As férias de verão se resumem em: treinar Hailee e Cameron, sair com o Shawn, brincar com a Kathe, ajudar meu pai em casa e visitar o obstetra uma vez por mês ou duas vezes por semana. Agora é o meu pai que me acompanha! Ele sempre se emociona quando ver a minha bebê na tela se mexendo e o doutor Willson sempre explica detalhadamente cada procedimento e desenvolvimento da minha garota. Amo todas as vezes que ele se emociona e segura a minha mão para dizer que sempre estará ali para mim.
{...}
Em Agosto.
Na volta às aulas, eu já estava completando nove meses. Minha barriga estava enorme e a minha matrícula no Los Angeles High School dura até o final do segundo semestre, pois não vamos conseguir continuar pagando. Tenho que achar o melhor jeito para contar ao meu melhor amigo o que está acontecendo... mas não é o momento certo e também não é justo ele descobrir quando eu já estiver fora de Santa Monica. As contratações começam a dar sinal de vida no meio da aula, mas sei que é apenas um alarme falso.
Nate Maloley quase não me olha durante as aulas, Taylor ainda continua se jogando para cima do Cameron... mesmo namorando comigo de mentira! Alguns professores contam um pouco sobre suas férias e quando percebem meu estado, começam a dizer: "nossa como você é nova" ou "sua vida vai ser diferente quando o seu filho nascer" e claro, tem os filhos de uma puta fazendo piadinhas do tipo: "ela engravidou depois daquele vídeo", "ela é uma piranha mesmo", "está dando o golpe da barriga no Dallas", entre outros que eu sou incapaz de mencionar de tão podre. Resumindo: a Lover acabou!
Não tenho mais fãs, nem pessoas que admiram o meu trabalho. Ninguém comenta mais nos corredores do quão incrível eu sou nos ringues. Por onde eu passo as pessoas fazem comentários maldosos comigo, as vezes eu me sinto mal por ainda estar ainda nesse colégio! Shawn diz que vai ficar tudo bem, mas eu não consigo acreditar em suas palavras... querendo ou não, ainda estou escondendo que eu vou me mudar. Eu e Hailee estávamos nos armários. Ela estava se preparando para fazer o teste para as líderes de torcida e eu estava passando confiança.
— A miss Hollywood está de volta nos corredores. — Taylor passa por nós no corredor gargalhando.
— Estou com nove meses, acho que ainda consigo arrebentar ela sem esforço nenhum. — fecho o punho.
— Se acalma, não vale a pena.
— E a propósito. — a puta volta. — Como está as mudanças?
Como que ela... Não faz sentido... O quê?
— O quê? — ergo uma sobrancelha. — Como você sabe?
— Ah. Você soube né? — jogou os cabelos castanhos para trás do ombro e deu uma gargalhada maléfica. — Aquela mudança que você vai fazer em breve, que a propósito, foi meu pai quem comprou o terreno daquela sua casa.
Paro um pouco para refletir. Meu pai disse que o proprietário do terreno estava mandando nós sairmos da nossa casa pois ele iria destruí-la e construir outra coisa no terreno. Mas quem é rico o bastante para isso? O diretor do colégio, senhor Morgan!
— FILHA DE UMA PUTA! — vou para cima dela e começo a socar o seu rosto debochado.
As lágrimas começaram a escorrer descontroladas e a minha visão ficou totalmente escura por causa da ira que eu estava sentindo. O sangue ferve, a adrenalina sobe por minhas veias. Minha respiração fica ofegante e quando me tiram de cima dela, minha visão volta a ficar clara. Minha camiseta e minha mãos estavam cheias de sangue — não totalmente, mas tinha algumas gostas de sangue, olho para Taylor e a vejo no chão cuspindo sangue e gemendo de dor. Meu sonho se tornou realidade!
— O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? — Cameron gritou, enquanto entrava no meio para que eu não fosse para cima dela novamente.
— Essa louca veio para cima de mim!
A Taylor está chorando?
— Eu te avisei para não mexer comigo e você desacreditou da minha palavra! — respondo seco. — Como pôde fazer isso comigo, Taylor?
Cameron franze as sobrancelhas com a minha pergunta. A vadia me olhou e deu uma risada, mas logo gemeu de dor mais uma vez.
— Eu não fiz absolutamente nada, gata!
Quando me dou conta, Shawn estava me segurando por trás com os olhos marejados. Quando ele me soltou, corri para o andar de cima. Não demorou muito e o meu melhor amigo já estava ao meu lado.
— Qual é o seu problema, Gwendolyn?
Primeira vez que ele me chamou pelo nome... Deve estar mais que só decepcionado comigo.
— Ela... Eu... Eu não queria... — paro de falar.
— Você parecia um mostro em cima dela, nunca tinha te visto daquele jeito! — ele se afasta um pouco de mim. Suas lágrimas estavam escorrendo e suas mãos estavam trêmulas. — Nem nos ringues...
— Achei que era o que quisesse, tipo ver a Taylor Morgan no chão!
