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História A Ordem Paranormal - O Culto da Besta (Interativa) - 9.2 Laços de Amizade. - História escrita por Hipstodd - Spirit Fanfics e Histórias
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História A Ordem Paranormal - O Culto da Besta (Interativa) - 9.2 Laços de Amizade.


Escrita por: Hipstodd

Notas do Autor


Alo, bem vindos a mais um capitulo da nossa historia.
Gostaria de me desculpar pelo atraso. Esta semana foi complicada e estive ocupado com coisas da vida.
Esse capitulo está saindo bem mais tarde do que deveria.
Espero que gostem do que irão ler.
A resposta para o Puzzle está aqui.
Sem mais delongas, boa leitura.

Capítulo 51 - 9.2 Laços de Amizade.


“Paulo está demorando…” Alisson disse observando o caminho feito pelo amigo e colega de equipe. Não fazia mais do que dois minutos que o rapaz havia os deixado, mas a permanência deles no campo inimigo não deixava o agente desligar seu instinto protetor.. “..Kassandra?”.

 

Ele voltou-se para a amiga que observava o ocultista à sua frente com um olhar mortal. Alisson a acompanhou. Já havia visto ela observar as pessoas com aqueles olhos julgadores. Nem mesmo o mentor havia escapado dos brilhos analíticos de uma Kassandra furiosa. Ela voltou sua atenção para o amigo após um tempo.

 

“...Desculpa. Eu estava pensando…” Ela disse, quase sussurrando. “...O ocultista de merda, alí. Ele sabe a resposta”.

 

Alisson, mesmo quando era surpreendido, raramente deixava transparecer. Ele sabia controlar bem suas emoções. Estava fazendo aquilo novamente.

 

“Como chegou a essa conclusão?”.

 

“Pela maneira que ele reagiu às tentativas do Sal. Ele estava se divertindo às custas do nosso erro muito antes de colocarmos a teoria à prova. De alguma forma, ele sabe a resposta. Sabe o horário a ser colocado no portão”.

 

Alisson encarou o ocultista. Após o incidente de minutos atrás, ele voltará a ser sombrio e silencioso. Permanecia encarando o céu imerso naquela escuridão não-natural e eterna. Seu olho esquerdo estava manchado pelo golpe de Kassandra. Ele lembrou-se do momento em que tinha em mãos seu rifle apontado para aquele rosto que olhava constantemente para cima.

 

“Se ele tivesse tentando qualquer movimento… Eu teria o fuzilado…” Ele virou-se para Kassandra. “Mas acredito que você tenha feito ele entender o recado…”.

 

Kassandra tremeu. A temperatura em Caim Lake caia a passos largos e geadas junto com o vento a envolviam.

 

“Ele teve sorte do Theo não ter escutado o que ele disse. Ele teria o atacado mais rápido do que eu. E se o velhote tivesse escutado… Ah, por mil infernos. É muito frio, aqui…”.

 

Alisson riu por debaixo da máscara.

 

“Não tenho do que me queixar… Odeio calor...” Ele fez referência. Kassandra o encarou com um olhar de deboche. Ela voltou a ficar séria.

 

“O que você ia me falar?”.

 

“Ah sim. Paulo está demorando muito na…”.

 

E Blake, com a mão direita, sacou sua pistola silenciada surgindo ao alcance da vista dos dois. Kassandra e Criatura levantaram-se em resposta.

 

“Qual o problema, Blake?”. Kassandra perguntou, e por um breve momento, esqueceu as faixas que envolviam a boca do colega de equipe. Salazar também estava de pé, com os olhos focados no amigo.  Alysson por sua vez, permanecia sentado. Um olhar nem um pouco convidativo. 

 

Blake encarou os aliados com o indicador erguido. Ele girou o pulso indicando que Kassandra entendeu rapidamente. Algo estava os cercando. Ophélia fez seu farfalhar e alçou voo. Em terra, sua dona sacou o Chokuto em e virou-se na direção do ocultista.

 

“Ei!” Ela disse. Ele não se moveu. “Vai até lá e abra o portão. AGORA”.

 

Alysson lançou a ela um olhar mortal. Os últimos minutos estavam frescos em sua mente e carne. Ele sorriu e levantou o polegar. Ainda com o punho direito levantado, ele inclinou o polegar para o lado e ergueu o dedo do meio com uma expressão desafiadora.

 

“Soca o portão até que ele abra, princesa…” Ele disse sorrindo.

