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História A Garota que Eu Conheci na Igreja - Depois que Eu Saí - História escrita por BinishiusuSensei - Spirit Fanfics e Histórias
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História A Garota que Eu Conheci na Igreja - Depois que Eu Saí


Escrita por: BinishiusuSensei

Capítulo 23 - Depois que Eu Saí


Sara acordou. Estava completamente escuro. Tentou pensar, mas nada lhe veio à mente. Forçando os olhos, tentou observar o lugar onde estava. Sem sucesso, tentou se levantar.

Nessa tentativa, sentiu uma dor forte nos ferimentos nas suas costas. Junto com a dor, vieram-lhe as lembranças do porquê estava ali. Agora a dor não era apenas física.

Repassou mentalmente todos os fatos da manhã daquele dia. Começou a chorar e não pôde evitar de pensar - é culpa minha, é tudo culpa minha.

Desde que nos beijamos, a Yumi teve medo de sermos descobertas. Eu não me importei, tive certeza de que conseguiríamos manter isso em segredo. Errei, fomos descobertas exatamente um ano depois.

Fui eu que dei a ideia de gazearmos aula para irmos a um encontro. É culpa minha, fui muito descuidada. Não devia ter feito isso. Por minha causa, ela está sofrendo.

No fim, me envolver com a pessoa que eu amo só trouxe dor pra ela. Será que eu não devia ter pedido ela em namoro? Será que ela estaria mais feliz hoje se eu não estivesse na vida dela?

Não dá pra dizer, é impossível contar uma história que não aconteceu. Mesmo assim, o que será que aconteceu com ela? A Jéssica deve ter sido o mais cruel possível.

A Yumi não consegue reagir nesse tipo de situação. A sensação daquele momento pra ela estava sendo horrível. Depois que eu saí da reunião, ela ficou totalmente vulnerável.

Será que ela apanhou também? O que será que o senhor Yuji vai fazer para puni-la? Ficou decidido pelo pastor que seríamos separadas, mas como o senhor Yuji vai fazer isso?

Bom... A bem da verdade é que eu não sei nem o que vai acontecer comigo. Meu pai me deu a surra da minha vida, mas ele não vai parar por aí. O que será que ele vai fazer comigo?

Também não dá pra saber. Eu não tenho como saber de nada nesse momento. Tenho zero informações, então não tenho como projetar o futuro.

Com esse último pensamento, Sara ficou em silêncio por um tempo. Agora, seus olhos já eram capazes de ver a janela do quarto.

Sara continuou prestando atenção. Percebeu então que ainda estava usando o vestido preto. Sentiu que tinha ficado deitada de mal jeito. Sentiu dor nas costa e percebeu que estava faminta e desidratada.

Já tinha percebido o que estava ao seu redor. Já tinha sentido as sensações do seu corpo, mas ainda não tinha dado atenção aos seus sentimentos.

Mais uma vez, prestou atenção. Se permitiu sentir, sem se julgar. Percebeu então o seu estado naquele momento.

Sobre isso, pensou - estou diante de um precipício. Sinto como se fosse cair nele e desaparecer. Sinto que minha vida vai acabar. Sinto que a minha existência não é válida.

Tá... Agora, se eu me entregar a esses sentimentos, sinto como se fosse perder Yumi pra sempre. Esse pensamento me trás uma sensação de dor e de vazio.

Não posso me render a esses sentimentos. Isso seria como desistir da Yumi. Emocionante, estou quebrada, mas meu lado racional ainda é capaz de me nortear.

Não sei por quanto tempo eu consigo ser racional e não me render ao desespero. Me sinto fraca e pequena. Tá, não posso ficar assim. Preciso me recompor.

Com isso, Sara percebeu - não sei o que vai acontecer agora. Não sei o quanto eu posso aguentar ficar persistindo em ir contra meu pai e à igreja.

Também não sei se é possível contornar essa situação. Me parece impossível, sinto que já perdi. Por isso, sinto que estou diante de um precipício.

