Eu tenho as mãos de Taemin segurando minha cintura de maneira possessiva. Meus braços estão ao redor do seu pescoço, e é uma questão de segundos para minha boca estar colada na dele, desfrutando o provável melhor beijo da minha vida.
Mas é claro que isso não acontece.
Porque eu sou Park Jimin, o ser mais azarado que já pisou na Terra, e o caralho do despertador está tocando na melhor parte do sonho.
Inferno!
Já começamos a manhã como? Isso mesmo, na força do ódio!
Passo a mão por toda a cama em busca do meu celular para desligar as trombetas do inferno, e é quando me dou conta de duas coisas.
Primeiro: meu celular não está na cama. Segundo: esse não é o toque do meu despertador.
Me sento bruscamente e no mesmo instante me arrependo. Sinto pontadas fortes em minha cabeça com o menor dos movimentos, o que faz com que eu me deite outra vez, sem contar o enjoo fora do normal. Massageio minhas têmporas e, com cautela, me ergo de novo, me sentando na cama enquanto tento organizar os meus pensamentos e agradecendo quando o despertador (que ainda não faço ideia de onde está) desliga.
— Que dor! — resmungo com os olhos fechados, esfregando meu rosto para espantar o restante do sono. — Eu nunca mais vou beber na vida! — Me preparo para me levantar e percebo um cobertor preto cobrindo minhas pernas, assim como um tapetinho felpudo perto da cama. Eu não tenho cobertores pretos, muito menos tapetes em meu quarto.
Olho ao redor. É quando eu me dou conta de que não estou no meu quarto. Estou na Câmara Secreta, o local onde o Basilisco — conhecido como Jeon Jungkook
— habita, e o pior de tudo é que não tenho a menor ideia do que aconteceu na noite anterior. Pensar nisso me faz tremer dos pés à cabeça.
Puxo a coberta e noto que estou vestindo apenas uma cueca boxer e uma blusa que também não me pertence.
O que aconteceu ontem?
A porta do quarto se abre e o cafajeste que vive comigo entra no cômodo com uma toalha enrolada na cintura enquanto usa outra para secar os cabelos. A água escorre lentamente por todo o seu peitoral até chegar no tecido felpudo.
Credo, que delícia!
Que visão, meus amigos!
Digo, credo! Que visão dos infernos! Péssima, horrível!
— Finalmente acordou, Aurora! — ele diz e se aproxima do guarda-roupa, retirando algumas peças e começando a se vestir ali mesmo. Viro o rosto rapidamente para não me traumatizar um pouco mais.
— Por que eu estou no seu quarto? — pergunto baixo por causa da dor insistente em minha cabeça e sinto a cama afundar um pouco.
— Não se lembra de nada da noite anterior? — Nego, e Jungkook se levanta, pegando o seu celular na mesinha de estudos. — Bom, tome as aspirinas que eu deixei para você. — Aponta para a mesinha de cabeceira, onde vejo uma garrafinha com água e uma cartela de remédio. — Tome um banho, você vai se sentir melhor. Quando acabar, venha para a cozinha, te explico enquanto tomamos café.
Isso não está me cheirando bem. O que diabos aconteceu ontem? Eu dormi com ele? Bebi tanto a ponto de cair no charme do Jungkook? Não que ele seja charmoso, na verdade, está bem longe disso, mas isso explicaria por que acordei em seu quarto usando suas roupas.
Me lembro de estar em uma festa, da música alta e das luzes piscando. Eu estava bebendo, isso eu sabia com certeza. Tento me lembrar dos detalhes, mas as peças não se encaixam. Sei que bebi muito, mas nunca imaginei que ficaria tão fora de controle a ponto de acordar no quarto do Jungkook.
Me levanto com cuidado, sentindo-me um pouco tonto ao me colocar em pé. Tomo as aspirinas e sigo até meu quarto, estranhando quão limpo e perfumado está. Será que eu bebi e resolvi fazer uma faxina? Tenho o costume de misturar diversos produtos de limpeza, talvez o cheiro tenha ficado tão forte que eu precisei dormir no quarto dele.
Não faz sentido, mas é uma teoria melhor que dormir com Jungkook.
Pego um pijama bem fresquinho e vou até o banheiro para tomar um banho e recuperar o que restou da minha dignidade.
Saio do banho me sentindo um pouco melhor. A dor de cabeça está começando a passar, assim como a náusea. Agora a única coisa que eu sinto é uma fome fora do normal, e ela piora quando identifico o cheiro de ovos fritos e café fresco.
Caminho até a pequena cozinha e encontro Jungkook usando apenas uma calça de moletom, um avental azulzinho com desenhos de flores e pantufas do Super Mario conforme prepara algumas coisas para nosso café da manhã. Essa visão me faz lembrar do Jungkook do início da nossa amizade. Ele era o responsável por preparar o café da manhã enquanto eu cuidava do jantar, e preciso admitir que era um dos momentos mais divertidos do nosso dia. Vez ou outra cozinhávamos juntos em meio a muitas gargalhadas, aproveitando para contar as novidades do dia a dia. Lembro que esses eram os momentos em que estávamos mais próximos, algo que infelizmente acabou quando ele assumiu a verdadeira personalidade de cobra que ele escondia.