 

Kassandra estava prestes a dar um novo passo em direção a aquele maldito, quando Criatura tomou a frente. Ele caminhava na direção de Sal, que tinha sua pistola colt em punho. O pequeno rapaz viu o dono da máscara passar por ele.

 

“Vigie a retaguarda. Eu tomo a frente”. O combatente parou a poucos passos a frente do novato da equipe. Uma verdadeira parede, diante da mata. A M16 em seus braços. Ele olhava ao redor, concentrado, procurando por sinais. Estava preocupado com Paulo, mas aquilo teria que esperar.

 

“Criatura!” Kassandra o chamou. Ela não foi para frente. Permaneceu próxima do portão. Não daria as costas para o ocultista para dar-lhe a ele a chance de um ataque traiçoeiro. Criatura virou-se na direção do chamado e pode observar Blake fazendo alguns gestos para Sal. O rapaz observava atentamente. Kassandra também acompanhou o diálogo sem palavras à sua frente. A comunicação não era exatamente libras, mas poderia ser confundida.

 

“São vários... Parecem que são… Oito…” Sal disse. Sua expressão se tornou completamente desesperada. “Droga, cadê o Paulo?”.

 

“Foco, Salazar!” Ela disse com rispidez. Blake deu alguns passos ficando à frente de Salazar. Kassandra observou Blake. Ele conseguiu escutar a movimentação inimiga antes dela, novamente encarou o ocultista que agora, olhava na direção de Alisson criatura com curiosidade.

 

“Fiquem onde estão, invasores…” Uma voz finalmente ecoou por entre as árvores. Rodopiava ao redor de suas cabeças como se estivessem fundidas ao vento daquela terra.

 

Kassandra, Blake, Alisson e Sal também podiam escutar o som daqueles que pertenciam a aquela maldita terra. O mesmo vento trazia consigo a sensação de passos que caminhavam na direção do grupo em ritmos variados. Criatura e Kassandra sabiam o que era. Era como estar cercado por uma alcatéia.

 

Alisson permanecia olhando para frente. Foi quando eles surgiram por entre as árvores como sombras criadas da imaginação. Vestiam preto e se camuflavam na penumbra da noite sem fim. Ele sorriu.

 

“Acha que não consigo ver vocês? Eu não tenho medo do escuro”. Criatura disse, acionando a visão noturna de sua máscara. Imperceptível pelo lado de fora, porém absurdamente competente. Desenvolvido pelo time de pesquisa da Ordo Realitas.

Ele ouviu alguns risos. As vozes falavam ao mesmo tempo e evidenciavam sua sede de ação.

 

“O invasor acha que consegue ver na noite sem fim…” Uma das vozes soou por entre as árvores.

 

“Ele acha mesmo que pode contra nós?”.

 

“Ele ofende a tarefa do nosso senhor de pintar os céus com as cores da caçada, agindo dessa maneira…” A outra disse.

 

Kassandra perceberá com o canto dos olhos que uma das frases ali chamou a atenção do Ocultista. Ele lançou um olhar raivoso para o céu. Ela voltou seu foco para frente.

 

“Onde está a Tummen e o outro?”. Uma voz soou.

 

“...O outro?” Alisson Criatura os respondeu. Ele pode ver melhor um deles se aproximando. Ainda havia mais alguns escondidos em meio às árvores. O som da aproximação enganava. Eram vários de fato, mas a distância real deles para os agentes era incerta.

 

“Tummen está demorando demais para lidar com um único invasor…”. Uma das vozes disse.

 

Sal encarou Kassandra. Ela não parecia inabalável, mesmo com as afirmações daqueles em meio às árvores. Permanecia em silêncio, com o Chokuto em punho.

 

“Ei, invasor… Não ouviu o que dissemos? Um de vocês acaba de ser pego por uma escudeira”.

 

“Escudeira…” Kassandra refletiu. Guardou aquela informação para si.

 

“Mas porque é que vocês se preocupam tanto com um mero invasor?” Criatura disse. “Estão temendo pela colega de vocês?”.

 

“Não nos faça rir, maldito…” Mais um deles saiu de sua formação. Dois.

 

“Então vou refazer a pergunta…” Ele levantou a M16. “Vocês têm valor pela vida de vocês? Caso contrário, continuem avançando em minha  direção”.

