Minhas mãos estavam trêmulas demais, minha visão escureceu de um jeito que eu nem sabia o que estava fazendo, até sentir fios de cabelo enroscando nos meus dedos. Jogo Chloe por cima do sofá e monto em cima da mesma quando chega no chão. Tudo que eu sinto na mão, eu começo a puxar sem dó e nem piedade! Os gritos dela são músicas para os meus ouvidos. O joelho dela acertava as minhas costas, mas eu não me importava com a dor. Nada se compara com o que eu estou sentindo agora dentro de mim! Meus braços ardiam por causa de suas unhas exageradamente grande me arranhando. As lágrimas quentes escorriam em meu rosto e os soluços ficavam cada vez mais altos.
— NÃO BATE NELA! — os braços de Cameron envolveram a minha cintura e me ergueu no ar para que eu pudesse sair de cima dela, me afastou daquela desgraça e me colocou no chão.
— COMO VOCÊ PÔDE FAZER ISSO COMIGO, CAMERON? — berro na cara dele. — VOCÊ ERA TUDO PRA MIM!
— Me escuta, por favor. — segurou os meus pulsos, me impedindo de acertá-lo. — Ela veio aqui do nada, tirou as roupas e quando eu ia dizer para ela ir embora, ela me agarrou e você apareceu!
— E quando você ia mandar ela ir embora? Depois do orgasmo? — dou uma risada sarcástica que pareceu mais uma risada de psicopata.
— Ele é ma-ra-vi-lho-so em quatro paredes, achei que eram apenas boatos! — Chloe se apoiou no sofá toda descabelada e sorriu para mim. — Como é mesma aquela coisa de casamento? Ah, sim. Acabou de ser uma bela despedida de solteiro e olha que vai ter mais durante o seu casamento!
Olho para o Cameron e ele apenas abriu a boca mas não disse nada.
— Não vai nem desmentir ela?
Por favor, diga alguma coisa Cameron...
— Gwen... — soltou meus pulsos e levou suas mãos para o meu rosto.
— Garota, acorda! Cameron nunca foi digno de amar ninguém. Não vai ser uma loira lutadora de boxe ou uma filha que vai fazer ele mudar de ideia! — disse Chloe.
Olho ele mais uma vez e não vejo uma explicação ou nem inventando alguma coisa para se livrar dessa situação. Balanço a cabeça e tiro a aliança de noivado que ele me deu, coloco na estante e me aproximo daquela filha da puta.
— Se você cruzar o meu caminho a partir de agora, eu vou matar você! — encaro ela. — Não duvide da minha capacidade porque eu já apontei uma arma na cabeça do Samuel Wilkinson e já atirei bem próximo da cabeça dele! — pego minha bolsa que estava no chão e saio dali sem olhar para trás.
Pego o meu celular e começo a mandar mensagem para a pessoa que me acolheria até no meu pior momento independente de tudo.
Gwen: Preciso de você, agora!
Nate: Onde está? Estou indo te encontrar.
Gwen: Você ainda mora no mesmo lugar?
Nate: Sim...
Gwen: Chego aí em trinta minutos!
Guardo o meu celular e entro no ônibus. Vinte minutos depois, desço quase no último ponto da noite e passo no mercadinho perto da casa do Nate. Compro um potão de sorvete e sigo para o meu destino, sentindo todas as minhas emoções me invadirem de um jeito que só o sorvete pode me ajudar. Ou não, praticamente vi a pessoa que eu amo me trair bem na minha frente e ele nem tentou se defender como sempre fez! Respiro fundo e bato na porta da casa do Nate, não demorou muito e o mesmo abriu a porta. Ele me olhou por alguns instantes e disse:
— Confesso que estou surpresa com você aqui na minha porta depois de vários anos...
— Lembra? Sorvete eram os nossos lances. — levanto o pote.
— Gwen...
Olho ele e desabo no choro mais uma vez. Sinto os braços de Nate me envolvendo em um abraço apertado enquanto as lágrimas escorriam descontroladas, encharcando sua camiseta.
— Tudo bem, vai ficar tudo bem! — fez um carinho nas minhas costas.
