Algumas semanas haviam se passado voando. Hope e Josie progrediam bastante e não só na questão mística, também na amizade. Estavam próximas de uma maneira que a tríbida não se permitia há muito tempo. Finalmente havia aberto um pequeno espaço para uma amizade.
Desde então, a promessa de que a bruxa Saltzman aprenderia o tipo de magia que tanto queria não foi mais a única coisa que as duas compartilhavam. Josette estava feliz, não era tão sociável quanto sua irmã gêmea e também não tinha outros amigos além de Lizzie. Já Hope, por incrível que pareça gostava da idéia de não estar mais tão sozinha, mas o medo de perdas continuava dentro de si.
Jo e Andrea evitavam que pessoas como Elisabeth soubessem dessa proximidade. A loira surtaria se soubesse que a irmã havia se tornado amiga de Mikaelson.
Agora Josie estava na companhia da ruiva do lado de fora da escola, onde jogavam conversa fora sentindo o ar livre invadir seus pulmões. Aquilo era bom, ter alguém diferente para compartilhar coisas mesmo que simples.
- Josette! - Lizzie gritou vindo em direção às duas como um furacão. Ela se arrepiou, sabia que só era chamada assim pela garota quando estava furiosa. - Quando iria me contar que anda saindo no meio da noite pra se encontrar com Hope Mikaelson? Ou que viraram amigas?
A morena engoliu seco a encarando dos pés a cabeça. Teria que admitir que ela havia demorado mais do que pensou para descobrir. Sabia que em algum momento (como maioria das vezes) Lizzie daria um jeito de estragar algo que ela finalmente fazia por si mesma, mas não diria isso em voz alta.
- Como soube? - Sua chateação poderia ser sentida em seu tom de voz.
- Te segui em uma das suas saídas, e adivinha até onde elas me levaram? - Perguntou retóricamente. - Pro quarto da Hope! E não é muito difícil de perceber quando vocês duas ficam descaradamente juntas pelos cantos.
Um suspiro triste saiu do peito de Josie.
Hope encarava a cena distante, enquanto as irmãs Saltzman discutiam sobre ela como se nem estivesse presente
- Não te contei porquê sabia que essa seria a sua reação. - Apontou para a bruxa furiosa em sua frente. - E porquê é um acordo entre mim e ela.
- Você poderia ter feito um acordo com qualquer pessoa dessa escola! Por que justo a Hope? - Gritou.
Cada veia do corpo da morena se esquentou parecendo estar em ponto de ebulição. Suas bochechas queimavam e sua respiração estava bruta, a raiva agora afetava cada molécula sua.
- Porque ela é a única pessoa nessa escola que sabe magia ofensiva! - Levantou sua voz inconscientemente no mesmo tom da irmã. - Porque eu finalmente quis algo pra mim e sabia que tinha a grande possibilidade de que você interrompesse como sempre faz!
Elisabeth a encarou estática com o susto estampado em seu rosto. Nunca havia visto a irmã assim e nunca havia sido tão invadida por culpa de tal maneira.
- Eu... Só não queria que fosse amiga dela. - Sua voz soou fraca. - Ou que escondesse as coisas de mim. Por que está aprendendo magia ofensiva? Sabe que não é permitido.
- Porque nenhum sobrenatural tem chance de sobreviver sem saber se defender, Lizzie! E minha relação com a Hope não é sobre você.
- Mesmo depois de tudo o que ela disse sobre mim? - Em seus olhos lágrimas começaram a se formar.
Mikaelson se aproximou de ambas, agora intrigada.
- Eu nunca disse nada sobre você, Lizzie. - Respondeu.
Jo abaixou sua cabeça envergonhada e nervosa. Ela se sentia culpada por ter inventado mentiras sobre a tribida que sempre fora odiada por isso sem nem ter dito as coisas das quais Elisabeth sempre a punia.
Amedrontada, encarou as duas em sua frente que se rebatiam com argumentos tentando defender seus dois pontos naquela discussão.
- De quem ouviu isso? - A tribida perguntou para a gêmea que levou seu olhar até a Josette como resposta.
Um silêncio entre as duas foi estabelecido, e mesmo que envergonhada, a garota levantou sua cabeça as encarando.
- Eu inventei. - Assumiu com seu coração disparado.
