“O mundo é pequeno demais para meus sonhos e grande demais para minha realidade!” – Michele Bertoletti
Aquela velha sensação de incapacidade. Se ao menos eu pudesse estar em seu lugar, sentindo a água no braço duas vezes ao dia, exame após exame. Tomaria assim todas as dores do meu pequeno anjo.
O universo não é justo, na verdade nunca foi. Pessoas sofrem todos os dias, em sua maioria àquelas que nunca fizeram mal a alguém. Me pergunto se todo o equilíbrio está realmente certo? Por que os bons pagam pelos maus? Sempre foi assim, certo?
Gostaria de saber qual pecado cometi para meu filho pagar desta forma.
É incrível como mesmo longe eu sabia que algo não estava certo. Era a certeza de que meu mundo começava a desabar há quilômetros de distância.
Cada lágrima derramada durante a madrugada tinha um motivo, meu coração se apertava um pouco mais a cada gemido de dor que o pequeno soltava durante o sono.
Devo ter dormido pouquíssimas horas nas últimas duas noites, doutora Jeon até me ofereceu uma dose de calmantes, mas recusei sabendo que seria ainda pior. Não há remédio que me faça apagar totalmente enquanto meu filho estiver ali dependendo de mim.
O resultado de tudo isso foi realmente assustador, olheiras que há muito tempo não apareciam em meu rosto, irritabilidade que procurei me controlar a todo o momento e a vontade insana de voltar para minha casa.
Nos últimos dias tudo o que mais desejei é poder levar meu anjinho para casa, mas prometi esperar pelo tal especialista e finalmente chegou o dia em que seremos apresentados.
– Não acorda ele, tio. Deixe meu papai dormir. – ouvi Eunwoo sussurrar como se estivesse dando uma “ordem” a alguém.
Ainda um pouco tonto pelas míseras duas horas de sono, abri lentamente os olhos imaginando que encontraria Taehyung ou Hoseok ali conversando com o mais novo e não o tal médico.
Minha vergonha foi ainda maior ao reconhecer o tal homem que me atropelou no parque na manhã daquele domingo. Acho que minha situação não poderia estar pior, certo?
Cabelos bagunçados, olhos inchados por conta do choro e da falta de sono, olheiras e a fraqueza por estar a quase três dias sem me alimentar ou dormir corretamente.
Me recusei a deixar o hospital, tanto minha mãe quando Taehyung – que retornou de viagem no dia anterior – se ofereceram para ficar um tempo com Eunwoo, mas como pai coruja e um tanto quanto teimoso me recusei a deixar aquele local sem meu pequeno.
– Bom dia! – disse o médico com uma entonação humorada em sua voz.
– Bom dia, doutor. – ajeitei minha postura e passei as mãos em meu rosto. – Desculpe por estar assim, eu vou... Preciso de alguns minutos.
– Fique à vontade. Eu bati na porta, apenas entrei porque o pequeno autorizou.
– Já que ele te autorizou, podem ir conversando enquanto eu me arrumo. – encarei o mais novo que estava deitado me observando com um sorriso sapeca. – Não é, filho?
Foi exatamente o que fizeram. Nunca achei que Eunwoo fosse se familiarizar com alguém tão rápido, de dentro do banheiro conseguia ouvir meu anjinho gargalhando enquanto o doutor lhe dizia algumas coisas de criança.
Após fazer minha higiene e trocar de roupa voltei para o quarto. Meu sábado já começou bem, tenho absoluta certeza de que meu pequeno receberá mais que a visita do médico e enfermeiros hoje.
– Como o senhor chama, tio? – indagou Eunwoo um pouco curioso.
– Jeon Jungkook.
– Igual à doutora que cuidou de mim? – novamente estava o pequeno interessando na vida de alguém.
– Não seja tão curioso, anjinho. – disse lhe repreendendo, mas definitivamente fui ignorado.
– Está tudo bem. – o médico ajeitou a postura me encarando. – Já estou acostumado com a curiosidade dos meus pacientes mirins.
– Lida diretamente com crianças? Achei que sua especialidade fosse hematologia.
– Eu sou hematologista, mas não priorizo apenas o atendimento a adultos, apesar de ser a maior parte de meus pacientes. – disse ele sorrindo de forma amigável. – Bom, torcia para encontrá-lo de outra forma, não posso dizer que é um prazer revê-lo nestas condições.
– O pior já passou. Sua amiga ou...
– Minha irmã. Jeon Hyeri é minha irmã gêmea. – o médico me interrompeu com sua justificativa. – Eu sei que não somos fisicamente idênticos, ela e eu somos gêmeos bivitelinos¹.
– Certo. – disse suspirando antes de voltar a encará-lo. – O que dizia sobre Eunwoo?
