História A Melhor Mentira - Cameron Dallas - One Hundred and Three

Os dias se passaram e meu pai continuava estranho comigo. Não sei se me importo com isso ou se sinto falta. Aurora só falava com o meu pai na porta e quando me via sentada no sofá como guarda, ela ficava vermelha de tanto ódio. Finalmente deixei alguém me odiando de novo! Voltei a treinar no ginásio do senhor Gordon com a minha equipe, Lauren está melhorando nos golpes com a ajuda de Hailee e eu estou ajudando o Shawn. Passamos a maior parte rindo deles do que fazendo movimentos com os braços e pernas. Quando faltava dez dias para o exame final para aqueles que tem problemas com faltas e notas, Shawn me proibiu de entrar no ginásio e treinar. LITERALMENTE! Ele colocou um sensor de anti-roubo na entrada e toda vez que eu tentava entrar, aquele barulho chato partia meu cérebro em dois! Apesar de eu estar com muita raiva dele por isso, passamos a maior parte do tempo na minha casa estudando todas as matérias e assuntos importantes que vimos durante o ano todo. E sabe o que ele fazia quando eu não ficava focada na lição? Isso mesmo, ele trazia o barulho insuportável do anti-roubo dentro da minha casa!

No dia do exame, minha tropa toda fez questão de nos acompanhar até o colégio. Por incrível que pareça, estava lotado! Passei a maior parte do tempo abraçada com o Cameron imaginando o pior, faz parte de quem tem uma personalidade forte com o pessimismo de recheio. Shawn e as garotas tentaram nos fazer rir, mas eu estava nervosa demais. Nate trouxe suco de maracujá para mim da cantina, dividi um pouco com o Cameron e o resto eu virei de uma vez.

— Atenção todos! — disse meu pai, fazendo com que a multidão ficasse quieta. — Vocês irão fazer uma prova muito importante agora, terão doze horas para fazer então fiquem despreocupados com o tempo. Todos ficaram na mesma sala, a maior de todas na verdade e será como na faculdade. O espaço é pequeno, mas eu quero que olhem apenas para a sua prova! Eu estarei as doze horas nesta sala monitorando o movimento: se olhar para trás é zero, se conversar é zero, se olhar para o lado é zero! Se concentrem apenas na sua prova! Os nomes de vocês estarão em cima da mesa na ordem do alfabeto. Eu darei as instruções lá dentro. Boa sorte à todos e boa prova! — ele abriu a porta da sala e a multidão começou a entrar.

— Bom, parece que é agora. — Cameron suspirou.

Me afasto dele e passo as mãos no rosto.

— G, vai ficar tudo bem. — Shawn veio até mim. — Nós estaremos aqui para quando vocês saírem, lembre do que estudamos na sua casa!

— Não sei se consigo Shawnie. — olho ele. — Não foi nada disso que planejamos há três anos atrás!

— Não pense no que dissemos antes, pense na sua prova agora e se concentre! — ele me abraçou fortemente.

Abracei as meninas e o Nate, segurei a mão do Cameron e entramos na sala recebendo energias positivas dos meus amigos. Quando entramos na sala, tinha uma pilha de papéis em cima da mesa do professor e os nossos nomes estavam separados na cadeira. Cameron sentaria na frente e eu no meio, obrigada mesmo mundo cruel! Ele deu um beijo na minha testa e nos separamos. Tinha uma fileira bem grande de mesas ainda não preenchidas e ao lado da minha estava a mesa com o nome da Taylor. Parece que ela vai perder um dia de prova! Me sento e suspiro. Depois que todos se acomodaram nas mesas, meu pai entrou na sala e fechou a porta. Colocou as mãos no bolso da calça social e olhou para todos nós.

— Vou abrir o jogo com vocês de uma vez por todas. Aqui tem duzentos e cinquenta e oito alunos que ficariam retidos no terceiro ano do ensino médio. Bem grande essa quantidade de alunos para o nosso colégio! Alguns foram por faltas e outros foram por notas, tem alguns rostos aqui que não saíram da minha sala esse ano. — ele deu uma risada e a metade foi no embalo. — Bom, essa aqui é a prova de vocês! — pegou um monte de papel e mostrou para nós. — Não se assustem, isso aqui é a prova de vocês mesmo. Parece um livro, mas foi o mais próximo que conseguimos para vocês. Tem cem perguntas com alternativas e sim, todos vão receber uma. Como eu disse, serão doze horas para responder as perguntas. Pedi para os professores pegarem pesado pois vocês precisam de desafios, atravessar os obstáculos da vida e crescerem como pessoa. Todos aqui são quase adultos e eu vou dar a oportunidade de decidirem. Vou propor duas coisas: a primeira é tentar fazer a prova com responsabilidade e muita atenção, e a segunda é se você achar que não consegue fazer a prova e que não está na média da sua capacidade, a porta estará aberta para que vocês possam sair daqui sem fazer o exame. A média de acertos que vocês devem chegar é setenta, abaixo disso estarão reprovados e não participaram da cerimônia de formatura!

