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História A Lenda do Pilar do Sol - Capítulo 14 - 3 Temporada - História escrita por LilliaTempest - Spirit Fanfics e Histórias
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História A Lenda do Pilar do Sol - Capítulo 14 - 3 Temporada


Escrita por: LilliaTempest

Capítulo 53 - Capítulo 14 - 3 Temporada


Fanfic / Fanfiction A Lenda do Pilar do Sol - Capítulo 14 - 3 Temporada

Três dias se passaram desde que os deuses e os líderes humanos se reuniram nas terras sagradas para discutir o futuro do mundo. Revelando parte de seu passado para todos, Amaterasu também revelou que o mundo estava próximo de seu fim - e, para garantir o futuro da humanidade, compartilhou fragmentos de seu poder divino com cada um dos líderes reunidos, como uma última medida, destinados a serem usados em tempos difíceis.


Após cumprir sua missão de transmitir suas mensagens para assegurar o futuro de sua criação, Amaterasu decidiu retornar com Tanjiro para sua terra natal, os vales e montanhas onde nasceu e viveu parte de sua infância - que, curiosamente, são as mesmas terras atualmente ocupadas pela corporação de caçadores. Tanjiro ficou surpreso quando, no dia em que estavam deixando as terras sagradas, questionou-a sobre onde a deusa havia vivido quando criança, e a resposta recebida foi uma descrição precisa das terras que cercam a sede da corporação.


Após apresentar Amaterasu a todos os pilares e caçadores da corporação - e passar várias horas explicando e respondendo a centenas de perguntas - Tanjiro a levou para a Mansão Kamado, onde a deixou se estabelecer no maior quarto da mansão que, por alguma razão, não havia sido ocupado por ninguém, nem mesmo pelo próprio Tanjiro. A razão? Tanjiro afirmava que o quarto era desnecessariamente grande para ele, e os outros concordaram que, se Tanjiro não o ocupasse, ninguém o faria. 


E assim, mais um dia inteiro se passou para que todos se acostumassem com a adição de mais uma pessoa ao esquadrão Kamaboko, que crescia a cada dia.


Do outro lado do Japão, após meses de uma implacável tempestade de neve que assolara impiedosamente o sudoeste japonês, todas as ilhas do arquipélago Ryukyu foram engolidas pelo manto branco. A tormenta incessante, que se tornava cada dia mais brutal, fez as temperaturas despencarem para além dos trinta graus negativos, mergulhando o ambiente em um frio gelado que penetrava os ossos. A paisagem, agora oculta sob uma espessa camada de neve quase acinzentada, resultado da privação da luz solar durante meses intermináveis, adquiriu um aspecto lúgubre e sinistro. Esse clima extremo e letal transformou toda a região em um lugar inóspito, atraindo a atenção do governo imperial e dos moradores próximos para sua periculosidade, convertendo-a no covil perfeito para as criaturas mais sombrias e aterradoras.


Nos confins de uma colossal montanha nevada, situada na região de Okinawa, uma presença maligna parecia repousar nas profundezas de suas cavernas tenebrosas, absorvendo imensas quantidades de malícia e se fortalecendo nesse processo. Seu corpo estava completamente envolto por uma escuridão densa, revelando apenas seus olhos e os dedos das mãos.


Então, duas sombras sinistras se aproximaram da figura oculta nas entranhas da escuridão. Uma delas era Naomi - uma rainha demoníaca e membro dos sete reis demoníacos - que, empunhando sua lança de gelo macabra, ajoelhou-se na presença daquela entidade sombria.


- Nós retornamos, mestre Shi - sussurrou respeitosamente, seguida pela outra figura que se prostrou ao seu lado. - Temos notícias sobre seus subordinados.


¬ Yakamochi foi aniquilado e uma nova rainha demoníaca emergiu de sua morte. Uma rainha demoníaca... além do meu controle - sua voz ecoou mesmo com os olhos cerrados. Sua tonalidade irritadiça emanou um poder avassalador, fazendo toda a montanha tremer acima de suas cabeças.


As duas figuras sentiram seus corpos estremecerem em uníssono com a montanha, o sangue congelando em suas veias a cada instante. Mesmo tendo se encontrado com Shi periodicamente, seus instintos primitivos uivaram em desespero angustiante, implorando para escapar dali o mais rápido possível. No entanto, um temor indescritível de encarar a própria encarnação da morte ofuscava qualquer resquício de desejo de fuga, tornando-os servos submissos às vontades aterrorizantes impostas pela voz maligna.


- P-Pedimos perdão, mestre! Foi um desfecho imprevisível. Simplesmente... não estava em nossas previsões. - balbuciou Naomi, curvando a cabeça para ocultar sua face horrorizada.


Shi torceu seu rosto para os lados em um movimento sinistro, seus olhos brilhando com malícia oculta. Um resmungo rachado ecoou das entranhas da escuridão, como um grito estridente e dissonante, que reverberou por toda a caverna.


¬ Ainda que eu não tenha previsto esse desfecho, não posso dizer que estou surpreso. Yakamochi era um subordinado competente, mas sua mente era frágil e incapaz de evoluir. Convencido de sua própria grandeza, permitiu-se relaxar e, assim, perdeu a própria vida. - Os olhos de Shi se abriram finalmente, revelando uma escuridão ainda mais profunda do que aquela que o cercava.


Era como se a escuridão ao redor dele de repente se transformasse em uma sombra pálida, diante da verdadeira obscuridade que emanava de seus olhos - agora abertos, fixos na figura prostrada ao lado de Naomi. Reconhecendo a podridão de sua alma, Shi percebeu que, embora Muzan tivesse a mesma aparência, seu poder havia realmente aumentado desde o último encontro.