— Se sente melhor? — ele pergunta quando nota minha presença e coloca o café da manhã sobre a mesa: torradas, geleia, suco de laranja e chá.
Todos os meus alimentos favoritos. Será que ele planeja me envenenar?
— Sim, estou... — respondo e me sento, observando-o servir suco, ovos e algumas torradas com geleia no meu prato. — Jungkook? — chamo, e ele me olha enquanto serve um pouco de chá para si.
— Juro que não cuspi na sua comida!
— Eu não ia perguntar isso, eu... espera. Você já cuspiu na minha comida?
— Lógico que não! Tive vontade? Algumas vezes depois das nossas brigas. Mas tudo que fiz foi roubar suas preciosas jujubinhas.
— Você fez o quê? — Bato o punho na mesa e sinto meu pinscher interior começar a tremer. — Seu salafrário! Por dias eu achei que estivesse ficando louco porque não me lembrava de ter aberto um pacote!
— Admito que foi divertido ver você resmungando pela casa enquanto tentava lembrar o dia em que comeu.
— Você é um bandido! Espero que tenha te dado uma dor de barriga imensa!
— Tenho estômago de avestruz. Nada me faz mal.
— Para de fazer piada! Vou te esganar!
— Por favor! Eu imploro. — Jungkook junta as mãos em súplica e sorri com segundas intenções em minha direção.
— Cara, você não cansa?
— Ser lindo não é cansativo. — Dá uma piscadela e se encosta na cadeira.— Enfim, ruivinho. O que você queria me perguntar?
Merda! Já tinha me esquecido disso.
— O que rolou ontem? Só me lembro de beber algo rosa várias vezes, depois disso é um apagão.
— Você realmente não se lembra?
— Eu estaria perguntando se lembrasse? — Cruzo os braços e não gosto da forma como ele sorri.
— Vejamos... — Ele coça o queixo. — Você bebeu pra caralho. Subiu no balcão do bar e dançou funk, e quando retornamos pro nosso dormitório, você me beijou e declarou todo o seu amor por mim.
— Eu tô falando sério, cara!
— Eu não estou brincando, Park Jimin. — Jungkook apoia os cotovelos na mesa e entrelaça os dedos. — Você declarou seu amor e disse que o maior sonho da sua vida era se casar comigo. Eu, como o cavalheiro que sou, recusei e expliquei que você estava fora de si, mas você me jogou na cama e grudou no meu corpo como o Homem-Aranha. — Balança a cabeça como se estivesse desaprovando minha atitude, e eu sinto minha pressão começar a cair. — Agora que você está sóbrio, podemos conversar sobre sua proposta de casamento.
— Isso não é real! Você tá me sacaneando — choramingo e puxo meus cabelos, me forçando a lembrar o que aconteceu. — Você tá me zoando, né? Admite!
— Você vai se sentir melhor se eu disser que sim? — pergunta, e eu me levanto da cadeira, andando de um lado para o outro.
Eu quero cavar um buraco no chão e mergulhar no núcleo da Terra.
— Por que eu acordei com suas roupas? Por que eu estava no seu quarto?
— Você disse que queria dormir sentindo meu cheirinho e o calor do meu corpo.
— Isso é um pesadelo. — Abro a torneira para molhar o pano de prato e passo na nuca e na testa.
— Pesadelo foi ter que dormir no sofá. Aquela merda é desconfortável pra cacete — ele diz, e eu derrubo o pano.
— Quando você dormiu no sofá?
— Ontem. — Abre um sorriso largo em minha direção e arqueia uma sobrancelha.
Eu conheço essa expressão.
— Seu desgraçado! Não acredito que você tava tirando uma com a minha cara! Você é um filho da p-
— Opa! — me interrompe. — Sem xingar a mamãe.
— Eu deveria mandar as suas bolas de presente para ela!
— Acho que ela não vai curtir o presente. Além disso, prefiro deixar elas onde estão. Obrigado. — Aponta para a mesa. — Venha comer, seu desmiolado.
— Desmiolado é você! — Me sento na cadeira novamente e enfio um pedaço enorme de torrada com geleia na boca. — Puta merda, não acredito que você fez isso comigo.
— Isso é o mínimo depois de eu ter que lavar todo o seu quarto ontem.
— O que aconteceu? Sem mentiras dessa vez.
Jungkook então decide contar a versão verdadeira da noite — ou, pelo menos, uma versão crível, nada tão surreal quanto dizer que eu me declarei (tsc, a imaginação desse imbecil). Conforme ele narra todos os acontecimentos da noite anterior, eu sinto vontade de abrir um buraco no chão e enterrar minha cabeça como um avestruz.
Me embebedei e sabe Deus com quantas pessoas fiquei. Em uma única noite, consegui finalizar dois desafios e, para fechar com chave de ouro (como se não fosse suficiente todo o episódio na balada), vomitei em meu quarto. Por conta disso, passei uma noite na jaula do cãoelho.
Isso é culpa sua, Fred! Onde quer que você esteja, saiba que a culpa é única e exclusivamente sua! Seu maldito bruxo!