Cameron olho para trás e eu suspirei passando as mãos nos braços.

— Tem mais uma coisa. — meu pai suspirou e continuou com o seu discurso. — A cerimônia de formatura será em Janeiro, pois precisaremos de tempo para corrigir as provas e jogar no sistema. Desculpem, mas eles querem foder com vocês e nós de Los Angeles High School não vamos deixar! Vocês alunos precisam de desafios e eu acredito em todos vocês. Nós ensinamos aqui dentro para que vocês consigam sobreviver lá fora! Nada é como nos contos de fadas, a vida de vocês começa de verdade quando você passa por aquela porta com o seu diploma. Vocês conseguem! Bom, não vou falar mais porque vocês ainda precisam fazer a prova mas... — ele caminhou até a porta e abriu-a. — Não vou obrigá-los à fazer uma prova. Estão livres para decidir, mas quero que saibam que oportunidade não faltou nessa sala! — ele pegou as provas e começou a entregar.

É decepcionante saber que a metade da sala estava saindo. Eles estão com medo de uma prova e tem o mesmo medo que eu... o medo de fracassar! Meu pai me entregou a prova e suspirou, pego minha caneta e começo a colocar o que pede no gabarito e na prova.

— Desculpe, eu estou atrasada?

Levanto meu olhar e vejo a Taylor Morgan ofegante na porta, pra variar, em cima do salto alto.

— Não, entre senhorita Morgan. — respondeu meu pai e entregou a prova à ela.

Taylor se acomodou ao meu lado e bebeu um pouco de água. Fez um movimento com os indicadores para nós conversarmos depois e eu concordei. Meu pai disse mais algumas coisas e começamos a fazer a prova. Três horas depois, eu já estava na questão trinta e na parte de geografia. Eu já tinha concluído a parte de história com aqueles textos gigantes e a parte de química fazendo aquelas contas loucas. Em geografia tinha mais textos e vários mapas! Eu estava mais nervosa que o normal, não estava mais conseguindo me concentrar e o desespero dentro de mim era gigantesco! Respiro fundo várias vezes e tento ficar focada mais uma vez. Quatro horas depois, eu cheguei na parte de inglês questão cinquenta. Tinha mais textos enormes e alternativas maiores ainda! Eu não lembro de ter estudado esse assunto com o Shawn na minha casa, o que eu faço? Meus olhos começaram a marejar de tanto nervosismo que eu estava sentindo. Minha vida depende disso! Falta apenas cinco horas e mais cinquenta questões para acabar o tempo da prova e agora só tinha umas dez pessoas na sala. Três horas depois, eu cheguei na parte de matemática e meu pai disse que não poderia usar calculadora. Ele desconhece a palavra "limites"! Ainda faltava trinta questões e o gabarito! Levanto minha cabeça e vejo que o Cameron já havia terminado de fazer a prova. Eu estou enrolando? Não acredito nisso! Me apresso para fazer logo as contas, mas eu estava tremendo muito.

— Faltam duas horas, pessoal. — disse meu pai.

Passo quase uma hora na mesma questão tentando fazer uma equação filha da puta que o resultado é totalmente diferente das alternativas. Eu estou quase jogando essa prova para cima e saindo da sala gritando até perder a voz!

— Falta uma hora, pessoal! — meu pai já tinha tirado o blazer e a gravata.

Corro para o gabarito e começo a anotar as questões que eu acho que estão certas. Meu coração acelera quando vejo que ainda faltam TRINTA questões. CACETE, PORRA! Volto para a prova e tento resolver as contas de matemática. Resumindo, era a caneta na prova e no gabarito! As lágrimas ameaçaram em cair quando meu pai disse:

— Tempo esgotado, pessoal. Coloquem nome no gabarito e na prova e me entreguem!

— Não, eu ainda não terminei. — olho ele.

— Desculpe Gwen, eu preciso ser justo com todos!

— Mas pai...