¬ Muzan Kibutsuji, eu te concedo o posto de Yakamochi. Acredito que tenha concluído seu treinamento e esteja pronto para cumprir sua missão...


- Não se preocupe, mestre Shi. - Muzan ergue lentamente a cabeça, seus olhos vermelhos como sangue encontrando o olhar penetrante que o observava. - Estou plenamente preparado para realizar a tarefa que me foi confiada.


¬ Muito bem, estão dispensados.


Com a autorização da voz macabra ecoando assombrosamente e ansiando escapar daquele lugar amaldiçoado o mais rápido possível, Naomi assentiu com a cabeça e imediatamente se afastou daquele recinto - seguida de perto por Muzan até o imponente portão que marcava a saída da montanha. Ao perceber estar sozinho mais uma vez, Shi concentrou toda a malícia acumulada em uma massa de trevas, que rapidamente começou a se aglutinar, formando várias flores de lótus tão enegrecidas quanto seus próprios olhos, emanando uma aura maligna de suas pétalas.


¬ Uma, duas, três, quatro, cinco, seis... - ao alcançar a sétima flor, um olhar de desapontamento aflora em seus olhos ao perceber que ela não se desabrocha por completo, assim como as outras seis. Shi solta um suspiro profundo, mantendo-se silente e imerso em pensamentos sombrios por longos segundos, até que todas as flores de lótus se desvanecem e seus olhos se cerram novamente. ¬ Que assim seja.


" Quando a sétima lótus desabrochar, emergirei das profundezas sombrias e irei ao seu encontro, deusa maldita. "


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Amanheceu e, pela primeira vez em muito tempo, as nuvens de tempestade se afastaram dos céus, permitindo que a luz solar se irradiasse por aquelas terras. A neve que cobria o chão começou a derreter lentamente, revelando os campos verdejantes que ficaram ocultos pelo manto branco durante meses. As árvores, aos poucos, começaram a recuperar suas folhagens, e as pequenas aves, que permaneceram escondidas em seus ninhos durante todo o inverno, voltaram a voar por aí, cantando alegremente para comemorar a tão esperada chegada da primavera.


Os rios voltaram a fluir em direção aos oceanos, e as quedas d'águas congeladas voltaram a chocar-se contra as rochas, formando centenas de cachoeiras espalhadas pelas montanhas. Os pequenos animais saíram para caçar, e os grandes animais despertaram após longos meses de hibernação.


Para celebrar a chegada da primavera e o fim da grande guerra, Kagaya Ubuyashiki ordenou que todos os membros da corporação tivessem o dia de folga. Além disso, em honra à presença da grande deusa Amaterasu, um grande festival começou a ser organizado nos amplos campos de treinamento, que foram recentemente construídos e pavimentados com a ajuda de centenas de trabalhadores enviados pelo palácio imperial. A mansão Kamado também passou por uma pequena série de reformas, e agora tudo estava pronto para proporcionar o melhor ambiente possível para a estadia da grande deusa.


Em seu quarto, Tanjiro dormia profundamente quando sentiu a presença de uma segunda pessoa. Ao abrir os olhos, ainda sonolento, o jovem ruivo sorriu ao ver Kanao se aproximar e sentar ao seu lado na cama, segurando sua mão esquerda com as suas e sorrindo apaixonadamente.


- Bom dia, senhor Tanjiro! - cumprimentou gentilmente, acariciando os dedos dele com os seus. - A irmãzona Kanae saiu mais cedo para ajudar nos preparativos do festival que acontecerá durante a noite. Ela pediu para não te acordar antes das dez da manhã para que você dormisse bem.


Lembrando momentaneamente do pedido de Kanae sobre a pequena Tsuyuri, Tanjiro sorriu em resposta e, sentando-se na cama, abraçou-a rapidamente, porém com calor.


- Obrigado por se preocupar comigo, Kanao - sussurrou gentilmente enquanto a abraçava, permanecendo ali por alguns minutos até que seu estômago roncasse de fome, fazendo ambos rirem em seguida.


- Aoi já sabia que acordaria tarde e pediu para Kie preparar o seu café da manhã assim que acordasse. Vou até a cozinha avisá-la, então vista-se e venha nos encontrar, tudo bem? - encerrando o abraço, Kanao se despediu de Tanjiro e saiu do quarto em uma corridinha adorável de volta para a cozinha.


Tanjiro não pôde deixar de sorrir ao vê-la agir daquela forma. "Ela parece estar muito mais livre do que na minha primeira vida. Infelizmente, perdi a chance de vê-la assim na primeira vez, mas não cometerei o mesmo erro", pensou enquanto se levantava e caminhava até o guarda-roupa. Ele trocou seu pijama por uma calça comprida preta, sandálias de madeira, uma camisa branca de manga comprida e seu tradicional haori xadrez, que acariciou gentilmente antes de vesti-lo.


Sem pentear os cabelos, ele saiu do quarto, deixando-os da forma como estavam ao acordar - caídos e soltos, revelando apenas sua testa e a marca do caçador nela presente.


Antes de chegar à sala de estar, entretanto, o ruivo percebeu que não estaria sozinho no café da manhã. Ao atravessar o corredor, Tanjiro se deparou com uma das visões mais radiantes de sua vida. Sentada em uma pequena almofada, Amaterasu se permitia ser banhada pelos raios de sol que entravam pelas janelas e pela porta aberta, fazendo seus cabelos brancos brilharem como chamas. Com a beleza celestial da deusa adicionada à cena, Tanjiro sentiu como se estivesse testemunhando uma pequena fração da encantadora paisagem do paraíso celestial na vida após a morte.


