Capitulo 7: Cobras
Seus os olhos se abriram, ela piscou algumas vezes para adaptar-se a claridade, seu corpo estava dolorido, mexeu os dedos da mão, abriu os olhos mais uma vez, agora consigo focar a sua volta, ela viu York.
– Olá Mel, como você está? – York diz.
– Sim.... – Ela diz com a voz rouca – O que aconteceu?
– Você quase se afogou, mas achamos você, eu te achei. – Ela tenta levantar, mas seus músculos se contraem e a dor vem, muito tempo parada. York apoiou a mãos nas costas dela e ajudou a ficar sentada. Ele puxa para mais perto dela uma bandeja de comida.
– Você precisa se alimentar e descansar. – Disse ele suavemente, colocando a bandeja sobre as pernas dela. Mel agradeceu com um sorriso simples. Saindo do quarto para pegar mais algumas coisas, ele esbarra em Steffany que quase cai. – Desculpa!
– Não foi nada... Mel acordou? – Steff pergunta, York assente, e cada um segue com o caminho. Na cozinha ele encontra-se com Lucas.
– Não devia ter levantado, Lucas. – Disse York vendo que o mesmo ainda mancava.
– Eu sei, mas achei que Mel precisaria de algo quando acordasse. – Ele diz simplista.
– Como sabe que ela acordou? – York franze o cenho.
– Não sabia, mas se ela acordou. – Pegou a bandeja. – Eu já deixei tudo pronto. – Saiu pela porta, andando com certa dificuldade.
– Já havia preparado algo, Lucas, e já entreguei a ela. – York diz. Lucas para.
– Então levo para o Bae... ou como.... – Ele dá de ombros saindo com a bandeja. York volta sua atenção para o que procurava.
Nathalia estava olhando pela janela de seu quarto/prisão, o céu estava ameno, ela via as folhas das arvores balançarem com o vento. Vendo que o mesmo nem entrava pelas janelas, sufocante.... Ouviu um barulho no assoalho dando um pulo, se virando para ver o tal Dylan, com seus cabelos sobre os olhos.
– Parece triste. – Dylan diz assim que ela se vira. – Quer tirar a tristeza comigo?
– Por que eu faria isso? – Fala enojada.
– Sei lá, você é a mais bonita, e bem eu sou o mais bonito. – Ele se aproxima, e Nath revira os olhos, ela estava cheia de garotos entupidos assim na faculdade. – Você está sozinha, eu também, natural da natureza.
– Ah, será que você não consegue ser mais imbecil? – Ela diz.
– Desculpe?
– Além de babaca é surdo?
– Vai bancar a difícil agora?
– Não, vou a bancar a que vai dizer na sua cara, que você é um mala, sai!
– Ah, vai ser assim... Ok, a difícil, bem, sabe onde me encontrar. – Ele pisca.
– Babaca. – Ele saiu dali, ouvindo apenas o murmúrio, ele passa pela sala, parando na porta, vendo de costas Kath e Megan conversando, em frente a lareira. Curioso queria saber o que elas diziam. Mas não conseguiu ouvir, sua mente lhe traindo pensou em Katherin, ela parecia ter ficado terrivelmente chateada. O que estava pensando?! Ela que foi idiota! A culpa não era sua.... Ou era?
Bae tentava dormir, em vão, ele tinha insônia, bufou irritado. Miguel estava no quarto dele novamente, a companhia do outro sempre foi muito agradável, era muito chato assim sozinho... Ele gostava do calor... Ele parecia um garotinho apaixonado. Bae escondeu o rosto na coberta, envergonhado de si mesmo. Talvez Miguel só estivesse ajudando por bondade... Ele ficou curioso, queria saber, se talvez Miguel gostasse de si...
Saiu da cama, pegando apenas o travesseiro, cainhando até a porta do quarto de Miguel que ao menos ficava perto do seu. Ele bateu na porta, e um entre abafado foi ouvido, ele empurrou a porta. Miguel estava na cama, apenas olhando para o nada, seu quarto era como os dos outros, porem havia um clima triste, era acinzentado, não havia itens de decoração.
– Reflete a minha vida. – Miguel diz.
– Sinto muito... – Bae diz, sentindo-se mal, talvez ele só quisesse ajudar, nada além disso.
– Não consegue dormir? – Miguel se levanta ficando sentado.
– Não, mas... não quero atrapalhar.
– Está tudo bem Bae. – Miguel diz. – Vamos ao seu quarto. – Bae olha a volta, esse cômodo era frio, ele ‘refletia’ a vida de Miguel.
– Podemos ficar, no seu? – Bae diz hesitante. Miguel para. – Ele... não precisa ser assim. – Bae fala baixo. – Pode ser um lugar de conforto para você também.