— Gwen, se eu deixar você terminar a prova agora não vai ser justo para aqueles que também não terminaram! Preciso ser justo e se você fez com responsabilidade, as questões que faltaram não farão diferença!

Aceito para mim mesma que eu fiz de qualquer jeito e que fiquei enrolando por doze horas. Levanto da minha cadeira e entrego minha prova, quando saí da sala Shawn e as garotas estavam sentados no chão quase dormindo. Me aproximo deles e desabo no choro, despertando cada um.

— G. — Shawn levantou e me abraçou. — O que aconteceu?

— Faltava vinte e cinco questões, Shawnie. Eu não consegui fazer vinte e cinco questões! — começo a soluçar.

— Está tudo bem, G. — acariciou minhas costas.

— Cadê o Cameron?

— Ele ficou aqui com a gente até as seis e meia depois precisou ir, a mãe dele está com problemas em casa e o Nate foi embora quase agora. — respondeu Lauren, me abraçando. — Vai ficar tudo bem, eu vou orar por você amiga!

Saímos do colégio quase sete e meia da noite. Eu estava sem clima para ficar com os meus amigos, então resolvi ir para casa. Fui recebida pela minha irmã segurando um cartaz dizendo: "parabéns Gwen!". Dou uma risada pelas carinhas que ela fez em volta da cartolina e abraço-a. Vou para o meu quarto, dou um banho na Rosie e observo os desenhos que eu já tinha feito nas paredes. Ouço algumas batidas na porta e depois minha irmã entrou, ela se sentou ao meu lado na cama e ficou olhando para os desenhos comigo.

— Já sabe sobre o amigo secreto da semana que vem? — perguntou ela.

— Sim. — suspiro.

— Você estava fazendo a prova, então eu tirei dois papéis para você escolher um deles.

— E quem está nos papéis?

— Não importa mais, os dois é ruim.

— Não me diga que um deles é a Aurora. — faço uma careta.

— Tá bom, eu não digo.

— Certo. — olho ela. — Vou escolher um dos dois!

Ela abriu a mão e tinha os papéis dobrados. Independente de qual eu escolher, o presente será o mesmo! Pego um e abro: Harry Andrews. Quem é ele?

— Quem é Harry Andrews? — franzo as sobrancelhas.

— Filho da Aurora.

Agora sim o meu presente fará mais sentido!

— E você ficou com qual? — olho ela.

— Peter Andrews. — ela fez uma careta. — Odeio ele desde quando viemos morar aqui!

— Fomos premiadas com os filhotes da cobra, já sabe o que vai dar a ele?

— Uma camiseta escrito: "eu sou cuzão" e você?

Dou uma risada e a repreendo pelo palavrão, mas dane-se isso pode acabar sendo engraçado quando o papai fizer uma cara séria. Acho que já sei o que posso dar ao Harry Andrews!

— Bom, preciso de um dia para conseguir um balde e um machado.

— O quê?! — ela arregalou os olhos e gargalhou.

— Acredite em mim, vai ser mais engraçado quando chegar a minha vez no amigo secreto. — gargalho. — Bom, acho que já está na hora de você ir dormir! Já jantou? Tomou banho?

— Sim.

— Ótimo, já estou indo lá colocar você na cama. — levanto e vou até o berço da Rosie.

— G, por que decidiu fazer esses desenhos na parede? Achei que você ia fazer uma rosa bem grande!

Balanço um pouco o berço e olho a minha irmã. Ela levantou da cama e se aproximou da parede para olhar mais de perto o que eu havia desenhado com aqueles lápis de construção bem grossos. A partir de amanhã eu começarei a usar as tintas e o berço da Rosie ficará no quarto dela junto com algumas coisas minhas. Essa semana eu desmontei o guarda roupa com a ajuda dos meus garotos e mais algumas coisas do meu quarto. Praticamente está todo vazio, só está o berço da Rosie e a minha cama. O resto das coisas estão espalhadas pelo corredor.

— Eu fiz isso também, está perto da janela. — respondo.

— Eu estou muito ansiosa para ver como vai ficar depois que estiver tudo pronto!

— Não vou mentir, eu também estou. — sorrio.

Ela deu mais uma olhada no quarto e saiu. Os desenhos são o resumo do que eu passei esse ano e das pessoas que eu conheci, das aventuras dentro e fora dos ringues. O desenho começa na porta e vai formando um tipo de história nas quatro paredes e termina onde começou, na porta como se eu quisesse dizer que a continuação da minha vida é depois que atravessar a porta.