Eu odeio comer só.
Emma sentou no seu habitual lugar no café da esquina perto do Palácio da Justiça. Seu trabalho como repórter de tribunal permitia uma hora de almoço que era gasta neste pequeno restaurante.
Sozinha.
Pegando outra porção da salada de laranja mandarim, tentou concentrar-se nas palavras do livro que tinha trazido como companhia.
Por que lia romance, de qualquer maneira? Se essas pessoas não eram reais. Eles não experimentavam a solidão banal de sentar em um café lotado, comendo sozinha. Todos os personagens pareciam viver vidas felizes de luxúria descuidada e finais felizes.
Aos vinte e seis anos, Emma duvidava que finais felizes existissem. Eles certamente não eram para ela.
Um vento forte dobrou seu guardanapo quando a porta da frente abriu. Lá estava ela novamente. Vestindo um terno feminino, que era o uniforme habitual de uma mulher que trabalhava na área de negócios. Saltos extremamente altos e uma bolsa ainda davam à mulher uma aparência profissional acessível. A tinha visto várias vezes neste café. Ela ligava seu laptop e comia um sanduíche enquanto estudava a tela com intensidade. Ela sempre tinha se admirado que ela não parecesse desconfortável comendo sozinha.
Focando novamente em seu livro, ela sorriu. Ela parecia um heroína destes livros de romance. Alta, boa aparência, olhos castanhos escuros e um grande senso de moral profissional, seria uma modelo ideal para uma das tolas histórias que ela apreciava. Em sua mente, começou a compor um trecho de um romance que poderia ter.
Alta, cabelo escuro e uma constituição maravilhosa, ela andou a passos largos para o balcão e pediu seu sanduíche com autoridade.
"Bacon, alface e tomate, por favor.” Seus olhos avelãs examinaram o café. O coração dela saltou para a garganta quando seu olhar encontrou o dela. O calor espalhou por seu corpo, e ela podia sentir seu rosto ruborizar quando...
"Com licença."
Emma sobressaltou quando a voz rouca interrompeu seu devaneio. Levantou o olhar e viu-se examinando os olhos avelãs com os quais tinha acabado de sonhar. Ela pigarreou nervosa. “Sim?"
Seu braço apontou para o salão, indicando a multidão. “Parece que não existe nenhum lugar livre para sentar. Posso compartilhar sua mesa?” O sorriso dela causou uma tremulação em seu estômago. “Prometo que não perturbarei você."
Qualquer comentário coerente que ela pudesse ter feito estava perdido, e tudo que pode dizer foi, “Claro."
Ela lambeu os lábios repentinamente secos e fixou novamente os olhos de volta para seu livro. Enquanto ela conectava o laptop, ajeitou a cadeira e começou a comer, Emma sentou-se como uma pedra, desejando ser mais agradável ao gosto das mulheres.
Era suficientemente difícil encontrar uma mulher com suas preferências sexuais. Sendo tímida além de ser obcecada por fantasias obscuras, favorecia uma série de longas noites solitárias.
"Eu vi você aqui antes.” Sua voz atraiu o olhar dela. “Você trabalha no Palácio da Justiça?"
"Sim. Sou repórter de tribunal. E você?” Ela soou tão cortês e formal para seus próprios ouvidos.
"Sou advogada.” Ela respondeu brincando. “As pessoas normalmente deixam de falar comigo neste momento."
"Elas fazem isso?” Como podia ser? Não posso tirar meus olhos de você. “Eu gosto de advogados. Trabalho com eles o dia todo."
"Bom, estou contente que você faça isso” Ela deu outra mordida no sanduíche. “Você gosta de seu trabalho?"
"Gosto. É muito interessante."
"Como se tornou repórter de tribunal?"
Emma não estava acostumada à conversa fútil, mas queria tentar. Ela parecia realmente estar interessada. “Inicialmente queria ser advogada, mas me falta o instinto assassino. Além disso, levantar em frente às pessoas e falar me assusta até a morte.” Dolorosamente tímida seria mais preciso. Ela sorriu e comeu uma porção discreta de sua salada.
"Mas você gosta do tribunal?"
"Eu adoro observar o processo."
