Naquela terça-feira como qualquer outra, o dia de trabalho se desdobrava corriqueiro e tranquilo para a Sexta Divisão.
Byakuya se encontrava no escritório reservado ao capitão; pincel, papel e tinta preta em mãos, o que era de praxe. As cerdas macias e firmes do pincel deslizavam graciosamente pela folha em branco, desenhando caracteres japoneses com exímia precisão, numa caligrafia esplêndida.
Sua agradável e silenciosa companhia se apresentava tímida e unicamente numa canção soprada e melodiosa, agitando os galhos e pétalas das árvores ao redor da sede do esquadrão, o vento.
Ali, estava em paz. Ao menos pensava estar.
Pela calmaria absoluta reinando em sua sala, sua audição aguçada não mostrou dificuldade alguma em captar bem atrás de si um par de pés travessos se equilibrando no parapeito da janela. A reiatsu propositalmente indiscreta também facilitou em reconhecer a presença obstinada. Somente pela constatação mental, soube que a partir daquele instante, a paz seria apenas uma memória distante e fugaz. Contou os segundos mentalmente até que a voz tão bem conhecida e tagarela se manifestasse, os quais falharam em chegar aos dez:
— Yo, Byakuya!
Espreitando por cima do ombro, seu olhar caiu sobre a figura risonha imprudentemente pendurada de cócoras na madeira. O rosto sério nem sequer vacilou, no entanto, o ar distante se esvaiu da face como água evaporando, dando lugar a uma suavidade que não lhe era típica. O pescoço retornou ao seu lugar, as pupilas baixando outra vez rumo ao papel.
— Kurosaki Ichigo.
A presença do ruivo pulou janela adentro, mãos calejadas repousando em seus ombros. A tensão de suas costas que nem sabia imediatamente se desfez como poeira no ar, trazendo alívio imediato.
— O que está fazendo? — o Shinigami sondou casualmente, despreocupado.
Ele levantou os olhos ligeiramente, fitando o rapaz com certa zombaria.
— Não consegue ver por si mesmo? — indagou de volta.
— Claro que consigo. Só estava querendo puxar assunto. — disse em um bufo, rolando os olhos — Você está a gentileza em pessoa, como sempre.
— Me aborde com algo do meu interesse em vez de perguntar o óbvio, então. — replicou com simplismo.
— Anotado. Sendo assim, posso já chegar te beijando na próxima vez? — um sorriso flertivo adornou os lábios.
Ele se esforçou para ignorar o friozinho gostoso que lhe percorreu a barriga, inteiramente focado em não se deixar distrair pelos charmes de Ichigo.
— …É preferível que sim. No entanto, certifique-se de pedir permissão de antemão. — imediatamente mudou de assunto — Respondendo sua pergunta, estou cumprindo meus deveres de capitão, como pode ver. Suponho que você deveria estar fazendo o mesmo com o seu trabalho no mundo humano.
— É, deveria. — deu de ombros — Mas hoje é meu dia de folga.
— Entendo. E o que o traz aqui?
— O que você acha?
— Responda-me você.
— Você diz que faço perguntas idiotas, mas você mesmo não consegue ver o óbvio. — provocou — Urahara-san me deu uma ajudinha e abriu um senkaimon 'pra eu conseguir vir perturbar você, como sempre.
— Eu devia saber. — suspirou profundamente — É bem do seu feitio.
— O que é do meu feitio? — se sentou ao lado do nobre, se postando sobre as próprias pernas — Ser romântico?
— Não. — negou com um aceno sutil de cabeça — Ser um baderneiro.
— E mesmo assim, você está apaixonado por mim. — deitou a bochecha no ombro alheio. Comprovava que Kuchiki o amava quando invadia o seu espaço pessoal, o tocava intimamente, era terrivelmente ousado com as próprias palavras e, mesmo assim, ele nada fazia para lhe impedir. Caso fosse outro alguém, já estaria estraçalhado.
— Bem. — Byakuya abriu um pequeno sorriso, muito sutil, embora fosse cheio de ternura — Parece que sim.
— Posso ficar com você? — Ichigo murmurou com cuidado, os dedos alisando afetuosamente a mão livre do namorado.
O Capitão o dedicou um olhar compreensivo, porém firme, decidido.
