CAPÍTULO 10
UM FUTURO FELIZ (?)
Edward balançava o pé impacientemente enquanto tentava se concentrar pela quinta vez no parágrafo de um livro de arqueologia que ele pegara aleatoriamente para se distrair, algo que se mostrava ineficiente quando a mente dele continuava focada naquele morcego, ou melhor, maldição sendo jogada contra eles horas antes.
Nunca antes os Cullen haviam se deparado com inimigos praticantes de magia e muito menos com um ataque direto desse naipe... A única vez que eles tiveram um “conflito” foi em 1935, quando eles se mudaram pela primeira vez em Forks e houve dias de tensão de uma eminente batalha entre sua família e a tribo dos Quileutes, mas graças ao bom senso de Carlisle e do Chefe da Tribo e Alfa, Ephraim Black, um trato territorial fora assinado entre os dois povos, garantindo assim uma convivência pacífica – mesmo que em alguns momentos ainda tivessem atritos – entre os lobisomens e vampiros.
Mas isso era algo diferente.
Eles estavam sendo ameaçados por algo de força desconhecida, perigosa e com claras intenções maléficas. As perguntas estavam cravadas em sua mente: quem e porquê.
Bufando irritado, ele atirou o livro no chão olhando para o relógio que marcava 3 da manhã. Virando seu olhar em direção à parede de vidro de seu quarto, ele observou o fino véu de proteção rogado pelos bruxos ondular com suavidade como se fosse balançado pelo vento. Seu próprio quarto também estava com uma proteção adicional, graças a um feitiço que isolou o ambiente de qualquer som externo incluindo os pensamentos de sua família, trazendo a Edward um alívio enorme em poder se concentrar em seus próprios pensamentos e apreciar o silêncio. Ele seria eternamente grato a Harry por isso.
E por falar em Harry...
Edward sorriu de forma tímida para si ao se lembrar da tarde que os dois tiveram, de suas conversas, risadas, o fato de que ele dormiu (uma sensação tão inexplicável que ele ainda não tinha palavras para descrever) e é claro, acordou com o bruxo em seus braços... Esse último pensamento em particular fez com que ele se remexesse de forma involuntária no sofá. Apesar de obviamente constrangido pela situação, ele não pode negar para si mesmo que ele não se arrependia e o motivo ao certo ele não saberia dizer, pois ultimamente as coisas estavam confusas, distorcidas, quando se tratava do garoto.
Ele ainda podia sentir o cheiro dele impregnado em sua camisa, levando o tecido ao nariz e inalando aquele aroma doce, fresco e encantador... Mas isso não chegava perto do cheiro dos cabelos escuros e rebeldes dele... Edward se perguntou se um dia ele teria novamente o privilégio de sentir novamente aquele...
– Edward?
O vampiro levantou a cabeça em uma fração de segundo, vendo que o garoto estava no meio de seu quarto e levou mais dois segundos inteiros para perceber que Harry não parecia estar fisicamente ali, tanto pela ausência do seu aroma quando pela falta dos sons de seus batimentos cardíacos. Ele também estava diferente, sua forma física semitransparente como se fosse uma espécie de holograma.
– H-Harry?
– Desculpa pela inconveniência em vir nessa hora... – a voz do bruxo estava diferente, reverberando como se ele estivesse em uma caverna.
– Não... Não há problema... – Edward respondeu se aproximando dele – Não é como se eu estivesse dormindo ou algo do tipo.
Harry sorriu brevemente e ficou sério.
– Como os outros estão?
– Estão ainda processando o que aconteceu. – ele franziu a testa – A ideia de que alguém tentou nos amaldiçoar é...
– Assustadora?
– No mínimo, então... Você falou com as cobras? Descobriu alguma coisa? – Edward murmurou enquanto uma parte de seu cérebro pontuava o quão estranho era a ideia de se comunicar com os répteis.
