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História A Lista - Jikook - Toda história tem dois lados - História escrita por cosmosphoria - Spirit Fanfics e Histórias
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História A Lista - Jikook - Toda história tem dois lados


Escrita por: cosmosphoria

Notas do Autor


Boa leitura 💜

Capítulo 11 - Toda história tem dois lados


JUNGKOOK

um ano e alguns meses antes de tudo desmoronar completamente

Durante o ensino médio, quase todos os adolescentes, em algum momento, já imaginaram como seria a vida universitária. Eu era um desses adolescentes.

À medida que o tempo passou e o final do ensino médio se aproximou, minhas expectativas para a vida universitária só aumentaram. Eu estava ansioso para conhecer pessoas de diferentes lugares, mergulhar em novos conhecimentos e, é claro, experimentar a tão esperada independência, afinal, tinha planos de viver em uma república estudantil assim como meus pais.

A escolha da universidade foi uma tarefa difícil. Eu estava dividido entre seguir os passos dos meus pais e escolher a mesma universidade onde eles se conheceram ou seguir meu próprio caminho e escolher uma instituição diferente. No final, optei por uma universidade que me oferecesse a oportunidade de estudar o que eu realmente amava e ainda estar perto da minha família.

Estava ansioso para viver as festas de que tanto ouvi falar, embora soubesse que o foco principal deveria ser nos estudos, e também estava curioso sobre a ideia de ter um colega de dormitório. Seria alguém com quem eu compartilharia um espaço íntimo e teríamos que aprender a conviver, independentemente das nossas diferenças. Eu me perguntava se teríamos muito em comum, se seríamos amigos inseparáveis ou se apenas dividiríamos o mesmo espaço de forma pacífica.

E sendo bem sincero, sempre torci para que fosse alguém que se tornasse meu amigo.

E então, depois de muita espera, o dia finalmente chegou.

Desde que desci do carro, estou admirando o campus, as pessoas caminhando com pressa e os alojamentos enormes onde os dormitórios estão localizados. Sinto uma mistura de empolgação e nervosismo, e provavelmente devo estar parecendo um louco olhando ao redor com um sorriso no rosto.

Será que é normal sentir toda essa alegria? Provavelmente é a empolgação do primeiro dia.

— Pegou seus documentos? — minha mãe pergunta, me tirando dos meus devaneios, e eu confirmo balançando a cabeça em resposta. — O cartão? — Afirmo novamente. — A bolsinha de remédios que eu separei? Colocou roupa para o frio e calor? Pegou meia e cueca o suficiente? Você sabe que não vai ter tanto tempo para lavar, né? Melhor pegar uma quantidade grande...

— Mãe, respira! — Afago seus ombros para tranquilizá-la. — Eu vou ficar bem. Só estou indo pra universidade. — Dou risada. — Além disso, o dormitório não é tão longe de casa.

— Tem certeza que você quer ficar aqui? — ela questiona, olhando os prédios da república estudantil.

— Tenho, sim. — Dou um sorriso pequeno. — Quero ter lembranças tão boas quanto as suas, e não vou ter a experiência completa morando em casa..

— Isso é o que me preocupa. — Minha mãe finalmente sorri. — Eu não sei por que te contei sobre essa época.

— Uma hora ou outra ele ia descobrir — meu pai diz, se aproximando com uma das minhas malas na mão e a chave do meu carro na outra. — Nosso álbum de fotos da universidade entrega nossas aventuras.

— Fica tranquila, mãe, não vou fazer nada que a senhora não faria. — Pisco para provocar e gargalho com meu pai quando minha mãe arregala os olhos.

— Eu sou um péssimo exemplo de mãe — dramatiza com a mão no coração.

— A senhora é a melhor. — Deixo um beijo em sua bochecha. — E suas aventuras te levaram a conhecer o pai, então tá tudo bem.

Ela se volta para meu pai, e eles se perdem no olhar um do outro por alguns instantes, imersos na bolha de amor deles. Cresci presenciando essa troca de olhares, e é incrível como, mesmo após todos esses anos, eles continuam com esse brilho juvenil nos olhos.

Jungwoo e Olivia são meus pais e se conheceram durante o intercâmbio de um ano que meu pai fez na Inglaterra. Minha mãe costuma dizer que o universo conspirou a favor deles desde o primeiro momento em que se encontraram. Pode ter sido obra do acaso ou do destino, mas o que realmente importa é que eles se cruzaram.

Lembro-me de ter ouvido essa história inúmeras vezes, de como meu pai, Jungwoo, estava curtindo uma festa de fraternidade e, de repente, lá estava Olivia, uma britânica animada e festeira que apareceu do nada. A atração foi instantânea, e a partir daquela noite, eles se tornaram inseparáveis.

Quando meu pai voltou à Coreia após o intercâmbio, muitos pensaram que essa seria a despedida, mas, apesar da distância, eles mantiveram o contato. Seis meses depois, surgiu uma proposta de emprego na Inglaterra para ele, e ele aceitou de imediato. Não apenas por ser uma oportunidade profissional incrível, mas também porque sabia que a história de amor com minha mãe estava longe de acabar.

Eles são um exemplo vivo de como o amor pode superar obstáculos e permanecer firme diante das provações do tempo. Às vezes, me pego pensando se um dia encontrarei algo tão especial quanto o que eles têm.

— Bom... — Meu pai respira fundo e me encara. — Você já sabe qual é o seu dormitório?

— Sim, peguei as chaves e informações quando fiz a matrícula — informo e pego uma das malas.

Os dois pegam as malas restantes e juntos as carregamos, lado a lado, pelo caminho que leva ao meu dormitório. Já estou com as chaves, mas acho melhor bater à porta algumas vezes, afinal, ainda não conheço meu colega e não quero assustá-lo. Ou pior, não quero entrar e encontrá-lo dormindo e atrapalhar seu sono ou andando pelado pelo apartamento, ou, sei lá, pegando alguém.

São possibilidades, né? Eu faria isso.

Depois de um tempo sem resposta, uma garota que está saindo do dormitório ao lado nos informa que Jimin (aparentemente é o nome de quem vai dividir a acomodação comigo) saiu com um amigo e não deve demorar. Agradeço pela informação e destranco a porta, entrando seguido de meus pais.

Eu já tinha visto algumas fotos dos dormitórios, mas é a primeira vez que estou aqui, e percebo que é menor do que parecia nas imagens, porém é aconchegante. A sala e a cozinha são conjugadas, e existem duas portas que, acredito eu, são os quartos. A outra, perto da entrada, deve ser o banheiro.

O espaço é bem iluminado, com uma janela grande que deixa a luz do sol entrar. A cozinha é pequena, mas parece bem equipada. Há também uma pequena mesa de jantar com duas cadeiras, perfeita para refeições rápidas, e logo atrás das cadeiras, tem um sofá fazendo a divisão da cozinha e da sala, uma mesinha de centro e uma estante com uma televisão. E essa última me surpreende, pois não vi na descrição do apartamento que tinha o aparelho.

Enquanto olho ao redor, percebo que há alguns livros e post-its espalhados na mesinha de centro e mais algumas decorações na estante, provavelmente do outro morador. Elas dão um toque pessoal ao lugar e me fazem sentir que estou em um lar de verdade.

Decido verificar meu quarto e caminho até a porta que está aberta, encontrando um ambiente aconchegante, com uma cama "meio casal", uma escrivaninha e um armário. Não é nada muito espaçoso, mas é confortável.

Retorno para a sala, onde meus pais estão, e dou mais uma olhada ao redor, gostando de como tudo parece limpo e levemente perfumado.

É um apartamento bem agradável, e algo me diz que vou gostar de morar aqui.

— É bem aconchegante — minha mãe comenta, olhando ao redor. — E seu colega de dormitório parece ser bem organizado, não vejo nada fora do lugar.

— Ou talvez ele só queira causar uma boa impressão — meu pai fala com um tom brincalhão. — E então? Ainda vamos comer algo ou querem pedir para entregar aqui?

— Eu acho melhor irmos comer fora — eu digo. — Meu colega de dormitório não sabe que estou chegando hoje. Se eu fosse ele, ficaria assustado em chegar em casa e encontrar três estranhos.

— Vamos almoçar, depois eu e seu pai podemos passar no mercado com você.

— Eu topo! — respondo, animado.

Deixo as malas no meu quarto e tomo a liberdade de pegar uma folha do bloquinho que está sobre a mesinha de centro para deixar um recado para Jimin, apresentando-me brevemente. Colo o bilhete na geladeira com um ímã fofo de jujubinhas e respiro fundo, olhando para o meu novo lar mais uma vez antes de acompanhar meus pais até a saída do apartamento.

Nós seguimos de carro até o restaurante e, assim que chegamos, fazemos nosso pedido. Enquanto aguardamos, escuto algumas fofocas da minha família que vive na Inglaterra, parentes por parte de mãe. Meus pais se divertem fazendo comentários sobre aqueles de quem não gostam, eu observo tudo em silêncio. Ao mesmo tempo em que estou empolgado para entrar nessa nova fase e ter a experiência completa da vida universitária, confesso que ter esses dois como parte da minha rotina vai fazer falta.

Vou sentir saudades das conversas profundas durante o jantar, dos momentos únicos nos almoços de finais de semana e até mesmo das provocações constantes. E, claro, não posso me esquecer dos momentos de diversão e das piadas internas.

Meus pais sempre acreditaram que eu voltaria para a Inglaterra para fazer a graduação. Durante uma época, eu realmente tive essa ideia, porém, depois de viver na Coreia por tantos anos, percebi que me sinto em casa aqui. Percebi que ainda não estava pronto para ficar tão longe dos meus pais e do país que aprendi a amar desde pequeno. Talvez não ficasse tão sozinho na Inglaterra, afinal, é o lugar onde nasci, mas faz anos que não vejo meus familiares por parte de mãe e não sei como me sentiria se eles fossem as pessoas mais próximas de mim em um país do outro lado do oceano. E pelo que minha mãe fala, eles não parecem ser as pessoas mais acolhedoras.