Eu não conseguia dizer nada, minhas palavras se foram e meus pensamentos estão tão confusos, tristes e sei lá mais o que. Ele deu espaço para que eu entrasse na casa dele e assim fiz, estava tudo diferente. Os móveis, papéis de parede, decoração e nem fede a maconha. Tudo mudou, não sei se isso é uma coisa boa ou se é assustador!
— O que aconteceu? — perguntou ele, enquanto me dava uma tigela pequena com sorvete. — Você está horrível!
Eu estava sentada no mini sofá que ainda era o mesmo. Tantas histórias, tantas aventuras aqui...
— A Chloe estava nua no apartamento do Cameron e estava em cima dele, daí eu apareci e arranquei os apliques do cabelo dela!
— Que filho da puta! — Nate franziu as sobrancelhas.
— Tem uma coisa que ela disse que eu estou refletindo até agora. — olho ele. — Cameron nunca foi digno de amar ninguém e sempre que teve a oportunidade, fazia algo ruim comigo. Eu achava que dessa vez... — faço uma pausa e as lágrimas começam a escorrer. — Ele nem quis se defender e nem nada!
— Garotos fazem isso, Gwen. — ele se sentou ao meu lado. — E o Cameron é tão criança ainda que eu achei mesmo que ele poderia mudar desde o dia do baile de formatura, porra vocês também tem uma filha juntos! Se você quiser, eu vou no apartamento dele agora e arranco todos os dentes que ele... — interrompo ele.
— Não Nate, deixa como está. — dou uma risada fraca.
— Loirinha, sei que é difícil ver algo tão horrível acontecendo bem na sua frente. Eu já passei por isso também, várias vezes! A melhor coisa que você tem que fazer é seguir em frente, você se magoou demais por causa dele e já está na hora de acabar por aqui.
— Nem consigo acreditar que tenho uma filha com ele.
— Não acredito que você é mãe aos dezoito anos, tem mais alguma coisa que eu ainda não saiba?
— Tipo? — olho ele com a sobrancelha erguida.
— Matou alguém?
— Apontei uma arma na cabeça do Samuel, acho que isso já foi um grande progresso!
Ele sorriu e mostrou suas covinhas lindas, não consegui evitar e sorri também. Coloco minha tigela de sorvete na mesinha de centro e olho ele. Por que eu estou olhando para a boca dele? Parece tão apetitosa, tão macia desse ângulo, já estou sentindo o gosto dela em meus lábios. Com um impulso do meu corpo e meu psicológico abalado por causa da traição, me aproximei do Nate e o beijei intensamente. Ele colocou as mãos na minha cintura antes que eu pudesse subir em cima dele e aprofundar o beijo.
— Opa, lutadora. Vamos com calma, né? Não é porque alguém te magoou profundamente que você tem que fazer o mesmo! E eu tenho namorada...
E agora eu me sinto uma idiota! Porra...
— Nate, eu... sinto muito! Eu não... eu só... caralho! — coloco as mãos no rosto.
Não acredito que beijei meu ex que atualmente é o namorado da minha melhor amiga! O que eu tenho na cabeça?
— Vamos dizer à Lauren? — tiro as mãos do rosto.
— Acho que você já tem problemas demais! — ele levantou do sofá e me olhou. — Se fosse outro cara ou o Nate de antes, jamais teria te respeitado!
Ele está certo!
— Acho melhor eu ir. — pego minha bolsa e caminho até a porta, coloco a maçaneta na porta e olho ele. — Poderia me dar o pote de sorvete? Eu vou precisar dele mais do que você!
— Claro, eu pego para você!
Minutos depois, eu já estava na rua de casa devorando aquele pote de sorvete e escutando I'm Not The Only One do Sam Smith nos fone de ouvido. Quando chegou no refrão da música em que ele diz: "mas quando você me chama de amor, eu sei que não sou o único" foi o momento em que eu vi o Cameron com o rosto inchado sentado no pequeno degrau da minha casa. Quando ele me viu, levantou e veio na minha direção desesperado. Tirei um fone da orelha e encarei ele:
— O que faz aqui? Já não bastou o showzinho que a Chloe deu no seu apartamento e agora você está aqui. Que caralho!