- Ah, Tanjiro, você acordou! - disse Amaterasu, sorrindo. Ela abriu os olhos e olhou diretamente para o jovem ruivo, acenando com sua mão direita de maneira adorável e elegante. - Venha, sente-se comigo! Quero conversar um pouco com você enquanto ainda posso... tudo bem?


Tanjiro prontamente aceitou o pedido e sentou-se de frente para a deusa, enquanto Kie vinha da cozinha para servi-los com chá. Em seguida, ela voltou para a cozinha, deixando-os a sós para conversarem. - Tem algo que te preocupa, Amaterasu? - questionou Tanjiro, segurando o pequeno copo de chá quente com suas duas mãos e levando-o à boca.


- Me chame de Amy quando estivermos a sós, Tanji-kun. - interrompeu Amaterasu. - Mas sim, há algo que me preocupa. - tomando um gole de seu chá, a deusa suspirou e desviou o olhar para a janela, deixando seu rosto ser banhado pelos raios de sol. Após alguns segundos, ela se virou novamente para Tanjiro. - Na verdade, é algo que esperei por muito tempo. Mentalmente me preparei para isso por milênios e pensei que estivesse pronta, mas agora que está tão próximo de acontecer, eu me sinto ansiosa. - colocando a mão direita sobre o peito, Amaterasu inspirou e expirou lentamente, tentando se acalmar. - É assim que vocês se sentem quando algo importante está prestes a acontecer? N-Nunca me familiarizei com esse sentimento.


- Amate~ digo, Amy... Essa coisa para a qual se preparou é tão importante assim? - tentando não pensar na potencial cena catastrófica em que a grande deusa Amaterasu está tremendo de ansiedade, Tanjiro decide concentrar-se em tentar ajudá-la. Com sua forma atenciosa e carinhosa, o ruivo se aproxima da deusa e segura gentilmente seu ombro, fazendo-a olhar para ele. - Se é importante e está prestes a acontecer, então simplesmente não pense mais nisso. Você, mais do que qualquer outra pessoa, me ensinou isso com todas as experiências que me proporcionou... direta e indiretamente.


"Se tens conhecimento do futuro, então deixe de esperar por ele e viva o presente." Essas palavras fizeram Amaterasu arregalar os olhos em grande surpresa. De fato, a sabedoria era uma dádiva do destino que só podia ser conquistada por meio da experiência. Para alguém que sempre esteve no paraíso celestial, presenciando cada momento da criação em sua linha temporal e possuía perfeito conhecimento do futuro, as palavras de um garoto ensinaram-lhe mais do que ela aprendera em toda a sua existência.


- Viver o presente sem temer o futuro... - sussurrou a deusa, coçando o queixo com uma expressão pensativa. - Hm, entendi. Obrigada, Tanji-kun! - disse por fim, voltando-se para Tanjiro apenas para envolvê-lo em um abraço apertado, soltando-o após alguns segundos. - Após comer, vá ajudar seus amigos com o festival. Nos veremos novamente à noite! - e assim, a deusa desapareceu em meio aos raios solares, juntando-se a eles e viajando pelos céus.


Tanjiro observou, com um sorriso no rosto, os raios de luz solar se movendo à medida que a deusa desaparecia e voava para longe dali. 'Seja o que for que estiver esperando, estaremos nisso juntos, minha deusa', pensou, voltando seu rosto para a cozinha e vendo Kie trazendo uma bandeja cheia de bolinhos de arroz e duas tigelas de tempura, perguntando para onde a deusa havia ido.


- la tinha algo para resolver. - foi tudo o que disse, encerrando ali o assunto e desfrutando em silêncio do seu café.


Havia muito para se resolver até a noite chegar.


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- Neh, neh, senhor Tomioka! Por que você nunca sorri? Hm? Já te vi sorrindo para o mestre Tanjiro! Então, por que não sorri para mim? Anda, vamos! Sorria! - caminhando lado a lado com Giyu, Shinobu continua a irritá-lo com cutucadas no braço, de maneira divertida, embora estressante para o pilar da água. - Neh, neh!


- Você já sabe minha história, Shinobu. Sabe por que eu não sorrio - o pilar suspira, derrotado. Há muito tempo desistiu de resistir às cutucadas, físicas e verbais, da pilar do inseto. - Deixe isso de lado por enquanto. Lembro de Mitsuri ter dito que encontraríamos uma loja nessa cidade que teria o que precisamos para o festival, mas ainda não vi nada dessa loja.


- Moou, chato - fazendo beicinho, Shinobu para de cutucar Giyu e começa a andar normalmente. Ao olhar para as lojas nas ruas daquele pequeno vilarejo, percebe que a loja que procuram parece não estar em lugar algum. - Será que ela errou a direção e apontou para o vilarejo errado?


- ... - pensativo, Giyu olha para cima e solta um suspiro derrotado. - Eu não duvido que ela tenha feito isso. Aquela cabeça de vento só pensa em comer.


- Pff, e você é perfeito para colocá-la na linha. Fala sério, vocês dois são como irmãos.


- Hm - Giyu tenta esconder, mas Shinobu percebe um sorriso fraco em seus lábios. No entanto, ela apenas sorri diante da cena fofa e apaziguadora.