— O cheiro de produtos de limpeza estava forte demais, fiquei na sala esperando e acabei adormecendo no sofá — Jungkook explica. — Apesar de tudo, você parece ter se divertido. Uma pena que não se lembre de nada. — Bebe o último gole do chá e me encara. — Eu gostaria de ter gravado. Você dançou tanto, parecia estar possuído pelo ritmo Ragatanga.
Não tenho coragem de falar mais nada após ouvir o relato da minha primeira festa.
Tem como ficar pior?
Não respondam, por favor.
Terminamos nosso café da manhã em silêncio, ou melhor, ele termina, já que eu estou com a fome de quinhentos guerreiros e decido ficar mais um pouco.
Como Jungkook preparou todo o café, acho justo limpar a mesa e lavar a louça. Assim que termino tudo, sigo para a sala a fim maratonar Jogos Vorazes enquanto faço minhas revisões.
Faço uma pipoca de micro-ondas, organizo meus livros e cadernos na mesinha de centro e ligo a televisão, aconchegando-me no tapete fofinho para começar a estudar enquanto o primeiro filme passa.
— Quase me esqueço de te dizer uma coisa! — Jungkook surge de repente, atrapalhando todo o meu ritual e eu bufo irritado.
Um jovem não pode ter um momento de paz?
— O que é? — Ele termina de amarrar os cadarços do seu All Star e se levanta do sofá.
— Ontem, antes de dormir, você me pediu um beijo.
— Não vou cair nessa de novo. — Reviro os olhos.
— Juro pela minha mãe que não estou mentindo agora, gatinho. — Ele sorri e se aproxima de onde estou, apoiando os braços no encosto do sofá para se inclinar em minha direção, deixando seu rosto próximo do meu, fazendo com que eu sinta sua respiração contra minha pele e seu perfume extremamente bom. — Não te beijaria bêbado, é claro, mas quando quiser, sabe onde me achar — diz com um tom de voz baixo, deixando seu sotaque evidente. Ele sorri mais uma vez e se afasta.
Lembra quando eu disse que as coisas não poderiam piorar? Pois bem, elas pioraram.
E com isso chego à conclusão de que o restante da minha dignidade acaba de morrer após essa revelação.
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Não sei em qual momento do filme peguei no sono, mas desperto no final da tarde com a voz do Adam Lambert ecoando nos meus ouvidos de forma estridente. Choramingo de dor por ter adormecido debruçado na mesa de centro e estico meus braços para me espreguiçar, sentindo-me um pouco melhor após fazer isso. Desligo a televisão e pego o celular para atender a ligação, que percebo ser de Taehyung.
— Alô? — Minha voz sai rouca e um bocejo involuntário escapa. Coço os olhos para espantar o sono e pisco algumas vezes para que meus olhos se acostumem com a claridade.
— Você tava dormindo em pleno sábado à tarde? O porre deve ter sido forte, hein? — meu amigo diz, rindo, e ouço mais uma risada no fundo, que julgo ser do Hoseok.
— Eu durmo nas tardes de sábado. — Dou de ombros como se ele pudesse me ver.
— Você estuda aos sábados. Aos domingos, você costuma dormir à tarde, mas aos sábado jamais! — O lado ruim de ter um amigo que sabe tudo sobre você é esse. — Topa vir aqui em casa? Hoseok convidou um amigo de outra universidade que cursa gastronomia. Ele veio com o namorado e tá fazendo umas comidas bem diferentes e gostosas pra gente.
— Vou só lavar o rosto e vestir uma roupa decente.
— Beleza! Quando chegar, não precisa bater, vou deixar a porta destrancada para você.
Me despeço e me espreguiço novamente antes de me levantar para ir até o banheiro. Assim que escovo os dentes e lavo o rosto, volto para a sala para recolher tudo que espalhei por lá e levo para meu quarto.
Troco meu pijama por algo mais casual e saio de casa na velocidade da luz para não encontrar Jungkook no caminho — tenho quase certeza que ele está treinando, e a probabilidade de ele estar retornando é bem grande. Em menos de cinco minutos, estou no bloco onde meu amigo está alojado. No lado de fora do dormitório, já consigo escutar algumas conversas e risadas, principalmente a escandalosa e contagiante do Hoseok. Abro a porta e vejo Taehyung, seu namorado e um garoto de cabelos castanhos bem familiar. Fecho a porta e me aproximo lentamente do sofá. O primeiro a notar minha presença é Hoseok, que sorri em minha direção.
— Olha quem chegou! — Hoseok anuncia, e toda a atenção recai sobre mim.
— SeokJin! — exclamo ao reconhecer o garoto, que caminha rapidamente em minha direção.
— Que mundo pequeno, não é mesmo? — diz e me dá um abraço bem apertado. — Nam, olha quem está aqui! — Faço uma careta quando ele grita próximo do meu ouvido, e o loiro remove um dos fones, virando em minha direção com um avental e um pano de prato nos ombros.
— Jimin! — Ele caminha até onde estou e me abraça tão apertado quanto seu namorado.
— Como vocês se conheceram? — Taehyung pergunta, confuso.