– Me desculpe! Eu te interrompi e acabei dando uma aula básica sobre minha família. – disse ele um pouco envergonhado. – Quanto ao caso em questão, ainda não tive acesso aos exames. Hyeri ficou de levá-los ao meu consultório mais tarde, passei aqui apenas para conhecer o paciente e encontrar a tal surpresa que aquela maluca mencionou.
– Acredito que a surpresa seja eu. – murmurei baixinho acreditando que virei atração para os dois.
– Hyeri não costuma ser discreta então... – ouvi o mesmo suspirar antes de voltar à atenção para Eunwoo. – Me desculpe, vamos voltar ao que interessa.
– Por favor.
– Pelo que doutora Jeon disse foi encontrado indícios de que seu filho é hemofílico, provavelmente isso seja a explicação da hemorragia interna sofrida por ele. – disse o médico assumindo uma postura mais séria. – Preciso que ele faça alguns exames a fim de descobrir qual tipo de distúrbio ele porta.
– Tipo?!
– Existem dois tipos de hemofilia identificados pela medicina, A e B. Sendo estes distinguidos pela deficiência dos fatores VIII e IX respectivamente. – explicou ele de uma forma que me fazia entender em partes. – Posso explicar melhor quando souber do que estamos tratando, tudo bem?
– Apenas ajude meu pequeno, por favor.
– É uma doença genética rara, senhor Park. Se não observada de perto pode se tornar algo grave. – meu coração se apertou naquele momento. – Algo bem complexo, mas não é o fim do mundo.
– É o seu filho sobre essa maca? Então não diga que isso não é o fim do mundo. – disparei com um pouco mais de seriedade, o fazendo entender de uma vez por todas o medo que tenho de perder o que há de mais importante em minha vida.
– Vou ajudar no que for preciso, senhor Park. – disse ele me encarando profundamente. – Apenas peço que tenha bom senso. Sou médico, faço meu trabalho até onde a ciência me permite.
– Desculpe, eu...
– Papai, não chora. – o mais novo me observava com seus olhinhos repletos de lágrimas. – Woo vai ficar bem.
– O papai sabe, anjinho. – me aproximei o abraçando, evitando assim que minhas lágrimas fossem presenciadas por ele. – Vai ficar tudo bem.
O médico apenas nos observou por alguns segundos, antes de se despedir dizendo que em breve o buscariam para alguns exames. Sinto que nossa luta está apenas começando, preciso ser forte por Eunwoo e por mim, ainda que o mundo continue a desabar aos poucos.
Realmente me surpreendi quando soube que meu pequeno havia tomado café da manhã sozinho, claro que teve o acompanhamento da enfermeira, mas foi tão silencioso que não me despertou. Soube pela mais velha depois que Eunwoo pediu que não me acordassem, dizendo que seu papai precisava dormir.
Incrível que mesmo na cama de um hospital, com parte do abdômen suturado e algumas dores isoladas o mais novo ainda continua independente em alguns aspectos. Sem contar que tenta me defender se preciso for.
Ainda sonolento me sentei ao seu lado para acompanhar alguns desenhos. Sentia falta deste momento, de acompanhar algo ao seu lado e ouvi-lo conversar sobre seus desenhos favoritos. Mesmo trabalhando de longe tiro meu tempo para lhe dar essa atenção, o que faz parte da culpa diminuir.
Apenas me distanciei quando as primeiras visitas do dia apareceram, minha mãe e nossa cozinheira, Jiyeon. Fiquei emocionado ao ver que até mesmo nossos funcionários se apegaram ao pequeno. Outra pessoa que veio visitá-lo no meio de semana foi à tutora do colégio, trazendo uma cartinha de Minji o que deixou Eunwoo um pouquinho mais animado.
As mais velhas ficaram por pouco tempo, mas logo também recebemos a visita de Taehyung que havia retornado de viagem na noite anterior. O problema foi controlar Eunwoo que queria ir para o chão brincar com o tio Tae.
Por sorte meu amigo conseguiu fazê-lo mudar de ideia e se aquietar novamente sobre a cama, para conseguir tal feito precisou usar um pouco de chantagem, ou melhor, negociou um passeio com o pequeno. Prometeu de mindinho que o levará para tomar sorvete assim que ele estiver liberado.
Sabendo disso acredito que Eunwoo irá se comportar ainda mais, afinal o pequeno vem levando a sério o que doutora Jeon lhe disse. Quando mais obediente ele for, menos tempo precisará ficar no hospital.
– Senhor Park, vim buscar o paciente para os exames. – disse doutor Jeon novamente entrando no quarto. – Vamos, campeão?
– O papai pode ir com Woo?
– Não, anjinho. Você precisa ir sozinho, tudo bem? – indaguei lhe deixando um beijo na testa. – Papai estará te esperando aqui.
– Woo tem medo. – percebendo que o mais novo estava relutante, o médico voltou a se aproximar.