"Você gosta de estar atrás do cenário.” Seu olhar penetrante era um pouco enervante, como se ela fosse uma testemunha na tribuna sob seu exame interrogatório.
"Eu acho que se poderia dizer isso.” Ela abaixou os olhos para a mesa. “E você? Queria ser advogada quando era jovem?"
Ela movimentou a cabeça. “Meu pai é advogado em São Francisco. É uma tradição de família que não me importei de seguir."
"Então, você é de São Francisco? Quando mudou para cá?"
Ela sorriu. “Sou um recém chegada. Só estou aqui há um ano. Ouvi falar que você deve dizer que é uma recém chegada, até que tenha vivido aqui por vinte e cinco anos ou mais."
Ela riu. “Ouvi que tem que dizer isso se você não nasceu aqui."
"Você nasceu aqui?"
"Não. Eu sou uma recém chegada, também. Só estou aqui há dez anos."
As duas riram.
Então seus olhos ficaram penetrantes enquanto ela examinava seu rosto e uma mecha do cabelo loiro que tinha escapado de sua trança francesa. “Eu conheço você de algum outro lugar, não é?"
"Você provavelmente me viu no Palácio da Justiça.” Não era provável. Ela teria lembrado.
"Não. Foi em outro lugar. Eu só tive uma visão de você com o cabelo solto, não preso."
Uma suspeita sórdida correu por sua espinha. “Realmente? Talvez estivesse em um bar."
"Eu não acho...” Seus olhos avelãs a estudavam com a mesma intensidade que normalmente reservava para a tela do computador.
Ela podia tê-la visto em uma das festas de David? Era raro que Emma fosse a elas, mas ultimamente precisava de confirmação, alívio. As festas davam a ela uma sensação de pertencer a algum lugar, que faltava no resto de sua vida.
"Eu não me lembro de ter visto você.” Ela forçou um sorriso. “Meu nome é Emma Swan."
"Eu sou Regina Mills.” Ela pegou sua mão. “Gostaria de poder lembrar onde vi você."
Era tempo de correr para a saída mais próxima. Se ficasse, ela poderia lembrar isso. Ela fechou o livro cuidadosamente e pegou a bolsa. “Você vai lembrar. Veremos-nos novamente, com certeza. Prazer em conhecê-la, Regina."
Emma correu para a porta.
Uau, ela tinha soado como uma virgem afetada e antiquada. E o céu sabia que era qualquer coisa menos isso.
Quando Emma deixou o restaurante, Regina seguiu sua saída, frustrada e intrigada. De onde ela a conhecia?
Oh certo, a tinha notado aqui, comendo sozinha, normalmente lendo. Ela imediatamente a tinha notado. Ela era atraente, não magnífica. Seu cabelo loiro estava preso para cima com uma fivela, os olhos verdes claros, seu rosto era anguloso. Ela lembrava a ela uma estátua de Athena que tinha visto uma vez. Mas não podia livrar-se do sentimento que a tinha visto com os cabelos claros caindo pelas costas em cachos selvagens.
Algo nela a atraia. Por semanas tinha considerado como abordá-la, e agora ela o estava afastando. Ou ela a tinha deixado nervosa? Ela ficou absolutamente quieta no momento que ela mencionou tê-la visto antes.
Uma imagem de uma loira tentadora com olhos verdes brilhantes e cabelos macios se filtrou por sua memória novamente, e de repente percebeu. A reunião de bondage.
Em uma cidade pequena como Eureka, Califórnia, não existia nenhum Clube de BDSM. Aqueles que gostavam deste estilo de vida tinham que encontrar uns aos outros da melhor forma que podiam. Então, uma vez por semana, David Nolan dava uma festa. Era apenas para convidados, e David era muito seletivo. O convite de Regina tinha vindo por causa de sua amiga, Zelena.
Uma amiga dominadora, que quando descobriu que ela estava se mudando para o Condado de Humboldt, fez um telefonema e conseguiu que ela fosse adicionada à lista de convidados de David. Só pessoas com aquele estilo de vida frequentavam. Nenhum novato.
Se Regina tinha visto Emma na festa de David, isso significava que ela...
Um sorriso curvou sobre o rosto de Regina. A próxima reunião seria sexta-feira à noite. Se ela fosse à mulher da festa, então descobriria isso.
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