— Nos conhecemos ontem, na festa que ele foi com o Jungkook — Namjoon é quem responde quando me solta do abraço de urso dele.
Devo ter quebrado uma ou duas costelas, mas passo bem.
— E como vocês se conhecem? — questiono.
— Namjoon é meu amigo de infância, já o Jin eu conheci quando eles começaram a namorar — Hoseok informa. — Taehyung conheceu eles por meu intermédio.
— O Hobi sempre comentou sobre o "amigo do Tae" que devíamos conhecer. Quem diria que é você — Jin comenta, me abraçando pela cintura. — Uma pena que esses cornos não foram para a festa.
— Eu já tinha marcado de ir visitar meus pais e eles estavam com saudades do Tae — Hobi explica e também abraça o namorado pela cintura. — Mas podemos combinar alguma coisa, vai ser legal sair com todos vocês.
— Agora que a Jin se formou, podemos marcar algo lá em casa. Compramos uma piscina enorme! — Namjoon sugere.
— Vamos fazer um churrasco! — Hobi sugere, e SeokJin balança a cabeça.
— Churrasquinho, cerveja, piscina... — Jin suspira. — Vamos marcar com urgência!
— Todos se conhecem, festinha etc., mas e a comida? Sai hoje? — Taehyung pergunta, e Namjoon acerta o pano de prato em seu ombro. — Eu estou faminto!
— Quer me auxiliar na cozinha? Talvez fique pronta mais rápido! — Ele cruza os braços, e Taehyung passa um zíper invisível na boca. — Foi o que eu pensei.
— Quer ajuda, Nam? — pergunto, e ele sorri, bagunçando meu cabelo.
— Viram isso? Sejam como o Jimin!
— Eu vou com vocês — SeokJin informa.
— E eu vou no mercadinho com o Hobi pegar o pedido que agendamos para retirada. — Taehyung pega a carteira. — Qualquer coisa, me liguem.
Seguimos para a cozinha e Namjoon me entrega alguns legumes e verduras para descascar e cortar enquanto ele tempera alguns pedaços de carne.
Namjoon coloca os fones de ouvido novamente, e eu encaro SeokJin sem entender.
— Ele gosta de cozinhar escutando música. Diz que se concentra melhor — SeokJin explica e dá de ombros, rindo. — Mas me diz, o que achou da festa? Pelo que o Jungkook me disse, foi sua primeira experiência, certo? — questiona enquanto divide comigo as coisas que precisam ser cortadas.
— Foi interessante, embora eu não consiga me lembrar de quase nada — digo, e ele ri.
— Isso é normal, acontece quase sempre comigo. Aquelas bebidas docinhas são terríveis!
— Vou pegar mais leve da próxima vez. — Entrego as cenouras cortadas e a ajudo com as abobrinhas.
— Próxima, hein? Alguém gostou! — Ele ergue as sobrancelhas de modo sugestivo.
— Foi divertido, tirando todo o esquecimento etc.
— Você parecia estar se divertindo mesmo, dançou tanto que eu estava preocupado que não fosse parar. Estava todo solto e alegre, rindo para o vento.
— Nem quero imaginar o show que eu dei bêbado. Deve ter sido um desastre.
— Você realmente tem talento para a dança, mesmo bêbado. Foi impressionante. — Ele entrega os legumes cortados para o namorado, e é quando eu me lembro de algo que ele disse na festa.
— Jin, o que você quis dizer com "famoso Jimin"?
— O quê?
— Quando você me viu, me chamou de famoso. Por quê?
— Ah, é porque o Jungkook vive falando de você para mim.
— Falando de mim? — pergunto, confuso. — O que ele costuma falar?
— Ah, sobre como você é...
— Chato e insuportável! — Jungkook surge na cozinha como fumaça e tomamos um puta susto.
— Seu corno! Vai assustar quem tem coragem, sua peste! — SeokJin diz com a mão sobre o coração. — Pirralho insolente!
— O que você tá fazendo aqui? Deu para me seguir agora? — indago com a mão na cintura, e ele deixa algumas sacolas no chão.
Taehyung entra logo em seguida com mais algumas sacolas, acompanhado de Hoseok e Yoongi. Eles acenam em nossa direção e nem têm tempo de falar nada, pois Taehyung os puxa para ajudar a limpar a casa.
— Amor, você pode fazer aquele molho que te ensinei? — Namjoon pede para o namorado e percebe Jungkook na cozinha. — Ei, pirralho! — Ele sorri e manda um beijinho para ele.
— Faço, sim — SeokJin responde, pegando uma panela.
— Você não me respondeu. — Cutuco Jungkook.
— Até parece que eu ia perder meu tempo seguindo você. — Revira os olhos e se senta na cadeira. — E estou aqui porque o Taehyung chamou o Yoongi e eu para almoçar.
— Bom saber que você vai ficar para o almoço, assim posso colocar veneno na sua comida — eu falo, e ele passa a mão nos cabelos como se não se importasse com o que eu digo.
— Você está muito nervosinho. Quer um beijinho para ficar mais calmo?
— Sorri de modo cafajeste.