– Eu estarei com você, Eunwoo. – disse ele se inclinando ao lado da cama, momento em que Taehyung já observava toda aquela intimidade com o pequeno. – Pense que vamos a uma viagem ao espaço. Vou colocá-lo em uma espaçonave. – sabia que o mais velho se referia à máquina de tomografia. – Confia em mim?
Os olhinhos do mais novo vieram em minha direção, depois voltou a encarar o médico apenas acenando positivamente.
– Retornamos em uma hora. – o médico disse em um tom mais sério, levando Eunwoo de cadeira de rodas pelos corredores.
Ainda atônito voltei minha atenção para Taehyung, meu amigo estava paralisado na porta do banheiro e sua expressão era suspeita, digna de quem guarda mil e uma ideias erradas em sua mente.
– Eunwoo está se dando tão bem com o deus gre... Quero dizer, médico.
– Deveria focar todo esse fogo em seu namorado sabia? – lhe atirei uma almofada fazendo sua atenção se voltar para mim.
– Eu sou muito bem resolvido, Park Jimin. – disse ele devolvendo a almofada com mais força. – Você deveria aproveitar a oportunidade.
– Que oportunidade, Taehyung? Ele é o médico de Eunwoo, fala sério. – revirei os olhos antes de me virar para procurar minha carteira.
– Ele está interessado em você, Jimin. Fala sério! – devolveu ele com um tom de sarcasmo.
– Tira da sua cabeça a ideia de arrumar alguém para mim, ok. – disse voltando a encará-lo. – Meu foco agora é meu filho e não um casamento.
– Não está mais aqui quem falou. – o mais novo respondeu seguindo até a porta. – Volto outra hora, diga e Eunwoo que mandei um beijo.
– Ótimo, é melhor assim. Pare com essas ideias tortas.
Finalmente fiquei ali sozinho, claro precisava ir até a lanchonete buscar meu café da manhã e para mim seria melhor aproveitar o tempo que Eunwoo está com o médico.
No caminho até a lanchonete acabei encontrando doutora Jeon que também fazia sua refeição, acredito que a mulher havia acabado de iniciar seu plantão, por isso não passou os tais exames para o irmão.
Novamente a vida me surpreendeu, não imaginava que fossem irmãos, ainda mais gêmeos. Agora percebo as poucas semelhanças, realmente não são tão idênticos assim é visível principalmente na altura de ambos.
– Bom dia, senhor Park.
– Bom dia, doutora. – disse tentando lhe mostrar um sorriso mais animado. – Posso me sentar aqui.
– Fique à vontade. – ela apontou a cadeira a sua frente. – Como está o pequeno Eunwoo?
– Ele está como o doutor Jeon agora.
– Ah, finalmente você conheceu a parte feia da família. – disse ela deixando uma risada discreta escapar. – Não se assuste com o lado frio do meu irmão, aquilo é apenas a pose profissional dele.
– Jeon não foi de fato frio. – deixei evidente aquela palavra. – Na verdade ele tem uma enorme paciência com Eunwoo.
– Estranho. Jungkook não costuma ser tão carinhoso com nosso sobrinho. – sua expressão parecia bem pensativa. – Bom, preciso encontrá-lo para dar informações do quadro clínico de Eunwoo. Nos vemos mais tarde, senhor Park.
É isso, as pessoas costumam me deixar ainda mais confuso e simplesmente se vão. O que ela quis dizer com ele não é tão carinhoso com o sobrinho? Doutor Jeon disse que costuma tratar os pacientes infantis daquela forma. Alguém está ocultando algumas verdades nesse meio.
Terminei minha refeição e sai após deixar o dinheiro sobre a mesa, no caminho até o quarto de Eunwoo ainda recebi uma ligação de Hoseok pedindo notícias de seu sobrinho favorito, o único já que sua irmã ainda não teve filhos.
Mais uma vez tenho a certeza de que meu pequeno é amado, muitos amigos e até mesmo colegas de trabalho ligando por notícias, é de todo esse amor que venho tirando forças para seguir.
Quando finalmente retorno para o quarto encontrei meu pequeno na companhia dos dois médicos. Doutora Jeon e seu irmão estavam literalmente discutindo na frente do mais novo, totalmente sem lógica conseguindo assustá-lo quando o que meu filho mais precisa é um ambiente tranquilo.
– Você foi irresponsável, Hyeri. Não se atesta o quadro clínico de alguém em cima de resultados inconclusivos. – disse o médico com certo nervosismo.
– É você uma anta, Jungkook. Viu que seus resultados também deram positivo, por que fica dando uma de autoritário? – indagou ela também nervosa.
– Senhores, esse não é o local mais indicado para essa discussão infantil. – chamei a atenção de ambos apontando para Eunwoo.