— Eu adoraria. — pronunciou com sinceridade — Mas não. Preciso trabalhar e você sabe disso.
— Só um pouco. — insistiu — Por favor?
Kurosaki estabeleceu um contato visual fixo, os olhinhos castanhos pidões, sem intenção alguma de desviar as orbes até conseguir o que queria.
— Parece que não fui rígido o suficiente com você. — o Kuchiki murmurou desgostoso.
— Isso é um sim? — inquiriu esperançoso.
— Infelizmente, sim. — soou como se travasse um conflito interno — Cinco minutos, é o que você tem.
— Vinte minutos. — argumentou.
— Ora, seu pirralho atrevido. — franziu a testa, irritadiço — Cinco.
— Quinze?
— Cinco. — repetiu, já aborrecido.
— Quinze. — retorquiu, determinado a convencê-lo.
— Dez minutos e não se fala mais nisso. — cedeu.
— Tudo bem! — cantarolou alegremente.
— Fique quieto e não me atrapalhe. — deu as condições.
Ichigo aquiesceu, deixando o nobre em paz para realizar o próprio trabalho. O fitava com olhos curiosos, observando a habilidade inacreditável que ele possuía em escrever com tamanha agilidade e sem errar nenhuma vez. Após três longos minutos, fartou-se daquilo e se aproximou do homem, passeando o braço pela cintura dele, o abraçando de lado. Não deu um minuto e o outro braço circundou o torso alheio, o apertando em um embrace, acomodando o nariz na curvatura do pescoço pálido. Escutou um suspiro exaurido seguido da voz grave:
— Ichigo, afaste-se. — não pediu, ordenou — Está tirando minha concentração. Além disso, meus subordinados podem aparecer a qualquer instante e nos ver assim.
— Se isso acontecer, você vai perceber. — contrapôs — São só dez minutos, larga esses papéis e me dá um pouco de atenção, vai. — resmungou como uma criança pequena.
— Kurosaki Ichigo–
Antes que Byakuya tivesse a chance de falar qualquer coisa, o Shinigami o calou com sua boca. Os lábios quentes e ansiosos pressionaram os do Kuchiki em um beijo casto, demorado e cheio de saudades. Ele ficou ali, estático em frente à sua mesa, incrédulo com o que havia acontecido.
— Você tem muita sorte, garoto. — olhos gélidos e acinzentados fuzilaram o homem mais novo, dedos descrentes examinaram os próprios lábios — Eu poderia atirá-lo pela janela agora mesmo pela sua imprudência.
— Poderia, mas não me atirou. — alfinetou — Fica comigo, só um pouquinho. — o polegar acariciou o maxilar do moreno, seus lábios roçando a pele imaculada do amado — Posso te beijar de novo?
Byakuya praguejou internamente, rendido por inteiro aos pés daquele homem falando tão perto de si com aquela voz fraquinha e manhosa. Em um suspiro de derrota, cerrou as pálpebras e entreabriu os lábios, cedendo ao pedido de Ichigo.
Kurosaki emaranhou os dedos nos fios umbrosos da nuca do nobre, repuxando lentamente ao passo que juntava suas bocas em mais um selar persistente e amoroso. Para sua surpresa, foi o mais velho quem resvalou a língua lentamente em seus lábios e aprofundou o contato, circundando seus ombros com as mãos e o convidando a um beijo apaixonado. Byakuya parecia mais sedento por aquilo do que o próprio Shinigami, raspando as unhas no pescoço de curtos cabelos ruivos e se controlando com tudo o que tinha para não derrubá-lo no chão do escritório.
Contudo, ainda que estivesse absorto na intensidade daquele beijo, Kuchiki ainda manteve a guarda alta. Escutou passos se aproximando do corredor e involuntariamente empurrou Ichigo pelo susto, arregalando os olhos. Retomou sua racionalidade e se recompôs, alinhando sua compostura ao deixar sua aparência exatamente do jeito que estava antes do moleque que chamava de namorado lhe tirar o juízo.
— Renji está a caminho. — alertou o rapaz, que tinha uma expressão confusa no rosto — Não dará tempo de pular a janela, se esconda debaixo da minha mesa. — de imediato arquitetou um plano — Agora! — exclamou em um tom baixo e exigente.