Ficar aqui não foi uma decisão fácil. Quando decidi me graduar em Dança, meus pais acreditavam que a melhor opção era que eu retornasse para o Reino Unido, mas depois de pesquisar por incontáveis dias, eu encontrei a Academia de Danças que tem o mesmo padrão e qualidade da Juilliard e da Royal Ballet School.

Fiquei nas nuvens quando recebi a notícia de que fui aprovado. O processo de admissão é uma verdadeira montanha-russa, com uma prova teórica e um teste de performance que são de dar nó na cabeça, e se você acha que ter dinheiro é o suficiente, está bem enganado.

Trabalhei meses na minha apresentação, e apesar das noites sem dormir e das olheiras monstruosas, minha performance me garantiu uma boa colocação no processo seletivo e me deu direito à acomodação desde que eu mantenha um desempenho nos padrões da universidade. Terei que me esforçar pra cacete, aprimorar minhas habilidades, aperfeiçoar minha técnica e mostrar que posso levar a dança a sério.

Bem, pelo menos vou tentar. Ainda estou me convencendo mentalmente.

Assim que terminamos a refeição e as conversas animadas, seguimos para o mercado. Minha mãe está quase prestes a manter seu hábito de fazer compras em grande quantidade para estocar, mas lembro a ela que no dormitório não temos uma despensa espaçosa para armazenar toda a comida. Ela só relaxa depois que prometo que farei compras regulares em vez de optar por fast-food.

É obviamente uma mentira, mas vou tentar por ela.

No caminho de volta para o dormitório, percebo que meu pai está dirigindo mais devagar do que o habitual. Será que ele também está um pouco aflito porque o momento da nossa separação (momentânea, mas mesmo assim) está chegando? Acredito que nos veremos nos finais de semana, mas fora algumas viagens, eu nunca fiquei tanto tempo longe deles, especialmente porque sou filho único, o bebezinho da mamãe. Imagino que isso será tão difícil para eles quanto para mim.

Ao chegarmos em frente ao dormitório, me despeço de minha mãe com um abraço apertado e prometo ligar e visitá-la com frequência. Meu pai me ajuda a carregar as compras e sobe comigo até o dormitório. Antes de entrarmos, coloco as caixas com o que compramos no chão e dou um abraço nele.

— Tente ligar para sua mãe com frequência, você sabe como ela é — diz, segurando em meus ombros. — Não use drogas pesadas; se for beber, não dirija; e se cuide direitinho com meninos e meninas. Não aumente, nem diminua, a população da Terra.

— Pai! — exclamo, rindo, e aponto com o queixo para uns alunos passando.

— Faz parte do protocolo de pai deixar o filho envergonhado. — Ele ri e aperta meu ombro. — Conte com o seu velho se precisar de qualquer coisa, ok? Até mesmo as mais bobas. — Me entrega as chaves do meu carro.

— Obrigado, pai, amo você! — Eu o puxo para mais um abraço. — E juízo também, hein? Agora que não estou em casa, não invente de nadar pelado. Nossa vizinha não precisa dessa visão.

— Pode deixar que não irei nadar, mas não garanto nada sobre tomar sol do jeitinho que vim ao mundo. A bunda também precisa de um bronze, sabia? — Ele brinca e me abraça mais uma vez, deixando um beijo na minha testa e um puxão na minha orelha. — Se cuida, filhote, amo você!

Observo meu pai descer as escadas com calma. Quando eu não consigo mais vê-lo, me preparo para bater à porta do dormitório.

Qual o nome do meu colega de apartamento mesmo? Juninho? Será que ele já está de volta?

— Oi? — ouço alguém dizer e me viro para encarar o dono voz. — Você está perdido?

Eu quero responder, quero mesmo, mas no momento só consigo encarar como um completo pateta. A primeira coisa que me chama a atenção são seus cabelos ruivos, que parecem despenteados de propósito de uma forma que o deixam irresistível; depois, seus olhos castanhos e intensos me prendem. E sua boca, carnuda e rosada naturalmente, parece convidativa e tentadora. Além disso, o cheiro delicioso de seu perfume preenche o ar ao redor, me envolvendo por completo.

Estou no Paraíso? Um anjo veio me recepcionar?

— Oi? — ele diz de novo, e finalmente percebo que eu o estou olhando como um idiota.

Balanço a cabeça e tento me recompor.

— Ah, não, eu não estou perdido. Eu só... Essa porta é de madeira, né? Eu moro nela. Quer dizer, cheguei hoje e vou morar aqui. Não na porta, atrás dessa porta. No apartamento — gaguejo, minhas palavras tropeçando umas nas outras enquanto tento não parecer um completo imbecil.

O garoto sorri de volta para mim, e sinto como se tivesse ganhado na loteria. Como pode alguém ser tão bonito desse jeito? Isso não é ilegal ou algo assim? Ele causa danos ao meu coração.

— Legal. Eu sou o Jimin, seu colega de dormitório. — Estende a mão direita, pois a esquerda está segurando algumas sacolas.

Jimin. Então esse é o nome dele. Ele parece um ator dos doramas que a minha mãe costuma assistir. Será que vamos nos dar bem? Eu espero que sim.

Finalmente seguro sua palma, e a primeira coisa que eu noto é a diferença de tamanho entre nossas mãos.

Fofo.

— Jeon Jungkook. Prazer em conhecer você, Jimin — respondo, incapaz de desviar os olhos dele. — Que sorte te encontrar aqui, eu ia bater para te chamar.

— Você está sem chave? — pergunta, e eu balanço a cabeça em negativa, puxando a chave do meu bolso.

— Fiquei com medo de entrar e te assustar, então achei melhor bater.

— Ah, entendi. Obrigado por pensar nisso, eu provavelmente te atacaria com a primeira coisa que encontrasse. — Jimin sorri mais uma vez, dessa vez parecendo mais à vontade, e sinto meu estômago revirar um pouco porque ele consegue ficar ainda mais bonito sorrindo. — Quer ajuda com essas malas? — Aponta para as caixas de papelão, e eu dou risada.

— Eu passei aqui mais cedo e deixei minhas malas lá dentro. A vizinha do lado disse que você não estava em casa. Nas caixas tem algumas coisas que comprei no mercado com meus pais.

— Uau! — Jimin dá risada. — Vamos ter que dar um jeito de organizar isso nos armários. Eles são pequenos.

— Minha mãe exagerou um pouquinho. — Coço a nuca, me sentindo um pouco envergonhado, principalmente quando Jimin olha para todas as caixas parecendo espantado. — Ainda bem que tenho você pra dividir tudo isso.

Jimin ri, abre a porta e pega uma das caixas, entrando no dormitório e segurando a porta para que eu possa entrar também.

— Vai ser um pouco trabalhoso organizar, mas acho que conseguimos dar conta. — Ele sorri para mim novamente, e se continuar fazendo isso, eu vou pedi-lo em casamento agora mesmo. — Mas antes de começar, você quer descansar um pouco?

— Ah, não, obrigado — respondo, me aproximando dele. — Vamos colocar tudo em ordem aqui na cozinha e depois, quem sabe, fazer um tour pelo campus. O que acha?

— Claro, sem problemas. Vamos começar pela cozinha, então. — Jimin pega uma das caixas e passa a tirar os itens de dentro dela.

Começamos a guardar as coisas nos armários e na geladeira, e eu tento puxar assunto para tentar conhecer o pitelzinho.

Jimin parece um pouco introvertido, mas como o tagarela que sou, tento fazer com que ele se sinta confortável com a minha presença, afinal, vamos dividir esse apartamento por quase cinco anos.

Depois de terminarmos de organizar a cozinha, decidimos iniciar nosso tour antes de o sol se pôr. Ele me conta um pouco sobre a universidade e as atividades que podemos fazer no campus, e é nesse momento que descubro que Jimin chegou aqui há quase um mês e que faremos o mesmo curso. Ele sorri com a descoberta, e percebo que é um daqueles sorrisos genuínos que iluminam todo o rosto. Eu sorrio de volta e me sinto um pouco mais à vontade. Acho que, apesar da timidez inicial, as coisas vão dar certo entre nós.

— De onde você é? Percebi que seu coreano tem um sotaque diferente — pergunta quando paramos em frente a um food truck na frente da universidade.

— Eu sou inglês — esclareço, e ele parece surpreso. — Nasci e cresci na Inglaterra, minha mãe é inglesa também, mas meu pai é coreano.

— Isso explica bastante coisa — diz e agradece à moça que entrega nossos cachorros-quentes. — Você mora na Coreia há muito tempo?

— Desde os meus sete anos, por aí. — Dou uma mordida no cachorro-quente. — E você? É daqui?

— Sou coreano e meus pais também — responde. — Você não teve interesse em estudar lá?

— Foi a minha primeira opção, mas eu não queria ficar longe da minha família.

Jimin anui em resposta e bebe um gole do refrigerante.

— Você dança há muito tempo? — questiona em seguida.

— Desde que eu aprendi a andar — eu digo, rindo. — E você?

— Danço há alguns anos.

Jimin parece interessado em saber sobre minha experiência com a dança e faz mais algumas perguntas. Conversamos sobre nossos estilos favoritos, coreógrafos famosos e as aulas que teremos na universidade.

Depois de terminarmos nossos lanches, caminhamos pelo campus e continuamos conversando. Descobrimos que, além da paixão pela dança, temos muito em comum, como o tipo de música e os filmes que gostamos.

Quando finalmente retornamos ao prédio do dormitório, estamos rindo e ele parece tão à vontade quanto eu. Ainda quero saber mais dele e ele de mim, por isso decidimos nos sentar no sofá e continuar a conversa.