Não havia como não sorrir, Giyu tinha a melhor expressão ao sorrir - a mais alegre e iluminada, perdendo somente para a de Tanjiro.


- Ah, veja! - exclamou Shinobu, apontando para uma loja escondida entre dois prédios enormes. Era uma pequena loja de penhores e decorações, construída bem no espaço entre duas hospedarias. - Agora entendi por que não a encontramos antes.


- Hm, vamos lá. - Giyu se aproximou da loja, seguido por uma Shinobu saltitante.


Ao entrarem na loja, os dois rapidamente perceberam algo estranho. O interior era muito mais amplo do que parecia ser visto do lado de fora, e havia muitos artigos sendo vendidos ali que não eram fabricados na Ásia, mas sim no Ocidente, como quadros, joias enfeitadas com pedras de diamante, relógios de pulso, entre outros.


- Impressionante, nunca imaginei que encontraria algo assim por aqui. - disse Giyu, olhando ao seu redor. Shinobu se aproximou do balcão para chamar um atendente, mas ao perceberem estarem sozinhos, ela pediu a Giyu que olhasse nos fundos da loja em busca de alguém. - Hm, tudo bem.


Seguindo para os fundos da loja, Giyu observou os itens nas prateleiras com curiosidade, atraído por várias peças de porcelana - vasos - muito bem feitas, empilhadas em cima de uma pequena mesa. Enfrentando os vasos, algo na forma como eram feitos e pintados chamou a atenção de Giyu por um momento. Todas as cores e formatos eram mínimos, tudo lhe era muito familiar.


- Esse formato e essas cores, onde já vi antes? Não, eu nunca fui em uma loja que vendesse vasos na minha vida. Mas então, por que isso é tão familiar para mim? - cruzando os braços, Giyu continuou observando os vasos atentamente até finalmente se lembrar. Em uma de suas breves conversas com Kokushibo, o ex-Lua Superior repassou todas as informações que tinha sobre as outras luas, inclusive seus hobbies e trabalhos além das suas missões. Seus olhos se arregalaram em surpresa e, em seguida, uma expressão de desespero tomou conta de seu rosto. - Shinobu! Vamos sair daqui, agora! Shinob~


Em instantes, o ar se tornou gélido, como se estivesse no meio de uma nevasca. Sua respiração foi rapidamente comprometida, e seus pulmões, por mais forte que puxassem o ar para dentro de si, já não conseguiam trabalhar com toda sua capacidade, ardendo com a sensação de queimação do frio intenso. Segundos depois, um grito agudo feminino ecoou da entrada da loja, e olhando na direção do grito, Giyu viu Shinobu sendo segurada pelos braços antes que conseguisse alcançar a nichirin em sua cintura. E aquele que a segurava, com certeza, não era humano.


- Ora, ora, o que temos aqui? - sua voz soava traiçoeira e irritante. Embora estivesse sorrindo, sua expressão não combinava nem um pouco com seus olhos penetrantes, que irradiavam uma irritação sem fim. Além disso, havia um grande símbolo cravado em ambas as íris.


- L-Lua superior u-um... - rangendo os dentes, Giyu desembainha sua lâmina nichirin e assume posição de combate.


"Fui um tolo, ficou claro que algo estava errado desde o momento em que entramos na loja. Não havia nenhum atendente, e, embora fraco, havia um leve cheiro de sangue no ar. Esses vasos são feitos pela lua superior Gyokko, segundo as informações de Kokushibo. E esse que está na minha frente... é o que ocupava o segundo lugar entre as luas superiores, Douma", pensou Giyu, reunindo todas as suas forças em pernas e braços, preparando-se para atacar. - Respiração da Água, Décima Primeira Forma: Calmaria.


- Oh? - Douma se surpreende ao sentir os batimentos do caçador tornarem-se tão lentos a ponto de pararem. Em seguida, o caçador desaparece, reaparecendo do outro lado da rua com Shinobu já em seus braços. - Mas o que...? - confuso, Douma olha para seus braços cortados e vira a cabeça na direção dos pilares, com um sorriso psicótico no rosto. - Vocês são bem fortes! E essa mulher... ah, tão bela! Vocês são um casal, por acaso?


Shinobu tremia da cabeça aos pés. Não por medo da lua superior, mas por ver, pela segunda vez, toda a sua vida passar diante de seus olhos. Ofegante, a pilar desvia o olhar entre Giyu e o demônio, e lágrimas de frustração descem por seu rosto. Estava irritada, irritada por ser fraca demais para sentir o demônio e livrar-se de suas garras, ou até mesmo por demorar demais para reagir e sacar sua nichirin, precisando ser salva mais uma vez por um de seus companheiros. Percebendo a frustração de Shinobu, Giyu leva sua mão até seu ombro e o aperta levemente, chamando sua atenção para si. 


- Não se preocupe, todos temos nossos pontos fortes e fracos. Você superou sua fraqueza e se tornou uma pilar. Não deixe nada nem ninguém tirar isso de você. - colocando-se de pé, Giyu concentra todas as suas forças, seus olhos se tornam levemente opacos, e ele entra no mundo transparente. - Você já fez sua parte cuidando dos meus ferimentos todos esses anos. Agora, permita-me fazer a minha ao protegê-la.


Douma observa a cena com atenção, percebendo a mudança na postura e nos mínimos movimentos que Giyu realizou ao empunhar novamente sua nichirin. "Então, esse é o 'mundo transparente' do qual ouvi falar. Parece que ele ficou mais ágil. Isso pode ser perigoso", pensou. De repente, o ar ao redor do vilarejo começa a esfriar ao ponto de congelar as gotículas da atmosfera, criando neve e cristais de gelo por toda parte. - Que tal começarmos logo com isso? Arte Demoníaca de Sangue: Jardim Suspenso.