– Sim... – Harry disse, seu rosto assumindo uma expressão séria – Elas me contaram duas coisas.
– O quê?
– Primeiramente há lobos gigantes nas florestas. Você sabe dizer se aqui em Forks há metamorfos?
Edward inclinou ligeiramente a cabeça com o tópico inesperado.
– Oh... Bem, há alguns lobisomens da tribo dos Quileutes. Nós temos um tratado territorial com eles desde a década de 30, quando nos mudamos para Forks pela primeira vez.
– Lobisomens? Não, eles não são lobisomens, Edward. Eles são metamorfos... – Harry explicou balançando a cabeça – Algumas pessoas com determinado gene de origem mística conseguem se metamorfosear em um tipo de animal. Eles passam essa característica para os seus descendentes, como uma herança genética.
– Oh...
– Eles podem se transformar a qualquer hora. Lobisomens reais somente se transformam nas noites de lua cheia... – Harry deu de ombros e acrescentou ao ver a expressão confusa do outro – Um amigo de meus pais é um lobisomem.
– Carlisle iria adorar saber dessa informação... – o vampiro sorriu brevemente – Qual é a segunda informação?
– Há um pequeno grupo de vampiros nas redondezas... Eles eram diferentes de vocês, pareciam mais como animais descontrolados. Possuíam olhos vermelhos também.
– Animais descontrolados?
– Sim...
– Recém-criados... Seria possível? – o rapaz de cabelos bronze sussurrou para si.
– O que seria isso?
– São vampiros que acabaram de passar pela transformação... São mais descontrolados e guiados pelo instinto primitivo de saciar a sede. – Edward explicou, franzindo a testa em seguida.
– O quê foi?
– Isso explicaria o que está tendo em Seattle... – o vampiro murmurou – Há algum tempo eu venho acompanhando notícias de uma onda de desaparecimentos e mortes que estão ocorrendo pela região.
– Mas isso ocorre em todos os lugares, não? Mortes e desaparecimentos ocorrem sempre em lugares com grande índice populacional.
– Sim, mas... São coincidências demais quando se têm um grupo de vampiros descontrolados pela sede... – Edward franziu a testa.
- Bom ponto. – Harry respondeu com a mão no queixo.
- Quantos vampiros estavam rondando por aqui, mais ou menos?
- Eu diria que uns 15 mais ou menos.
- 15?! – Edward replicou incrédulo.
– Sim.
‘Isso não é nada bom.’, ele pensou alarmado.
– Seja como for, pelo menos vocês sabem que há mais vampiros na região. – Harry prosseguiu.
– Sim, mas isso não responde quem tentou amaldiçoar a minha família. – Edward respondeu com cautela.
– De fato não... Mas vamos continuar a investigar...
Edward assentiu por um momento enquanto via a figura semi-transparente de Harry.
– Como você está aqui, mas ao mesmo tempo não está?
Harry sorriu de forma discretamente para ele.
– Estou fazendo uma projeção astral.
– Uma o quê?
O bruxo deu uma risadinha.
– Meu corpo físico está no meu quarto, rodeado por velas, mas meu espírito está aqui.
– Não era mais fácil ligar para mim? – Edward deu um sorriso torto.
– Oh, havia me esquecido disso... Às vezes eu realmente esqueço-me dos aparelhos tecnológicos. – o garoto se explicou dando os ombros.
– Entendo... – ele esfregou a nuca de forma envergonhada, uma pequena parte de si satisfeita por ele estar ali (mesmo que não fisicamente).
– Seja como for... – Harry disse de forma séria – Ainda irei procurar saber quem tentou prejudicá-los. Pelos menos agora tenho certeza de que há algo de errado por aqui...
– Hmm...
– Edward?
– Sim?
Harry pareceu pensar por um momento e disse por fim.
– Você ou sua família por acaso não viram algo de estranho na floresta nos últimos dias? Algo fora do normal...
– Não... Nada. Ninguém mencionou nada para mim e nem havia algo forma do normal em seus pensamentos...
