19 de abril de 2014 •• New York
— A previsão é de chuva forte para a região e o frio permanecerá por mais alguns dias. Lembre-se de sair de casa bem agasalhados, pois só tende a piorar.
Desliguei a televisão, assim que a mulher do tempo terminou de falar. Olhei pela janela do quarto enquanto ajeitava a jaqueta de couro em meu corpo. Estava chovendo e parecia estar escuro demais para aquele horário. Virei em encontro ao espelho para me certificar se tudo estava em ordem. A única coisa que se destacava eram meus cabelos castanhos, agora mais curtos, pois estavam com leves cachos nas pontas. As olheiras permaneciam horríveis e bem expostas. A causa de tudo aquilo eram os pesadelos que eu tinha da noite que definitivamente acabou com cada célula do meu corpo. Eu lembrava de cada coisa, desde pegar a passagem de volta para Nova Iorque até o bilhete que fez meu mundo parar.
— Vamos, Henri. Eu não posso me atrasar, você conhece muito bem minha chefe. — gritei, tombando minha cabeça para o lado para avistar melhor o garoto.
Ele me repreendeu com a mão enquanto estava escovando os dentes. Coloquei as mãos na cintura e fiz cara feia esperando por ele. Henri me analisava pelo reflexo do espelho enquanto sorria. Assim que pegou a toalha de rosto e colocou-a novamente no puxador, virou-se.
— Gosto de você assim. — ele falou ao dar passos em minha direção. — mandona.
Revirei os olhos, em seguida senti suas mãos em minha cintura me puxando para perto. Henri beijou minha bochecha e foi distribuindo beijos até meu pescoço.
— Você não sabe o quanto eu queria ficar com você nessa cama... Ainda mais com essa chuva.
Enlacei minhas mãos em seus cabelos e puxei-os forçando o garoto a olhar em meus olhos, ambos estávamos com um sorriso coberto de malicia nos lábios.
— Não faça insinuações indecentes a essa hora da manhã, Sr.Wright.
Ele sorriu mordendo o próprio lábio, em seguida soltou-o aproximando nossas bocas. Nossos lábios se tocaram e não demorou muito para nossas línguas fazerem o mesmo. Eu o conhecia há mais de quatro meses, ele era o advogado da minha chefe, Sra. Lance, e nos encontramos em uma das festas dadas pela mesma.
— Hoje é nosso aniversário de namoro. — sussurrou, contra meus lábios ao sorrir. — Espero ansiosamente pelo meu presente, Srta. Holdings.
Permaneci de olhos fechados ao soltar um risinho. Encostei nossas testas e apertei forte sua nuca. Desde o momento em que minha vida havia mudado a única coisa de bom que tinha acontecido era ele. De certa forma me sentia protegida ao seu lado.
— Faz três meses que eu te aguento, Henri Wright.
— Oh, meu amor, pode ter certeza que é ao contrário.
Ri balançando a cabeça e empurrei-o pelo peito. Henri me fitou com os olhos negros ao passar o polegar na boca. Eu conhecia muito bem aquela tática, mas não podia fraquejar. Eu precisava ir para o serviço, então resolvi agir antes que ficasse realmente naquela cama.
Wright descia as escadas logo atrás de mim falando no celular. Eu tentava ajeitar minha jaqueta fechando os primeiros botões com pressa. A primeira cena que avistei quando desci o último degrau foi: Jane, Trevor e Emily sentados nas cadeiras próximas à mesa tomando café. Trevor tirou o olhar do jornal e olhou diretamente para meu namorado.
— Pensei que tinha avisado sobre namorados na minha casa. — desviou a atenção para a folha em suas mãos de novo. — Não dei permissão para você namorar com ele, Every.
Revirei os olhos e fechei o último botão do couro. Henri segurou em minha cintura com calma e virou meu corpo para ele.
— Eu vou te esperar lá fora, tudo bem? — inclinou-se em minha direção depositando um beijo rápido em meus lábios. — Não demore.
E como sempre fazia, ignorou meus pais. A única pessoa com quem eu falava dentro daquela casa era com minha irmã, apenas trocava diálogos necessários com os dois adultos que ocupavam o mesmo espaço que o meu.
— Você está dormindo com esse cara Every? — Jane perguntou espantada, mas tentava controlar a voz. — Eu e seu pai pedimos para você nos contar quando ele viesse. Eu não fico tranquila sabendo que não dei os devidos cuidados sobre esse assunto com você.