— Quero, sim! — respondo com os braços cruzados e o vejo arregalar os olhos.
— O quê?
— É isso aí que você ouviu. — Me aproximo e percebo que ele engole em seco, umedecendo os lábios em seguida. — Agora só falta saber se seu amigo vai querer me beijar. — Dou de ombros e vou até a sala. — Oi, Yoongi! — Aceno, e ele retribui, parecendo confuso com meu gesto.
— Você nem faz o tipo dele! — Jungkook exclama, e eu ergo o dedo do meio para ele.
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Mesmo com a nuvem cinzenta (Jungkook) presente, o resto da tarde é agradável.
Posso conhecer SeokJin com mais calma e descubro que ele é engraçado, excelente em dar conselhos e bem comunicativo, diferente de Namjoon, que é bem reservado, embora tenha um excelente senso de humor e um dom impressionante para cozinhar. Já Yoongi, assim como eu, é bem retraído, mas mesmo assim consegue ser bem engraçado quando se sente confortável.
E claro que é inevitável uma breve troca de farpas entre mim e Jungkook, mas nada fora do normal. Estranho mesmo seria se conseguíssemos ficar mais de duas horas juntos sem ofender um ao outro.
Taehyung, aproveitando que os demais estão distraídos, me puxa para a cozinha e me faz contar tudo sobre a noite de ontem, e eu, como o ótimo amigo que sou, conto. Apenas deixo de fora a parte em que dormi no quarto do Jungkook e pedi um beijo para ele, porque convenhamos, meus amigos, isso é vergonhoso e desnecessário demais.
E agora, nesse exato momento, estamos nos arrumando para ir a uma festa à qual Hoseok foi convidado. Sendo sincero, não tenho o menor interesse em ir, ainda estou processando tudo que aconteceu na noite anterior e não sei se estou preparado para mais uma dose de "conteúdo universitário". Porém, após longos minutos escutando Taehyung falar que preciso sair da bolha que meus pais colocaram ao meu redor e seguir minhas vontades, eu finalmente aceito.
Além disso, posso tentar cumprir mais um desafio, e quanto mais rápido terminar essa lista, mais rápido me livro da praga que vive comigo.
Dessa vez, decido escolher minhas roupas e, depois de arrumado, permito que Taehyung me faça de boneco. Me sento na cadeira para que ele faça uma maquiagem básica em meu rosto, apenas para tirar minha cara de Drácula que não bebe sangue há dez anos.
Felizmente, não preciso ir com Jungkook, já que Hoseok e Taehyung me oferecem uma carona, mas devo admitir (com muita dor) que talvez fosse melhor ter ido com ele. Eu poderia facilmente atuar em A Bela e a Fera como o amigo da Fera, o Lumière, pois fiz um lindo papel de vela entre meus amigos.
A festa não é em uma boate, mas sim na casa de um amigo do Hoseok. A música alta me deixa um pouco atordoado, e eu fico em choque com a quantidade de pessoas presentes. Como ele conseguiu colocar tanta gente numa casa?
Procuro Taehyung para segurar em seu braço, mas percebo que ele virou fumaça, assim como Hoseok, Namjoon e SeokJin , restando apenas eu, Yoongi e o demônio da encruzilhada.
— Toma. — Jungkook estende um copo em minha direção e abre uma garrafinha azul lacrada, despejando a bebida no meu copo e no dele.
— O que é isso? — pergunto, cheirando o líquido de cor estranha.
— Vodca. — responde e bebe o conteúdo de seu copo em quase uma golada. Bebo um gole mínimo e cuspo tudo no copo no mesmo instante.
— Que merda é essa? Trouxe essa bebida do seu planeta natal?
— Continua bebendo isso e você vai ver um macaco em cima do poste — Yoongi informa, e eu entrego o copo para Jungkook.
Depois de ontem, quero ficar longe de bebidas.
Procuro um lugar para me sentar e, assim que encontro um sofá vazio, corro em sua direção como se minha vida dependesse disso. Verifico se não tem nada estranho no estofado e, ao me certificar que está limpinho, me sento, soltando um suspiro feliz.
Isso sim é do que o jovem universitário precisa.
— Você deu sorte — Jungkook comenta, se sentando ao meu lado. — É difícil achar uma cadeira nesses lugares, imagine um sofá.
Mas o que é isso? Minha sombra?
— Ei, Jungkook, não olha agora, mas o moreninho ali não para de te encarar. — Yoongi diz e se senta no espaço vago. Pelo fato de ele estar praticamente gritando devido ao som alto, eu acabo escutando.
— Bonitinho, mas é muito alto, não faz meu tipo. — Jungkook dá de ombros e bebe mais um pouco da sua bebida.
— Esqueci que você prefere os irritadinhos que te deixam completamente arriado. — Os dois se olham por alguns segundos e caem na risada.
Eles se merecem.
Passo os olhos por toda a sala e congelo no lugar. Talvez os pequenos goles que dei tenham me deixado um pouco alterado a ponto de ver Taemin dançando com algumas pessoas, ou talvez isso não seja uma visão e eu realmente esteja em uma festa com ele.
— Taemin está aqui? — pergunto, e ambos me olham.