Edward parou por um momento, vasculhando as lembranças até que franziu a testa.
– Se bem que...
– Se bem que o quê?
– Bem... Você se lembra quando eu flagrei você no seu ritual de invocação das serpentes? – Edward disse de forma cautelosa.
– Sim...
– Eu não cheguei a mencionar a forma como eu te encontrei.
– Pensei que você estava caçando... – Harry afirmou confuso.
– Eu estava. Até que em um momento eu vi uma espécie de... Não sei explicar... Era como se fosse uma espécie de vulto negro, quase como uma neblina corporificada, como se tivesse me observando. – o rapaz de cabelos bronze tentou explicar – Quando eu me aproximei, se movimentou em alta velocidade e corri atrás. Acabei chegando perto de onde você estava.
– Você não tinha me contado isso Edward! – Harry repreendeu.
– Para ser sincero eu estava esquecido desse detalhe até momentos atrás. – Edward disse com um vinco na testa – O que foi que eu vi?
Harry ficou calado.
– Eu tenho uma ligeira desconfiança do que seja, mas não tenho certeza... Oh merda. – Harry se interrompeu ao olhar para a janela com uma expressão de desconforto.
Edward olhou para a direção no qual o garoto fitava, mas não viu nada de anormal.
– O que foi?
– Psicopombos.
– O quê? – o vampiro inquiriu confuso.
– Não tenho tempo para explicar. Conte a sua família o que descobrimos e depois me conte o que eles disseram. Nos vemos mais tarde, ok?
Antes que Edward pudesse dizer algo, a figura de Harry se desvaneceu como fumaça no ar. Caminhando em direção a porta, ele respirou fundo antes de sair, sua mente e sentidos bombardeados com pensamentos e sons dos habitantes da casa enquanto ele descia as escadas.
Estavam todos na sala, sendo Carlisle o primeiro a fitá-lo seu sorriso acolhedor sendo substituído por uma expressão preocupada.
– Edward, está tudo bem filho?
O vampiro olhou para todos e acenou com a cabeça.
– Precisamos conversar...
À medida que Edward falava, as expressões faciais de sua família ficavam rígidas.
Os Cullens, obviamente, ficaram tensos com a notícia de que recém-criados estavam pelas redondezas, assim como eram os possíveis – mas muito prováveis –responsáveis pela onda de ataques em Seattle e Port Angeles. Jasper, que tinha uma longa experiência de batalha contra essas criaturas comprovadas por meio das diversas cicatrizes em seu corpo, ficou um tanto quanto perturbado pela desagradável notícia. Se a situação ficasse incontrolável, muito provavelmente iria chamar a atenção dos Volturi e isso era algo no qual toda a família queria evitar, ou seja, eles teriam que eventualmente resolver aquele problema entre eles mesmos – isso é claro, ainda tinham o misterioso ataque mágico para ser solucionado.
...
...
Quatro semanas se passaram.
E para a surpresa de todos, nada aconteceu.
Nenhuma maldição foi lançada contra eles, nenhum sinal de recém-criados por perto e até mesmo houve uma relativa queda nas notícias de mortes e desaparecimentos no estado de Washington. Essa relativa tranquilidade era de certa forma preocupante, pois dava a entender que o inimigo, seja lá quem fosse, queria-os pegar de guarda-baixa, desprevenidos.
Alice se esforçava para poder prevenir algo, mas seu campo de visões estava cheio de interferências, como se soubessem se aproveitar dos pontos em branco das previsões da vampira pequenina. Jasper, juntamente com Edward, Carlisle e Emmett, vasculharam as florestas em busca de qualquer pista, traço aromático que pudessem levá-los a localização dos recém-criados, mas não encontraram nada. As chuvas constantes acabaram por fazer desaparecer o rastro de qualquer aroma, tornando-os indetectáveis.