— Não é assim que funciona, Gwendolyn! — me chamou pelo nome mais uma vez. — Você não percebeu a gravidade da situação? Você está grávida! Quase matou a Taylor com tanto soco que você deu naquele rosto. Qual é o seu problema? O que está acontecendo com você? Desde quando começaram as férias você estava diferente comigo e agora, no primeiro dia de aula você vai e começa a socar a Taylor como se ela fosse a pior coisa que já te aconteceu! – seu tom de voz era alto, qualquer pessoa ao nosso redor escutaria.
Nunca tinha visto ele desse jeito...
— De nada. — respondo de um modo sarcástico.
— Você está se transformando em um mostro. Eu nem te reconheço mais... — ele balançou a cabeça e se virou para sair dali.
— Ela não é uma boa pessoa Shawn! Ela acabou com a minha vida de uma forma horrível e desumana, isso que eu fiz com ela foi apenas um alerta para ela não mexer comigo mais uma vez. A Hailee viu, todo mundo viu que foi em legítima defesa!
— Legítima defesa? — ele me olha e solta uma gargalhada desesperada. — Olha para si mesma, Gwendolyn. Essa situação só acaba de uma forma, em sangue!
— Está defendendo ela? — dou uma risada de nervoso e me aproximo dele. — Achei que fosse o meu amigo, Shawn, e que estaria comigo até nessa situação!
— Eu nem te reconheço mais...
— Eu sou lutadora de boxe Shawn, queria que acontecesse o quê?
— VOCÊ NÃO ESTÁ NO RINGUE! — ele gritou me fazendo dar um passo para trás assustada com o seu ato.
Meu coração aperta quando ele deu as costas e saiu andando. Perdi a minha casa, minha reputação como lutadora de boxe e agora perdi o meu irmão! Não acredito que tudo isso está acontecendo comigo... Minutos depois o diretor me chamou na sua sala pelo auto-falante, assim que entrei ele arregalou os olhos quando me viu com a camiseta ensanguentada. Ligou para o meu pai e em pouco tempo estávamos os quatro resolvendo a situação. Taylor estava se fazendo de coitada e meu pai... com o olhar já mostrava que estava decepcionado com o meu ato.
— Senhorita Martinez, eu estou muito decepcionado com o seu ato tão brutal com a minha filha no corredor desse colégio! Esperava isso de qualquer pessoa, menos da senhorita que tem um boletim impecável.
Mais ou menos...
— Também usou essa mesma história quando comprou o terreno da minha casa? — olho ele.
Surpreso com a minha pergunta, ele tirou os óculos e apoiou as mãos na mesa.
— Senhorita Martinez, esse é um assunto para os adultos resolverem.
— Grande merda!
— Gwen! — meu pai me repreendeu. — Me desculpe pela minha filha, senhor Morgan.
— Taylor, se retire. — disse o diretor.
— O quê? — ergo uma sobrancelha. — Só pode ser brincadeira.
A vadia se levantou e saiu daquela sala com um sorriso vitorioso nos lábios. Bufo e cruzo os braços.
— Isso é injusto, foi ela quem me provocou como todos os dias! Ela vive me diminuindo nos corredores por ter mais grana que eu e agora, ela vem toda desaforada dizendo que o senhor comprou o terreno da minha casa e quer que a gemte saia o mais rápido possível! Isso é inacr... — me pai me interrompe alterando a voz.
— Cala a boca, Gwendolyn!
Respiro fundo e encosto as costas na cadeira. Eles conversaram a respeito desse assunto e no fim, levei suspensão de três dias e tenho que manter distância da Taylor ao meu retorno, caso contrário serei expulsa. Esse acordo aconteceu porque o meu pai implorou para que eu continuasse até o segundo semestre, não terei onde estudar e não terminei os estudos tão cedo se eu for expulsa agora. O senhor Morgan compreendeu e disse para isso não se repetir novamente. Assim que peguei alguns livros no meu armário recebendo olhares de desprezo ao meu redor, saí daquele inferno com o meu pai praticamente berrando em meus ouvidos.
Quando chegamos em casa, joguei minha mochila em qualquer lugar e me sentei no sofá.
— Eu estou muito decepcionado com você, Gwendolyn! — ele veio até mim.
— Em qual parte? A surra ou eles quererem tirar a nossa casa desse maldito terreno e eu não posso fazer nada? — olho ele. — Ela conseguiu o que queria desde o início!
— Olha como está se comportando, Gwendolyn! Você é uma dama, UMA DAMA! — berrou. — Damas não lutam em ringues e nem arrumam brigas em corredores! Qual é a porra do seu problema? Eu aceitei numa boa a gravidez e você vem e faz uma coisa dessa? Eu simplesmente não aguento mais ter reclamações suas! Continue desse jeito e você vai acabar indo para Nova Orleans bem rápido!
— Faça isso! — olho ele com os olhos marejados. — É bom que eu fico bem longe de você!
— Como é?
— Foi isso mesmo que você... — sinto as contrações mais uma vez. Coloco a mão sobre a barriga e gemo de dor.