Devidos cuidados? Desde quando ela cuidou de mim? Se vender a própria filha por quarenta mil era um tipo de cuidado, eu realmente preferia me cuidar sozinha. Aproximei-me mais da minha irmã e me inclinei para ela dar um beijo em meu rosto. Nossa relação havia melhorado e muito. Apenas levei-a em algumas festas e apresentei pessoas importantes e pronto: Ela já havia me perdoado.
— Você quer ir junto com nós Emily? O Henri não se importa de te deixar na escola antes de irmos para o serviço.
— Não, tudo bem. Eu vou com o papai.
— Every, sua mãe está falando com você. — a voz de Trevor soou alta e grossa. — Nos respeite, ainda somos seus pais.
Desviei meu olhar para ele com expressão de tédio. Ajeitei a bolsa em meu ombro enquanto o fitava.
— Pois é.
Afastei-me de minha irmã. Ela não sabia sobre nada, então cada vez que tínhamos aquele tipo de discussão ela ficava cabisbaixa e não falava nada. Emily sabia que tinha algo de errado, de modo que meus pais sempre foram as pessoas que eu mais respeitei no mundo, até então.
Quando estava me direcionando a saída Trevor falou algo que não consegui escutar, mas logo ouvi a voz de Jane repreendendo-o. Era sempre assim, todos os dias a mesma coisa. Abri a porta de casa e senti o vento gélido batendo contra meu rosto juntamente com alguns pingos de água. Corri em direção ao carro do meu namorado tentando não cair no chão escorregadio por conta das minhas botas rasteiras. Quando me aproximei da porta, o garoto abriu-a para mim depressa.
— Eu odeio chuva. — resmunguei quando adentrei o automóvel. — E odeio ainda mais ter que acordar cedo em dias assim.
Henri riu divertido ao balançar a cabeça negativamente. Ele ligou o ar condicionado esperando o para-brisa tirar as gotículas de água que impediam sua visão.
— Seus pais realmente não gostam de mim.
Desviei meu olhar do cinto de segurança que estava colocando e olhei-o. Ele estava com a sobrancelha arqueada e com as duas mãos no volante ainda esperando para dar partida.
— E eu já disse que eles não têm que gostar, quem deve gostar é eu e não eles. — ele revirou os olhos. — E, por favor, não quero estragar meu dia falando deles. Aliás, já está ruim o bastante por causa do tempo.
— Por que você nunca me fala o motivo da discussão constante de vocês? — ele me olhou por um instante, mas logo voltou à atenção para estrada. — Eu gostaria de saber mais sobre você, Every.
Durante os últimos meses ele fazia sempre a mesma pergunta. Eu nunca iria contar sobre o que tinha acontecido no ano passado, pois ao mesmo tempo em que sentia vergonha, tinha medo. Henri era advogado e bem rígido quando se tratava de leis. Eu sabia que se eu contasse algo para ele, provavelmente em semanas chegaria uma carta do juiz intimando meus pais. Por mais que eu estivesse com raiva deles, não podia estragar a juventude de Emily. Ela era o único motivo de eu não fazer aquilo e abandonar a casa que vivia.
— O que mais você quer saber sobre mim? Você já sabe o suficiente.
— O que eu sei sobre você? Diga-me.
— Meu nome é um bom começo, a idade já é a metade, e por fim o local onde eu moro e trabalho. Ah, e ainda sabe minhas preferências, ou seja, o que mais quer saber?
Ele deu uma risada e negou com a cabeça. Ficou com apenas uma mão no volante enquanto a outra foi em direção ao meu joelho apertando levemente.
— Um dia eu vou descobrir tudo sobre você, Every Holdings.
— Outro avanço que eu esqueci, sabe meu sobrenome.
Ele me olhou mais uma vez de relance enquanto ria. Coloquei minha mão sobre a dele e me ajeitei de lado no banco para fitá-lo melhor. Respirei fundo e mordi o lábio inferior tentando procurar por coragem.