Harry e seus amigos por sua vez continuavam procurar qualquer evidência que mostrasse quem era o responsável pela maldição rogada, mas não obtiveram sucesso com exceção de saber o que exatamente aquele feitiço iria provocar se obtivesse sucesso: de acordo com Hermione, iria lentamente fazer com que os corpos dos vampiros não mais absolvessem os nutrientes do sangue obtidos pela caça, fazendo com que eles ficassem cada vez mais fracos e vulneráveis.
Nesse meio tempo, os vampiros e os bruxos se viam e mantinham contato com mais frequência, estabelecendo uma relação de cordialidade que se transformaria em algo próximo de amizade. Os alunos de Forks High School não deixavam de ficar surpresos – e de certa forma estarrecidos – em ver os novatos britânicos interagindo de forma tão natural e espontânea com os inalcançáveis, tão esquisitos, perfeitos e isolados como aliens como eram os Cullens.
Ron se aproximou Jasper e principalmente de Emmett, com esse último criando um vinculo de camaradagem instantâneo, sendo vistos rindo pelas piadas sujas que um contava ao outro, tecendo comentários de seus esportes preferidos e apostando dinheiro sobre qual time de baseball ou basquete seria o vencedor (Ron ameaçou Emmett com magia caso ele perguntasse a irmã vidente qual seria o resultado do jogo). Hermione parecia plenamente satisfeita em poder interagir com as garotas, pois de acordo com a mesma, havia coisas que ela queria conversar nas quais Ron e Harry jamais poderiam entender... Ela, juntamente com Alice e até mesmo Rosalie eram vistas conversando sobre assuntos que iam de moda até tópicos particulares que fariam Edward corar se fosse possível.
Apesar de gentil e amigável, Harry era provavelmente o mais reservado dos três: conversava pouco, preferindo dar sorrisos breves e respostas simples quando lhe dirigiam a palavra. O bruxo era distante dos demais, nunca revelando demais sobre si, com exceção de Edward, que parecia o único capaz de arrancar sorrisos sinceros dele, assim como desenvolver conversas fluídas do por parte do garoto.
Alice os assistia com curiosidade.
No começo, ela – assim como seus outros irmãos – provocava Edward com insinuações ingênuas a cerca da natureza da amizade dele com Harry, fazendo com que o vampiro ficasse envergonhado, se zangasse com todos e fosse para o quarto bufando em irritação, tal qual faria um adolescente humano. No entanto, a ideia de que Edward e Harry possuíam uma química começava a se formar com seriedade na cabeça dela, pois sempre fora a mais próxima de Edward e o conhecia melhor que ninguém.
Mas foi numa aleatória manhã de Quarta-Feira que essas dúvidas se transformaram em certeza.
Enquanto Alice insistia para que Hermione a deixasse organizar seu aniversário na mansão dos Cullen - uma festa de gala à la anos 50 com direito a smoking e vestidos de baile – a vampira pequenina teve uma súbita visão.
Edward e Harry estavam em uma campina coberta de flores silvestres.
Edward abraçava Harry pela cintura, pressionando seu corpo contra o dele, enquanto sua mão acariciava com delicadeza o rosto do bruxo. O vampiro sorria para garoto, seus olhos dourados cheios de uma emoção profunda que beirava a adoração, um olhar no qual Alice nunca vira Edward dar a alguém.
– Eu te amo tanto... – Edward disse pausadamente as três palavras e continuando com uma voz calorosa. – Harry... Meu Harry!
– Eu também te amo... Muito!!! – o garoto sussurrou com um sorriso afetuoso para o rapaz mais alto, abraçando seus ombros enquanto ficava na ponta dos pés. Edward inclinou-se para baixo, inalando o cheiro do pescoço do bruxo, dando pequenos beijos em sua pele, subindo para as bochechas coradas e arrematando seus lábios com um beijo lento, romântico e passional.