Giyu presencia a movimentação dos músculos e das articulações de Douma e, prevendo seu próximo movimento, posiciona-se para preparar o contra-ataque perfeito. - Respiração da Água, Terceira Forma: Dança da Corrente Rápida.


Douma então avança rapidamente em sua direção, realizando dezenas de ataques consecutivos com seu leque e deixando rastros e mais rastros de gelo pelo caminho. Movimentando rapidamente suas pernas e seu quadril, Giyu deflete cada um dos cortes do leque de Douma com a parte achatada de sua nichirin, defendendo-se de todos os ataques e conseguindo a abertura que precisa.


- Segunda Forma: Roda de Água Horizontal. - Giyu tenta decapitar Douma em um movimento, mas tem sua nichirin barrada por um dos leques. Ao perceber uma mudança repentina nos músculos da lua superior, Giyu consegue se afastar a tempo, tendo apenas a superfície do abdômen cortada por um segundo leque. - Tch, se é assim...?


Giyu começa a olhar para os lados, confuso e também assustado. Estava tão focado na luta que não percebeu o ar tornando-se cada vez mais gélido. Em poucos minutos de confronto, Douma já havia conseguido cobrir todo o vilarejo com sua arte demoníaca de sangue. Agora, o simples ato de respirar havia se tornado uma tarefa extremamente difícil e dolorosa, e a temperatura só abaixava cada vez mais, a cada segundo que passava.


- Ah, você percebeu! Uma pena que seja tarde demais! - Douma ergue um dos braços, e duas estátuas enormes de gelo se erguem de trás das casas, sustentadas no ar por uma forte geada. - Sabe, fiquei bem surpreso quando descobrimos que um dos pilares havia visitado esse vilarejo. Então, decidi tomar o controle de uma das lojas que foram visitadas, esperando que viessem mais alguns. E não é que eu estava certo?! Agora, por que não fica paradinho aí, enquanto eu...


E parou, pois já não via mais Shinobu onde havia sido deixada pelo pilar, e quando olhou de volta para Giyu, viu um ligeiro sorriso em seu rosto e finalmente percebeu: também havia caído em uma armadilha. "Respiração do Inseto, Dança da Abelha: Vibração Verdadeira", com sua velocidade inabalável, Shinobu rasgou a geada de Douma até alcançá-lo, estocando a ponta de sua nichirin com toda a sua força contra o rosto da lua superior, perfurando-o e injetando uma grande quantidade de veneno em seu corpo. Quase instantaneamente, o veneno começou a fazer efeito ao derrubá-lo no chão e inutilizar completamente um de seus braços.


Graças a Tanjiro e também a Tamayo, Shinobu pôde treinar tanto seu lado caçadora quanto seu lado cientista - e agora, seus venenos estavam mais mortais do que nunca.


- Ghhuh, parece que vou ter um pouco mais de trabalho com vocês... - disse Douma ao se levantar e tentar mexer seu braço esquerdo, porém sem sucesso. - Hmmm... - seu rosto então se torna sério, sem qualquer expressão. Naquele momento, sua energia demoníaca triplicou de intensidade, e a geada ao redor da logo começou a transformar todas as casas em blocos gigantes de gelo. - Vamos ver quem vai durar mais. Vocês... - Douma prepara seu último leque restante, e uma terceira estátua de gelo gigante emerge da estrada atrás de si. - Ou eu. Desistam, ou tornem-se um demônio!


Shinobu se coloca ao lado de Giyu, e os dois pilares se preparam para lutar. Não tinham mais escolha, agora estavam lutando contra o tempo. Sentindo seus pulmões congelarem a cada segundo, ambos empunharam novamente suas nichirins e fixaram seus olhos sobre a lua superior.


- Se vamos cair... cairemos lutando! - gritaram em conjunto, antes de desaparecerem em meio à geada.


A batalha... estava apenas começando.


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No quartel-general dos caçadores, Tanjiro auxiliava os demais pilares nos preparativos do festival quando um corvo surgiu nos céus, sobrevoando os campos de treinamento e emitindo gritos que capturaram a atenção de todos os caçadores presentes. Num instante, todas as atividades cessaram e todos tentaram persuadir o corvo a revelar o motivo de sua agitação - no entanto, foi somente ao vislumbrar Tanjiro que o corvo desceu até eles e começou a falar.


- CAW! CAW! Emergência! Emergência! CAW! CAW!


- Uma emergência...? - Tanjiro fitou o corvo, confuso, quando algo chamou sua atenção. Suas penas não eram como as dos corvos comuns da corporação, ostentando adornos em torno de seu pescoço, uma marca distintiva. - Espera, isso é...! - as palavras se extinguiram em sua garganta ao reconhecer a proveniência daquela ave, e instantes depois o ar tornou-se tão denso que sufocava todos os outros caçadores. Mesmo os pilares, treinados e experientes, eram oprimidos por essa imensa pressão.


Tanjiro desapareceu em um borrão de chamas carmesim, deixando o corvo para trás. Os pilares confundiram-se com sua reação, mas assim que voltaram sua atenção para o corvo, seus olhos se arregalaram de espanto. "Esse corvo é o corvo da Shinobu!", exclamou Mitsuri, confirmando as suspeitas dos demais. "Rápido, chamem os kakushis! Avisem o mestre! Uma lua superior apareceu!", bradou Kyojuro em alerta, ordenando aos caçadores que se preparassem.