Ichigo concordou com olhos nervosos e coração na mão, rolando para debaixo da mesa do Capitão o mais depressa que pôde. Enquanto isso, o nobre voltou ao trabalho de "terminar" sua caligrafia no papel, mantendo um rosto neutro e rígido de praxe, sem nenhum fio de cabelo fora do lugar. Poucos segundos depois, a porta do escritório se abriu e Abarai estava lá, carregando uma pilha de folhas.
— Bom dia, Kuchiki Taichou! — o tenente o cumprimentou alegremente.
— Bom dia, Renji. — devolveu a saudação como sua educação pedia, sem tirar os olhos do papel — Bata na porta antes de entrar, na próxima vez.
— Esqueci disso outra vez. — sorriu amarelo — Desculpe, senhor.
— Não é necessário se desculpar. — dispensou as desculpas com o estoicismo costumeiro — Entre.
— Trouxe os relatórios que o senhor me pediu.
— Certo. Deixe-os em cima da mesa, por favor.
O tenente acatou prontamente, deixando Kurosaki nervoso e encolhido embaixo da madeira.
— Taichou, perdoe minha intromissão, mas estou interrompendo algo?
Byakuya nem sequer pestanejou em ansiedade com a pergunta, apenas ergueu os olhos.
— Não entendi. — pausou — Especifique.
— Ouvi vozes vindo daqui agora há pouco. Tinha alguém junto do senhor?
— Não, não havia. — negou com uma naturalidade assustadora até para si mesmo — Estive trabalhando sozinho a manhã inteira. Se houvesse mais alguém comigo, eu saberia.
— Hm… okay. — coçou a nuca, envergonhado — Então eu me enganei.
— Certamente. — concordou — Vá descansar um pouco, Renji. Você está trabalhando demais nos últimos dias, estresse em excesso causa esses efeitos no corpo.
— Seguirei seu conselho. — disse meio atordoado, pois tinha certeza absoluta que tinha escutado a voz de mais alguém ali — Até outra hora, Kuchiki Taichou.
Abarai se curvou respeitosamente, todavia, saiu sem esperar uma resposta. Parecia realmente perturbado por supostamente ter se enganado.
Ambos os namorados aguardaram os passos do tenente diminuírem de volume até mesmo para respirar. Byakuya franziu o cenho quando finalmente Renji se foi, querendo estrangular o garoto escondido por perto. O faria engolir cada um daqueles papéis, com tinta e tudo.
— Já pode sair, Kurosaki Ichigo. — avisou, a voz ríspida e mais azeda do que outrora.
"Puta merda, eu me fodi!" Kurosaki exclamou mentalmente ao ter seu nome completo chamado, sabendo que o namorado deveria estar muito puto.
Tentando escapar da bronca inevitável, se arrastou para fora da mesa com um sorriso amarelo no rosto, suando frio quando o olhar cortante do Capitão o mirou de soslaio. Engoliu em seco, exprimindo:
— Imperturbável e mantendo sua neutralidade intacta como sempre, 'né? Você disfarçou como se não fosse nada, nem gaguejou quando Renji te questionou! — ele não esperava que Byakuya ficasse mais calmo com seus elogios, mas fazer o quê? Estava no inferno, agora era abraçar o capeta — Já pensou em ser ator, Kuchiki Taichou? — o honorífico foi proferido com humor.
Gulp. Um engolido em seco.
— …Do que você me chamou?!
A garganta de Byakuya fechou, seca e arranhada de uma hora para outra. Olhos arregalados. Pulso acelerado. Sangue quente e fervilhando nas veias.
Ichigo ficou confuso por alguns segundos, a boca abrindo e fechando várias e várias vezes, sem entender a situação, se perguntando onde estava a bronca que jurou que levaria.
— Hã… Kuchiki Taichou?
O fôlego do capitão se esvaiu. Inconscientemente, se arrastou em direção ao garoto, que se encolheu com a atitude repentina e o olhar sinistro estampado em sua face. O ruivo se pôs de pé e recuou alguns passos, mas o seguiu obstinadamente.
— Ichigo. — chamou, a voz cheia de rouquidão, grave e sombria — Diga outra vez.
— O quê…? — riu de nervoso.