Certo, meu emocional não vai aguentar ir muito longe. Meu lado racional não irá conseguir conter meus sentimentos por muito tempo.

Seja lá o que eu for fazer agora, será como num jogo. Um jogo racional em que eu só tenho uma chance de acertar, antes de perder em definitivo.

Certo, nesse jogo, só tenho uma última cartada. Se eu perder, cairei no no precipício e não conseguirei levantar. Se eu perder, não conseguirei ficar perto da Yumi. Vou me recompor. Preciso resolver essa situação

Então, com dificuldade, Sara se levantou. Buscou pelo seu celular na sua escrivaninha. Ele indicava que era 23:39h. - Como eu dormi tanto? Eu desmaiei antes do meio dia.

Será que eu estava com tanto cansaço acumulado? Já faz um mês que eu terminei a minha maratona de estudos. Meu momento de exagero artístico terminou quando eu fiz o retrato da Yumi.

Aaahh... Isso não é totalmente verdade. Desde então eu fiz um retrato realista por semana. Isso e mais todas as coisas do colégio. E eu já tinha passado as férias estudando.

É... eu não descanso há meses. Isso, somado com a surra que eu levei, deve ter me derrubado. Bom, isso é mais um motivo para eu me recompor - pensou Sara, antes de colocar o celular para carregar.

Depois disso, pegou o seu pijama no guarda-roupa e foi tomar um banho. No caminho até o banheiro, não viu ninguém.

Devem ter ido deitar mais cedo - pensou. Foi para o box e sentiu bastante dor ao higienizar suas feridas. - Preciso lavar certinho, se não vai infeccionar.

Com banho tomado e vestida com o pijama, foi até a cozinha. Antes de qualquer coisa, bebeu uma quantidade generosa de água. Então, foi conferir o que tinha na geladeira.

Ah, a mãe deve ter deixado esse prato pra mim. É, provavelmente é bom eu comer comida de almoço, estou há mais de 24 horas em jejum.

Sara esquentou a comida no micro-ondas. Comeu tudo e deixou o prato com os talheres na pia. Escovou os dentes e foi se deitar. Dessa vez pode deitar em sua cama, mas de barriga para baixo, por causa dos ferimentos.

Passado mais um momento de reflexão, dormiu de novo. No outro dia, acordou por volta dás oito da manhã.

Quando já eram quase dez horas, todos da família já tinham tomado café da manhã. Então, Sara aproveitou e pediu para Natália - mãe, me ajuda a passar remédio nas costas e colocar curativo, por favor?

Natália fez uma expressão difícil de ler, então, fez que sim com a cabeça. Sara foi para o seu quarto e deitou na cama. Deixou o pijama levantado até perto da nuca e esperou.

Logo sua mãe apareceu. Carregava uma caixinha de primeiros socorros. Fechou a porta e foi até Sara.

- Você tomou banho ontem à noite, né? - disse Natália, num tom neutro.

- Sim, lavei os ferimentos direitinho. Está muito ruim? - respondeu Sara, tentando falar de forma normal com a mãe.

- Está... Dessa vez seu pai... - Natália engoliu as palavras e não terminou a frase.

Sara observou sua expressão. Era uma cara fechada, de quem está lidando com sentimentos conflitantes dentro de si.

- Mãe, você ia dizer que o pai exagerou?

- Não - respondeu Natália de forma rápida, porém, insegura.

- Mãe, eu sei que você não concorda com a forma como o pai me trata. Ele é assim desde que eu tenho uns oito anos de idade... - Sara parou de falar e pensou por um momento.

- Mãe, eu também não aprovo a forma que ele te trata, ele é horrível. Ou ele nos machuca com palavras cruéis, ou ele nos agride.

- Filha, por favor para. Você pode piorar a situação se ficar falando essas coisas. Esquece isso - respondeu Natália, como alguém que está com medo.

- Mãe, a atitude do pai não está certa.

- O que não está certo é você ficar beijando uma garota. Você sabe que isso é errado - disse Natália.

- Mãe...