Quando pego o celular para mostrar uma foto do gatinho da minha família, nos damos conta de que já passa das três da manhã. Seguimos para nossos quartos com a promessa de continuar trocando experiências no dia seguinte, e assim que me deito em minha cama, deixo um suspiro de felicidade escapar por meus lábios. Jimin pode ser introvertido, mas sua personalidade tranquila e acolhedora me faz sentir em casa.

É estranho, porque nunca senti isso com pessoas além da minha família, mas estou com um bom pressentimento com relação à nossa amizade.

����

Eu nunca pensei que fosse possível criar laços tão fortes em tão pouco tempo, mas Jimin me provou o contrário.

Faz quase cinco meses que mudei para o dormitório da universidade, e nesse período fiquei tão próximo de Jimin que Taehyung, seu amigo de infância que também se tornou meu amigo, costuma brincar que somos a sombra um do outro.

Nossas conversas agora envolvem não só dança e música, mas também sonhos e planos para o futuro. Jimin é um verdadeiro amigo e companheiro de quarto, e me sinto agradecido por tê-lo em minha vida.

Eu adoro como ele é cuidadoso com tudo o que faz. Ele me ensina coisas novas todos os dias, como técnicas de dança. Eu sou fascinado por todas as versões dele, desde a mais manhosa pela manhã até a mais energética ao fim do dia.

Não é segredo para ninguém que sempre fui bem agitado e ansioso, mas Jimin sempre dá um jeitinho de acalmar os meus dias, seja com passeios pelo campus, seja com conversas até de madrugada no sofá da sala.

Eu gosto da leveza que ele traz para a minha vida.

E quando se trata de dança, nós somos uma dupla imbatível. Nos tornamos parceiros durante as aulas e passamos horas praticando juntos, criando coreografias e nos desafiando a sermos melhores a cada dia. Jimin tem um senso de ritmo incrível, um foco invejável, e sempre me incentiva a explorar novas formas de movimento.

Nunca imaginei que teria uma experiência tão incrível na universidade de Dança, mas ele torna tudo ainda mais especial.

— Você tem se alimentado direito, filho? — minha mãe pergunta na videochamada. — Estou te achando tão pálido...

— Isso é só falta de pegar um solzinho, mãe — respondo e ergo o prato com meu almoço. — Estou comendo feito um elefante.

— E o curso? Está gostando?

— Tá bem puxado, mas estou conseguindo me virar. Tenho uma apresentação solo na próxima semana.

— Está nervoso?

— Um pouco — admito, me levantando do sofá para ir lavar o prato. — É a primeira apresentação que vou fazer sem o Jimin. Tô acostumado a dançar com ele.

— Aliás, como ele está e quando irei conhecê-lo? Sempre que eu ligo, ele desaparece. Traga ele aqui em casa na sua próxima visita.

— Sempre que a senhora liga, ele está treinando. — Coloco o prato no escorredor e pego o celular novamente. — Acho que é proposital. Talvez queira me dar privacidade ou algo assim.

— Ou talvez ele use esse momento para conversar com os pais dele — ela comenta e dá de ombros. — De toda forma, diga que mandei um "olá".

Respondo que passarei o recado, e ela fala sobre quão silenciosa a casa está desde que me mudei para a república. Concordo dizendo que sinto falta da agitação da casa, mas que é bom me sentir mais independente. Enquanto ela continua falando, minha mente começa a vagar, pensando em todas as tarefas que ainda preciso fazer para a universidade e dentro do dormitório. Preciso ir à lavanderia com urgência (já que não temos uma no dormitório), pois estou começando a ficar sem roupas e logo terei que andar por aí como vim ao mundo, e tenho certeza que as pessoas não estão preparadas para ver tanta beleza em um único ser humano. Depois de alguns minutos de conversa mais leve, nos despedimos e encerramos a chamada.

Mando uma mensagem para Jimin perguntando onde ele está e se vai demorar, e alguns minutos depois ele responde que está a caminho.

Organizo algumas coisas da casa que são da minha responsabilidade e, com tudo devidamente em seu lugar, vou ao quarto para separar as roupas que preciso lavar. Quando Jimin chega, informo que tenho que ir até a lavanderia e ele pede para que eu o espere, então retorna com uma sacola de roupas sujas e logo seguimos para lá.

— Minha mãe mandou um abraço — comento já na lavanderia, que fica a algumas quadras do campus, separando as roupas coloridas das brancas. — Ela está ansiosa para te conhecer de tanto que falo sobre você.

Jimin parece surpreso em saber que é tópico das conversas que tenho com minha mãe, e juro que posso ver as bochechas dele se tornando mais rosadas.

— Podemos marcar um dia — responde. — Vou ficar feliz em poder reclamar de você.

— Reclamar de mim? — pergunto com falsa indignação. — Achei que você me amava!

— Eu só finjo. — Pisca todo atrevidinho e pega minhas roupas brancas para lavar com as suas.

Pego suas roupas coloridas e coloco com as minhas em outra máquina, programando a lava e seca. No início, nós costumávamos lavar nossas roupas separadas, mas percebemos que era um gasto maior de tempo e dinheiro.

— O tempo é de uma hora — Jimin fala, encarando o painel da máquina. — Vamos esperar aqui?

— Se eu voltar pro dormitório, vou acabar dormindo — respondo. — Mas não quero ficar aqui olhando a roupa girar. — Coço o queixo, pensando em algo para fazer durante esse tempo. — Quer comer algo? Dar uma volta?

— Podemos tomar sorvete? — pergunta. — Vi uma sorveteria quando você estava estacionando.

— Tudo o que você quiser. — Pisco para ele, e Jimin revira os olhos, sorrindo logo em seguida.

Seguro em sua mão, e ele me guia até a sorveteria. Enquanto caminhamos, conversamos sobre coisas aleatórias, como o clima, por exemplo. Parece que não importa sobre o que falamos, sempre há uma conexão entre nós. E eu adoro o som da sua risada quando conto alguma piada boba. Na verdade, eu adoro todos os pequenos detalhes sobre Jimin. Adoro quando ele mexe no cabelo, daquela maneira tão única dele, enquanto pensa profundamente, ou quando toca minha mão acidentalmente. Eu sei que parece bobagem, mas a sensação é incrível.

Também gosto das manias dele. Como, quando está concentrado, ele franze a testa e morde de leve o lábio inferior. É adorável e sexy ao mesmo tempo. Ou quando ele fica todo animado com alguma coisa e começa a falar sem parar. Na maioria das vezes, eu não entendo metade do que ele está dizendo, mas poderia passar horas escutando seu tom de voz animado.

Às vezes, eu me pego observando-o quando ele não está olhando. Admiro como ele é incrível, inteligente e bonito. É estranho, porque, de alguma forma, meu coração bate mais forte nesses momentos.

Chegando à sorveteria, Jimin caminha alegremente até o expositor para verificar os sabores disponíveis e eu permaneço onde estou, mais interessado em olhar para ele do que para as opções de sorvete, principalmente quando ele está tão feliz em montar sua gororoba de sabores e complementos no self-service.

Ele me encara com um sorriso enorme, e decido me aproximar para escolher algo. Pego duas bolas do sorvete de morango com pedaços de chocolate, e depois de eu pagar tanto o meu pedido quanto o dele, nos sentamos na área externa da sorveteria, degustando os sorvetes e conversando sobre nossos sabores favoritos, depois compartilhamos mais de nossas histórias.

Ou melhor dizendo, Jimin compartilha suas histórias. Eu estou mais preocupado em admirar seu rosto bonito, e enquanto faço isso, me encanto ainda mais por ele e por cada palavra que sai de sua boca.

Não sei dizer quando o interesse começou, mas já faz algum tempo que estou um pouquinho atraído pelo meu colega de dormitório. Digo, como eu poderia evitar?

Ele é incrivelmente talentoso e dedicado em tudo o que faz. Eu gosto de observá-lo enquanto ele trabalha em seus projetos e estudos, pois é impressionante ver como se empenha e se dedica a cada detalhe do que faz.

Mas, acima de tudo, acho que o que me faz gostar tanto do Jimin é a sua personalidade. Ele é engraçado, inteligente e sempre tem algo interessante a dizer. Sinto que posso conversar com ele por horas e nunca me cansar de sua companhia.

Independentemente do que tenha sido, não consigo tirar Jimin da cabeça. Toda vez que o vejo, meu coração acelera e sinto um frio na barriga. E toda vez que ele me toca ou me olha com aqueles olhos penetrantes, sinto uma eletricidade percorrer todo o meu corpo, me deixando arrepiado.

Conforme Jimin fala sobre as aventuras da sua adolescência ao lado de Taehyung, eu tento prestar atenção, mas me pego pensando em como seria beijar seus lábios cheios e acariciar sua pele, que sei que é macia.

De repente, sinto seu toque em meu braço e volto para a realidade.

— Por que você tá me olhando assim? — pergunta rindo. — Você deu uma viajada legal me encarando.

Balanço a cabeça e sorrio, tentando parecer o mais natural possível.

— Estava pensando que você parece um gatinho — deixo escapar. Não é exatamente verdade, mas é algo que tenho pensado nos últimos tempos enquanto o observo. Jimin é tão fofo e adorável quanto um gatinho.

— Um gatinho? Sério? — Dá risada sem acreditar. — Eu não acho que sou parecido com um gatinho. Acho que sou mais parecido com tigre.

— Com todo esse tamanho? — provoco.

Ele se inclina para frente, tentando parecer mais intimidador, mas não consegue esconder o sorriso brincalhão.

— Ah, você não sabe do que sou capaz. Posso ser um tigre feroz quando necessário.

Solto uma risadinha, desafiando-o ainda mais.

— Tenho minhas dúvidas. Acho que você é mais do tipo que ronrona e pede carinho na barriga.