O Shinigami recuou ainda mais, entretanto, colidiu com a parede. O mais velho cerceou seu corpo ali, não parecendo o mesmo homem de segundos atrás.
— Diga. — exigiu.
— Kuchiki Taichou. — soprou em um sussurro.
Um arrepio violento disparou pela coluna de Byakuya, eriçando seu couro cabeludo. Não conseguia explicar o que diabos estava acontecendo, mas tinha plena certeza de que sua irritação sumiu como um passe de mágica e deu lugar a outro sentimento em seu âmago. Algo obscuro, insano, egoísta e ganancioso, o qual se viu incapaz de identificar, ao menos com a mente nebulosa daquela maneira.
Ichigo reparou como sua respiração tornou-se ofegante de uma hora para outra, sorrindo presunçoso. Ele não sabia a hora de parar.
— O que você tem, Byakuya? — tombou o pescoço de lado — Isso te deixa excitado? — sussurrou provocativo.
Estava provocando, porém, havia um fundo de brincadeira em sua fala. Não acreditava que aquilo pudesse ser verdade.
O que se seguiu foi o silêncio. Longos segundos de silêncio. Ali estava a resposta do garoto. Não só do garoto, mas também do Capitão. Era luxúria.
— Espera… é sério? Você sentiu tesão por eu te chamar assim? — gargalhou brevemente, baixinho, observando os lábios alheios se apertarem com força — Byakuya, seu pervertido. — repuxou o moreno pelo haori branco que o condecorava com seu título — Não esperava isso logo de você, Kuchiki Taichou.
Kuchiki inspirou profundamente em silêncio, apertando os olhos para se controlar.
— Se você me chamar dessa maneira outra vez, Kurosaki Ichigo, eu não respondo pelos meus atos.
— Ah, é? — cantarolou — Ou o quê?
— Não queira pagar para ver. Esteja ciente de que não pegarei leve se ouvir tal título saindo de sua boca. Estou lhe advertindo, porque aparentemente você não tem noção alguma das consequências de suas atitudes.
— São apenas ameaças soltas, Byakuya. — estreitou os olhos, alargando o sorriso — Me responda o que fará comigo. Se não tenho noção das consequências, me fará aprender a ter, hm, Kuchiki Taichou?
Ichigo nunca foi o tipo de pessoa que se importava com hierarquia, aquele título jamais sairia por livre e espontânea vontade de seus lábios. Era um tanto quanto irônico. Naquele instante, até enchia a boca para dizê-lo. Pronunciava aquelas duas palavras de poder com tanto gosto em seu timbre que chegava a ser pecado.
— Pare. — a palma da mão ardeu mediante a força que fincou as unhas na pele para se segurar — Estou falando sério, Ichigo. — a face do Kuchiki se moldava em uma feição mais e mais séria a cada segundo que discorria.
— E eu acho que você fala demais. — retrucou ardiloso — Me mostre algo concreto. Diga de uma vez o que vai fazer se eu falar de novo.
— Eu vou dobrar seu corpo sobre aquela mesa — apontou — e acabar com você. Não duvide disso.
— Eu gostaria de ver você tentar. — ergueu o queixo, desafiador.
— Você está testando minha paciência, moleque. — esbravejou.
— Não era você que ia acabar comigo? Ou você é só o tipo que fala e não faz…
Ichigo se inclinou rente ao ouvido do mais velho, rindo sedutoramente, querendo corromper toda e qualquer sanidade que o Capitão ainda tivesse, proferindo em um sussurro dissimulado:
— …Kuchiki Taichou?
{......}
— Kuchiki… T-Taichou!
O grito de Ichigo, esganiçado e carregado de excitação, ressoou nas paredes do escritório do capitão da Sexta Divisão. Sua sorte era que a sala estava trancada e o som abafado por um kidou poderoso e reforçado, ou o Sexto Esquadrão inteiro saberia que era uma vadia depravada.
Desesperado.
Era a maneira que o jovem Shinigami se sentia. Ele não sabia onde estava com a cabeça quando teve a brilhante ideia de provocar Byakuya até o limite. Agora pagava o preço de ser tão impulsivo e teimoso.