– Desculpe, Jimin. – disse ele com as bochechas levemente coradas. – Quer dizer... Senhor Park.
– Tanto faz. Quero saber os resultados, por favor.
– Estou esperando o exame de fator, mas seu filho tem mesmo hemofilia. – ouvi seu suspiro como se aquilo também fosse uma sentença para ele. – Eu sinto muito.
– Quando podemos começar o tratamento? – segurei a vontade de chorar, não faria aquilo na frente do meu filho.
– Jungkook, converse com ele no corredor. Eu faço companhia para o paciente. – doutora Jeon pediu reconhecendo meu estado.
Então o médico fez o que a irmã havia pedido me levando para o corredor, longe dos olhos de Eunwoo e de suas perguntas curiosas me permiti deixar evidente parte da minha fraqueza, não me importando nem um pouco com o homem a minha frente.
– Senhor Park, está tudo bem. Eu vou ajudar seu filho, não precisa ficar assim.
Até pensei em rebater novamente sua fala absurda, mas percebi que ele está ali querendo ajudar eu simplesmente devo confiar em sua percepção médica. Afinal com um simples diretor executivo entendo de gestão e finanças, não de vida humana.
– Doutor Jeon. Aqui estão os resultados que pediu. – disse uma enfermeira estendendo alguns papéis para ele.
– Obrigado, senhorita Jang. – doutor Jeon recolheu os papéis de suas mãos. – Pode voltar ao seu posto de trabalho, senhorita.
– Achei que o senhor fosse precisar de mim agora que retornou da viagem.
– Começo a atender normalmente na segunda, por enquanto a senhorita irá cumprir horário na equipe de laboratório. – ela a encarou de forma séria. – Alguma dúvida?
– Não, senhor. – disse ela completamente sem graça seguindo pelo mesmo corredor que veio até aqui.
– Boas notícias, senhor Park.
– Meu filho não tem hemofilia. – já imaginava um milagre, ainda que não tenha sido desta vez.
– Infelizmente o quadro hemofílico está confirmado, mas ele não tem a forma severa da doença. – disse ele sorrindo ao erguer o rosto para me observar melhor. – Seu filho tem hemofilia A, a mais comum é causada pela deficiência do fator VIII. Eunwoo apresenta um quadro leve, não teria sido descoberto se não fosse à complicação deste acidente.
– Está dizendo que o mesmo acidente que quase o matou foi determinante para salvar sua vida? – indaguei um pouco confuso. – Isso é...
– Bem confuso, eu sei. – respondeu ele ainda com aquele sorriso. – Neste caso vamos apenas fazer a reposição teste para o fator e acompanhá-lo por mais dois dias antes de lhe dar alta hospitalar.
– Como ficará o tratamento fora do hospital?
– Eunwoo precisará de consultas periódicas e algumas medicações. Irei estudar mais à fundo para indicar o melhor método para medicá-lo, não se preocupe. – senti o leve toque de sua mão em meu ombro. – Seu garoto ficará bem, senhor Park.
– Eu sei que vai. Confio em você.
– Certo. Vamos voltar, Hyeri vai acabar estragando seu filho de tanto mimá-lo. – disse ele abrindo a porta do quarto para que eu pudesse entrar, momento em que vi Eunwoo brincando de mímica com a mais velha. – Eu estou dizendo.
– Papai, Woo já pode ir embora? – indagou o mais novo acreditando que fosse ter sua “liberdade”.
– Ainda não, campeão. – disse Jungkook de forma mais firme. – Talvez em dois dias, se for um bom paciente.
– Está bem, titio. – o pequeno acabou concordando, tão facilmente que me deixou espantado.
– Então vamos, Hyeri. Preciso conversar com você sobre alguns assuntos.
Finalmente meu filho e eu fomos deixados sozinhos. Ainda sem conseguir absorver corretamente a notícia que me foi dada, me sentei ao lado do mais novo e o senti abraçar meu corpo com aqueles bracinhos. Eunwoo sempre carinhoso, um pouco mais quando percebe que não estou em um dia bom.
Não há como explicar para ele que sua vida será um pouco limitada agora. A fim de evitar futuros imprevistos, prefiro deixá-lo sob custódia vinte e quatro horas por dia, não quero voltar a passar por uma situação como essa.
Ainda não tenho a certeza se o deixarei voltar para o colégio, preciso primeiro entender melhor do que se trata o tal distúrbio e quais os melhores cuidados além da medicação, só então poderei lhe permitir ter uma vida regrada.
Pode ser coisa de pai superprotetor, mas fariam igual a mim se passassem por um susto semelhante. Há quilômetros de distância, receber a notícia que seu filho está entre a vida e a morte não é uma das melhores sensações do mundo. Não desejaria essa dor nem ao meu pior inimigo.