— Henri? —murmurei. Ele assentiu, mas não tirou os olhos do caminho. — Você vai ficar muito chateado se eu for à festa hoje à noite? — perguntei com receio. Eu havia anunciando-o há alguns dias, mas a única resposta que obtive foi um: não, você não vai. Eu precisava entrevistar um dos maiores escritores de Nova Iorque, segundo tabloides, ele era mulherengo. O que causava ciúmes em meu namorado. — Eu juro para você que é apenas uma entrevista, eu preciso ter um crédito a mais com a Senhora Lance.
— Nós já conversamos sobre isso, Every. Não vamos voltar a esse assunto, se você não quer estragar seu dia com o assunto dos seus pais, eu não quero estragar o meu com esse. — apertou de novo meu joelho, uma forma de: pare.
— Você não confia em mim? — Ele parou no semáforo, e olhou em meus olhos. — Eu não gosto quando você age desse jeito.
— Eu já disse que confio em você, eu não confio é nesse cara.
— Eu posso...
— Ei. — repreendeu-me puxando meu rosto para perto, logo seus lábios tocaram nos meus em um beijo rápido. — Não quero mais ouvir sobre isso, estamos entendidos?
Revirei os olhos e empurrei-o pelo peito, o afastando de mim. Em seguida, ajeitei minha postura completamente irritada.
— Você está brava? — perguntou rindo.
— Estou.
— Por quê?
Olhei para o lado, assim que ele continuou o caminho. As gotículas de água impediam uma visão melhor para o lado de fora, por conta da chuva.
— Por que amor?
— Porque você está tentando mandar em mim, e eu não gosto disso. Além do mais, eu preciso disso para colocar na carta da minha faculdade. — soltei um suspiro nasal. — Por favor, Henri, pare de ser dramático.
— Eu já disse que compro uma entrevista com esse cara. Minha irmã faz e depois te entrega. Fácil assim.
Respirei fundo mais uma vez e olhei-o tentando me controlar. Como é?
— Eu vou entrevistar ele, você querendo ou não.
— Ah, então é assim? — me olhou novamente. Sua expressão havia mudado para algo raivoso. — Você vai fazer isso sabendo que eu não gosto dele?
— Vou. — respondi rápido, mas logo relaxei os ombros ao soltar um suspiro pesado. — Você pode vir comigo, Henri. Por que gosta de complicar?
Ele desviou o olhar para frente e segurou firme com as duas mãos no volante. Sua mandíbula estava cerrada e eu via claramente seu peito subir e descer por conta da respiração descontrolada. Inclinei-me para frente e liguei o rádio tentando deixar o clima mais leve. Henri sabia ser gentil e amoroso na maioria das vezes, mas também se irritava facilmente quando desobedeciam a suas ordens. Eu gostava do jeito dele, ao mesmo tempo, que odiava. Às vezes, ele me sufocava.
Eram oito horas quando ele estacionou em frente à empresa que eu trabalhava. Ele continuou com o olhar nas pessoas que caminhavam na rua enquanto esperava eu descer do carro. Soltei um riso baixo e aproximei minha mão de seus cabelos tocando levemente em sua nuca.
— Você está bravo? — ele continuou em silêncio. Sabia que era uma confirmação. — Muito ou mais ou menos? — aproximei-me mais e depositei um beijo calmo em sua bochecha.
— Muito, Every.
Segurei em seus cabelos e o fiz me encarar. Tombei minha cabeça para o lado e sorri divertida. Sabia que aquilo o faria ceder, eu o conhecia muito bem.
— Every, eu vou com você nessa porcaria. — murmurou irritado.
Assenti e mordi meu lábio ao aproximar nossos rostos. Nossos lábios se chocaram no mesmo instante. Sua mão foi em direção ao meu joelho novamente enquanto a minha estava em seu pescoço. Ele mordeu meu lábio inferior suavemente e soltou-o devagar.
— Até mais tarde. — sussurrei ainda de olhos fechados.
Quando adentrei a empresa fui bombardeada de pastas pela secretária da Senhora Lance. Minha chefe era um tanto... exigente. Acho que desde a Communication Center foi a única empresa em que eu trabalhei de verdade. Eu fazia meu trabalho de corrigir as matérias e também de organizar as pastas com documentos de contratações e balanços do mês. A empresa Jornalist era a mais respeitada de Nova Iorque, sempre tinha as melhores matérias e assuntos. Consegui o estágio através de um sorteio na faculdade, no início fiquei entusiasmada, mas ai conheci minha chefe.