 

“Sua direção? Vocês invasores são apenas um incômodo no caminho do nosso capitão Marte, seu miserável”. Um deles vociferou. Da formação, os quatro escudeiros saltaram na direção de Alisson Criatura. Finalmente. Eram todos os escudeiros que estavam ao alcance dele.

 

“Saia do caminho da caçada, seu desgraçado” Eles vociferavam.

 

Sal perceberá Kassandra sorrindo. Ele voltou sua atenção para o colega de equipe e finalmente percebeu algo inédito até ali. Alisson tinha um objeto em mãos. O ocultista o observou atentamente.

 

“Vocês são mal educados. Todos de uma vez?”.

 

Ele sorriu por debaixo da máscara.

 

“Como eu estava pensando. A membrana é fina… Mentor, eu quase me sinto na sua pele...”.

 

A aura do combatente mudou. Alysson o Ocultista o observou atentamente. Era um ritual. Ele sabia reconhecer a distância, Alysson encarou um a um, com um olhar julgador. Parecia que aqueles malditos agentes tinham alguns truques nas mangas. 

 

Os escudeiros saltaram na direção de Alisson Criatura que sorria por debaixo da máscara. Com um rápido movimento, ele colocou o celular de volta no coldre do seu cinto. Ele sabia que não falharia. Como se uma bênção tivesse caído sobre suas balas naquele ataque. Uma benção alto imposta, pelo outro lado que se aliava ao combatente em uma hora, onde o objetivo final era o banho de sangue. Eles sentiriam o rugido da criatura.

 

Uma saraivada de tiros da metralhadora de Criatura ensurdeceu os desavisados como relâmpagos em um céu claro. Quatorze balas. Todas em seus alvos. O som provindo da dor de seus inimigos não gerava no agente o mínimo de piedade.

 

O Ocultista ergueu uma sobrancelha. A resplandecência maligna do ritual do mascarado acabara de derrubar quatro inimigos de uma só vez. Um ritual de conhecimento e energia, capaz de saber se o próximo ataque seria eficaz ou não.

 

Kassandra sorriu. Sal respirou aliviado. Blake permanecia inquieto.

 

“Eu já disse antes…” Alisson disse em alto e bom tom. “Se tiverem amor à vida, é melhor saírem do nosso caminho. Se mesmo assim tentarem, suas vidas correm perigo…”.

 

Sal não conseguiu evitar um sorriso.

 

“Então essa é a força da equipe de reconhecimento…”. Ele disse admirado. Kassandra o observou com o canto do olho. Ela não demonstrou, mas estava orgulhosa.

 

Kassandra, Theo e Alisson chegaram no térreo do suvaco seco juntos por volta das seis da manhã. Estavam de volta em São Paulo a menos de dois dias e foram convocados de manhã cedo pelo mentor. Fazia bastante frio do lado de fora e foram recebidos com um ambiente morno e acolhedor nas primeiras horas da manhã. 

Theo arqueou a sobrancelha ao ver o mentor recostado no balcão dialogando com um outro agente. Kassandra não demorou a reconhecê-lo. A katana nas costas e a máscara não o deixava passar despercebido pela base. Quando eles os notou, o mascarado fez uma rápida reverência e atravessou a geladeira.

 

Eric caminhou na direção deles.

 

“Muito bem, estão com sono?” Ele disse olhando no relógio. Nenhum deles fez o questionamento. “Certo… Hoje será o teste final para vocês, aspirantes de combatentes. Vamos treinar até vocês chegarem ao limite”.

 

“Ah, por favor…” Kassandra cruzou os braços. “Já fizemos mais de seis missões nos últimos meses, velhote. Temos os princípios dos combatentes no DNA. O que vamos fazer? Sair pra caçar criaturas só nós quatro?”.

 

Eric sorriu.

 

“Venham comigo…”. Ele disse, se dirigindo para a saída do bar.

 

Eric os levou até um terreno abandonado nos limites de São Paulo, nos arredores de uma chácara cercada por estradas e morros. Apenas carros passavam por ali, sendo raríssimos os momentos em que pessoas eram vistas atravessando a avenida. Ele estacionou o carro já adentrando a parte de terra e o camuflando entre as árvores. Após isso, tiveram meia hora de caminhada. Os agentes perceberam o mentor carregando uma trouxa de pano. Não fizeram perguntas. 

Quando ele finalmente parou, esperou que os três estivessem em sua frente. Eram quase oito horas da manhã. Ele cruzou os braços.

 

“Certo, não quero ver corpo mole, ouviram? Se quiserem o título de combatente, vão precisar suar. Temos o dia e a noite toda, se for necessário”.