Depois de passar o resto do dia lhe acompanhando na sessão de desenhos, não é de se admirar que o tédio nos venceu e acabamos adormecendo daquela forma. Fomos acordados pela enfermeira que veio lhe tirar do soro a pedido do doutor Jeon.
O médico já havia ido para casa e deixou tal ordem com a equipe de enfermagem. Ao menos não passarei mais nenhum momento constrangedor pelo resto do dia.
No início da noite Taehyung apareceu para uma nova visita, segundo ele minha mãe havia pedido que ele viesse tentar me substituir para que eu fosse em casa descansar um pouco. Não estava nem um pouco a fim de acatar tal hipótese, ao menos não até meu pequeno dizer que ficaria bem ao lado do tio Tae.
Depois de inúmeras recomendações e pedir que a enfermeira ficasse de olho em ambos, me despedi do pequeno prometendo voltar na manhã seguinte. Foram quase cinco dias trancado naquele hospital e quando finalmente respirei um pouco do ar fresco foi um alívio para meus pulmões.
Entrei no primeiro táxi que encontrei e pedi que fosse direto para casa. Fui recebido por minha mãe com um abraço reconfortante, ali estava ela cuidado de mim da mesma forma que cuidava quando eu era apenas uma criança.
Blue também se aproximou, um pouco tímido cheirou meu corpo por possivelmente ter um pouco do cheiro de Eunwoo. Ouvi o cachorro voltar para sua almofada chorando, sentindo falta de seu pequeno dono assim como qualquer outro habitante daquela casa.
– Viu. Você não é o único a sentir a falta dele por aqui. – disse minha mãe me seguindo até o quarto. – Tome um banho, vou preparar algo para se alimentar.
– Quero apenas dormir, mãe.
– Não dê uma de criança mimada agora, Park Jimin. – repreendeu a mais velha, ela tem razão algumas vezes. – Pode ter mais de trinta, mas ainda estou habilitada a puxar suas orelhas.
– Ainda ameaçando arrancar meus brincos, senhora Park. – disse em um tom sarcástico, a mais velha sempre usava essa ameaça para me colocar medo durante a adolescência.
– Não deveria me testar, meu filho. Sou sua mãe, sempre tenho razão. – novamente estava certa. Apesar de não apoiar algumas escolhas minhas não há como negar que seus conselhos costumam ser os melhores.
– Desço em alguns minutos.
– Bom garoto. – disse ela me deixando um beijo na testa antes de seguir para fora do quarto.
A primeira coisa que fiz foi me sentar na cama, observei cada canto do meu quarto e naquele instante percebi que minha própria casa é um local estranho sem a alegria de Eunwoo. Não me canso de dizer que ele é um anjo, a luz em cada momento de minha vida.
Ainda sem ânimo precisei me erguer e ir tomar um banho. A água morna em contato com minha pele deu uma sensação de alívio, mas ainda sentia que faltava algo. Não conseguia ouvir risada de criança naqueles cômodos, apenas o barulho do chuveiro ligado e meu celular tocando em algum canto do quarto.
Me sequei rapidamente e enrolei meu corpo na toalha, corri para atender aquela ligação que julguei ser importante e de fato era. Eunwoo usando o celular te Taehyung para me desejar uma boa noite por vídeo. Ele parecia pronto para dormir, já com o pijama e devidamente cuidado.
Meu amigo pode ser um pouco contra a ideia de ter um filho, mas não pode negar que tem um dom incrível com crianças. Taehyung tem uma aura tão única, consegue cativar qualquer pequeno que se aproxima dele, chega a ser invejável às vezes.
Assim que desliguei o aparelho tratei de me vestir, um pijama limpo e perfeitamente dobrado havia sido deixado sobre minha cama. Não duvido que seja ação de senhora Park, sabendo que de alguma forma eu não demoraria a aparecer por ali.
Decidi descer para o jantar antes que ela me chamasse, mas ao passar pela porta do quarto de Eunwoo não resisti entrar naquele cômodo que lhe lembrava em cada partezinha.
Os ursos espalhados sobre a cama, alguns brinquedos no canto do quarto, o cheiro de seu perfume infantil. Sobre uma mesinha havia seu caderno de desenhos, vários de seus rabiscos naquelas páginas muitos remetendo a imagem de nossa família.
Lágrimas se acumularam em meus olhos, mas desta vez já não tenho mais forças para deixá-las contornarem minhas bochechas. Apenas a visão embaçada pelas lembranças de dias atrás, onde Eunwoo era apenas o meu filho, o garotinho saudável que sempre teve uma vida agitada.
– Aqui está você. – disse minha mãe caminhando até se sentar ao meu lado. – Sabe que isso é uma fase ruim que vamos superar não é, querido?
– Sim, mas é tudo tão injusto.