A quilômetros de distância, Tanjiro inspirava profundamente, combinando a força de sua respiração com a marca de caçador para impulsionar cada músculo de seu corpo além de seus limites naquela corrida. A cada passo em direção ao rastro do odor do corvo, suas vestes eram rasgadas pela pressão de seus músculos, sua temperatura corporal aumentava e seu sangue pulsava com maior vigor em suas veias, fazendo-as saltarem à superfície de sua pele. Aproximando-se do local da batalha, Tanjiro sentiu o ar tornar-se cada vez mais frio e doloroso de ser inalado, e cristais de gelo já começavam a se formar sobre as árvores e flutuavam pelo ar.


- Merda, parece que estou respirando líquido! Sinto-me afogando à medida que me aproximo cada vez mais, mas... - Tanjiro exclama, sua voz abafada pelo desespero. Fixando o olhar à frente, ele comprime os olhos ao testemunhar uma tempestade de neve cobrindo uma cidade inteira, como se um ciclone de gelo devastador tivesse atingido a região. Ao longo da estrada, corpos congelados em posições de puro terror jaziam imóveis, capturados pelo gelo enquanto tentavam fugir. - Preciso me apressar! - determinado, Tanjiro suprime a dor e o frio intenso que consomem suas forças, lançando-se de cabeça no meio da tempestade. Cada passo é um desafio, perfurado por lâminas de gelo ao longo de todo o caminho até o epicentro da tormenta.


Ali, tudo ao seu redor parecia desacelerar quase até parar. Rompendo a densa névoa gélida com um esforço sobre-humano, Tanjiro varreu o olhar pelos inúmeros fragmentos cortantes de gelo voando em sua direção, até encontrar os alvos - dois corpos ajoelhados. O primeiro erguia os braços como um escudo protetor para o segundo, que jazia caído, abraçando as próprias pernas para se defender do frio. Ao reconhecer Shinobu e Giyu, as veias de Tanjiro saltaram na pele, enquanto todas as suas forças se concentravam nas pernas e nos braços. O calor de seu corpo fluía para a lâmina da espada, e uma segunda marca de caçador despontava em seu rosto, amplificando suas habilidades físicas como um caçador.


Num piscar de olhos, o ruivo atravessou a névoa, emergindo entre os pilares e a onda de lâminas gélidas que o atacavam.


- Respiração do Sol, Sexta Forma: Sol Ardente! - com um último suspiro, Tanjiro girou sua nichirin num movimento circular, engendrando chamas carmesins que devoraram todas as lâminas gélidas, até não restar nenhuma.


Após o movimento, Tanjiro foi forçado a prender a respiração. O ar estava demasiadamente denso para renovar seu corpo, e qualquer tentativa de recuperar o fôlego resultaria em sua morte iminente. Lembrando-se de sua batalha contra Daki em sua vida anterior, Tanjiro concentrou-se em acelerar os batimentos cardíacos e elevar a temperatura do corpo.


Naquele momento, isso era a única coisa que o impedia de congelar até a morte.


Quando as chamas se dissiparam, Douma pensou ter eliminado os dois pilares. No entanto, ficou espantado ao ver um terceiro pilar parado ali, inatingido por suas técnicas. Seus olhos se arregalaram em puro terror ao notar seus cabelos e olhos carmesins. Algo em seu sangue sussurrava para ele fugir dali antes de ser obliterado, mas esse medo se desfez quando percebeu que o novo pilar evitava respirar o ar congelado. "Ele está evitando respirar, então não pode ter tanto fôlego assim. Se eu conseguir resistir aos ataques tempo suficiente, posso matá-lo! E assim, o mestre Muzan vai me recompensar ainda mais!", pensou Douma com um sorriso psicótico estampado em seu rosto.


Com todos os seus sentidos fixados em Douma, Tanjiro se virou para verificar o estado de Shinobu. Seu corpo não estava totalmente congelado, apenas pequenos pedaços de seu uniforme e cabelos estavam endurecidos pelo gelo. No entanto, ao olhar para Giyu, suas esperanças se desvaneceram por completo. Mais da metade de seu corpo estava coberta de gelo, e seus pulmões mal conseguiam captar ar suficiente para mantê-lo vivo. Sua temperatura corporal diminuía a cada segundo, e a única razão para ele ainda estar vivo era um veneno injetado em seu corpo por Shinobu, que forçava seu sangue a não coagular e congelar diante do frio extremo.


O mesmo veneno também corria nas veias de Shinobu, mas se o frio aumentasse ainda mais, em breve não seria suficiente para mantê-los vivos.


- O que foi? Preocupado com seus amigos? - perguntou Douma provocativamente, cobrindo a boca com um de seus leques enquanto criava ainda mais lâminas de gelo no ar.


Com os olhos enfurecidos, Tanjiro se voltou para Douma em silêncio. "Preciso segurar o fôlego... pelo máximo tempo possível!", pensou, apertando sua nichirin com firmeza.


- T-Tanjiro... - a voz fraca de Shinobu ecoa, chamando a atenção do ruivo, que se volta para observá-la novamente. - G-Giyu e-está assim p-por ter me p-prote-egido! P-Por fa-avor, s-saia daqui, l-leve ele, d-deixe-me!