- Eu acho que o seu pai não precisava ter pegado tão pesado com você. Mas ele estava certo numa coisa, você precisava levar uns tapas para ficar com a cabeça no lugar. Isso foi para o seu bem - disse Natália, interrompendo a frase de Sara e se esforçando para acreditar nas próprias palavras.

Sara não quis responder, sentiu que não daria em nada. Depois de terminar os cuidados com as costas de Sara, Natália disse:

- Filha, você aprendeu a lição, né? Você não vai mais ficar fazendo essas coisas... Entendeu que está errado. Você vai voltar a ser uma menina normal, né?

Sara sentiu o impacto daquelas palavras. Primeiro, não quis responder, mas então, disse - mãe, eu sou uma menina normal.

- Ah, que bom que você entendeu o seu erro - disse Natália, que saiu do quarto parecendo aliviada.

Ela não entendeu o que eu falei - pensou Sara. - Depois, passou o dia de forma ociosa. Não tinha vontade de fazer nada. Mesmo assim, começou a sentir ansiedade .

Pensava em Yumi, e mesmo sabendo que era improdutivo, ficou tentando imaginar o que teria acontecido com ela. - Tomara que ela vá pro colégio amanhã.

No outro dia, Sara foi para o colégio sem demora. Entrou na sala de aula quinze minutos antes da aula começar. Não viu Yumi, viu Jéssica.

Quando olhou para a figura de Jéssica, travou. - Essa pessoa... Não, isso não é gente, é uma doença. Será que eu falo com ela? Tem muitas coisas que eu quero dizer pra ela, mas nenhuma delas é positiva.

Enquanto divagava nesse pensamento, Jéssica olhou pra ela. Junto com o olhar, veio o mesmo sorriso de deboche que Sara tinha visto na reunião.

- Oi, sapatão - declarou Jéssica, num tom de voz em que todes que estavam presentes puderam ouvir.

Metade da turma já estava na sala, a maioria dessas pessoas eram garotas. Então Sara pensou - ok, ela provocou...

- Oi, missionária. Converteu algumas pessoa que você viu no parque esse domingo? Ou você continuou fazendo maldades pra pessoas que não te fizeram nada?

Jéssica engoliu em seco. Todes estavam assistindo a conversa, agora, era impossível não se interessar por aquele diálogo peculiar para uma manhã de segunda-feira.

- Não faço maldades, sou uma pessoa boa. Mas nesse sábado eu contribui para a conversão de algumas pessoas - respondeu Jéssica, num tom evidentemente sarcástico.

Sara, por sua vez, fez um sorriso falso e sarcástico e respondeu - por acaso você mesma foi uma dessas pessoas? Me parece que você precisa se consagrar na igreja, esse seu hábito de ficar escondida no mato, fotografando casais em momentos íntimos é um tanto estranho...

Houve silêncio total e todos os olhares se dirigiram para Jéssica. Então, Sara disse:

- Acho que tem uma palavra pra isso... Ah, lembrei, a Jéssica é voyeur. Tomem cuidado com ela, é melhor ter um pé atrás com quem faz esse tipo de coisa.

Ouviu-se algumas risadinhas. Jéssica estava vermelha de raiva, então declarou:

- Se eu fosse vocês, eu me preocuparia com a garota que beija as outras garotas quando gazeia as aulas de sexta-feira. Depois que ela beija a melhor amiga, ela te chama de ser voyeur por ter denunciado ela pro pastor.

Houve silêncio mais uma vez, mas agora, os olhares tinham se dirigido para Sara. Os garotos, lerdos como sempre, não entenderam de quem Jéssica estava falando. As garotas por outro lado, entenderam na hora, e ficaram curiosíssimas pelo restante do dialogo.

- Você me acusou e me fez ser punida por algo que não é pecado Jéssica. Pare de ser uma falsa defensora da moral, você é horrível e fez aquilo só para prejudicar a Yumi... Você fez isso por que tem inveja dela. A Yumi é melhor do que você em tudo e você não se aguenta...