Ele finge indignação, colocando a mão no peito.

— Como assim? Eu sou um predador nato!

As brincadeiras constantes são uma das coisas que mais gosto na nossa amizade. Estar com Jimin sempre é leve e divertido.

— Ah, sei. E aquele dia que você ficou com medo da aranha no banheiro?

Parecia mais um gatinho assustado do que um temível tigre.

Ele revira os olhos, fingindo irritação.

— Aquilo foi um caso isolado! Não é justo me julgar por causa de uma aranha.

Dou de ombros, mantendo o sorriso no rosto.

— Só estou dizendo que você tem seu lado fofo, assim como um gatinho.

E adoro isso em você.

— E você, como se descreveria? Um lobo ou um coelhinho? Eu rio, aproveitando a troca descontraída de palavras.

— Acho que sou um pouco dos dois. Tenho um lado protetor como um lobo, mas também sou gentil e adorável como um coelhinho.

Jimin sorri, sua expressão suavizando.

— Talvez seja por isso que nos entendemos tão bem. Com nossas diferenças, formamos uma combinação interessante.

E poderia ser ainda mais interessante se eu não fosse um saco de batatas.

Antes de completar uma hora, retornamos para a lavanderia e aguardamos a finalização da secagem. Separamos nossas roupas e, com tudo devidamente organizado nas sacolas, caminhamos para o carro. A volta para o dormitório é bem tranquila, e assim que chegamos, Jimin sugere uma sessão de filmes.

Pego alguns cobertores e travesseiros e coloco tudo no tapete da sala, deixando bem aconchegante para nos deitarmos. Jimin faz uma pipoca de micro-ondas, traz salgadinhos e refrigerantes gelados e coloca tudo na mesinha de centro, que eu afastei para o lado. Nos acomodamos confortavelmente assim que decidimos a qual filme iremos assistir, Jimin pega o balde de pipoca para deixar entre nós, e eu abraço seus ombros, deixando-o ainda mais perto de mim enquanto observo a abertura do primeiro filme rolar na tela.

Jimin é meu amigo, meu colega de quarto, e apesar de estar a fim dele, não quero fazer nada que possa arruinar nossa amizade.

����

Lembra quando falei que não queria fazer nada que pudesse arruinar minha amizade com o Jimin?

Retiro tudo o que disse.

Ok, eu não quero acabar com nossa amizade, não no sentido literal da palavra. Eu só quero colocar uma aliança no dedo de Jimin, beijá-lo, ter uma casa, adotar um cachorro, dois gatos e um coelho chamado Alberto.

A princípio, penso que o que estou sentindo por ele é só atração devido ao tempo que passamos juntos ou uma carência gigante, afinal, faz um bom tempo desde que fiquei com alguém. Mas à medida que os dias se transformam em semanas e as semanas se transformam em meses, meu interesse por ele não desaparece.

Tem momentos em que acredito que Jimin também pode sentir algo além da amizade. Pequenos gestos, olhares prolongados e sorrisos cúmplices alimentam minha esperança. Porém, ao mesmo tempo, o medo de ser rejeitado e destruir tudo o que temos me impede de tomar qualquer iniciativa.

É como se eu estivesse me equilibrando em uma corda bamba, com a incerteza de um lado e o desejo do outro.

E se você estiver se perguntando se eu sou um homem que corre atrás do que deseja ou um rato, a resposta é bem simples:

Um rato.

— Eu não sei mais o que fazer, Tae — digo para Taehyung após contar como me sinto.

— Cara... — Ele desvia o olhar do livro que está lendo para me encarar e respira fundo, parecendo pensar em uma resposta. — O Jiminie se relacionou com poucas pessoas, então é difícil dizer se ele está a fim de você também, mas acho que você deveria arriscar.

— Eu arrisco, descubro que ele não está interessado e toda a nossa amizade vai pelo ralo. — Solto um suspiro frustrado e me deito na grama, pegando um dente de leão e assoprando logo em seguida.

— Veja bem, Jungkook, você não precisa chegar e dizer diretamente que está interessado nele. Pode assustar o Jimin. Mas você pode começar a mostrar um interesse sutil, dar sinais de que você quer mais do que apenas amizade.

— E quais seriam esses sinais? — pergunto, esperando que ele compartilhe suas ideias.

— É sério que você tá me perguntando isso? Parece até que você nunca ficou com outras pessoas.

— É lógico que eu já fiquei! É só que... sei lá. As coisas são diferentes com o Jimin. Eu moro com ele. Não é só uma ficadinha de festa.

— Tem razão. — Coça o queixo e parece pensar no que dizer. — Acho que você pode começar fazendo elogios sutis, mostrando que você admira ele, sabe? Além disso, tenta encontrar maneiras de passar mais tempo a sós com ele, convida ele para sair ou propõe atividades que vocês dois gostem. Sei que vocês passam bastante tempo juntos e costumam sair às vezes, mas também sei que na maioria das vezes é algo relacionado à universidade. Tenta sair dessa "zona universitária".

Considero suas palavras, imaginando como colocar essas sugestões em prática.

— E se ele não perceber esses sinais? E se ele não estiver interessado em mim? — Minha voz vacila um pouco, mostrando minha insegurança.

Taehyung me dá um tapinha reconfortante no ombro.

— Jungkook, a única maneira de saber com certeza é tentar. Você não quer passar o resto da sua vida se perguntando o que poderia ter acontecido se você tivesse coragem de se arriscar, não é? — Seu sorriso desaparece e ele adota uma expressão mais séria. — A única coisa que te peço é que não machuque ele. Jimin é um irmão pra mim, e se eu souber que ele está sofrendo por você, vou te chutar com um sapato de bico fino daqui até a Inglaterra, entendeu? — Sorri novamente e deixa um tapinha nas minhas costas quando eu balanço a cabeça em concordância.

Conversamos um pouco mais, e quando o sol começa a se pôr, decido retornar ao dormitório e colocar meu plano em prática. Não pretendo fazer nada surreal, hoje vou apenas observar como ele reage aos meus toques e às coisas que eu falo.

Subo as escadas até nosso dormitório com diversas ideias em mente e, no fim, decido que a melhor opção é sugerir uma sessão de cinema em casa. Assim posso ficar pertinho e fazer o famoso clichê de abraçar durante o filme.

Entro no apartamento e fecho a porta atrás de mim, escutando risos e o som baixinho da televisão. Me aproximo em silêncio da sala e me deparo com uma cena que quebra completamente as minhas expectativas: Jimin no sofá com um cara. Suas pernas estão por cima das pernas do garoto e um dos seus braços está sobre os ombros do desconhecido, fazendo um carinho sutil em sua nuca.

Ele está de costas para mim e nenhum dos dois parece perceber minha presença. O desconhecido deixa um selinho na boca do Jimin, e eu solto um pigarro que faz com que eles se assustem e se afastem rapidamente. Tento agir como se nada estivesse acontecendo e aceno com um sorriso forçado no rosto.

Que situação de merda.

— Desculpa atrapalhar — eu digo.

— Não atrapalhou — Jimin afirma, e não consigo evitar que meu olhar caia sobre a pessoa que ele estava beijando. É um cara que eu nunca vi antes e que agora está me encarando com curiosidade. — Esse é o Eunwoo, ele é do curso de Música. Eunwoo, esse é o Jungkook, meu colega de quarto.

Aceno sem saber o que dizer.

— Nós íamos assistir um filme. Você quer se juntar a nós? — Jimin pergunta.

Recuso depressa, inventando uma desculpa:

— Eu tenho uma pilha de trabalhos para fazer, acho que vou pra biblioteca.

— Ah, tudo bem então — meu amigo diz, parecendo desapontado.

Não consigo imaginar me sentar ao lado de Jimin e desse Eunwoo fingindo que está tudo bem, quando por dentro estou me sentindo como uma amoeba que uma criança esfregou no chão.

— Boa noite para vocês. Divirtam-se com o filme — desejo com um sorriso amargo nos lábios. — Vou me concentrar nos meus trabalhos, tenho muita coisa para fazer.

Eunwoo olha para Jimin e depois para mim, como se percebesse alguma tensão no ar. Decido que é melhor sair logo antes que a situação fique mais desconfortável. Me viro para sair da sala, mas antes de me afastar completamente, Jimin chama minha atenção.

— Jungkook, espera um minuto — fala, levantando-se do sofá. — Woo, eu volto já — diz para o garoto e me acompanha até a saída do dormitório.

Fecho a porta para termos mais privacidade e o encaro, tentando esconder o turbilhão de emoções que estou sentindo. Jimin parece um pouco hesitante, como se estivesse escolhendo cuidadosamente as palavras que vai dizer.

— Sinto muito se te deixei desconfortável com essa situação. Eu... eu não sabia que você estava chegando agora e não era assim que eu esperava que vocês se conhecessem — explica, um pouco nervoso. — Faz alguns meses que estou conversando com o Eunwoo e recentemente decidimos explorar as coisas. Não é nada sério ainda.

Respiro fundo mais uma vez, tentando acalmar meus sentimentos conflitantes. Não quero que Jimin se sinta culpado ou obrigado a me dar explicações. Ele tem o direito de beijar quem quiser.

— Não precisa explicar nada, Jiminie. Está tudo bem, sério! — respondo, tentando soar o mais tranquilo possível.

— Nós dividimos o apartamento, acho que você merece uma explicação. Eu realmente não pretendia trazer ele aqui sem falar com você antes, mas ele apareceu para me fazer uma surpresa e eu...

— Está tudo bem! — afirmo novamente, segurando em seus ombros. — O dormitório é nosso. Você tem direito de trazer quem desejar aqui.

Jimin me olha parecendo aliviado.

— Você é um amigo muito importante para mim, e eu queria mesmo te contar sobre o Eunwoo, mas estava esperando o momento certo — fala com sinceridade. — De toda forma, fico feliz que você não está magoado.