Eu dividia a mesa em que trabalhava com um amigo, Erick. Ele trabalhava na empresa há mais de dois anos, no fundo eu sentia tanta pena dele de aguentar nossa chefe, assim como ele sentia por mim. Acho que ele era a única pessoa que Henri não sentia ciúmes, pelo simples fato de ser gay.
Liguei o computador enquanto me sentava na cadeira. Assim que ajeitei as pastas em cima da mesa, analisei Erick aproximando-se sorrindo, ele tinha duas sacolas do Mcdonalds em mãos. Nós combinamos de cada dia um comprar lanche.
— Eu precisava de um hambúrguer. — ele falou ao colocar o alimento em cima da madeira. — Não aguentava mais os sanduíches naturais que você trazia.
Olhei-o incrédula e me distanciei um pouco da mesa para que ele conseguisse sentar.
— Estou preocupada com sua saúde e você me critica?
— Meu amor, eu não ligo para minha saúde quando meu estômago está pedindo por comida boa e gostosa.
— Lembrarei-me disso quando estiver em uma cama de hospital implorando por comidas saudáveis, Sr. Fell.
Erick sentou-se fazendo cara feia para mim enquanto ajeitava o lanche em sua frente.
— Você sabe que eu não gosto do meu sobrenome, Srta. Holdings.
— Tudo bem, Sr. Erick. — falei rindo e peguei a sacola que ele estava me alcançando. — Hoje você fica com a correção das matérias e eu com a organização das contratações e balanços do mês. Tudo bem?
— Sim, senhora.
No relógio marcava duas horas e quinze minutos, eu e Erick já tínhamos ido almoçar na cantina da empresa e já estávamos de volta ao trabalho. Ele estava corrigindo as matérias enquanto eu trabalhava em separar nas várias pastas os papéis. Desde que entrei na empresa todo o mês ocorria aquilo, pelo simples fato de ninguém parar naquele lugar. A Senhora Lance detestava atrasos e incompetência. Então cada mês alguma pessoa era demitida por não cumprir as tais regras. Eu tentava me empenhar o bastante para que aquilo não ocorresse comigo, além de ter a faculdade para pagar eu precisava de sua recomendação mais tarde.
— Você vai ir à festa hoje à noite para entrevistar o Nathan Henderson? — Erick perguntou com o olhar ainda focado na tela.
Olhei de canto para ele enquanto fechava a pasta em minhas mãos.
— Vou... Mas o Henri vai ir comigo. — murmurei as últimas palavras.
— Você está maluca? — ele desviou o olhar no mesmo instante. — Every, aquela mulher sociopata, vulgo nossa chefe, disse que você não poderia ir acompanhada, pois você precisa usar seus encantos para conseguir algo dele.
— Eu não vou usar meus encantos. — revirei os olhos rindo de seu exagero. — Eu não quero brigar com o Henri, e o único jeito dele me deixar ir é dessa forma. Além do mais a sociopata, vulgo nossa chefe. — arqueei a sobrancelha, ironizando. — não vai saber.
— Ela conhece todo mundo nessa cidade, Every. Não seja estúpida! Você vai acabar perdendo seu emprego por causa desse garoto que você chama de namorado.
— Qual seu problema com ele? Você sabia que é o único amigo que ele aprova?
— Porque eu sou gay?! — fez uma expressão óbvia. — Eu realmente não gosto dele. Ele te sufoca demais.
Desviei meu olhar do dele e continuei com meu trabalho. Ele estava certo em ambas as coisas. A Senhora Lance conhecia todo mundo e provavelmente mais tarde acabaria descobrindo que eu levei meu namorado junto, o que causaria uma bela discussão e talvez uma demissão.
E, porventura, ele também estava certo ao dizer que Henri me sufocava. Às vezes, o ciúmes dele era tanto que me fazia sentir daquela forma, mas ainda assim não conseguia ficar longe dele, ele conseguia mandar minhas recordações de Londres para longe. A última coisa que eu queria na minha vida era lembrar do que tinha vivido naquele lugar. Mesmo que eventualmente eu me pegasse pensando em outra pessoa. Sentindo seus toques, seus beijos, sua voz soando em meus ouvidos...
♔♔♔
Eu estava deitada na minha cama lendo um livro do Nicholas Sparks enquanto esperava pelo horário para começar a me arrumar para festa. Durante minha leitura muitas vezes desviei minha atenção para o que Erick tinha dito, se minha chefe sonhasse que Henri iria comigo, na certa iria para rua.