Suas mãos estavam atadas às costas, devidamente imobilizadas pelo cachecol branco que o nobre vestia o tempo inteiro. Uma herança de família, objeto que valia por dez mansões em toda a Soul Society, agora maculado e plateia do showzinho libertino que se submeteu, servindo como restringimento para seu corpo inquieto e atitudes audaciosas.
Além dos pulsos amarrados, seu corpo se encontrava vergonhosamente dobrado sobre a mesa, exatamente como o Kuchiki o prometeu. O abdômen suado resvalava na madeira, indo e vindo com cada impacto aferido em seu corpo subjugado, os quadris vermelhos e arranhados expunham orgulhosamente o atrito dos ossos da bacia contra a borda do móvel. O rosto? Não muito diferente. Amassado na superfície, molhado pela própria saliva derramada, ou pendurado no ar quando tinha os cabelos puxados sem gentileza alguma.
Estava impotente. Desapoderado de todo e qualquer controle. Dos pés à cabeça. Sem nenhuma chance de escapatória. E aquilo o excitava até o tutano do osso, até a última célula existente em seu ser.
Ele podia ser uma puta, a pior das piores, mas não podia negar, estava amando tudo aquilo. Seu pau pulsava, pingava os restos de um orgasmo pela ponta hipersensível da glande, se contraía com o modo brusco e dolorido que a pelve de Byakuya encontrava seu quadril, fazendo ecoar um barulho obsceno quando as bolas se chocavam em sua bunda empinada, e não conseguia evitar. Não queria evitar.
— D-Devagar… — pediu em um gemido sôfrego e exausto, sentindo que despencaria a qualquer momento pela força que seu corpo era penetrado — Devagar, porra! E-Eu vou… cair! — sua voz era tão trêmula que saía em soluços — Não seja tão bruto c-comigo!
— Você me pediu por isso, pirralho. — rebateu, o sorriso dançando no canto da boca ao observar como o ruivo chacoalhava sobre a mesa, dobrado ali de maneira tão vulnerável.
A mão delicada e sem uma menção sequer de calosidade desferiu um tapa ardido e pesado na nádega arrebitada, causando o belo de um estrago, colorindo a pele bronzeada em um escarlate intenso. Ichigo gritou em resposta ao golpe, derramando lágrimas fininhas de prazer, mal conseguindo manter o equilíbrio com as pernas trêmulas do jeito que estavam. Byakuya não o deu chances para se recuperar, se arremetendo impiedosamente para dentro dele enquanto o mantinha no lugar com um aperto firme e dolorido na cintura estreita.
Se debruçou sobre o dorso do Shinigami, beijando suavemente a bochecha vermelha e suada, molhada de suor e lágrimas, um carinho que não condizia com a maneira que se enterrava naquele interior maltratado.
— Não pediu? — questionou em seu tom mais presunçoso, se divertindo com o som lascivo dos gemidos despudorados.
Ichigo tentava responder ou raciocinar uma frase coerente, entretanto, as palavras ficavam presas na cabeça e entaladas na garganta, crepitando como fogo em sua mente inebriada. Se esforçava para abrir os lábios e falar, porém tudo o que saía eram frases desconexas e murmúrios arrastados.
Um grito estridente e empoeirado. Era outra palmada que Byakuya havia acabado de lhe dar.
— Cadê sua língua atrevida e aquela audácia toda agora que você precisa usá-las, Ichigo? — mencionou, sabendo que o ego do rapaz seria pisoteado — Choramingar como uma prostituta barata é tudo que você é capaz?
Kurosaki estreitou os olhos, enrubescido de vergonha pelas palavras degradantes que o nobre acabara de usar. Sentiu o reflexo de esconder o rosto atrás dos braços, mas estava totalmente exposto devido aos pulsos amarrados. Embora se encolhesse pelas ditas de Byakuya, seu pênis pendendo entre as coxas somente endureceu, totalmente afetado pela excitação.
Gostava de ser xingado e, de novo, pediu por isso. Suas vontades mais sórdidas estavam sendo atendidas com sucesso.
Outro tapa pesado e uma sequência de estocadas particularmente fortes fizeram sua voz desvanecer e se tornar arfares pesados, retornando como um berro somente no momento que o próximo orgasmo quase o atingiu ao ter a próstata surrada, num solavanco deliciosamente profundo.