Sinto um aperto no peito. Eu sempre soube que corria o risco de ver Jimin com outra pessoa. Afinal, ele nunca demonstrou nenhum sinal de interesse romântico em mim, mas, ainda assim, a esperança de que algo pudesse acontecer entre nós persistia. Agora, ela parece ter sido brutalmente esmagada.

— Obrigado, Jimin. Eu também considero você um amigo muito importante — digo, tentando transmitir confiança. — Aproveita o filme, ok? Vou estudar um pouco e volto mais tarde.

Deixo um beijo em sua bochecha e caminho em direção às escadas, escutando a porta do dormitório abrir e fechar de novo. As palavras de Jimin ecoam na minha mente, reforçando o fato de que ele considera nossa amizade muito importante, e por mais doloroso que seja, isso é tudo que vai existir entre nós.

����

Sentado na sala do nosso apartamento, observo Jimin concentrado em seu caderno enquanto estou deitado em suas pernas. Ele terminou seu relacionamento com Eunwoo há dois meses, e desde então nossa amizade se fortaleceu de maneira surpreendente.

Estamos mais grudados do que nunca.

Conforme Jimin mergulha nas palavras que fluem de sua mente para o caderno, não consigo deixar de admirá-lo. Seus olhos brilham com uma determinação que eu nunca vi antes. Observo seus dedos delicados segurando o lápis com destreza, desenhando linhas e curvas que dão vida às suas ideias. A forma como ele se concentra, com os lábios entreabertos em uma expressão de foco, faz meu coração bater mais rápido.

Enquanto Jimin escreve, minha mente é preenchida com memórias de nossos momentos compartilhados. Rimos, choramos e enfrentamos desafios juntos. Nossa conexão é única e especial.

— O que você tanto escreve aí, hein? — pergunto, e ele desvia o olhar para mim por um momento.

— Uma lista — responde e volta a atenção para o caderno.

— Lista? Lista do quê?

— Coisas que quero fazer.

— Que tipo de coisas? — Fico curioso com a resposta e tento espiar o que ele escreve, mas recebo um peteleco na minha testa. — Ei! Doeu!

— É pra você aprender a não ser curioso. — Revira os olhos e arranca a folha do caderno, dobrando algumas vezes antes de guardar na pasta ao seu lado. — Tô com fome.

— Eu também. Vamos preparar o jantar?

— Claro, vamos lá. — Ele sorri e se levanta, guardando o caderno com cuidado em sua pasta.

Na cozinha, iniciamos um longo debate sobre o que iremos comer. No fim, decidimos que macarrão à bolonhesa é a opção mais rápida e prática.

À medida que os ingredientes se misturam na panela, nossos pensamentos se entrelaçam com os planos para o fim de semana e os sonhos para o futuro. No entanto, é na conversa sobre nosso futuro como dançarinos que minha admiração por ele cresce ainda mais. Jimin tem uma mente criativa e cheia de ideias. Ele é um artista incansável, constantemente explorando novas possibilidades, movimentos e expressões em sua dança.

Sua paixão o leva a experimentar diferentes estilos, misturar elementos de diversas culturas e criar coreografias impactantes. Ele tem o dom de transformar uma ideia aparentemente simples em uma dança emocionante.

Jimin é, sem dúvida, uma inspiração constante em minha vida.

Ouço meu celular tocar e peço para Jimin pegar enquanto termino de preparar o molho do macarrão.

— Se forem meus pais, pode atender — digo, e ele encara a tela, se aproximando de mim com o celular em mãos.

— É um tal de Jihoon — informa e estende o aparelho em minha direção.

Conheci Jihoon em uma das muitas festas a que fui quando Jimin e Eunwoo estavam se relacionando. Completamente bêbado, contei tudo que estava acontecendo comigo, e no dia seguinte ele me chamou para sair e disse que faria com que eu esquecesse a forte atração que eu sentia por Jimin. Claro que recusei, não acho certo usar uma pessoa para substituir a outra, mas depois de um tempo, Jihoon conseguiu me convencer de que eu não estava substituindo, eu estava apenas... me distraindo.

Depois da noite que tivemos, combinamos de ficar outras e outras vezes sem compromisso algum. Ele é um cara bem resolvido e as coisas são fáceis entre nós.

Achei que, com o término, eu teria chances com Jimin, mas depois de algumas investidas da minha parte, percebi que ele só me vê como um amigo.

E sendo sincero, prefiro ter a amizade dele do que não ter nada.

— Não vai atender? — Jimin pergunta.

— Vou, sim. Você pode olhar o molho? Está quase pronto — respondo e pego o celular da mão dele. — Oi, Ji — falo assim que atendo.

— E aí, lindo? Tudo bem?

— Tudo, e com você?

— Tranquilo. Escuta, eu estava pensando se você não quer sair hoje à noite, ver um filme ou algo assim. — Seu tom fica um pouco mais baixo e sei exatamente o que ele quer.

— Desculpa, Ji, mas já tenho um compromisso hoje.

— Poxa, lindo... eu tinha tantos planos para nós... — Coço minha nuca sem saber o que dizer. — Bom, acho que terei que ligar para outro então. Podemos marcar algo depois?

— Claro, vamos marcar. Eu te mando uma mensagem.

— Beijos, lindão, aproveite sua noite.

Me despeço e deixo o celular na mesa, notando que Jimin me encara.

— Você vai jantar aqui? — ele pergunta.

— Claro! Estou morrendo de fome.

— Achei que você fosse sair.

— O Ji me convidou, mas você ouviu que eu recusei, né? — questiono, e ele dá de ombros, desviando o olhar.

— Imaginei que você fosse sair com outra pessoa, você mencionou na ligação que tinha um compromisso e tal.

— Tenho, sim — respondo e o abraço por trás. — Comer esse delicioso macarrão que preparamos e depois revisar o conteúdo da prova dessa semana. Preciso muito da sua ajuda.

Jimin se vira para mim e sorri, parecendo aliviado.

— Eu te ajudo. Mas a louça é sua. — Reviro os olhos, e ele belisca minha cintura, se afastando para pegar os pratos no armário.

Nos sentamos lado a lado, servindo-nos do jantar que preparamos juntos. Enquanto comemos, conversamos sobre diversos assuntos, rindo e aproveitando a companhia um do outro.

No momento em que terminamos de comer, recolhemos a mesa e nos acomodamos no sofá da sala. Pegamos nossos cadernos e começamos a revisar o conteúdo da prova juntos. Jimin lê em voz alta, explicando os conceitos com clareza, e me perco em seus olhos enquanto ele se concentra nas palavras escritas.

Conforme o tempo passa, nossos ombros se tocam e sinto o calor reconfortante de sua presença ao meu lado. Em algum momento, Jimin desvia o olhar do caderno e me encara de um jeito estranho.

— Jungkook... — começa, e eu espero que continue, mas ele fica em silêncio por mais um tempo.

— Jimin?

Ele balança a cabeça, sacudindo as mãos como se não fosse nada de mais.

— Nada, é bobagem. Vamos continuar estudando.

— Agora fala.

— Não é nada!

— Eu sei que é algo. — Fecho o caderno e o encaro, pensando nos possíveis motivos, até que chego à conclusão do único que parece fazer sentido. — Você quer falar sobre seu término com o Eunwoo?

— O quê? — ele exclama, parecendo confuso, e eu até entendo sua reação. Desde que eles terminaram, Jimin não tocou no assunto e eu não tive coragem de perguntar.

— Eu sei que não conversamos sobre isso, mas se você quiser... — Engulo em seco e desvio o olhar, forçando as palavras a saírem. — Eu tô aqui, ok? Se você estiver triste e quiser desabafar... — Dou um meio sorriso, e Jimin me encara como se eu tivesse dito a coisa mais absurda dessa vida.

— Eu não, eu... — Ele respira fundo e fecha o livro. — Estou bem, ok? Eu já imaginava que as coisas com o Eunwoo não dariam certo. Estar com ele era como tentar encaixar um quadrado em um círculo.

Observo Jimin sentindo uma mistura de confusão e preocupação. Seus olhos parecem esconder algo. Ele sempre foi reservado sobre suas emoções, mas desta vez parece diferente.

Embora ele tente parecer bem e afirme que está tudo certo, sua expressão me diz o contrário. Eu não quero pressioná-lo a falar sobre algo que ele não esteja pronto para compartilhar, mas também não quero que ele se sinta sozinho nisso.

— Jimin... — digo, suavemente. — Você sabe que pode confiar em mim, certo? Se houver algo mais do que o término com o Eunwoo te incomodando, eu estou aqui para te ouvir. Você é o meu melhor amigo, sabe disso, né?

— Melhor amigo... — repete e balança a cabeça em resposta, suspirando audivelmente. — Eu sei e aprecio muito sua preocupação e amizade. O sentimento é totalmente recíproco. — Sorri sem mostrar os dentes e se levanta do sofá. — Mas eu te garanto, estou bem.

— Fico feliz em saber disso — respondo. — Você não vai continuar estudando?

— Na verdade, estou com sono — diz sem me encarar. — Vou dormir, tudo bem? Podemos continuar amanhã?

— Claro, sem problemas. Descanse bem, Jiminie — desejo, sorrindo para ele. — Qualquer coisa, é só me chamar.

Jimin assente e caminha para o quarto. Enquanto ele se afasta, sinto uma pontada de preocupação e curiosidade. Há algo mais acontecendo com ele, tenho certeza disso. Mas, por enquanto, respeitarei sua decisão de não falar sobre o assunto.

Guardo meus cadernos e faço uma breve limpeza na cozinha antes de me dirigir ao meu próprio quarto. Me deito na cama, mas minha mente ainda está cheia de pensamentos sobre Jimin. Espero que ele esteja realmente bem. Uma parte de mim não consegue deixar de se preocupar, mesmo sabendo que o motivo é aquele cara.

