Eu não queria vê-lo. Eu não queria vê-la. Não queria ver ninguém.
Se eu fosse pra casa, mamãe e papai fariam milhões de perguntas: "O que aconteceu? Você se machucou? Fizeram alguma coisa com você? Por que você andou na chuva? Por que não ligou?". Se eu voltasse pra Sweet Amoris, também fariam perguntas. Rosa iria correr atrás de mim pelo resto da minha vida.
Eu teria que responder essas perguntas em algum ponto do dia. Eu só não queria ver... Ela com o Armin. Eu sabia que era estupidez: Ele não gosta de mim (não no sentido que eu gostaria.), ele mal a conhece. Mas machucou mesmo assim. Machucou tanto quanto o que o Lysandre disse: "Parece que encontramos sua substituta." Substituta. Essa palavra parecia mais irritante do que nunca.
Me abriguei embaixo do toldo da lanchonete, esperando a chuva passar. Talvez eu ficasse no parque até a hora de voltar pra casa. Eu me encostei na parede, mas minhas pernas começaram a doer (tanto pelo tempo em pé, tanto pela corrida.) e o chão estava seco, então me sentei, abraçando os joelhos. (Bem depressiva mesmo.) Algumas pessoas passavam correndo, fugindo da chuva, mas ninguém parecia se importar com uma garota embaixo de um toldo.
- Eu devia ter trazido meu casaco. (Sussurrei pra mim mesma.)
O vento não parava de soprar, e o meu cabelo molhado não ajudava. Encostei a cabeça na parede, e fechei os olhos. Rezei pra não dormir sem querer. Continuei assim pelo que me pareceram vários minutos... Até senti alguém tocando meu ombro.
- Ei...
Abri os olhos imediatamente. "Oh, não, você não." Pensei. Queria me afastar dela, mas não tinha pra onde ir. Priya estava ajoelhada do meu lado, com um guarda-chuva rosa. (O bullying começa quando até o guarda-chuva dela é fabuloso.)
- Qual é o problema?
Virei o rosto.
- Por que você veio atrás de mim?
- Porque você me ajudou, lembra? Eu demorei pra te achar. Por que você veio pra cá?
Não disse? Perguntas.
- Você correu quando me viu conversando com seu amigo... Eu queria saber o porquê.
"Amigo". Outra palavra provocante. Senti uma lágrima descendo. Não, eu não poderia deixar que essa garota me visse chorando! Abaixei a cabeça, lutando pra não soluçar. Por que eu comecei a sentir isso? Eu estaria melhor se não tivesse pensado nesse sentimento! Armin... Ele é meu melhor amigo! Eu não precisava ter sentido isso!
-... Oh, não. Você... Gosta dele?
Só porque eu não queria fazer isso, claro que eu comecei a chorar.
- Me desculpe! Eu não queria te chatear, eu realmente não sabia...!
- N-Não, não foi você... É que... Você é muito l-legal, e muito bonita e... Aí... (Claro que eu tive que falar como uma idiota.)
-... Mas você também é. Eu sei que minha opinião não deve importar, mas você deveria contar pra ele.
- Eu tentei! Mas... Não consigo.
- Você consegue, sim! Mas não vai pra lugar nenhum se ficar aí! Se quiser, eu te ajudo.
-... Por que...?
- Você foi legal comigo, e dá pra ver que você gosta muito dele, sem contar que dá pra ver que ele também gosta de você. E eu não tenho nenhum motivo pra não te ajudar.
Ela se levantou, e estendeu a mão. Eu hesitei. Por que ela estaria me ajudando? Ela me conheceu hoje.
- Só por que eu te ajudei? (Funguei.)
- Bem, gentileza gera gentileza.
Depois disso, segurei a mão dela, e me levantei. Minhas pernas estavam dormentes. Limpei o rosto com as costas da mão. Tirei minha mochila do chão, e a coloquei nas costas. Mas quase a derrubei quando Priya me abraçou. Dois segundos depois, ela me soltou.
Fiz um barulho semelhante ao um "Ummmm". Ela deu de ombros.
- Só achei que você estava precisando. Enfim, vamos voltar pra a escola. Talvez você consiga admitir sua paixão, hein?
Dei um risinho.
- É, talvez.
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