— Não sei, talvez esteja, é difícil ele não estar em uma festa — Jungkook diz sem muito interesse. — Por que quer saber?
Não digo nada, apenas tomo o copo da mão de Jungkook e bebo todo o conteúdo em instantes, pegando o de Yoongi e fazendo a mesma coisa em seguida, o que me faz ganhar um olhar assustado dos dois. Eu não quero ficar bêbado, apenas quero uma dose de coragem para ir até a pista e dançar com o futuro pai dos meus filhos.
Respiro fundo, estufo o peito e, ao som de Hands to Myself, me levanto e começo a dançar, me misturando com o pessoal presente. Dou passos tímidos para não chamar tanta atenção e aos poucos deixo a música me envolver, mantendo meu olhar no bonitão de quem estou a fim. Eu sei que nunca teria coragem de chegar nele completamente sóbrio, por conta disso espero a bebida me deixar mais soltinho para começar a me aproximar de onde ele está. E de forma bem clichê, finjo esbarrar nele.
Arregalo os olhos como se estivesse me sentindo culpado e o encaro, pronto para começar a pedir desculpas.
— Ops, me desc...
— Ei! Eu te conheço! — Sorri e me encara de cima a baixo. Esse olhar deixa minhas pernas moles como gelatina. — Jaemin, certo?
— Jimin — corrijo, ignorando o fato de ele ter errado meu nome. Acontece, né?
— Isso! Jimin! — Ele sorri de novo, e eu derreto. — Que surpresa te ver aqui! Está sozinho?
— Não, estou com alguns amigos, e você?
— Estou com uns amigos, mas acho que encontrei uma companhia bem melhor.
Opa, estamos flertando?
Isso é real? Estou finalmente vencendo na vida?
— Vamos na cozinha pegar algo para beber, podemos conversar um pouco, se você quiser — ele sugere, e eu rapidamente acato a ideia.
Taemin me leva até a cozinha e, depois de pegar duas bebidas para nós, encosta no balcão e começa a contar como descobriu seu amor pela dança, o que o levou a escolher a faculdade e alguns planos futuros. Falamos um pouco sobre sua família e seus gostos pessoais e reclamamos um pouco dos nossos professores.
Fico atento a cada coisinha que ele me diz, desejando que tome iniciativa para algo mais, porém nada acontece. No entanto, só de estar próximo dele, já fico cem por cento feliz.
— Taemin, quanto tempo! — Jungkook cumprimenta.
Ou melhor dizendo, eu estava cem por cento feliz, porque agora estou cem por cento puto.
Como sempre, ele surge nos momentos mais inoportunos.
— Jungkook, como está? Ei, Yoongi! — Taemin acena para o fiel escudeiro do Jeon, que retribui o gesto, me encarando e sorrindo por trás do copo.
Aposto que Yoongi está adorando tudo isso.
— Estou bem, e você? — O protótipo de coelho do mal responde e começa a puxar assunto, e o pior disso tudo é que Taemin passa a dar atenção e se esquece da minha existência.
Não é possível que Jungkook queira se envolver com o cara que eu quero!
Sério, tenho certeza que devo ter feito muita merda na vida passada para ser tão azarado assim. Cara, é a primeira vez que eu consigo ter coragem o suficiente para me aproximar do futuro pai dos meus filhos e dar início à nossa relação, mas é claro que algo tinha que dar errado.
Tudo dá errado para Jimin, tudo!
Cadê o Fred para me dar uma bebida forte agora? Algo que me deixe com coragem o suficiente para arrancar a cabeça do Jungkook e fazer embaixadinha com ela.
— Está quente aqui, né? — interrompo e encaro Taemin. — Será que podemos ir para outro lugar?
— Quer ir ao terraço?
— Podemos ir lá?
— Sim, você vai adorar! — Taemin responde com entusiasmo.
Encaro Jungkook mortalmente, esperando que ele entenda que meus olhos estão mandando-o ficar longe, e sigo Taemin até o terraço mencionado.
À medida que nos aproximávamos, meu coração bate mais rápido, misturando nervosismo e curiosidade.
Ao chegarmos lá em cima, minhas expectativas são completamente superadas. Em vez de um espaço desleixado, encontro um local vibrante dedicado a jogos e diversão. Mesas de sinuca, pebolim e pingue-pongue preenchem o ambiente, enquanto as pessoas riem e se divertem ao redor. O terraço está decorado de forma criativa, com luzes penduradas que lançam uma luz suave pelo ambiente.
Taemin aponta para um pequeno sofá feito de paletes, e nós caminhamos até lá. Sento-me com ele, observando as pessoas ao redor. O som das risadas e a energia contagiante do local me fazem relaxar aos poucos.
— E então, o que acha do lugar? — Taemin pergunta, virando-se para mim com um sorriso brilhante.
— É incrível! Eu nunca imaginaria que encontraria algo assim aqui — respondo, impressionado.
Continuamos conversamos por um tempo, compartilhando histórias e rindo das pessoas ao nosso redor. A tensão inicial vai se dissipando, sendo substituída por uma sensação de conforto na companhia de Taemin.