 

“Sim, senhor” Disse Alisson.

 

“Eu estou pronto!” Theo fechou os punhos com um olhar decidido.

 

Kassandra cruzou os braços em desafio e olhou ao redor, como se procura-se o que iriam enfrentar.

 

“O que vamos enfrentar, velhote?”.

 

“Eu”. Eric disse. As reações confusas surgiram no rosto dos pupilos. 

 

“...O que? Senhor Mercer…” Alisson encarou os colegas. Eles pareciam ter sido pegos de surpresa tanto quanto ele “...Está falando serio?”.

 

E Eric abriu a trouxa de pano, revelando uma espada. Ele tirou o casaco e a camisa deixando o peito e as costas completamente amostras. Por fim, colocou a espada em suas costas ainda com a bainha na guarda.

 

“A linha de frente é a primeira a avançar. No momento que vocês tomam a responsabilidade de serem aqueles que atacam, vocês estão lutando pela vida de vocês e dos seus colegas de equipe. Foi como a Kassandra disse. Vocês tem o DNA de um combatente. Eu estarei avaliando tudo que vocês aprenderam até aqui”.

 

“Velhote, quer que lutemos um de cada vez?”.

 

Ele negou com a cabeça.

 

“Quero os três ao mesmo tempo. Dando tudo o que vocês tiverem!”.

 

“Mentor, isso não parece justo…” Alisson disse.

 

E subitamente, Theo sacou a sua katana. Kassandra e Alisson voltaram-se para o amigo que sorria desafiador. Eric assentiu com a cabeça, como se esperasse isso de Theo.

 

“Estou esperando você sacar a sua lâmina, mentor…”. Theo não tirava os olhos de Eric. Ele sorriu de volta para o pupilo.

 

“Faça uma investida forte o bastante para que eu precise dela para me defender” Ele respondeu. E levantou os dois punhos fechados na direção de Theo. “E Alisson. Não se preocupe comigo. Na minha época, nós treinamos resistência pedindo para o Chris que desse socos no nosso estômago com toda a força que ele tinha”.

 

Kassandra sacou o Chokuto. Ela sorriu, desafiadora.

 

“Boa história, velhote, mas isso já faz tempo… Talvez seja melhor repensar a aposentadoria da nossa equipe depois de hoje”.

 

"Por que, exatamente, você acha que eu sirvo como um agente até hoje, Kassandra? Porque em todos esses anos, com exceção do Chris…”.

 

E Eric partiu em direção a Alisson. O rapaz preparou o corpo para bloquear o soco do mentor, colocando seus dois braços em posição de X em frente ao peito. Entretanto, ele reparou que era o que Eric esperava. Ele percebeu os pés do mentor arrastarem-se no chão, concentrando seu peso e desferindo nos braços do pupilo um soco de dois punhos absurdamente potente.

Criatura sentiu que aquilo seria letal e conseguiu dar um passo para trás, mas ainda sim, não conseguiu evitar completamente o dano da investida. Os antebraços pareciam arder em meio a dor aguda e repentina. Aquilo poderia ter sido a causa de uma fratura. O mentor terminou a sua sentença.

 

“...Ainda não conheci nenhum agente para rivalizar comigo em fibra."

 

Ele sorriu por um breve momento. Acabara de acender a chama do desafio nos pupilos. Seu sorriso se apagou. 

 

“Venham!”.

 

Mesmo sem sacar a sua arma, Mercer continuava sendo um combatente altamente habilidoso e perigoso, provando ser capaz de dominar o combate corpo a corpo com três agentes mais jovens sem grandes esforços. 

Eric desviava dos golpes enganosamente rápidos de Kassandra, Bloqueava os golpes de Theo e Alisson e mantinha o ritmo sem perder a potência de suas investidas. A luta permaneceu nesse ritmo por minutos a fins e parecia não ter hora para acabar. Os agentes, que estavam agasalhados e com algumas peças extras de roupas por conta do frio, aos poucos foram deixando elas de lado e cada vez tentavam mais e mais acertar o mentor.


 

Kassandra se afastou para tomar um ar. Olhar para essa luta depois de quase uma hora fez Kassandra perceber a terrível verdade: o velho não os estava levando a sério. Nem um pouco. Ele realmente estava se contendo. Apesar de todo o fogo e fúria dos agentes, ele nunca os considerou uma ameaça à sua vida, mesmo com Theo e Ali atacando ao mesmo tempo como se o mentor fosse um inimigo sobrenatural. Ele nem mesmo estava os atacando de volta. O brilho da lâmina que ele trazia em suas costas ainda era um total mistério para os três.