Os olhos de Tanjiro se arregalam em surpresa, dirigindo seu olhar mais uma vez para Giyu. Apesar de não terem conversado tanto como ele gostaria nesta vida, na sua primeira existência, o Pilar da Água foi a fonte de sua força para lutar pela irmã. Mais do que isso, Giyu foi o primeiro a acreditar que Nezuko não era uma ameaça, mesmo sendo um demônio. Agora, Giyu se mostrava extraordinário novamente, colocando a vida de Shinobu à frente da sua própria. Nos breves segundos em que os observou, Tanjiro percebeu a sua própria cegueira em relação a eles.


"Embora Shinobu tenha mudado e se fortalecido desde que a conheci, ela ainda é a mesma Shinobu. O mesmo se aplica a Giyu, sempre se colocando à frente dos outros para protegê-los, arriscando a própria vida...", relembra quando Giyu arriscou tudo para provar que Nezuko era confiável perante os outros pilares. Tanjiro aperta o cabo de sua nichirin com mais força e se volta para Douma novamente. "Desculpem-me, pessoal, mas não vou deixá-los sozinhos!", concluiu, deixando as chamas carmesim saírem de suas narinas, como um sopro ardente de seus pulmões.


Tanto Shinobu quanto Giyu arregalaram os olhos naquele momento. Era como se Tanjiro tivesse desistido de lutar, pois era impossível inspirar ar o suficiente para usar qualquer técnica de respiração com o ar denso e congelado.


- Ora, parece que você cansou de viver! - caçoou Douma, erguendo um de seus leques e preparando mais lâminas de gelo no ar. - Fique tranquilo, vou atender ao seu desejo... oya? - confuso, Douma interrompe seu movimento ao ver Tanjiro expelir todo o ar de seus pulmões, até que não houvesse mais nada dentro deles. "Mas o que... ele enlouqueceu?", perguntou-se mentalmente, cruzando os braços enquanto tentava entender o que o ruivo planejava.


Naquele instante, Tanjiro parecia petrificado, imóvel, enquanto concentrava toda a sua energia. E então, de maneira lenta e deliberada, o ruivo começou a inalar o ar gélido, preenchendo seus pulmões gradualmente, absorvendo cada gota de oxigênio que lhe era possível. Inicialmente, Douma ria escarnecendo de sua tentativa aparentemente fútil, porém, sua risada se extinguia quando percebia que o ruivo não cessava de inspirar, inflando seu peito ao máximo, como se buscasse absorver o máximo que conseguisse.


No entanto, algo havia mudado. Agora, Tanjiro conseguia expandir seus pulmões além do imaginável, e o gelo que começava a cobrir sua pele desnuda começava a se desprender vagarosamente, incapaz de aderir a sua superfície. Confuso, Douma decidiu que não perderia mais tempo tentando desvendar os planos do ruivo, ergueu seu segundo leque e preparou-se para atacar. Ao exalar todo o ar pela segunda vez, Tanjiro fortaleceu sua postura de batalha, agarrando-se com ainda mais firmeza ao cabo de sua nichirin. Então, pela terceira vez, começou a inspirar todo o ar que lhe era possível. Nos primeiros cinco segundos, nada aconteceu, mas assim que seu peito começou a se expandir, algo estranho começou a ocorrer ao seu redor.


A neblina gélida começou a se transformar em vapor, e o gelo que cobria suas vestes começou a derreter, como se raios de sol o tocassem diretamente. Então, pequenas correntes de fumaça começaram a emanar de partes específicas de seu corpo - suas mãos, seus pés, seu quadril, seus ombros, seu rosto - e quando, por fim, Tanjiro concluiu sua inspiração máxima...


- Respiração do Sol, Formação Ancestral: Ascendência da Fênix!


Uma explosão fulgurante irrompeu, varrendo com ímpeto todo o nevoeiro gélido e dissolvendo a tempestade de neve que assolava a cidade. Na calmaria que se seguiu, Douma foi tomado pelo medo paralisante, enquanto Shinobu, incrédula, mal podia acreditar no que seus olhos presenciavam.


Em pé, Tanjiro permanecia imóvel, seu corpo tremendo intensamente, em plena combustão, as chamas solares jorrando diretamente de sua pele, transcendendo a mera lâmina de sua espada. Como se fosse um demônio, Tanjiro envolvia-se com as chamas da sua respiração, intensificando o brilho escarlate das duas marcas de caçador em seu rosto. Seus olhos, agora brancos, resplandeciam como dois sóis. Sua temperatura corporal ultrapassava os 100°C, contudo, graças ao frio cortante gerado por Douma, nenhum dos seus órgãos internos sucumbia às altas temperaturas das chamas e do sangue.


- T-Tanjiro, m-mas o q-que... - ainda sob o choque, Shinobu tentou questionar, mas foi interrompida pelo ruivo.


- Uma técnica ancestral, forjada por Yoriichi e transmitida a Tanaka durante suas jornadas pelo Japão. Uma técnica criada... especialmente para enfrentar demônios poderosos, dotados de artes demoníacas relacionadas ao gelo! - proclamou Tanjiro ao erguer sua nichirin, amplificando ainda mais o alcance das chamas. - Essa era uma surpresa que você não esperava, não é, Douma?!


Irritado pelo fato de um caçador ter conseguido superar suas técnicas aperfeiçoadas, especialmente desenvolvidas para impedir a respiração, Douma concentrou todas as suas forças em conjurar um último ataque, auxiliado por suas estátuas. No entanto, seus esforços foram em vão quando Tanjiro posicionou sua espada e uma onda gigantesca de chamas emergiu de seu corpo. Num salto impressionante, o ruivo desapareceu do chão, erguendo uma coluna de chamas em seu lugar. Lentamente, todas essas chamas acompanharam sua espada, até que uma gigantesca fênix nasceu de seu corpo, formando-se majestosamente nas nuvens do céu.