Durante o tempo em que eles estavam ficando, fiz de tudo para evitar o assunto. Já era ruim o suficiente vê-los juntos, eu não precisava saber o quão interessado Jimin estava por ele, e agora me sinto um pouco culpado por não ter dado a devida atenção naquela época. Talvez, se eu tivesse sido mais aberto e receptivo, Jimin se sentiria mais confortável para compartilhar suas preocupações e angústias comigo.

Eu preciso ser um bom amigo, até porque está bem claro que é só isso que somos.

����

— Você já pegou uma m-maçã bem vermelhinha e quand-d-do mordeu, ela fez som de "fronc", e n-não "croc"? — pergunto em meio a um soluço e outro para o barman enquanto encaro meu copo quase vazio. — Odeio maçã farinhenta.

— Você vai beber mais alguma coisa, cara? — ele questiona.

— Sabe q-qual o problema das maçãs far-farinhentas? Elas são decep-decepcionantes. E sabe o que mais é de-decepcionante? Ser colocado na friendzone. — Deito a cabeça no balcão e choramingo. — Ele fica relem-relembrando o tempo todo que somos apenas amigos e blá-blá-blá. — Ergo minha cabeça e fixo meu olhar no barman. — Qual o seu nome mesmo?

— André.

— Então, André, ele fica o t-tempo todo dizendo que somos amigos, e tudo que eu quero dizer é: "Cara, eu não p-posso ser seu amigo e b-beijar sua boca? S-será que não posso ser o seu n-namorado?" — Esfrego o rosto, me sentindo frustrado. — Toda vez que ele me l-lembra do nosso status, eu deixo de ser uma maçã c-crocante e passo a ser uma maçã farinhenta...

— Complicado, mano — André diz sem me encarar, focado em lavar a louça.

— Será que ele não percebe como eu sou? Suculento e crocante. Croc, croc.

— Talvez você possa ir para casa, ligar para ele e contar — André sugere com toda a sua sabedoria, e eu balanço a cabeça.

— Nós... nós moramos juntos, e ultimamente as coisas não estão legais. — Bebo o restante do conteúdo do meu copo em poucos goles. — Ontem tivemos mais uma briga porque cheguei muito tarde e acordei ele quando derrubei as panelas do escorredor. Tipo, quem coloca panelas no escorredor? Acho que todo mundo, né? — pergunto. Respondo. Nem sei mais. — Em minha defesa, eu não vi que eram panelas empilhadas. — Dou de ombros. — Estamos brigando tanto que já até perdi as contas.

— Amigo, eu realmente entendo a sua situação — André diz com os olhos fixos em mim. — E apesar de você ser um cliente fantástico — aponta para as garrafas vazias no balcão —, eu preciso fechar o bar. É quase uma da manhã.

— Obrigado por tudo, André. — Aperto sua mão e entrego uma gorjeta generosa. — Você é o cara!

Me levanto do banco e puxo meu celular do bolso para chamar um carro e preciso dizer que essa é uma das tarefas mais difíceis da minha noite. Minha visão está turva e sinto como se tivesse um carrossel dentro da minha cabeça. Girando, girando e girando sem parar.

Finalmente consigo encontrar o aplicativo e chamo um motorista, seguindo para a calçada enquanto aguardo sua chegada. Eu poderia ir andando até a república, é uma caminhada de dez minutos (até menos), mas estou tão bêbado que levarei o dobro disso.

O carro enfim chega e caminho em passos lentos até ele. Abro a porta traseira e me acomodo no banco, sentindo um leve enjoo, mas luto para que não aconteça nenhum desastre.

Chego à república e, ao pagar a corrida ao motorista, agradeço pela viagem. Subo as escadas cambaleando, mas com cuidado para não fazer muito barulho, e abro a porta do nosso apartamento lentamente, encontrando a luz da sala acesa e Jimin sentado no sofá, com os olhos cansados e uma expressão irritada no rosto.

— Hm... boa noite? — Penso em sorrir, mas desisto quando seu olhar mortal recai sobre mim. — Que milagre te encontrar acordado nesse horário...

— Você saiu, e quando vi que já tinha passado das onze e nada de você chegar, achei melhor nem dormir. Sempre rola uma surpresa quando você retorna das suas noitadas.

— Eu preciso me divertir. Não posso ficar preso em casa o tempo todo.

Jimin franze o cenho e cruza os braços, parecendo irritado com a minha resposta.

— Jungkook, eu não estou te privando de se divertir, mas é uma questão de respeito. Você pode se divertir sem prejudicar o nosso convívio. Chegar tarde todas as noites e me acordar constantemente não é justo.

— Todas as noites? — Sinto o álcool borbulhar em minhas veias, aumentando minha impulsividade. — Você está sendo dramático! Nem foram tantas vezes assim.

— Dramático? Eu? — Jimin aponta para o próprio peito. — Sabe, eu tenho responsabilidades e obrigações, assim como você deveria ter!

Reviro os olhos, sentindo o álcool turvar meu julgamento. Ignoro sua preocupação e insisto na defensiva.

— Às vezes, é bom sair da rotina, se divertir um pouco, viver a vida! — exclamo. — Você deveria tentar, talvez ficasse menos chato.

— Você é idiota assim mesmo ou se faz?! — Jimin exclama de volta, sua voz ecoando na sala. — Eu não me importo que você se divirta, mas isso não significa que você pode ser irresponsável e egoísta!

Minha paciência se esgota rapidamente, e respondo com raiva.

— Irresponsável e egoísta? Meu Deus! Eu consigo contar nos dedos de uma única mão as vezes em que fiz barulho, Jimin. Umas poucas vezes e você já acha que pode ficar me julgando? Talvez o idiota aqui não seja eu.

Jimin fecha os punhos, claramente frustrado com a minha atitude.

— Eu não estaria te julgando se você não me desse razões para isso! Você precisa crescer, Jungkook. Não é mais um adolescente.

A raiva borbulha em mim, e retruco com um sarcasmo amargo.

— Ah, desculpe por não ser tão perfeito e maduro quanto você, Jimin. Eu esqueci que você é o modelo de responsabilidade.

A discussão continua, palavras afiadas sendo lançadas de um lado para o outro. Nenhum de nós está disposto a ceder, e a briga se intensifica, ecoando pelas paredes do apartamento.

Jimin parece cansado de tentar me entender, e isso só aumenta minha frustração. Em algum lugar dentro de mim, sei que essa briga não é realmente sobre festas e horários, mas sobre algo mais profundo que nenhum de nós está disposto a admitir. Talvez seja o medo de estragar nossa amizade.

Estragar ainda mais.

A discussão chega a um ponto de ruptura, e o silêncio preenche o espaço entre nós. Ambos estamos exaustos, emocionalmente esgotados. Sinto um nó na garganta, uma mistura de arrependimento e tristeza.

Sem dizer uma palavra, Jimin se vira e se retira para o quarto, me deixando ali, sozinho e perdido em minhas próprias emoções confusas. Me sento no sofá, olhando para o vazio, lamentando a bagunça que criamos.

Essa fase complicada parece cada vez mais difícil de superar.

����

Enquanto passo o aspirador em meu quarto, seguro o celular entre o ombro e a orelha, mantendo a ligação com Yoongi, um garoto do curso de Música que conheci durante uma calourada de Medicina.

— Eu estou indo à loucura com aquele garoto! Ele ainda vai me matar! — exclamo e desligo o aspirador para pegar o fone de ouvido e conectar no celular, facilitando a conversa.

— O que aconteceu dessa vez? — Yoongi pergunta com um suspiro. Ele está ciente de tudo que está acontecendo.

— Nós brigamos.

— Tá, mas cadê a novidade? Vocês estão sempre brigando, nem me surpreendo mais.

— Dessa vez foi diferente... — digo, me lembrando da discussão. — Dessa vez acho que não tem volta mesmo.

De certa forma, eu entendo toda a raiva que Jimin está sentindo de mim ultimamente. Admito que não estou sendo um exemplo de colega de quarto, tenho conhecimento de todas as vezes em que errei, mas eu não fui o único e não aceito ser aquele que leva toda a culpa.

Eu gosto de frequentar as festas da universidade, gosto de beber, de sair e me divertir com meus amigos e quero aproveitar o máximo possível antes de finalmente ter que arcar com as responsabilidades da vida adulta. Esse sempre foi o meu desejo, e eu queria que o Jimin estivesse ao meu lado fazendo parte das minhas lembranças.

Queria ter novas experiências com ele ao meu lado.

É claro que sempre amei as tardes que passamos juntos nos divertindo. Eu gostava de ir até a praça que tinha em frente à universidade e me sentar para conversar com ele até o sol se pôr. Amava quando decidíamos preparar nossas refeições, pois eram os momentos do nosso dia em que conversávamos sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada. E amava principalmente quando a noite chegava e nos aconchegávamos no sofá, em meio a um emaranhado de cobertas para assistir ao nosso seriado favorito enquanto dividíamos um balde de pipoca e um pacotinho de jujubas, suas favoritas.

Lembrar que não temos mais momentos como esses é extremamente doloroso, e tudo porque somos orgulhosos demais para baixar a guarda, reconhecer que ambos estamos errados e simplesmente pedir desculpas.

Eu não queria que as coisas tivessem chegado a esse ponto, não queria mesmo! Gosto tanto daquele ruivinho que faria qualquer coisa para ter nossa amizade de volta.

— Tá aí ainda? — Yoongi pergunta, e saio dos meus devaneios.

— Sim, só me distrai um pouquinho.

— Posso mandar a real? — Quando eu digo que sim, ele continua: — Vocês são dois idiotas que merecem ficar amarrados em uma camiseta da união para deixar a infantilidade de lado.

Ótimo conselho, exatamente o que não preciso.

