Na manhã da primeira missão, para variar, a Mia me acordou.
– Teve insônia, novamente? – Ela me perguntou quando acordei. – Até quis te chamar antes mas não queria apanhar assim tão cedo, então desisti... – Ela riu.
– Ha-ha. – Ironizei. – Sim. Tive... – Esfreguei os olhos, morrendo de sono.– Vou tomar banho. Preciso de um banho gelado... – Disse, bocejando.
– Ok... Vou te esperar lá no refeitório, tá?
– Tá... – Consenti com a cabeça e fui me acordar num banho rápido.
Me arrumei apressada e desci. A maioria das pessoas já estavam no refeitório quando cheguei, conversando mais do que o habitual...
– Loren! – Olhei, vi a Mia acenando ali de perto e fui até ela.
– Bom dia, pessoal. – Eu disse a ela e a alguns outros colegas, que logo me responderam. Antes de me sentar, involuntariamente, eu olhei em direção à mesa em que o Capitão Levi costumava sentar e ele não estava ali. Depois que comemos fomos todos terminar de nos equipar e nos dirigimos por último aos estábulos. Chegando lá eu vi o Capitão Levi conversando com o grupo dele e, não sei porquê, fiquei de certa forma aliviada.
Finalmente saímos da base e cavalgamos rumo ao portão sul da Muralha Rose. Ao chegar nele aguardamos um pouco até que o abrissem e, ao sinal energético e contagiante do Comandante Erwin, avançamos.
Cavalgamos velozmente e logo assumimos a formação. Meu coração batia loucamente com a adrenalina... Continuamos seguindo por um longo tempo, até que apareceu o primeiro titã. Eu não tinha tempo para ficar chocada, mas foi inevitável... Era um titã... O primeiro que eu vi de perto e vivo. Era gigante! Devia ter uns 12 metros ou mais, não sei... Vinha correndo da esquerda e logo sinalizadores pretos foram disparados. Que sorte a minha, primeira vez perto de um titã e ele é um dos raros. Legal. Não era um momento pra ser irônica mas era inevitável pensar isso. Ele corria de forma veloz e desgovernada. Um veterano se ergueu pelos ares para matá-lo e logo o titã o agarrou e o jogou para longe, acertando alguns de nós. Com a mesma facilidade com a qual um humano matava um rato, ou uma barata, o titã o matou e continuou vindo em nossa direção... Pouco depois, eu vi um vulto se projetando no ar muito rápido. Após uma série de manobras feitas em segundos, o titã caiu, morto. Era Levi. Vê-lo em ação foi, no mínimo, chocante... Quase tão chocante quanto ver um titã pela primeira vez, mas de uma forma admirável... Ele não parecia humano.
Seguimos caminho, desviando de alguns titãs com sucesso. Um tempo depois, surgiu uma concentração maior de titãs, tornando impossível evitar alguns confrontos. Tínhamos até então perdido 15 soldados, ou talvez mais... Era estranho contar as mortes dessa forma, como se não tivessem tanta importância, mas, no campo de batalha, não tinha como ser diferente... Elas importavam sim! Muito. Mas foi só estando ali pela primeira vez que eu entendi o verdadeiro sentido de “Ofereçam seus corações”... No campo de batalha, em meio ao risco de uma morte iminente, era onde esse juramento fazia mais sentido...
– Um grupo de titãs à direita! – Um dos soldados do nosso grupo apontou, disparando o sinalizador vermelho. Alguns titãs se aproximavam rápido e era assustador. De repente algumas fumaças vermelhas foram surgindo no céu, espalhadas e afastadas.
– Não podemos deixar eles se aproximarem mais! Avancem! – O líder do nosso grupo ordenou, indo em direção a eles com alguns veteranos. Em pouco tempo eles conseguiram matar dois, mas outros três avançavam em nossa direção com rapidez. Disparei o sinalizador na hora.
– Não tem jeito, vamos ter que matá-los! – Disse Gretel, que logo saltou com o DMT em direção a um dos titãs. Ela era habilidosa, o titã ia acertá-la mas ela se desviou da mão dele.
– Loren! – Mia gritou.
Eu me distraí por um segundo e um dos outros titãs se aproximou. Ele tinha uns 7 metros, mas era rápido. Impulsivamente eu pulei do meu cavalo e me projetei para perto dele. Foi tudo muito rápido, a adrenalina me possuiu e eu logo vi a sua nuca, desprotegida. Me lancei a ela com as lâminas mas ele se mexeu, me fazendo perder a oportunidade e caí. Em seguida, ele também caiu. Olhei para trás e vi Mia, ela tinha cortado os tendões dele. Ele caiu com a cabeça perto de mim. Aqueles olhos gigantes e vazios me olhavam. Ele então tentou me abocanhar, mas eu desviei a tempo, me lancei para cima da sua cabeça e cortei seu maxilar. Em seguida, cortei sua nuca num golpe que me banhou em sangue. Nojento... Ainda assim, eu me deliciei com aquele momento. Eu tinha sobrevivido. Bom, acho que se não fosse pela Mia eu não teria conseguido e isso me deixava preocupada... E se eu ficar sozinha?
– Yeeaaaaaah! – Mia gritou, celebrando. Eu abri um sorriso... Tínhamos acabado de matar nosso primeiro titã...
– Outro! Rápido! – Gretel passou por nós cavalgando rapidamente em direção ao titã que avançava rumo à formação.
Nós a seguimos. Ela se lançou a ele sem hesitação mas ele agarrou a corda do DMT, ela rapidamente manobrou no ar e feriu a mão dele, fazendo com que ele a abrisse. Pensei em cortar seus calcanhares mas ele estava correndo, o que me impediu. Ela tentava se aproximar da nuca mas não estava tendo abertura, ele mexia a cabeça em todos os sentidos, de forma frenética. Me projetei até as costas dele, rasgando sua pele com alguns cortes numa tentativa de quebrar a defesa dele para que Gretel o matasse. Resultou. Ela agilmente lhe cortou a nuca.
"Calma. Você é capaz." Eu pensei comigo mesma.
Nós então voltamos para perto do nosso grupo, que continuava avançando e prosseguimos...
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