– A vida não é justa, meu amor. Estamos sujeitos a perdas a qualquer instante. – mesmo já sendo um adulto ainda recebo seus carinhos de mãe. – Você fez o seu melhor, está ao lado dele agora. Não pode protegê-lo de tudo, Jimin.
– Posso impedir que coisas como essa voltem a acontecer. – disparei apertando com força um daqueles ursos.
– Querido, isso pode acontecer em qualquer lugar. Eunwoo pode se ferir até mesmo dentro de casa, não fique se culpando. – de todas as formas ela tentava me fazer entender aquela situação. – Não há como prever o futuro e você sabe disto.
– Sabe, parte disto é minha culpa. Deveria ter me certificado de que escolhi as pessoas certas, mas me deixei levar pelo coração mole e minha imensa vontade de ter um filho. – disse deixando uma lágrima solitária escapar. – Fui egoísta e agora Eunwoo está pagando por isso.
– Não diga bobagens, Park Jimin. – repreendeu ela um pouco mais irritada. – Se tivesse escolhido outra pessoa, talvez não tivesse nascido um filho tão doce quanto esse. Eunwoo é um presente, não o trate como um fardo.
– Eu não disse isso, mãe.
– Foi o que deu a entender. – disse a mais velha se levantando. – Vamos. Seu jantar já está na mesa, se demorar um pouco mais pode esfriar.
Segui a mais velha até o primeiro andar, Blue ainda continuava deitado em sua almofada, parecia deprimido com a ausência de Eunwoo. Sendo sincero, toda a casa pareceu entrar em uma tristeza profunda pela falta do pequeno. O clima parece tão pesado que chega a ser sufocantes.
É angustiante saber que chegou o fim de semana e não serei acordado por sua risada na manhã seguinte. Estou acostumado com suas ausências quando envolvem viagens, mas desta vez sei perfeitamente onde meu filho está e em quais condições.
Eunwoo pode não carregar o meu sangue, mas ainda sim a dor de não tê-lo ali é imensa.
Durante o jantar permaneci em silêncio, impossível descrever a saudade que sentia daquele tempero, mas nos últimos dias até me alimentar vem sendo difícil. Acredito que seja esse o motivo de sentir algumas tonturas isoladas, estou realmente tentando me recuperar agora que tenho notícias animadoras.
Não fiquei ali por muito tempo, após refeição fui direto para o quarto, escovei os dentes e me atirei sobre a cama. Depois de dormir quatro noites em uma poltrona desconfortável nada melhor que meu colchão. Assim posso relaxar mais e mandar embora minhas dores musculares.
Ainda sim precisei de algumas gotas de remédio para dormir, o bom é que seu efeito foi imediato e acabei caindo no sono em questão de minutos. Precisava daquilo, meu corpo já dava sinais de que não aguentaria por mais tempo.
Meus últimos dias vinham sendo dedicados a Eunwoo, o que me fez colocar meu bem estar em risco por conta de tamanho estresse e preocupação.
{...}
Tive uma ótima noite de sono, se comparada à última semana foi à melhor dos últimos sete dias. Desejava até dormir por mais algumas horas, mas o celular tocou às sete da manhã e meus novos hábitos de pai me forçaram a atender no segundo toque.
No entanto, não era nada muito importante. Apenas senhorita Yoo dizendo que mandaria algumas coisas em meu e-mail, materiais de um novo projeto que ela recebeu na tarde do dia anterior.
Coisa essa que o vice-presidente poderia ter resolvido, mas em uma cláusula explícita do contrato dizia para deixar aos cuidados do presidente da companhia, mais uma prova de que não sou o único a desconfiar daquele homem.
Pode ser competente em alguns aspectos, consegue fechar contratos tão complicados quanto os meus, mas não foi digno da confiança de senhor Hong. Afinal, ele confiou a mim parte de seu patrimônio, tudo porque eu instaurei uma política de transparência exigindo uma auditoria a cada quatro meses.
– Senhor Park, os auditores chegam na segunda. O que pretende fazer? – indagou senhorita Yoo um pouco preocupada.
– Quanto a isso não se preocupe, estou de volta na segunda pela manhã. – disse tendo plena consciência de que meu filho terá alta hospitalar na tarde do mesmo dia, então posso voltar às minhas atividades normalmente. – Eunwoo está bem e já recebe os cuidados do especialista, não terei problemas em ir para a empresa.
– Sendo assim, deixo tudo preparado sobre sua mesa.
– Obrigado, senhorita. Tenha um bom descanso. – desliguei o telefone em seguida, ainda atirado sobre a cama cheio de preguiça para enfrentar o dia que está apenas começando.
Me levantei um pouco tonto, ainda sem rumo depois das maravilhosas horas de sono em um colchão macio. O chuveiro morno me aguardava para um banho, só assim para despertar de vez e tentar recarregar o máximo de energia.