– Ele obviamente foi projetado para que eu não tenha conforto, Baekhyun, é isso, que a pessoa que nos prendeu planejou, cada um tem o quarto que merece.
– Você pode mudar isso. – Bae repete-se. Ele toma um passo adiante, dando a volta na cama e deitando na mesma. Ele deita de lado e encara as costas rígidas de Miguel, o mesmo suspiro e deita-se novamente, olhando para cima. Bae hesitante se aproxima, e se escora sobre o peito do outro, ouvindo seu coração.
– Obrigado. – Miguel diz, ele olha para Bae que sorri corando. Aproximando o rosto de Bae, ele sela seus lábios juntos num selinho rápido. – Tente dormir, ele diz fechando os olhos, não vendo o rosto avermelhado do mais novo.
Na sala com lareira, num canto agora despediam-se Kath e Megan que iam para seus quartos, Hayla conversava com Jane, Gregory e Wesley, Amy e William jogavam xadrez que acharam. Jane contava suas histórias na fazenda, Wesley contou um pouco sobre o Brasil, Hayla comentou algumas coisas que lembravam seus livros, Gregory apenas ouvia, não querendo falar de sua família. Depois de perder cinco vezes consecutivas para Amarantha, Will desistiu e disse que iria para o quarto, Amy concordou.
Juntos foram subindo as escadas, rindo e brincando, Amy não era de rir facilmente assim, pelo menos aqui, ela sentia que tinha asas, e não temeria nada, tirando que estava presa. Eles pararam em frente ao quarto de Amy, que era um dos primeiros no corredor.
– Se eu te beijar agora, você continuará falando comigo? – Will pergunta. Amy ri.
– Nunca mais falarei contigo! – Ela diz risonha. – Você arriscaria a isso? – William nada diz, ele se aproxima de Amy, toca sua pele morna e de textura macia, passando os polegares sobre suas bochechas, ela desvia o olhar, então ele puxa e a beija de boca fechada, ele se afasta para fita-la.
– Vai falar comigo? – Ele pergunta brincando. Ela fecha a cara e se afasta, antes de fechar a porta do quarto ela solta um riso suave, e Will reponde igualmente sorrindo. Ali ainda no corredor, Jane diz boa noite aos novos amigos, Hayla fazia o mesmo, e Wesley e Greg que tinham suas portas uma de frente para outra, se encaravam.
– Acho que está noite, poderei dormir sozinho. – Disse Wesley.
– Você tem certeza? – Perguntou Greg um bocado decepcionado.
– Sim. – Wesley fecha a porta. De madrugada choveu, uma chuva calma, sem trovões ou raios, apenas agua, gotículas gélidas, que podiam ser ouvidas pingando no telhado de modo suave, com o silencio da mansão, até parecia o paraíso.
...
Era de manhã, fresca, Hayla levantou antes dos outros, ela perdera o sono, fora acordada por um terrível pesadelo, não gostaria de voltar a pensar sobre, ela abriu a geladeira para preparar algo para si e seus colegas, quando abriu a geladeira, gritou, pulando para trás, quase caindo. Os animais rastejantes começaram a cair da geladeira passando pelo chão.
– Tem cobras na cozinha! – Hayla grita.
– Porra! Caramba cobras! Na geladeira! – Disse Dylan, que ouvira os gritos e entrou na cozinha. Ele segurava uma garrafa de champanhe. – Saia daí garota! Ou vai morrer. – Ela o fitou incrédula, saiu indo para o lado dele. Sem querer acabou segurando-se no braço do mesmo, com as duas mãos. Ele olhou para ela, e logo voltou a fitar as cobras.
– Esses bichos vão sair por ai pela casa! – Hayla diz assustada, vendo os bichos virem. Dylan a puxa para trás, segurando-a pelos ombros.
– Droga, você aí preparar algo? – Dylan pergunta.
– Sim... – Ela diz, ainda se segurando nele, agora em sua roupa.
– Estava com fome. – Dylan lamenta, ele joga a garrafa que tinha em mãos no chão, afastando as cobras, uma delas se levanta mostrando as presas e ameaçando morde-los. Hayla grita, se segurando mais ainda em Dylan que também se assusta. Katherin e Megan surgem e vem tudo. Kath faz cara feia não pelas cobras, mas para a outra.
– Ah! Por que tem cobras na cozinha! – Megan grita.
– Como vamos preparas as coisas assim! – Hayla se solta de Dylan indo até Meg, é assim que o mesmo vê Katherin a encarando. Ela se afasta dali, assim que a cozinha vai enchendo com os outros. Dylan suspira, droga, ele iria atrás dela.
– Katherin! – Chamou. Ela parou e ele correu em sua direção.