- Quem não se aguenta é você - disse Jéssica, cortando a frase de Sara. - Não se aguenta de vontade de beijar garotas, sapatão.

Uooou - ouviu-se de um garoto no fundo da sala. - Você vai deixar ela falar assim de você Sara?!

Imbecil - pensou Sara. - Não sabe onde está se metendo e ainda fica colocando lenha na fogueira.

- Jéssica, o que aconteceu com a Yumi? - indagou Sara, agora, de forma firme e desprovida de sarcasmo.

- O que aconteceu é uma informação restrita para quem estava na reunião - respondeu Jéssica, em tom de deboche.

Droga, mais um pouco e ela vai me fazer perder a paciência - pensou Sara, antes de dizer sua próxima fala.

- Eu estava na reunião, só precisei sair antes do final... Estou na lista de pessoas que pode saber o que aconteceu.

- Verdade, você saiu depois de ganhar um tabefe no meio do nariz. Seu pai te pediu desculpas quando chegou em casa? Ou ele entendeu que você merecia apanhar mais? - Disse Jéssica, antes de emendar outra frase.

No meio tempo, Sara sentiu sua raiva lhe corroendo - para garota... Não brinca com isso... Você não sabe o que é sofrer apanhando de um pai louco.

- Se fosse o meu pai, teria apanhado como uma cadela. Lesbianismo é um pecado um pouquinho pesado. Se o senhor Rodrigo é um bom pai, deve ter batido em você até você apagar. - Disse Jéssica, como se aquilo fosse uma piada.

Sara ficou em silêncio, tentando se conter - não faz piada com isso Jéssica, não tem graça nenhuma em apanhar como se seu pai não sentisse amor por você... Isso machuca por dentro.

- Coloquei o dedo na ferida, Sara? - Disse Jéssica com um risinho. - Ok, fui um pouquinho venenosa agora. Pra te compensar, posso considerar contar o que aconteceu com a sua namoradinha...

Sara sentiu como se tudo ao redor tivesse ficado estatístico. Toda a sua expectativa se voltou para o que Jéssica diria a seguir.

- Bom, depois que você saiu, ah... Desprovida de estilo... O senhor Yuji declarou para o pastor que também iria lidar com a situação da filha.

O coração de Sara começou a acelerar. Ela sentiu uma mistura de expectativa, ansiedade e medo.

- Depois disso, ele disse de forma muito polida que não iria espancar a filha dela igual o Rodrigo tinha feito. Bom, pelo visto o pai da sua namorada não é um ogro.

Diz logo o que aconteceu, diz logo!

- Bem, ele falou as medidas que iria adotar para cumprir o pedido do pastor...

A mente de Sara ficou em branco. Seu coração estava disparando e ela estava agonizando com ansiedade para conseguir a informação.

- Primeiro, a Yumi não poderá mais tocar piano... Isso vai ser assim por um ano, que é o tempo da disciplina.

Canalha, isso é a coisa que a Yumi mais gosta de fazer... Tocar piano é um fator da identidade dela, ele não pode tirar isso dela por um ano.

- Em segundo lugar, bom... Isso foi um pouquinho mais cruel pra ela. Ops, corrigindo, é um pouco mais cruel pra você. A Yumi vai gostar tanto que talvez esqueça de você.

Sara sentiu seu corpo ficar gelado. Estava tendo dificuldade em ficar para escutando. Sentia uma vontade de fugir dali. Essa vontade se misturava com a vontade igualmente forte de ouvir a frase seguinte.

- A segunda medida de Yuji foi matricular a Yumi num internato. É um colégio como o nosso, da nossa igreja, mas fica numa fazenda em São Paulo. A Yumi vai morar no colégio, junto com os outros estudantes. Ela se mudou para lá nesse domingo... Vocês nunca mais vai ver ela de novo.

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Obrigado a todes por lerem o capítulo 23. Caso estejam achando a história interessante, por favor favoritem o capítulo e compartilhem a história com os seus amigues. Forte abraço e até a próxima sexta-feira.



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