“Essas lembranças eram minhas e só minhas, pois aprendi que é melhor manter algumas coisas em segredo”.
No momento em que fui continuar a ler a frase, Emily entrou em meu quarto batendo a porta com força ao fechar. Analisei-a no mesmo instante. Seus cabelos louros estavam mais cheios por conta dos cachos e ela usava um vestido preto justo no corpo. Além de parecer mais alta, por conta do salto alto, e velha por causa da maquiagem.
— E os modos ficam aonde? — repreendi ao observa-la, mas logo voltei para o livro. — Deveria bater, sabe que eu não gosto quando entra sem pedir.
— Eu sabia que o Henri não estava aqui, tá legal. Então, com certeza, não pegaria os dois se amassando em cima da cama.
— Emily!
— O quê? Eu falei alguma mentira? — ela perguntou ao se dirigir na minha mesa de canto, especificamente nas minhas joias. — Eu vou sair hoje à noite para uma festa do colégio, preciso de brincos e pulseiras.
— Festa do colégio? Eu tenho certeza que a sua maquiagem exagerada é para parecer mais velha, provavelmente, para entrar em uma boate para maiores.
— Tanto faz. — suspirou entediada. — Eu vou apenas pegar algumas pulseiras.
— Desde que você não as perca tudo bem.
— Ok, entendi. — murmurou. — Every... Por que você está tratando mal a mamãe e o papai?
Molhei os lábios e respirei fundo ainda com o olhar focado nas letras em minha frente. Durante todo o tempo ela estava como Henri: Querendo saber demais.
— Eles sabem que você vai a essa festa?
Cruzei minhas pernas fingindo estar lendo quando na verdade algumas memórias começavam a me atormentar.
”Seus pais te venderam por quarenta mil, Every.”.
— Por enquanto é só isso. — Emily falou em meio de suspiros enquanto ajeitava uma pulseira em seu braço. — E não, eles não sabem e nem precisam saber.
Quando ela tirou as mãos do pulso senti meu coração parar de bater ao ver o que tinha em seu braço. Engoli em seco e pisquei várias vezes ao buscar por equilíbrio nas falas.
— Emily, essas pulseiras não. — murmurei, sentindo meu peito me sufocar.
— Por que não? — franziu o cenho e olhou para a região em que eu estava olhando. — São pulseiras vagabundas de um festival, Every. Por favor.
— Eu sei, mas eu já disse que essas pulseiras não.
— Sério isso? Você vai brigar comigo por causa dessas porcarias?
— Se você não tirar e colocar no lugar, eu vou. — joguei o livro em cima da cama e me levantei depressa caminhando em sua direção. — Você pode escolher outras, mas eu já disse que essas pulseiras e o colar com a câmera, não.
Puxei o braço dela para perto e comecei a tirar. Ouvi seu suspiro pesado assim que as segurei em minhas mãos.
— Você realmente tem problemas. — revirou os olhos, em seguida deu as costas.
— Não vai pegar outras?
— Pra quê? Para você tirar de novo? — perguntou se dirigindo a porta. — A propósito aquele garoto, Jason, ligou de novo aqui para casa. Se eu fosse você ligava de volta, ele simplesmente não cansa. Faz mais de cinco meses que ele liga todos os dias.
Assim que as portas se fecharam, caminhei até a cama e me sentei fechando os olhos. O que mais me machucava era aquilo, o fato de eu ter abandonado meu único amigo no momento em que ele mais precisava. Instantaneamente as lágrimas começaram a cobrir meu rosto e eu deixei-as cair sem interrupções.
“Devo imaginar que esteja surpresa, Every. Mas, tudo bem, é apenas andar nas minhas regras que tudo ocorrerá bem. E, por favor, não tente me desafiar. Pois, sabe do que eu sou capaz de fazer. Ah, uma duvida. Você já parou para pensar em quantos lugares eu tenho acesso? Eu só queria deixar claro que uma médica bem informada saberia a medicação certa a dar a um paciente, mas digamos que essa não é minha profissão. Será que estamos entendidas? Acho que já falei demais.
Tenha uma boa viagem, Holdings. "
PS: Já ouviu a frase: “O inimigo mora ao seu lado?
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