— O que foi? — pergunto, todo tímido, quando noto Taemin me encarando.
— Nada, é que você tá bem diferente. Eu não imaginava que você curtisse esse tipo de coisa. — Aponta para a festa.
— Estou tentando conhecer coisas novas. — Dou de ombros.
— É muito bom saber disso. Conte comigo se precisar de um guia. — Pisca e bebe um pouco da cerveja. — Você namora, Jimin? — Balanço a cabeça em negativa, e ele arregala os olhos. — Não acredito que alguém como você está solteiro!
— Acontece — digo, envergonhado, sem saber como continuar o assunto. Por que é tão difícil manter um diálogo com ele?
— Taemin, você... — Paro de falar quando ele puxa o celular do bolso e encara o display, sorrindo em seguida.
— Preciso atender, mas não sai daqui! Quero te conhecer mais. — Assinto, e ele se afasta para atender a ligação.
Levo o polegar até a boca, mordendo levemente o cantinho das unhas enquanto observo as pessoas ao redor se entregarem à diversão. Aproveito a solidão momentânea para mergulhar em meus próprios pensamentos. Tudo que aconteceu nos últimos minutos passa pela minha mente como um filme, cada cena e cada interação revividas em detalhes nítidos. Um sorriso bobo brinca em meus lábios quando percebo que, surpreendentemente, consegui interagir com Taemin.
Essa experiência não foi como imaginei, mas não foi horrível. Eu dei um primeiro passo, um passo que pode parecer pequeno para os outros, mas que para mim é um salto gigantesco. A ideia de me aproximar de alguém, especialmente alguém como Taemin, é assustadora, mas eu consegui.
Enquanto observo as pessoas ao redor, percebo que a próxima etapa é manter essa conexão. Como posso continuar a conversa sem me sentir um bobão? As palavras vêm à mente, mas parecem presas na minha garganta, como se minha voz não quisesse colaborar com meus desejos.
Eu rio silenciosamente de mim mesmo. É estranho estar nessa situação. Sempre fui mais reservado, mas nunca tive problemas para conversar com os outros. No entanto, o jeito confiante de Taemin tem um impacto estranho em mim. Sua presença me deixa intrigado e intimidado ao mesmo tempo. Como ele consegue ser tão natural, tão à vontade em sua própria pele? Parece que ele é a personificação da autoconfiança que eu sempre admirei de longe.
Respiro fundo, tentando acalmar os pensamentos. Não é sobre me comparar com Taemin ou tentar ser alguém que não sou. É sobre aprender a me abrir de uma maneira que pareça natural para mim.
Com um último suspiro, deixo escapar a tensão que estava segurando e me permito relaxar no sofá de paletes. Quase vinte minutos se passam desde que Taemin saiu para atender a ligação, e quando me preparo para me levantar e ir à sua procura, Hoseok surge no terraço.
— Até que enfim te achei! — Ergue os braços como se estivesse agradecendo.
— Tenho certeza que você não estava me procurando — digo, rindo, ao notar seus cabelos bagunçados e a roupa amassada. — O que foi?
— Taehyung tá atrás de ti, vem comigo! — Ele pega minha mão e me arrasta até o andar de baixo.
Caminhamos até a sala de jantar. Assim que chegamos, noto algumas pessoas ao redor da enorme mesa de madeira enquanto gritam de maneira histérica. Me aproximo da rodinha e noto uma garota debruçada sobre um garoto, lambendo todo o abdômen do indivíduo. Ela lambe algo no pescoço dele, em seguida chupa o limão que estava entre os lábios do garoto. Após isso, eles trocam um beijo que leva todos à loucura.
— Onde diabos você estava? Tô te procurando há uns dez minutos! — Taehyung questiona, segurando em meu ombro.
— Eu estava com o Taemin... — respondo, abobalhado. — Nós conversamos, Tae, eu fiquei tão nervoso!
— Taemin? O engomadinho do seu curso?
— Ele não é engomadinho!
— QUEM VAI SER O PRÓXIMO? — Um menino grita, e meu amigo olha para ele e em seguida para mim.
— ELE AQUI! — Taehyung aponta para mim, e o garoto que gritou sorri e se aproxima, me pegando no colo e me carregando como um saco de batatas.
— O quê?! Me solta! — Me debato sobre os ombros do brutamontes, que apenas ri. — EU VOU TE MATAR, KIM TAEHYUNG!
— É UM DESAFIO A MENOS! — grita em resposta.
O brutamontes me coloca sobre a mesa e pede para que eu remova minha camisa. Assim eu faço, deixando meu tronco exposto, o que faz com que pessoas gritem e assobiem com a visão, causando-me um misto de vergonha e orgulho.
Sou um pitelzinho mesmo.
— Quem vai beber nessa delicinha aqui? — o cara pergunta, e alguns garotos e garotas começam a gritar e levantar a mão. Eles estão tão eufóricos que eu me sinto levemente envergonhado. — Você aí! — Ele aponta para um garoto de cabelos azuis familiares. Ele se aproxima, sorrindo maliciosamente para mim.
Espera.
Esse não é o garoto que estava com Jungkook naquela sala do pessoal do Teatro?