— Me deixa explicar o que aconteceu, por favor.
— E por que você não me explicou na frente dela? Tem medo de quê? Olha, na boa. Eu cansei das suas desculpas que são sempre as mesmas, sem contar que você estava defendendo ela e estava pouco se fodendo para mim que era a sua noiva! Eu achei que agora seria diferente...
— Gwen.
— Sai daqui, por favor! — passo por ela.
"You've made me realize my deepest fear
By lying and tearing us up"
(Você despertou o meu medo mais profundo, mentindo e nos destruindo)
— Lembra do baile de fantasia do colégio?
Paro de andar e me viro para olha-lo com as sobrancelhas franzidas, ele continuou:
— Chloe e eu estávamos ficando enquanto você estava com o Sammy. — fez uma cara de nojo. — Antes de chegarmos ao colégio e você pegar a minha moto, nós ficamos e... ela está grávida!
O pote de sorvete cai das minhas mãos e o meu fone foi junto. Coloco a mão no rosto e começo a chorar mais uma vez. FILHO DA PUTA!
— Ela disse que está com mais ou menos três meses de gestação.
Essa é a pior coisa que eu poderia ouvir em um momento como este! Agora tudo faz sentido. Ela me provocou no baile de formatura e no apartamento dele, a filha da puta sabia do que poderia ter acontecido se eu tivesse batido mais e ele me segurou. Ele quer ter um filho com ela? Minha mente está tão confusa que eu não sei nem o que pensar...
— O quê? — foram as únicas palavras que eu consegui dizer.
— Querida, isso foi antes. Eu não fiquei com ela depois que te pedi em casamento! Eu quero ter uma vida com você e não com ela, por favor, acredite em mim.
Fico calada. Ele se aproximou de mim e eu dava passos para trás até minhas costas tocarem a parede.
— Você não acredita em mim, né? — parou na minha.
— Ela está grávida?
— Foi o que ela disse. Não coloco muita fé porque eu tenho a total certeza de que eu usei camisinha naquela noite!
— Me poupe dos detalhes!
Ele me olhou nos olhos por alguns instantes e se afastou de mim. Minhas lágrimas estavam secas à esse ponto, sofri no pote de sorvete e agora eu me sinto vitoriosa por esse progresso.
— A gente não transou agora, Gwen. No entanto, quando você chegou eu estava com roupas e só ela estava nua. A probabilidade de ter acontecido algo entre a gente no exato momento em que você apareceu é zero! — disse ele.
— Por que só agora você está se justificando? Eu queria uma resposta sua lá no seu apartamento, na frente dela! — cruzo os braços. — Agora não muda nada, a gente não está mais noivo!
— Gwen, me escuta. Ela quer me sabotar, quer destruir o nosso casamento!
— "Nosso" casamento acabou! ‐ me aproximo dele. — Pode ir embora da minha porta, não quero mais você aqui!
— Gwen...
— Vai embora, Cameron!
E as lágrimas estão vindo de novo!
— Gwen, eu só...
— Hey. — disse meu pai, enxugo as lágrimas e me abaixo para pegar o fone. — Perdi alguma coisa?
Era só o que faltava....
— Não pai, Cameron já estava de saída. — olho para o pote de sorvete no chão e desisto de tentar salvar alguma coisa ali.
— Boa noite, senhor Martinez. Nos vemos na colação de grau semana que vem!
Levanto a cabeça e por um segundo, fiquei feliz por ele ter passado no exame do colégio. Ele deu um beijo na cabeça da Rosie e saiu sem nem olhar para trás. Um lado meu gostaria que ele olhasse para trás, que olhasse para mim. Mas não aconteceu e o arrependimento cresce dentro de mim.
— Aconteceu alguma coisa entre vocês? — perguntou meu pai.
— O quê? Claro que não. — minto.
— E esse clima tenso?
— A gente estava discutindo sobre irmos combinando ou não na colação de grau. — minto outra vez.
E como meu pai é homem, com certeza não notou a mentira e a tristeza na minha voz!
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