A ave, composta puramente por chamas solares, desceu em uma velocidade incomparável, levando Tanjiro como um cometa em direção a Douma, que não pôde fazer mais do que cobrir o pescoço com seus braços e uma espessa camada de gelo, na tentativa de evitar a decapitação iminente.


- Ah, não se preocupe! - gritou Tanjiro enquanto caía, desaparecendo no ar e reaparecendo imediatamente ao lado de Douma. - Com isso, não será necessário cortar sua cabeça para te matar!


Com a espada atrás de si, a fênix de chamas acompanhou rapidamente os movimentos de Tanjiro e, num corte vertical de baixo para cima, todas as chamas se uniram, provocando uma explosão gigantesca. A explosão pulverizou completamente o corpo do demônio superior, não deixando nenhum vestígio, e expulsou o ar gélido da região, derretendo os cristais e blocos de gelo no processo. Qualquer rastro da arte demoníaca de sangue de Douma foi aniquilado pelas chamas na explosão.


Quando Shinobu abriu os olhos após a explosão, deparou-se completamente livre do gelo que a envolvia. Até mesmo Giyu, à beira da morte momentos antes, agora precisaria apenas de alguns minutos para se recuperar. Perplexa, a Pilar dos Insetos fitava o lugar onde o corpo de Douma deveria estar. Nunca testemunhara algo tão assombroso, e, ao que parecia, jamais voltaria a presenciar tal técnica - a menos que outro demônio habilidoso em manipulação de gelo, tão formidável quanto Douma, surgisse novamente. Virando-se para o lado, avistou Tanjiro deitado no chão, suas vestes rasgadas e sua pele ainda fumegante. Após assegurar-se de que Giyu estava bem, a pilar apressou-se em correr até o ruivo para verificar seus sinais vitais. Os olhos de Tanjiro estavam abertos, seus batimentos cardíacos haviam voltado ao "normal" e sua respiração já não era ofegante, porém sua mente parecia distante - levando alguns segundos para perceber a presença de Shinobu ao seu lado.


- Ah, Shinobu-chan, estou aliviado que esteja bem - disse Tanjiro, um sorriso imenso iluminando seu rosto. Shinobu corou levemente com como foi chamada, mas rapidamente escondeu a reação. - Acho que... não vou ter mais forças para participar do festival - resmungou, brincalhão, rindo de sua própria situação e recebendo um tapa de Shinobu na cabeça como consequência. - Ai... desculpa.


- Isso é para você parar de brincar com essas coisas. Vamos, precisamos voltar... - puxando Tanjiro, Shinobu ajudou-o a se levantar e passou um de seus braços em volta de seu pescoço, servindo de apoio. - Todos estão nos esperando para o festival.


- Com todos... você quer dizer eles? - perguntou, apontando para a frente.


Shinobu fixou seu olhar adiante, tomada de surpresa pela presença de todos os outros pilares. Subitamente, um verdadeiro exército de kakushis emergiu do interior da floresta, trazendo consigo os corpos descongelados das pessoas para um tratamento imediato. Um pequeno grupo aproximou-se do trio de pilares e, em questão de momentos, todos estavam recebendo os cuidados necessários para suas feridas. Tanjiro ainda lutava contra uma febre intensa, porém sua temperatura começava a voltar lentamente ao normal.


- O que... aconteceu com o festival? - questionou Shinobu, lançando um olhar a Gyomei, o qual parecia o mais preocupado de todos.


- O mestre decidiu cancelá-lo para que vocês três pudessem descansar o resto do dia.


- No entanto, para não desperdiçarmos todos os preparativos, o festival será realizado amanhã! - acrescentou Tengen, com um sorriso radiante no rosto.


- Isso é... ótimo. - Tanjiro sorriu ao se aproximar, apoiando um dos braços em Kanae para conseguir andar. - Agora, vamos voltar~


Suas vozes foram abruptamente silenciadas quando um tremor assolou toda a região. Uma poderosa onda de choque os derrubou, e, instantes depois, uma densa camada de poder divino envolveu todo o planeta. O tremor logo cessou, porém aqueles que foram abatidos e tocados pelo poder divino perderam a capacidade de interagir com o mundo, enquanto todos os seres vivos ao redor desapareceram como se nunca tivessem existido. Em seguida, o som de um sino reverberou em suas mentes, e todos se viram flutuando acima das nuvens, cercados por inúmeras figuras desconhecidas - homens, mulheres e até mesmo formas de vida jamais vistas.


"O que está ocorrendo?!", indagou Tanjiro a uma das figuras, mas antes que pudesse obter resposta, uma explosão sonora poderosa atraiu a atenção de todos para o local onde, algumas centenas de metros abaixo, duas pessoas pareciam travar um confronto visual. A explosão sonora? Meramente o choque de suas presenças. A primeira pessoa era uma mulher, imediatamente reconhecida por todos os pilares como a deusa Amaterasu. Seu olhar transbordava fúria, a ponto de seus olhos se assemelharem a dois sóis prestes a explodir.


No entanto, o outro indivíduo era um homem desconhecido até então, porém emanava uma aura tão poderosa quanto a de Amaterasu naquele momento - e devido ao clima hostil impregnado no ar, todos compreenderam imediatamente.


Era a primeira vez em milhares de anos que duas divindades se enfrentariam face à face. O embate... estava prestes a começar.


(...)





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