. Por favor, moça! É o meu primeiro encontro... – Judy apelaria para o que fosse. A garçonete riu.
– Primeiro encontro, você sendo bonita desse jeito? Conta outra... – A garçonete depois parou de rir ao ver o semblante tristonho de Judy e uma careta furiosa de Sheldon. Quem, em sã consciência ficaria em um chão sujo, com um vestido bonito daquele jeito? E como um cara também se esconderia por conta de uma irmã que fica vigiando? Ela piscou algumas vezes, confusa.
– Desculpe, mas é bizarro... – A garçonete suspirou, enquanto abriu uma portinhola que dava acesso para a cozinha – Ai, tá bom! Mas para com essa carinha de cachorro lambão, moça! Sei que todo mundo precisa dar uns beijinhos, mas acho que o seu caso é desafiador demais. Sua irmã precisa namorar! – Ela apontava com as mãos – Venham, rápido! Acho que ela vem aí!!!
O casal se esgueirou pela portinhola, Judy perdendo um pedaço do vestido no trajeto. Ela sorriu quando estava do lado de dentro.
– Muito obrigada!!!
– Vá logo, eu despisto ela!
Judy saiu aos pulinhos. Sheldon levantou-se resignado, enquanto ajudava Judy com o vestido.
– E agora? Para onde devemos ir, coelhinha?
– Para um lugar em que a Jane nunca desconfiaria ou pensaria... – Judy sorriu quando descobriu um lugar perfeito – E já sei onde é, vamos!!! Precisamos de um táxi!
***
Leonard estava preparando o jantar. Nunca tinha visto Sheldon tão animado para algo corriqueiro. Ele parecia um adolescente. E estava elegante, se arrumou para tal evento. Ele andava suspirando pela casa e estava até um tanto mais agradável de se conviver. Ficava feliz pelo amigo. Ele merecia uma dose de alegria, depois de ter sofrido por Amy.
Leonard levou seu pratinho para o sofá e começou seu jantar, seguido de pensamentos. Sheldon o preocupara tanto naquela época do rompimento com Amy. Ele se sentia confuso, deslocado. Triste por não poder dar a Amy o que ela queria. Ele não conseguia ser desenvolto com ela, ou atirado, ou com trejeitos tipicamente masculinos com ela. Sabe-se lá o motivo.
Amy queria algo “normal” com Sheldon. Mas ele não conseguia. E caramba, como ele se martirizava com isso. Ele não queria ficar sozinho, mas também queria alguém que entendesse como ele era. Sem cobranças, sem comparações, sem... pesos. Sua mãe queria que ele fosse “normal”, sua namorada queria que ele fosse “normal”... E ele começava a pensar se realmente não era ele o errado na história. Ele conseguiria fingir sentimentos, emoções, trejeitos, personalidade? Claro que não.
Leonard viu como ele definhou nesse processo. Como ele estava confuso com o que ele devia sentir. Ele gostava de Amy, mas não ao ponto de se anular de tamanha forma. Leonard entendeu o fundo do poço ao encontrá-lo em um bar, bêbado, frágil. Triste com o rompimento e divagando que nunca seria feliz. Leonard o consolou e choraram juntos. Sheldon chorou e isso matava Leonard por dentro.
Claro, Sheldon era muito, muito difícil de lidar. Mas não era uma pessoa ruim. Longe disso. Ele era excêntrico, maluco, chato... Mas tinha coração. E ter que ouvir tantos absurdos a vida toda, e ouvi-los também no término, foi demais. Fora que, Raj e Howard não perceberam como Sheldon ficou depois daquilo. Penny foi menos solidária ainda, reforçando que Sheldon nunca encontraria alguém como Amy e que ele se arrependeria de não ter “mudado” por ela. Leonard foi o único ao lado do amigo.
Então, surgiu Judy. Uma coisa diferente. O jeito como Sheldon passou mal ao visitá-la, ou quando ele ficou catatônico dentro do carro e a abraçou! Ou mesmo quando ela se machucou e ele ficou desesperado, chegando a gritar com alguém. A gritar com Penny, uma pessoa que ele considera e muito. Sheldon ficou aflito não pelo acidente em si, mas porque foi com Judy. Nossa! Ele beijou uma garota que ele não conhece. Quer dizer, conhece, mas nos parâmetros do Sheldon, Judy deveria estar na classe “desconhecidos” e não... seja lá qual classe em que ela estaria agora, mas Leonard sabia que era algo em outro patamar. Ele desafiou os irmãos, brigou com Penny, destratou Raj... Por ciúme do Raj! Esse Sheldon...
Leonard acabou o jantar e ficou observando o prato vazio. Sheldon estava gostando de Judy. Quiçá, apaixonado. E isso seria problemático. Ele lidar com tamanha informação de forma avassaladora, tudo ao mesmo tempo. E ainda por cima, seus hormônios sexuais resolveram acordar nesse tsunami de sensações. Leonard riu. Pensava que só teria essa possível conversa sobre “sexo” com seus filhos, e não com Sheldon! Mas era melhor ele do que Howard, que acabaria expondo o amigo a seus hentais.
Penny chegou ao apartamento, dando de cara com Leonard. Ambos ficaram calados. Leonard pigarreou:
– Precisamos conversar, Penny.
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