— Use sua voz, Ichigo. — demandou sadicamente — Não pararei até me responder. Comece.
Ele debateu os braços aprisionados pelo cachecol, choramingando baixinho, dominado pelo prazer.
— Eu pedi! — berrou — Fui eu… que pedi! Eu… implorei… p-por isso!
— Melhor. — beijou o topo da cabeça de fios ruivos — Bem melhor.
Byakuya apertou gananciosamente as nádegas do namorado, passeando sua mão direita por cada centímetro daquele corpo restringido, a esquerda trazendo o pescoço do mais novo para trás a fim de devorar aquela boca travessa. Empurrou-se contra ele, forte e rápido, ondulando o quadril, desfrutando da sensação avassaladora que era seu pau entrando e saindo do aperto caloroso, o fodendo em um ritmo implacável.
— Diga. — os lábios exigentes murmuraram contra a boca frouxa e entreaberta do Kurosaki — Diga aquilo outra vez.
O Shinigami levou um longo tempo para assimilar as palavras, alucinado demais para fazer outra coisa além de ofegar e gemer.
— Kuchiki Taichou. — exalou desavergonhadamente em um sussurro, estremecendo com o gemido rouco e extasiado soando ao pé de seu ouvido. Com as últimas forças que lhe restavam, implorou descaradamente — Goza dentro de mim, Kuchiki Taichou.
Sentiu que aquela foi a gota d'água para o Kuchiki. O homem estremeceu bem atrás de suas costas e descontou a sensação cravando os dedos nos músculos de suas coxas, cedendo ao orgasmo que o atingiu desenfreadamente. Ichigo abafou seu gemido alto com a mão, temendo que sua voz pudesse ser ouvida, se desfazendo em uma bagunça excitada.
{......}
Após o incidente, Kurosaki se viu usando seu mais novo artifício bem mais do que esperava.
Quando estava a sós com o namorado e ele estava por um fio de se entregar ao clímax, ia lá e entoava com manha o título de poder que o pertencia. Era tiro e queda. Estivesse por cima ou por baixo, dominante ou submisso, tinha um Byakuya rendido em questão de segundos.
Mas o melhor de tudo: não mais era necessário se virar nos trinta e praticamente implorar de joelhos para receber um pouquinho de atenção quando o visitava. E ali ele estava, prestes a experienciar aquele fenômeno curioso outra vez.
— Estou considerando severamente atirá-lo pela janela. — advertiu — Compreendo que suas sinapses não funcionam da maneira que deveriam, mas não posso deixar meus deveres de lado para lhe dar atenção no instante que você desejar.
— Dez minutos. Você não pode dar uma pausa de dez minutos 'pra ficar comigo? — revirou os olhos — Não vai matar ninguém.
O nobre entrou em um monólogo interno, parecendo sofrer um suplício, mas logo se manifestou.
— Não posso. Não hoje. — decidiu — Desista. Não cederei.
Kurosaki arqueou as sobrancelhas, olhos castanhos fixos em olhos cinzentos, reprimindo um sorriso oblíquo com os dentes.
— Não me encare dessa maneira, conheço esse olhar e não gosto nada disto. — ralhou, desejando estrangular seu namorado ao notar o canto dos lábios se alargando — Kurosaki Ichigo, você não ouse… — sibilou.
— Por favor. Dez minutinhos. — sustentou uma fachada de inocência, pois ambos sabiam que de ingênuo não tinha nada — O que me diz… Kuchiki Taichou?
O nobre crispou os lábios tal como as pálpebras, o fôlego engatando na traqueia. Tentou de todas as maneiras exercer seu autocontrole, pensar nas cenas mais broxantes possíveis a fim de resistir à tentação, no entanto, falhou miseravelmente. Abdicou de sua dignidade e dos seus deveres de capitão pelos próximos dez minutos que se seguiriam, tomando os lábios do amado em um rosnado mal contido.
Ichigo foi arrastado pelo chão do escritório do Capitão da Sexta Divisão, satisfeito pelo seu triunfo. Sua bunda ainda doía pelas lembranças daquele dia, e sem dúvidas, dali sairia com uma aparência arruinada, todavia, não se importava.
No final do dia, se sentia sortudo, pois era o único que sabia
a fraqueza de Byakuya.
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