Lizzie olhou para Hope com um olhar diferente, um olhar confuso, não de raiva como estava antes, porque talvez não estivesse mais, talvez se sentisse uma tola por ter a apedrejado tanto.
- Por que colocou um obstáculo entre mim e Hope? - Voltou à irmã. - Por que mentir?
- Eu ia perguntar a mesma coisa. - A voz de Andrea soou distante.
Ela observou as duas ainda chateada.
- A Lizzie fez um comentário sobre eu estar obcecada por você. - Olhava Hope fixamente. - E deixei escapar: "Como eu poderia ser tão obcecada por alguém que diz coisas horríveis sobre minha gêmea?"
- Mas eu não disse. - Cruzou seu braços.
- Eu sei. Eu inventei.
- Por quê?
- Porquê eu não queria que Lizzie soubesse a verdade. - Deu uma pausa pelo constrangimento de dizer aquilo. - Eu gostava de você.
Os lábios de Hope se entreabiram em uma fraca expressão de surpresa.
- Por que importaria eu saber? - A gêmea loira perguntou atraindo o olhar da irmã.
- Porque toda a minha vida, sempre que eu gostava de alguém você chegava primeiro e você sempre ganhava. - Disse o restante da frase pausadamente.
O olhar de Elisabeth se enfraqueceu. Sabia que ela tinha razão.
Um sorriso fofo se formou nos lábios da tribida Mikaelson que estava estranhamente boba pelo o que a amiga havia acabado de revelar.
- Você tinha um crush em mim? - Perguntou ainda levemente sorridente.
- Claro que sim. Como não? - Respondeu séria olhando no fundo dos olhos azuis do seu primeiro crush.
Era estranho e constragedor confessar aquilo tudo. Ela tentava adivinhar o porquê a tribida sorria. Achou aquilo legal? Fofo? Talvez... Estranho? A verdade era que ela estava aliviada por confessar, mas se sentia estranha pelas duas saberem.
. . .
Hope e Josette permaneciam silenciosas há pelo menos 2 minutos. Estavam ali, sentadas no chão com grimório aberto e algumas velas acesas ao seu redor.
Saltzman estava envergonhada por mais cedo e Hope ainda achava estranhamente adorável toda a situação.
A morena se atrasou aquela noite, já que ficou deitada por minutos no quarto tentando criar coragem para olhar nos olhos da garota lobo novamente. Era tão vergonhoso.
- Está tudo bem? - A ruiva quebrou o silêncio a tirando de seus devaneios.
- Acho que não consigo encarar você. - Respondeu sincera sem pensar e em seguida corando levemente ao lembrar do que disse.
- Josie... - Se aproximou. - Tá tudo bem. Eu não te culpo, jamais culparia. E também tá tudo bem ter gostado de mim, isso é completamente comum. - Riu fraco. - Consegue me encarar agora?
Josette subiu o olhar sorrindo mesmo que forçado de canto.
- Sim... - Respondeu.
A ruiva ajeitou a postura cruzando suas pernas ainda sentada. Entregou o grimório a bruxa que iniciaria o encantamento.
- Pronta? - Perguntou e a outra acentiu.
Como boa parte das vezes, entrelaçaram suas mãos e fecharam os olhos. A energia estava levemente estranha, mas as meninas pensaram que seria por culpa do clima esquisito que estava instaurado entre elas.
- Phasmatos... - Iniciou a conjuração.
As velas ao redor de ambas fortaleceram a chama, enquanto Josette citava as palavras em latim.
Algo curioso parecia acontecer com Hope, uma espécie de energia mística estranha.
Em sua mente vieram flashs como se ela estivesse vendo com seus próprios olhos. Havia sangue e corpos em um lugar desconhecido. Logo, veio a imagem de si mesma olhando seu reflexo em um espelho também sujo. Sua boca estava completamente manchada pelo liquido vermelho, seus cabelos estavam soltos porém bagunçados, ela estava nua como um animal selvagem e seus olhos amarelados como a sua forma natural não humana.
Em um grito assustado, soltou-se das mãos da amiga e se afastou olhando a sua volta confirmando que aquilo era real.
- Hope? - Josette perguntou assustada.
Aquilo havia sido... Uma visão?
- Eu acho que vou matar alguém... - Disse rouca.
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