Ouço vozes do outro lado, e Yoongi se despede dizendo que precisa terminar alguns trabalhos da universidade. Vou para a sala, coloco o celular na mesinha de centro e já aproveito para recolher os livros e objetos pessoais de Jimin que estão espalhados no sofá. Vou até seu quarto e deixo tudo na mesinha de estudos para que ele organize depois, aproveitando que estou sozinho para examinar o cômodo no qual já dormi tantas vezes.

O quarto dele é impecável em quesito de organização — totalmente diferente do meu — e seu cheiro está espalhado em todos os cantos, o que me deixa com uma sensação esquisita no peito. Vou até a prateleira e dou um sorriso quando vejo que ele ainda guarda as miniaturas da Marvel que dei a ele de presente.

Achei que, com toda essa guerra entre nós, ele teria se livrado de tudo que poderia fazer com que se lembrasse da nossa amizade.

Na mesa de estudos, noto que ele ainda guarda a caixa de madeira que eu sempre enchia com pacotinhos de balas de goma, assim como diversas fotografias que eu tirei.

É, ruivinho... sinto sua falta pra caramba.

Fecho a porta do seu quarto e volto para a sala, começando a tirar o pó dos móveis com o auxílio de um paninho, tentando deixar tudo o mais limpo possível. Coloco uma música para tocar enquanto faço a faxina e pego o aspirador de pó para passar na sala.

Enquanto arrasto o sofá, algo chama minha atenção. No chão, entre o móvel e a parede, há uma folha de papel dobrada com cuidado. Meu primeiro instinto é jogar fora, mas abro para verificar se não é algo importante. Meus olhos percorrem as palavras escritas à mão e, conforme leio, meu coração começa a bater mais rápido.

"— O que você tanto escreve aí, hein?

— Uma lista.

— Lista? Lista do quê?

— Coisas que quero fazer."

Jimin nunca me explicou do que se tratava, mesmo eu perguntando todas as vezes que percebia que ele estava escrevendo no mesmo papel. Sorrio ao perceber que muitos desses desejos são semelhantes aos meus.

"Ficar bêbado...

Nadar pelado...

Matar aula...

Fazer um body shot..."

É, talvez tenhamos muito mais em comum do que eu imaginava.

Por semanas, estive pensando em como reatar nossa amizade, e é quase como se o destino tivesse colocado essa lista no meu caminho para me mostrar o que preciso fazer.

Não posso deixar essa chance escapar.

Coloco a lista no bolso e, com uma determinação renovada, continuo a limpeza. Enquanto organizo tudo, minha mente se enche de planos e ideias de como realizar cada um dos desejos de Jimin.

Com um sorriso no rosto, termino de limpar o apartamento e começo a fazer uma lista própria. Essa tem planos e ideias do que fazer para realizar os desejos de Jimin e lhe dar as melhores lembranças que ele poderia ter.

Só preciso de uma oportunidade para colocar tudo isso em prática.

����

Se alguém me dissesse meses atrás que eu teria desafiado Jimin a cumprir alguns desafios com o intuito de recuperar nossa amizade e que em meio a tudo isso estaríamos ficando e indo juntos a uma festa, praticamente como namorados, eu provavelmente começaria a rir.

Seria uma gargalhada longa, daquelas que até fazem a gente chorar e ter dificuldade para respirar.

Depois de rir muito, eu possivelmente pegaria o celular em meu bolso e procuraria o hospital psiquiátrico mais próximo com a ajuda do Google.

Mas aqui estamos nós, para minha surpresa, em um momento que jamais imaginei. Os desafios começaram de forma despretensiosa, apenas como uma tentativa desesperada de reconstruir o que parecia estar perdido.

A cada desafio cumprido, eu percebia que algo mudava dentro de mim — e também entre nós. A conexão que parecia desgastada aos poucos se fortaleceu outra vez. Rimos, choramos, brigamos e nos entendemos. Cada obstáculo superado nos aproximava um pouco mais.

Compartilhamos histórias, segredos e momentos de vulnerabilidade. Aos poucos, começamos a entender um ao outro. Conheci um lado completamente inédito do Jimin que jamais pensei que pudesse existir.

Não vou negar, o caminho até aqui foi desafiador e eu pensei que a qualquer momento tudo poderia dar muito errado. Mas vi Jimin enfrentar seus medos e inseguranças e até mesmo confrontar os próprios defeitos assim como eu. Entendi melhor o meu gatinho, que se acostumou a guardar os próprios sentimentos por medo de decepcionar a família. Uma família que não merece um por cento de todo o seu esforço e dedicação.

Em alguns momentos, pensei em jogar tudo para o alto e desistir dessa ideia de conquistá-lo com essa lista. Era difícil entender se ele queria a nossa amizade de volta ou não, e às vezes eu pensava que ele só estava aceitando ficarmos próximos devido aos desafios. Mas aqui estamos numa vibe tão boa que não quero que acabe nunca, e à medida que a noite avança, sinto que finalmente tenho a chance de dar o passo que tanto anseio nesse relacionamento incerto.

Uau...

Incerto...

Eu realmente não gosto dessa definição, e mal posso esperar para abrir meu coração e expressar tudo o que sinto.

Comemoro internamente quando percebo que o banheiro do corredor onde estou está vazio. Tranco a porta e, caminhando até a pia, ligo a torneira e lavo o rosto com água gelada, encarando a mim mesmo em seguida.

— Você é uma máquina de vencer, Jeon Jungkook — digo para meu reflexo.

— Saia desse banheiro e conquiste seu homem!

Pego algumas toalhas de papel para me secar e aproveito para arrumar o cabelo, desistindo quando percebo que os fios rebeldes não têm solução.

— Vai demorar muito aí? — Ouço algumas batidas à porta. — Tem gente querendo usar o banheiro!

— Estou saindo agora mesmo! — respondo, descarto o papel e abro a porta. Respiro fundo ao me deparar com o sorriso de Jihoon, que joga o cabelo para trás enquanto me olha de cima a baixo.

— É incrível como sempre nos encontramos em banheiros... — comenta.

De todas as pessoas com quem me envolvi, Jihoon foi o único que fiquei diversas vezes. Nos conhecemos em uma das muitas festas em que eu buscava fugir das brigas com Jimin.

Encerrei as coisas com ele algumas semanas antes de propor os desafios a Jimin. Nosso caso era puramente casual, e ele entendeu a situação. Por um tempo, não tive notícias dele. Nos reencontramos no dia em que eu estava ensaiando com Jimin, e assim que percebi que Jihoon queria reacender nosso breve caso, conversei com ele novamente e deixei claro que não tinha interesse, que estava construindo algo com Jimin.

No entanto, parece que ele não entendeu.

— Você queria usar o banheiro, né? Fique à vontade! — Aponto para trás e deixo a porta livre, me preparando para procurar o único ruivinho que me interessa hoje.

— Ei, espera! — Jihoon segura no meu pulso e se aproxima. — Por que tanta pressa, lindo? Você não costumava ser assim... Costumava me dar mais atenção. — Ele se aproxima. — Sinto falta das nossas noites. Você não sente?

— Não. — Afasto sua mão do meu pulso e o encaro. — O que aconteceu entre nós é passado, eu já disse isso quando conversamos da última vez e estou dizendo novamente.

— Ah, por favor, Jungkook! Tudo isso por causa desse seu amiguinho? Desde quando alguém interfere em algo entre nós? — pergunta com a sobrancelha arqueada. — Você sempre soube que eu era melhor do que todos os outros, sem complicações, lembra?

— Não tenho mais certeza dessa última parte — respondo. — Sério, cara, não vai rolar. O Jimin é especial para mim, ele é diferente. — Vejo sua expressão mudar e aproveito para me afastar. — Espero que entenda.

Sem disposição para continuar na festa e com muita vontade de ir para casa, decido ir até o estacionamento. Pego meu celular para enviar uma mensagem para meus amigos e ligar para Jimin, sabendo que ele sempre está com o celular à mão e esperando que atenda rapidamente.

Me encosto em um carro aleatório, e antes de começar a chamada, Jihoon se aproxima e se encosta no veículo em frente a mim. Ele cruza os braços e um sorriso malicioso aparece em seu rosto.

— Então ele é especial... — Umedece os lábios e inclina a cabeça para o lado. — Vocês estão namorando?

— Isso não é da sua conta.

— Só estou perguntando porque, se não existe um compromisso sério, não vejo problema em nos divertirmos um pouco juntos. — Ele se aproxima, e eu perco a paciência.

— Que insistência do caralho, Jihoon! Eu já disse que as coisas são diferentes com ele. Eu amo o Jimin! — exclamo, meu tom nem um pouco amigável.

— Espera aí, você está falando sério? — Ele volta a cruzar os braços e um sorriso debochado aparece em seu rosto.

— Eu não brincaria com isso. Então, por favor, vai embora. Tenho certeza que você vai encontrar alguém com os mesmos interesses que os seus.

Volto a encarar meu celular e me assusto quando, em questão de segundos, ele puxa meu colarinho e nossos lábios se encontram. Fico em choque com sua atitude, mas logo o empurro contra o carro, nos afastamos. Ele está sorrindo, e eu estou louco de raiva. Não tenho intenção nenhuma de corresponder às suas expectativas, que parecem aumentar quando me aproximo. Porém, meu tom entrega minha insatisfação e aos poucos a expressão dele fica séria:

— Eu não quero reviver o que tínhamos, não tenho mais interesse em você ou em qualquer outra pessoa. Acabou. Entendeu? — Limpo a boca com o dorso da mão e pressiono meu dedo em seu peito. — Nunca mais encoste em mim ou em qualquer pessoa sem permissão. Você está sendo um babaca. — Vejo a raiva começar a tomar conta de seu rosto e dou um passo para trás. — Sempre deixei as coisas bem claras, então faço questão de dizer com todas as letras pra você entender. — Eu o encaro, sério, e falo pausadamente. — Eu estou com o Jimin, e mesmo que não estivesse, depois disso eu não te procuraria de novo. Passar bem.