Um banho demorado, escovar os dentes, tirar o pouco de barba que está começando a aparecer depois de dias sem saber o que é ter cuidado comigo mesmo. Estava um caco, ao menos parte das olheiras desapareceram.
Mais um dia com temperaturas amenas, optei por uma calça jeans e um suéter. Combinam com o par de sapatos sociais e a imagem casual de bom pai. Estava pronto para enfrentar os desafios de mais algumas horas naquele lugar.
Obviamente não escapei das exigências de senhora Park, só sairia de casa após um café reforçado. Ela até tentou me convencer a levar um pedaço de bolo para Eunwoo, nem que fosse escondido nos bolsos, mas obedeci à restrição médica afinal ele passou por um procedimento cirúrgico bem delicado.
Optei por ir em meu carro, já que pedi que minha mãe fosse a noite para passar a noite com ele. Indo com meu próprio veículo não irei precisar chamar um táxi ou demorar um pouco mais no trânsito.
Retornando ao trabalho na manhã seguinte irei visitar o pequeno apenas durante meu horário de almoço, ou assim que conseguir distribuir bem a equipe de auditoria. Senhora Park agora é quem assume meu lugar como protetora do mais novo, ainda que eu esteja um pouco relutante em voltar à rotina e deixá-lo naquele hospital.
Quando saí de casa o sol ainda estava encoberto pelas nuvens, talvez já seja o clima se adequando para mais um inverno rigoroso. Tudo o que sei agora é que devo apreciar todos os momentos, principalmente se meu filho estiver ao meu lado.
Por sorte o trânsito está mais calmo, achar vaga no estacionamento também não foi complicado, no entanto, tive que esperar a troca de equipes para conseguir ir até o quarto onde meu garoto está internado.
Já sem o soro preso ao seu bracinho, soube por uma das enfermeiras que Eunwoo reagiu bem ao medicamento que lhe foi testada. Agora basta saber se o quadro clínico é grave a ponto de fazer o uso contínuo daquelas injeções, ou serão apenas cuidados para evitar futuros acidentes.
Eunwoo se recupera bem da cirurgia, passar um tempo com o tio Tae também o deixou animado, acredito que meu amigo tenha lhe apresentado maneiras melhores de lidar com tudo aquilo. Mesmo que a tranquilidade de uma vida pacata não faça o forte de Kim Taehyung.
– Bom dia, anjinho! – disse assim que entrei no quarto e o encontrei tomando café da manhã sozinho.
– Bom dia, papai. – Eunwoo nem sequer me deu ideia, a gelatina de uva em uma tigela parecia chamar mais sua atenção.
– Tem um garotão independente, senhor Park. – disse a enfermeira completamente encantada. – Eunwoo cativou todos desde a equipe de nutrição até os médicos desta ala.
– Meu passe livre chegou? – ouvi a voz de Taehyung completamente animado enquanto saía do banheiro.
– Veja como fala, vai magoar o garoto.
– Vai nada. Eunwoo e eu já conversamos sobre isso. Tio Tae também precisa viver a vida não é, campeão? – disse meu amigo fazendo o pequeno encará-lo. – Bom, vou indo. Marquei de encontrar alguns conhecidos no clube de tênis agora de manhã.
– Voltou a jogar?
– Não exatamente. Estou indo para apreciar a vista e tomar um belo banho de sol. – respondeu ele pegando o casaco sobre a poltrona e se despedindo do mais novo. – Au revoir!²
Revirando os olhos voltei à atenção para a enfermeira que terminava de agitar uma ampola e segurava uma seringa com a outra mão.
– Uma dose de reposição do fator VIII. – disse ela pegando todo o líquido da ampola. – A tia vai ter que furar seu bracinho novamente, querido.
– Papai. – o mais novo tentou apelar para meu ponto fraco, me encarando com aqueles olhinhos cheios de lágrimas.
– Anjinho, você já é um homem. – me sentei ao seu lado segurando seu rosto entre minhas mãos enquanto a mulher preparava um acesso em seu braço direito. – Isso vai te fazer melhorar, ou não quer sair daqui?
O mantive distraído por todo o momento até que a enfermeira terminou a administração do medicamento. Para fazê-lo se sentir melhor, sobre o furo da agulha foi colocado um curativo com desenhos, exatamente como os que ele sempre ganha quando toma vacina ou faz exames médicos.
– É o Pororo. – disse ele apontando para o desenho no band aid.
– É sim, meu amor. – deixei um beijo em sua testa antes de me afastar e ir em direção a poltrona.
– Papai, não senta aí. – pediu ele apontando para a cadeira. – Billy está dormindo, ele também tem um dodói na cabeça.
– Oh, me desculpe. – a enfermeira em encarava como se eu fosse um maluco. – Amigo imaginário.
– Entendi. Crianças e suas mentes férteis. – disse ela recolhendo todo o material. – Vou visitar outros pacientes, volto em uma hora para verificar as reações da medicação.