Desvencilhando-se do beijo, Edward levantou Harry do chão, girando-o no ar, enquanto a campina que se enchia com a risada do garoto, um som de espontânea alegria como de uma criança. Edward parou aos poucos, ainda abraçando-o de maneira protetora, sorrindo para ele com carinho e amor, beijando-o na testa, pousando por fim o seu queixo no topo dos cabelos escuros do humano. Edward amava – ou amaria – Harry profundamente e ele era – ou seria – igualmente retribuído.
Alice arfou ao voltar para o presente, sentindo-se deslocada, perplexa e maravilhada. Ela agradeceu aos céus que Edward e Harry não estavam com eles naquele momento, pois ela não saberia lidar com seu irmão telepata naquele exato momento, em que ela ainda processava o que viu.
– Você teve uma visão? – Rosalie indagou para ela, chamando a atenção de todos que estavam na mesa.
– O que aconteceu? – Jasper tocou na mão de sua companheira, seu rosto lívido pela preocupação.
– Vai acontecer algum ataque? – Emmett perguntou se inclinando para ela.
Antes que pudesse responder, Alice sorriu e abaixou o olhar ao perceber que Harry e Edward caminhavam juntos em direção à mesa deles. Forçando-se a reagir, ela empurrou os pensamentos para o fundo de sua mente, não querendo que Edward os visse. Aquele não era o lugar adequado para eles conversarem.
– O que aconteceu? – Edward perguntou ao olhar as testas franzidas de seus irmãos e amigos enquanto ele ajudava Harry a se sentar em uma cadeira.
– Alice teve uma visão. – Jasper respondeu.
Os bruxos a olharam com ansiedade.
– O quê foi que você viu? – Edward indagou preocupado enquanto se sentava.
Alice levantou o olhar, dando seu melhor sorriso tranquilizador para todos em sua volta.
– Não foi nada... Eu... Eu apenas vi o resultado do jogo de baseball que Emmett e Ron apostaram... Inclusive o vencedor vai ser...
– NÃO CONTA!!! – Ron interrompeu, cortando a curiosidade de Emmett que grunhiu em resposta ao ruivo.
Todos na mesa riram, com exceção de Edward que olhava para a irmã com uma expressão não convencida. Alice deu os ombros enquanto começava a cantarolar uma música pop aleatória em sua mente enquanto voltava à atenção para Rosalie e Hermione e a festa de aniversário da bruxa, restabelecendo o clima leve e amigável de antes.
Mais tarde ela conversaria com Edward a sós.
...
...
Três batidas suaves na porta chamaram a atenção de Edward, que franziu a testa ao colocar de lado a sua cópia surrada de Odisseia de Homero, comprada por ele na década de 40. Ao abrir a porta, ele viu Alice com um sorriso suave em seus lábios e as mãos atrás das costas.
– Oi... Posso entrar?
Edward franziu a testa, dando espaço para que a garota entrasse dentro de seu quarto, assistindo ela andar de maneira graciosa, olhando ao redor como se fosse a primeira vez em que tivesse no quarto de Edward.
– Aconteceu algo? – ele perguntou, inclinando a cabeça de forma inquisitiva.
Alice acenou negativamente com as mãos.
– Não, não... Só... Queria passar um tempo com você... Conversar um pouco. Faz tempo que não fazemos isso, não é?
Edward estreitou os olhos.
– Okay...
A vampira sorriu e se sentou na cadeira da escrivaninha do irmão.
– Interessante...
– O que é interessante?
– É que... Eu não consigo escutar nenhum som do lado de fora desse quarto.
Edward esfregou a nuca.
– Ah sim... Harry pôs um feitiço silenciador, para que eu pudesse ter privacidade. Meu quarto agora é a prova de som e também de pensamentos.
Alice arregalou os olhos.
- Oh... Isso é... Perfeito. – ela respondeu, dando por fim um sorriso discreto, enquanto pegava um livro de arte e folheava casualmente – Então Harry esteve no seu quarto?