— Você é um idiota! — ele grita enquanto me afasto. — Você é apenas um experimento para aquele idiota do seu colega de quarto. Assim que ele se cansar de você, vai te chutar da mesma forma que você está fazendo comigo!

— Mesmo que isso aconteça um dia, ele ainda vai ser melhor que você.

Respiro profundamente e entro na casa. Minha ansiedade aumenta quando tento ligar para Jimin, mas ele não atende. Depois da décima tentativa, desisto. Parece que vou ter que gastar alguns preciosos minutos procurando-o nesse casarão.

Enquanto me afundo no mar de pessoas em busca dele, uma dor faz minha cabeça a latejar. É inevitável que eu explique o que aconteceu para Jimin, mas o medo de sua reação me consome. A simples ideia já me deixa ansioso.

Após vasculhar a pista de dança sem encontrá-lo, dirijo-me ao bar, franzindo a testa quando não o vejo nos bancos. Decido, então, abordar o barman conhecido, Harry.

— Harry, você viu um garoto ruivo e bochechudo por aqui? — pergunto, esperançoso. — Ele costuma te chamar de Fred.

Ao mencionar isso, vejo Harry suspirar profundamente e revirar os olhos.

— Ele estava conversando com um garoto, não faço ideia de para onde foram.

— Obrigado, cara!

Se Jimin estava conversando com alguém, é provável que esteja com Taehyung. No entanto, descarto essa possibilidade assim que vejo Taehyung aos beijos com Hoseok na pista de dança. Para ter certeza, me aproximo do casal e pergunto sobre o paradeiro do nosso amigo, apenas para descobrir que eles não haviam cruzado com Jimin nas últimas horas.

Então quem é o cara que está com meu gatinho? Yoongi?

Decido subir para o segundo andar e, assim que me aproximo da escada, vislumbro Jimin subindo com alguém.

Corro para alcançá-los. Quando estou perto o suficiente, seguro com firmeza no pulso de Jimin, fazendo com que ele me encare.

— Ei! Eu estava te procurando! — digo, num misto de alívio e preocupação. Ao notar que o garoto ao seu lado é Eunwoo, percebo que algo está errado. — O que tá acontecendo aqui?

— Me solta, Jungkook — ele responde, soltando-se bruscamente de meu aperto, e seu tom de voz me arrepia por completo.

— Que bicho te mordeu, gatinho? — pergunto, encarando-o, enquanto ignoro a presença de Eunwoo. — Você tá estranho.

— Se você não percebeu, eu estou ocupado, não tenho tempo pra conversar agora — responde, me lançando um sorriso nada acolhedor, um sorriso que arrepia até a minha alma. — E acho que você nem deveria estar aqui, certo? O Jihoon não vai gostar de saber que você está perdendo tempo comigo.

Sinto meu sangue gelar e minha pressão arterial cair ao ouvir aquelas palavras. Ele viu.

E provavelmente entendeu tudo errado.

— É, eu vi. Com licença, Jungkook.

— Gatinho, espera! — Tento segurar seu pulso de novo, mas ele se solta com determinação.

— Estou ocupado — Jimin repete, direcionando seu olhar a Eunwoo. — Me desculpe por esse inconveniente.

Fico observando-o subir lentamente os degraus, um a um, enquanto sua figura desaparece de minha vista. Seu olhar amargurado em minha direção é a última coisa que consigo capturar.

Não posso acreditar nisso.

Entro em estado de choque, beliscando o braço com força numa tentativa desesperada de acordar de um pesadelo, mas a única dor que sinto é da realidade que se desenrola diante de mim. Não sou ingênuo, sei perfeitamente o que ele está prestes a fazer.

Ele me viu com outra pessoa e interpretou errado. E não posso culpá-lo por isso. Não sei até que ponto ele testemunhou, mas seu olhar diz tudo. Ele ainda deve achar que eu não mudei, que não fui sincero na conversa que tivemos. Jimin se abriu para mim e agora provavelmente pensa que estou brincando com ele.

Como ele poderia pensar de outra forma? Afinal, nunca expressei meus verdadeiros sentimentos em relação a ele com clareza. Além disso, ele sempre soube que eu me envolvi com muitas pessoas, talvez esteja pensando que é apenas mais um.

Minha consciência me instiga a correr até o quarto onde eles estão e bater insistentemente à porta até que Jimin me deixe entrar, mas meu corpo já aceitou a derrota. Me sento no degrau, puxando os joelhos para cima e apoiando meus braços e cabeça sobre eles, permitindo que as lágrimas acumuladas em meus olhos finalmente escorram pelo meu rosto.

Eu o perdi.

Ouço passos se aproximando, mas nem sequer levanto a cabeça. Já é humilhante demais estar nesse estado, não preciso que estranhos testemunhem minha fragilidade.

— Ei, você está bem?

Ergo a cabeça ao reconhecer a voz, percebendo que é Hoseok.

— Hobi... — Desabo sobre meu amigo, agarrando seu corpo com força e escondendo meu rosto entre seu ombro e pescoço.

— O que aconteceu, Jungkook? — ele pergunta, envolvendo-me em um abraço reconfortante, enquanto mais pessoas se aproximam de nós. — Por que está chorando, filhote?

— Jungkook, fala com a gente... — Reconheço a voz de Taehyung, sentindo-o acariciar suavemente minhas costas, mesmo com seu tom cheio de apreensão. Ele me retira com gentileza dos braços de Hoseok, fitando meu rosto com olhos preocupados. — Onde está o Jimin?

— Eu... — Fungo e passo a mão sobre os olhos, tentando controlar as lágrimas. — Acabou, Tae. — Isso é tudo que consigo dizer.

Sem pedir mais explicações, ele volta a me abraçar.

����

Desde o incidente com Jimin, não nos falamos. No dia da festa, Taehyung me levou para seu dormitório, onde chorei por uma hora antes de contar o que havia acontecido.

Naquela noite, depois de chorar mais um pouco, acabei adormecendo com a cabeça apoiada no colo de Taehyung, enquanto Hoseok afagava meus cabelos. No fim, eles me compreenderam. Jimin não sabe dos meus sentimentos por ele, não sabe quanto eu o amo, e por isso todos entenderam sua reação. É compreensível que ele pense que estou apenas usando-o.

Mas tudo o que eu queria era que ele me ouvisse, pelo menos uma última vez.

Ao amanhecer, voltei para o dormitório determinado a esperar por Jimin e tentar ter uma conversa decente. No entanto, ele não apareceu, nem mesmo no dia seguinte. No segundo dia, fui até seu quarto e notei algumas roupas espalhadas na cama, além de grande parte dos seus produtos de higiene desaparecidos.

Mais tarde, Taehyung me ligou para me tranquilizar e informar que Jimin passaria alguns dias na casa dos seus pais. Ele não havia ido embora como eu tinha pensado. Após uma longa conversa, Taehyung me assegurou que iria convencê-lo a retornar para casa para que pudéssemos conversar.

Corro para a cozinha e preparo bibimbap, o prato favorito de Jimin. Faço também seu precioso suco de laranja e, ao procurar pelas suas jujubas na despensa, percebo que todos os pacotes acabaram, restando apenas as caixas de barrinhas de cereais.

Olho as horas e me apresso até o mercadinho mais próximo, comprando pacotes de jujubas em formato de ursinho. Aproveito também para pegar mais alguns doces e salgadinhos. Se tudo der certo, depois dessa conversa planejo assistir a um filme abraçado com meu gatinho enquanto trocamos alguns beijos e carinhos.

Volto para casa, tomo um banho, visto uma roupa confortável e fico na sala selecionando os filmes de Star Wars Jogos Vorazes. Quero deixar tudo pronto para quando ele voltar.

Estou confiante!

Horas mais tarde, me sento no sofá e como o bibimbap que preparei, enquanto assisto os filmes... sozinho.

Jimin não volta para casa.

Decidido a buscar Jimin, inicio o dia com determinação e sigo em frente com meu plano. Envio algumas mensagens para Taehyung pedindo o endereço, mas ele apenas visualiza e não me responde. Decido, então, ir até seu dormitório. Bato à porta algumas vezes, e instantes depois ele abre a porta e me encara, soltando um suspiro.

— Por favor, Tae — eu peço. — Eu preciso ver ele. Eu preciso me explicar.

— Dê a ele tempo, Jungkook — diz Taehyung. — Às vezes, as pessoas precisam processar as coisas e tomar suas próprias decisões. Se o que vocês têm é verdadeiro, se ele realmente te ama, ele vai voltar para você. Mas você precisa respeitar o espaço dele e não forçar nada.

Eu encaro Taehyung, sentindo o peso das palavras dele. Respiro fundo, tentando acalmar a ansiedade que toma conta de mim.

— Você está certo, Tae. Eu entendo. Mas sinto que preciso fazer algo, não posso apenas ficar aqui sem saber o que fazer.

— Eu sei como você se sente, Jungkook. E também sei o quanto vocês se importam um com o outro. Mas agora é importante respeitar a decisão dele. Se você tentar forçar uma conversa, pode acabar piorando as coisas. Deixe que ele tome a iniciativa quando estiver pronto.

Ele tem razão. Jimin precisa de tempo e espaço para lidar com tudo o que aconteceu, mas eu não vou desistir tão fácil. Se o que temos é realmente especial, então lutarei por ele com todas as forças. Darei a ele o tempo de que precisa e estarei aqui quando ele estiver pronto para conversar.

Nossas histórias são entrelaçadas demais para simplesmente desaparecerem. Vou provar a Jimin que ele é a única pessoa que quero e que estou disposto a fazer o que for preciso para reconquistar sua confiança e ter o meu gatinho novamente.



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