— Eu vou! — Não. Essa voz não.
Todos começam a gritar e comemorar quando Jungkook se aproxima da mesa, e eu reviro os olhos quando ele chega perto de mim.
— Você não! — advirto entredentes, e ele sorri. — Vaza daqui, Jungkook! Some! Vira fumaça!
— Você prefere que o Demogorgon ali faça isso? — Aponta, e eu olho discretamente para um garoto que encara meu corpo como se fosse um pedaço de bolo de cenoura com cobertura, então balanço a cabeça em negativa. — Ótimo, deita aí e fica quietinho, ruivinho. Prometo que vai ser bem rápido.
Ele enche um copo pequenininho com uma bebida transparente e deposita um pedaço de limão sobre meus lábios. O garoto que havia me colocado sobre a bancada despeja um pouco da bebida no meu abdômen, e Jungkook rapidamente começa a sugar o líquido.
Eu contraio meu abdômen involuntariamente quando sinto o contraste da bebida gelada e sua língua morna. As pessoas ao nosso redor gritam e comemoram, mas eu sequer consigo prestar atenção no público, foco apenas meu arqui-inimigo lambendo minha barriga, causando sensações estranhas por todo o meu corpo.
Isso é tão...
Ok, melhor não pensar muito.
Depois de ter sugado todo o líquido, Jungkook pega o sal e analisa meu corpo, despejando um pouco em meu pescoço. Ele sorri para mim e aproxima seu rosto do meu, encarando meus lábios antes de desviar para meu pescoço. Sinto a ponta do seu nariz tocar minha pele e sua respiração quente me causa arrepios, que se intensificam quando a língua quente lambe a pele polvilhada de sal vagarosamente, me deixando estático com as reações que ele causa em meu corpo.
Jungkook bebe a dose no copo, em seguida chupa o limão que está entre meus lábios. Após descartar a fruta, ele junta nossos lábios demoradamente em um beijo azedo por conta do limão.
Sinto um arrepio percorrer minha espinha quando nossos lábios se tocam. A expectativa que eu tinha de um selinho simples é subvertida quando sinto a ponta da sua língua roçando meu lábio inferior, pedindo permissão para aprofundar o beijo. Sem hesitar, concedo a permissão silenciosa, e a sensação de sua língua quente se movendo contra a minha é arrebatadora.
O beijo começa lento, cheio de sutilezas e texturas. O gosto de álcool, sal e limão misturados é estranhamente delicioso, uma combinação que me surpreende de maneira prazerosa. A mão de Jungkook encontra meu pescoço, guiando-me em direção a ele, e eu automaticamente entrelaço meus dedos em seus cabelos. Um suspiro involuntário escapa dos meus lábios quando o beijo se aprofunda, a intensidade aumentando a cada segundo.
Nossas bocas se encaixam quase como se fossem feitas uma para a outra, e me pego perdido no momento. A língua explorando cada canto da minha boca é inebriante, e eu me permito me render a esse beijo.
Calma...
Que porra tá acontecendo aqui?
Me afasto bruscamente, encarando Jungkook com os olhos arregalados e o coração acelerado. Seus lábios estão vermelhos e úmidos, e acredito que os meus não estejam diferente.
— Alguém mais ficou com calor? — o garoto que está liderando o body shot pergunta, e posso ouvir as pessoas comemorarem.
Sem me importar com minha falta de roupa, desço da mesa em que estávamos e saio correndo em direção ao banheiro. Água fria é jogada em meu rosto, e inspiro profundamente, tentando recuperar o fôlego e a compostura.
Eu gostei do beijo. Uma parte de mim está admitindo isso com muita vergonha.
Eu gostei muito! E eu quero mais!
Talvez seja a bebida. Eu sei que bebemos, mas não a ponto de ficarmos bêbados. O que mais poderia explicar isso? Possessão? A ideia absurda me faz soltar uma risada nervosa. Estou a um passo de querer chamar um padre para me exorcizar, mas, pensando bem, acho que possessão é a explicação mais lógica por dois motivos.
Um: Jungkook tem pacto com o tinhoso e pode facilmente entrar na minha mente e me manipular a gostar do beijo.
Dois: eu não bebi a ponto de ficar bêbado, então a primeira opção é mais lógica.
Por isso que amanhã mesmo vou procurar um padre e iniciar um exorcismo para deixar minha alma purificada.
Enquanto tento me acalmar, me dou conta de que estou murmurando para mim mesmo. Não posso acreditar que estou aqui, considerando a possibilidade de uma possessão demoníaca como explicação para um beijo. Isso é ridículo, é absurdo. E, mais importante, é impossível.
Começo a rir de mim mesmo. Eu, Park Jimin, gostando do beijo de Jeon Jungkook? A ideia é tão inacreditável que só posso classificar como insanidade.
Amanhã, quando a embriaguez e a confusão passar, vou rir disso tudo. E vou culpar o álcool por qualquer comportamento estranho ou pensamentos fora de lugar. Sim, essa é a melhor explicação. Definitivamente, o álcool.
Mas, por enquanto, vou evitar ficar perto de Jungkook. Sabe, só por precaução.
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