— Gwen. — meu correu até mim e se abaixou.
— É apenas um alarme falso! — tento controlar a respiração mas começa a doer mais uma vez.
— Precisamos ir para a hospital. — meu pai tentou me colocar em pé mas eu protestei.
— Não, é um alarme faaalso. — mais uma vez. Grito de dor.. — Me leva para o hospital, pega a bolsa da bebê e uma camiseta para mim!
Ele subiu correndo para o meu quarto. Não demorou muito e ele voltou, troquei a camiseta enquanto meu pai foi pegar água na geladeira. Saímos de casa e as contrações continuavam a cada dez minutos. Chegamos no hospital e fomos atendidos rapidamente, fui para a sala de parto.
— Chama o Cameron! — peço.
— O quê? — meu pai ergueu uma sobrancelha.
— Chama o Cameron! — foram as minhas últimas palavras, até entrar em uma sala enorme com a roupa do hospital.
Cameron Dallas.
Chego no endereço do hospital que o senhor Martinez mandou no meu celular — o que me surpreende mesmo é ele ter o meu número!! — e quando me aproximo da recepção, eu o vejo com uma feição emocionada.
— O que houve? — pergunto enquanto me aproximo. — Cadê a Gwen?
— Está na sala de parto e pediu para eu chamar você. Não entendi bem o porquê e... — ele parou de falar e me olhou. — Você é o pai?
— Surpresa. — dou um sorriso de nervoso.
— Vou te matar.
— Aqui?
— É mais o perto do necrotério que você vai chegar em poucos minutos!
— Escuta senhor Martinez, eu preciso muito entrar lá com a Gwen nesse momento. É o meu filho nascendo, o senhor entende né? — suspiro. — Foi pai duas vezes. Agora é a minha vez... um pouco cedo demais, só que a minha vez.
— Vá garoto, antes que eu mude de ideia.
Corro para a sala de parto. Encontro os médicos e digo que preciso ver o meu filho nascendo, mas eles não queriam deixar eu entrar só pelo fato de eu ser de menor. Senhor Martinez veio, conversou com eles rapidamente e logo me deram luvas, touca, proteção para o rosto e roupa de hospital. Assim que entrei na sala de parto, vi a Gwen deitada quase desmaiando por causa da dor que estava sentindo. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu me aproximei dela. Segurei sua mão e ela se assustou, mas depois sorriu fraco ao ver que era eu.
— Você veio... — disse ela em um tom baixo.
— Não perderia o nascimento do nosso filho. — respondo, enquanto faço um carinho na cabeça dela com a outra mão.
E sentado ao lado dela e segurando sua mão pequena, acompanhei todo o procedimento do parto. Gwen apertava bem forte todas as vezes que as contrações vinham cada vez mais intensas. Ela chorava, gritava e se esforçava para a bebê sair de sua barriga o mais rápido para podermos vê-la de uma vez. Nem acredito que vou ter um filha. As lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto descontroladas e quando ouvi o choro dela, desabei totalmente.
— É uma menina, mamãe. Você foi um grande guerreira! — A moça que fez o parto tirou o umbilical e olhou para a Gwen.
Minha filha nasceu!
— Você quer vê-la antes de ir para o berçário?
Gwen confirmou com a cabeça enquanto chorava junto comigo. A parteira trouxe ela enrolada em um pano azul e a colocou entre mim e a Gwen.
— Bem-vinda ao mundo, minha linda. — Gwen acariciou o rosto dela com o indicador, enquanto sorria.
— Minha filha... — sorrio por baixo da máscara. — Nem consigo acreditar!
No berçário.
O senhor Martinez veio até mim, enquanto eu observava minha filha sendo cuidada pelas enfermeiras. Não consegui controlar o sorriso bobo nos lábios e a emoção, minha filha é tão linda... tem alguns traços da mãe e alguns meus. Mesmo assim, continua sendo emocionante quando eu a vejo!
— Como se chama? — perguntou o senhor Martinez, enquanto colocava a mão em meu ombro.
— Rosie. — respondo olhando ele sorrindo.
Ele fez uma cara de surpresa, mas sorriu. Suas lágrimas começaram a escorrer, não me contive e o abracei. O mesmo retribuiu enquanto soluçava em meu ombro. Tudo bem, sem machismo... homem também chora!
— Rosie era o nome da mãe dela. — ele sorriu depois de se acalmar. — Ela morreu por causa de uma doença no estômago, Kathe era muito nova e eu tive que me virar para cuidar das duas. Foi muito difícil e agora, umas das minhas filhas é mãe...
— Senhor Martinez, eu sei que eu fiz merda com a Gwen. — olho ele. — A humilhei na frente de todo mundo e estraguei com a sua vida... mas eu a amo muito! Ela é uma garota incrível e jamais vou me perdoar pelo que eu fiz com ela.
Ele me olhou por uns instantes e suspirou. Pousou a mão em meu ombro e ficamos observando minha filha com as roupinhas que recebeu no chá de bebê dormindo no berço com uma fitinha no pulso direito escrito "Rosie".
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