Edward franziu levemente o cenho.
–- Sim, eu dei um tour pela nossa casa no dia em que matamos aula e que teve aquele morcego amaldiçoado sendo atirado na sala. – ele replicou.
– Ah sim... – Alice respondeu.
Eles ficaram em silêncio, Edward mais uma vez leu a mente da garota, encontrando apenas pensamentos cautelosos, o que já era estranho, pois Alice não refreava o que pensava, a não ser quando ela estava tramando algo.
– Okay, o que exatamente você está querendo? – Edward disse, cruzando os braços enquanto olhava para a irmã.
Alice se remexeu no sofá, parecendo estar envergonhada.
–Eu quero te perguntar uma coisa...
O rapaz de cabelos acobreados ergueu as sobrancelhas.
– Mas queria que você me respondesse da maneira mais sincera possível, só entre nós dois. – Alice prosseguiu de forma cautelosa.
– O quê...
– Você, hmm.... Você gosta de Harry?
Edward permaneceu imóvel como uma estátua.
Um minuto inteiro se passou até que ele recobrasse seu auto-controle e pudesse falar algo.
– O quê?!
Alice deu os ombros com um sorriso tímido.
– Você sabe... Você está gosta dele?
Edward permaneceu com a testa franzida, demorando longos segundos para que processasse aquela pergunta. Assumindo uma voz casual, ele respondeu.
– Hm, sim... Ele é um garoto legal, assim como Ron... É um bom amigo.
Alice revirou os olhos.
– Não falo de gostar nesse sentido... Falo de gostar... – Ela deu ênfase na segunda palavra.
O vampiro ficou em choque.
– Você ficou louca?! – Edward exclamou por fim, com uma expressão horrorizada.– O quê... O quê...
– Ora Edward, responda apenas sim ou não... Você gosta dele?
Silêncio.
– Que tipo de brincadeira é essa?
Alice suspirou.
– Não estou brincando...
– Se não está brincando, o que te fez pensar nesses... Nesses delírios?!
A garota mordeu o lábio inferior.
– Eu noto vocês dois a um tempo já... Vejo a maneira como vocês se comportam quando estão juntos... A maneira como você reage ao redor dele, é quase como... Como observar a órbita de planetas. – Alice disse com serenidade. – Se Harry está sentando em algum lugar, você sem perceber se aproxima dele. Você também é tão atencioso com ele, que às vezes me lembra de estar lendo um romance de Jane Austen... E a forma como você o olha quando ele sorri para você.
Edward abriu a boca para falar algo, mas suas palavras ficaram entaladas em sua garganta.
– Ele é um garoto doce, gentil, é muito bonito, se veste bem, o que conta bastante para mim... – Alice deu um sorriso zombeteiro mas, ficando séria - Por isso não me surpreenderia que você estivesse gostando dele.
– Eu... Não... Não gosto dele... Não desse jeito... Eu não... Eu não sou um homossexual, Alice. – Edward sussurrou como se tratasse de um segredo.
A vampira franziu a testa.
– Francamente Edward, você têm quase 120 anos de idade, um conflito de orientação sexual nessa altura do campeonato é um tanto dispensável, não acha?! – Alice reprendeu – Além do mais, possa ser que você seja bissexual ou até mesmo demissexual.
O rapaz ficou mais uma vez em silêncio.
– Vocês formariam um lindo casal... Ele te faria feliz.
– Como...
– Na semana passada eu tive pela primeira vez uma visão de Harry... Uma visão de Harry com você... – ela se aproximou, olhando nos olhos de Edward enquanto relembrava das cenas da previsão que tivera.
Edward assistiu as hipotéticas cenas daquele futuro, enquanto seu rosto assumia uma expressão ininteligível.
– Vê? – Alice disse.
– Isso... Isso não é possível. – ele negou com a cabeça, virando-se de costas para a garota.
– É claro que é!
Silêncio.