– O que foi Dylan? – Disse friamente. – Han? Veio aqui só para ver como eu estava? Pois bem, E daí? E daí que você estava com Hayla! Ou que tentou ficar com a Nathalia! E daí! – Ela solta tudo sem ele dizer nada. Ele olha para ela confuso.
– Hayla? – Ele questiona. – Meu deus, estava ajudando a menina, isso tudo é ciúme? Ela nem faz meu tipo!
– E a Nathalia?! – Ela pergunta, se recompondo. – Não tenho ciúmes de você, tenho nojo e pena! – Ela diz saindo de perto o mais depressa, Dylan revira os olhos, até esquecendo, felizmente, o que pretendia fazer.
As cobras começam a sair da cozinha assustando a todos, Celine que iria usar o banheiro, grita do mesmo, e sai correndo, do imenso banheiro com apenas a hidromassagem saem baratas cascudas pela casa, apavorando a todos mais ainda. Do ralo da piscina saiam ratos. A mansão estava infestada. Killian e Gregory correram para a porta tentando abri-la, estava trancada.
– Estamos presos! – Killian anuncia. Os bichos já haviam se espalhado pela casa. – Com esses animais!
Meg saia pela casa, procurando um lugar limpo, desesperadamente, até encontrar Kath chorando num canto.
– Kath! Amiga o que ouve? – Ela pergunta ofegante.
– Dylan..., eu não sei o que está acontecendo, eu o vi com Hayla! Aquela sonsa! E o meu coração doeu! E ele me viu e foi atrás de mim! – Ela diz num folego só, chorando.
– Talvez ele goste de você, e convenhamos, Hayla não deve ter feito nada com ele, Kath... estava lá com você esqueceu?
– Não! Aquele ‘galinha’ só gosta de comer! – Kath diz. Meg fica apreensiva vendo algumas baratas já perto delas.
– Então esqueça ele! Siga em frente! E aproveitando, que tal procurar um lugar seguro? – Megan diz puxando Katherin para se levantar.
– Vou fazer isso! – Kath levanta-se ainda falando de Dylan. – Ah! – Grita assim que vê uma barata voando.
– Ah! Vamos sair daqui...! – Megan a puxa e elas correm novamente.
Killian fechou a porta, e colocou um pano nas frestas, para impedir que os bichos entrassem.
– Sempre me salvando e cuidando de mim. – Celine diz, era seu quarto, e ao menos ainda não fora infestado por baratas ou outro qualquer bicho. – Assim acabarei me apaixonando. – Ela diz sorrindo.
– Eu sei... – ele sorriu. – Gosto de ajudar os outros. – Não pude ajudar minha irmã, sua mente lhe trai com o pensamento. – Não há problema de se apaixonar por mim. – Disse Killian
– Oh! Deus! Killian você não existe! – Celine deu um gritinho se jogando nele. Ele deu uma risadinha.
Miguel e Baekhyun ainda não sabiam que a casa estava enfestada de insetos e ratos, e eles ainda não tinham se quer aberto a porta do banheiro. As coisas ontem foram um pouco impulsivas demais, porém, foram muito boas, Miguel segurava o rosto de Bae com uma mão, e a outro, segurava-o pela cintura, deitado na cama, se beijavam como se lá fora não existisse. Bae o empurrou para deitar-se, e subiu no mesmo.
– Bae, Bae.... Não vamos apressar as coisas, por favor. – Miguel diz o parando. – Ainda mais nesse lugar. – O mais novo havia ficado visivelmente chateado. – Ei, Bae, não fique assim, por favor.
– Você me ama? – Perguntou Baekhyun rapidamente. Miguel suspirou, ele era muito novinho.
– Bae, as coisas não funcionam assim, o amor, ele se constrói, não é de uma hora para a outra. Deixe que flua naturalmente, sem pressa. – Miguel diz calmo. O mais novo continua emburrado. – Bae....
– Está tudo bem... – Baekhyun diz. Ele novamente empurra Miguel para se deitar, e deita com a cabeça em seu ombro. – Vamos construir então. – Miguel ri nasalmente.
Todos estavam presos novamente na mansão. Mas agora junto com baratas, cobras e ratos. E pior, perceberam que boa parte da comida estava estragada e acabando. Mesmo boa não poderiam comer, os insetos já haviam passado por elas, como as cobras. Sem comida suficiente, e com bichos nojentos e pavorosos, eles se desesperavam para saber como viveriam ali daquele modo.
De algum lugar alguém via a situação pelas dezenas de câmeras espalhadas pela mansão. Vê-los alucinando foi incrível, mas vê-los passando fome e sede, junto com baratas e cobras famintas seria maravilho, ele veria até onde esses jovens seriam capazes de ir para viver.
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