– Obrigado, senhora.
Eunwoo terminou a gelatina e já partiu para o iogurte de frutas que estava ali, me vi satisfeito percebendo que mesmo após uma cirurgia ele esteja voltando a se alimentar normalmente, apesar da restrição de alimentos sólidos.
Hoje não haverá visita médica, doutor Jeon está de folga, mas prometeu estudar o caso para me mandar um retorno no dia seguinte. O homem mostrou interesse em nos ajudar e isso me deixou aliviado, sabendo que assim como para sua irmã, meu pequeno parece ser importante para ele.
Após o café da manhã o mais novo me chamou para uma sessão de desenhos, desta vez ele zapeou todos os canais até encontrar a representação daquilo que estava em seu curativo. Lá fomos nós, as longas horas da manhã assistindo uma maratona de Pororo.
No fim já havia até gravado a música de abertura, se passasse mais duas horas assistindo aquilo acredito que até gravaria as manias daquele pequeno pinguim.
No entanto, observando aquele desenho me vi pensando como coisas bobas prendem a atenção de uma criança. Eunwoo é um grande exemplo. Animações, papéis e gizes de cera são as coisas que mais lhe prendem a atenção.
Ainda presenciei uma conversa entre ele e Billy, onde o mais novo questionava claramente o motivo de seu amigo imaginário ter desaparecido por alguns dias. Chegou até mesmo a ficar bravo e mesmo achando um pouco exagerado quase me derreti pela fofura.
Após o almoço Eunwoo recebeu a visita ilustre do meu chefe. Senhor Hong veio até Seul para acompanhar a auditoria, mas não imaginava que ele fosse vir até o hospital verificar a situação do meu pequeno.
Mesmo trabalhando há anos para ele, minha vida pessoal não se mistura ao trabalho. Por isso Eunwoo achou um pouco estranha a presença daquele homem, só abriu um sorriso quando viu o urso que o mais velho havia lhe trazido de presente.
– Senhorita Yoo disse que você retorna amanhã. Fico feliz que esteja presente na auditoria. – disse ele assim que saí para acompanhá-lo até o corredor.
– É meu compromisso, senhor Hong. Eunwoo está fora de perigo, posso voltar ao trabalho e deixá-lo sob os cuidados de minha mãe.
– O médico deu o parecer sobre o caso? – indagou ele se mostrando um pouco preocupado.
– Sim. Eunwoo é portador de um distúrbio raro chamado Hemofilia. – respondi lhe encarando com firmeza. – Será submetido a um tratamento, apenas prevenção de futuros incidentes.
– Entendo. Tudo vai ficar bem. – senti um pequeno aperto em meu ombro. – Não se culpe, Jimin. Pense pelo lado positivo, ao menos vocês sabem o diagnóstico e que tem tratamento.
– Sim. Será um momento complicado, mas o pior já passou.
– Bom, preciso ir. Ainda tenho que separar alguns documentos que trouxe para me ajudar em uma revisão e tenho que levar minha esposa para jantar. – disse ele me estendendo uma das mãos. – Nos vemos amanhã.
– Obrigado pela visita, senhor Hong.
Sua visita durou poucos minutos, mas foi importante para mim. Deixou evidente que não sou apenas mais um funcionário, sou realmente alguém que lhe preocupa a ausência.
Desde que assumi a presidência da empresa tento tratar todos os funcionários com igualdade, independente de seus cargos é preciso trabalho de equipe para termos bons resultados. Por isso sou considerado o melhor chefe pela maioria, pois simplesmente proporciono um bom ambiente para trabalharem.
Retornando para o quarto percebi que Eunwoo estava adormecido sobre a cama. Apenas ajeitei o cobertor sobre seu corpo e desliguei a televisão, a enfermeira disse que sonolência poderia ocorrer e que é normal devido ao estresse do que ele passou nos últimos dias.
Pelo menos consegui um tempinho para fazer algumas ligações e verificar os relatórios que o vice-presidente havia enviado. Documentos atrasados aos quais acredito terem sido entregues apenas por conta da visita do chefe.
Bom, não estou no clima para discussões a esse respeito, nem tão pouco com cabeça para competições bobas e cheias de provocações vindas por parte daquele velho. Ele simplesmente já deveria ter aceitado que o cargo foi entregue a mim por e que uma ordem do chefe não se questiona.
O que me resta agora é voltar à rotina, seguir em paz e tentar manter o controle após longos dias longe da empresa. Sei que voltarei com trabalhos em dobro, apesar de senhorita Yoo me ajudar bastante organizando tudo em questões de maior prioridade.
É isso, um bom trabalho é resultado das ações de uma ótima equipe. Quanto a isso não devo me preocupar, tenho apoio dos melhores e mais fiéis.
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