– Eu acho que ele gosta de você também... – Alice disse – Eu sou uma garota, sei dessas coisas...
– Assim como foi com Bella? – Edward respondeu amargo.
Alice prendeu a respiração, sentindo-se culpada.
– Eu... Eu deveria ter previsto que ela não era ideal para você, irmão. Nunca fiz por mal. – ela se aproximou, colocando a mão pequenina nas costas do rapaz – Eu estava esperançosa de que você encontrasse alguém que te fizesse feliz, assim como eu e o restante de nossa família é... Alguém que te completasse.
– Oh, e você acha que Harry Potter é essa pessoa? – Edward grunhiu, pegando seus livros do chão e colocando na estante.
– Poderia ser.
Alice abaixou a cabeça e suspirou.
– Por hora interessa apenas uma coisa... Você gosta dele?
Edward ficou imóvel.
– Você não sente nada quando está perto dele? Quando ele sorri para você, ou quando vocês dois estão juntos?
– Eu... Não sei.
– No fundo você sabe... Eu sei que sabe... – Alice disse suavemente, se postando de frente para Edward – No fundo você sabe que está se apaixonando por ele, mas apenas é teimoso demais para admitir isso pra si mesmo, quanto mais pra mim.
Edward fechou os olhos.
– Como ele poderia amar um monstro como eu? – o vampiro sussurrou – Eu não tenho nada a oferecer a não ser perigo constante...
– Edward...
– Não Alice! Você não vê?! Meu primeiro pensamento quando o encontrei, foi de querer matá-lo. Matá-lo!!!
– Isso já passou...
– Passou?! E se um dia ele sem querer se corta com a borda de uma folha de papel, e eu me descontrolar? – Edward inquiriu.
– Eu acho que ele saberia se defender... Ele não é um humano normal, não é mesmo? – Alice respondeu com um sorriso leve.
– Não... Ele não é... – Edward sorriu suavemente, abaixando o olhar.
Alice sorriu, sussurrando em seguida.
– Você gosta dele.
– Mesmo se gostasse... Coisa que não está acontecendo... Não acho que ele me corresponderia da mesma forma... – Edward sussurrou – Hipoteticamente é claro.
– Céus, homens são tão cegos! – Alice bufou, balançando a cabeça – Ou melhor, você é impossível!!!
Edward riu, fazendo com que Alice olhasse para ele de forma confusa.
– O que foi?!
– Nada... – Ele ria baixinho. – É que... Certa pessoa já me disse isso.
Por fim, Edward deu os ombros de forma tímida enquanto seus olhos estavam fixos na capa de um livro qualquer.
Alice suspirou, deixando na escrivaninha de Edward um pequeno pacote que ela trazia no bolso de seu casaco. Ao tocar na maçaneta da porta, se virou uma última vez para o irmão que parecia estar em um estado contemplativo, provavelmente processando a ideia de que ele estava apaixonado pelo bruxo. Ou pelo menos ela esperava que fosse isso.
– Edward?
O vampiro olhou para ela.
– Sim?
– Se minha visão estiver correta... Coisa que eu acredito... Ele te amaria imensamente, assim como você amaria ele. Mas acho que isso você já está... – Alice disse sorrindo, saindo do quarto de Edward, deixando-o sozinho.
Edward respirou fundo de olhos fechados, penteando seu cabelo com os dedos enquanto tentava pôr seus pensamentos em ordem. Abrindo os olhos, ele fitou a pequena caixa que Alice deixara em seu quarto. Pegando-o com cuidado, ele abriu o pacote, revelando a foto no qual Jasper tirou dele e de Harry no dia de praia. Edward acariciou a fotografia, podendo sentir o fantasma das sensações que teve naquele momento: do calor do sol, do cheiro de mar e o aroma de Harry, algo que ficou gravado em sua memória para sempre. No fundo da caixa, um bilhete final escrito por Alice:
Pode ser a primeira de muitas.
Depende de você.
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