 

Ela arfava, mais afastada do combate, recuperando o fôlego. Ela refletiu sobre seu oponente, frustrada. Era uma sensação conflitante pensar em maneiras de vencê-lo. Além de seu mentor, ele era um agente com mais de três décadas de experiência em combate, era provavelmente o espadachim mais habilidoso da Ordo naquele momento, e ainda sim, tinha acesso a rituais que Kassandra nunca havia visto sendo postos em prática.

Chamá-lo de monstro é subestimá-lo gravemente. E ele os tornaria mais fortes.

 

“Ei!” Ele voltou-se para Kassandra, enquanto segurava o pulso de Theo. “Já desistiu?”.

 

Ela apertou o Chokuto com força e seguiu na direção do mentor.

 

“Nem pensar, velhote. É melhor se preprar!”.

 

O silêncio retornou à floresta. Os agentes permaneciam atentos ao som ao redor dos portões da catedral, que retornará a ter um silêncio sepulcral após a saraivada de disparos. Blake estava encarando o ocultista, que olhava para o céu. Seu olhar se tornou frio.

 

“Alisson”. Kassandra o chamou. 

 

O agente lançou um olhar para os corpos caídos. Eles ainda estavam vivos, agonizando no chão com as balas alojadas em seu corpo. Ele caminhou decidido até Kassandra e os demais.

 

“Paulo foi pego na floresta. Eu vou atrás dele…”.

 

“De nada vai adiantar se não conseguirmos avançar. Estamos em menor número”.

 

Criatura ergueu o fuzil na direção do rosto do ocultista. 

 

“Ocultista. Abre esse portão! Agora!”.

 

Alisson voltou sua atenção para o mascarado. Encarou rapidamente o fuzil e abriu um largo sorriso.

 

“Por que eu faria isso, seu puto?”.

 

“Nós sabemos que você sabe como abrir… Anda logo…” Kassandra apontou o Chokuto para o ocultista. “Eu vou contar até cinco…”.

 

“Pode contar até trẽs se quiser, eu não vou me mover…”.

 

Salazar pensou em dizer alguma coisa, entretanto ele observou Blake ir na direção dos escudeiros caídos. Ele retirou a atadura da mão esquerda, e com a mesma tocou no sangue daqueles ali caídos.

 

“Lingueta…” Sal disse. “Ei, pessoal…”.

 

Kassandra e Alisson voltaram-se na direção de Sal. Ele apontava para Blake. Kassandra não conseguiu disfarçar a surpresa. O ocultista virou-se na direção do rapaz, tentando entender o que chocará os malditos agentes.

 

Blake caminhava na direção do ocultista observando a palma da mão esquerda. As costas de sua mão brilhavam com o símbolo dos rituais de sangue, e da palma, uma boca surgia com dentes afiados que lembravam as presas de um zumbi de sangue. Ele voltou-se para o ocultista.

 

“Escuta aqui, seu filho da puta…” A boca na palma da mão de Blake soou. A língua surgia da palma e sua saliva de sangue pingava pelo chão. A voz era grave e diabólica. “O som da sua voz de deboche tá me causando náuseas. Eu vou arrancar a sua língua pela nuca se não abrir agora essa porra de portão. Não tem motivos pra te deixar vivo, de qualquer forma…”.

 

Kassandra e criatura observavam atentamente o ritual de Blake. O infame apelido lingueta finalmente fez sentido e Kassandra desejou que Paulo estivesse alí para que ela o repreendesse. Ela voltou-se para o ocultista e, surpreendentemente, ele tinha uma expressão curiosa. Ele caminhou em direção a Blake. Criatura o seguiu, com o fuzil apontado.

 

Ele olhou para a mão de Blake um pouco mais de perto. Sua expressão era curiosa como a de uma criança diante de um novo brinquedo. Ele encarou os olhos de Blake.

 

“O que você deve fazer com essa coisa…” Alysson disse com malicia. 

 

Ele sorriu. Deu meia volta, passou pelos agentes e caminhou em direção ao portão.

E naquele momento, subitamente, o som de uma explosão ecoou por Caim Lake. Os agentes olharam ao redor.

 

“O que foi isso?” Sal levantou a cabeça em direção ao som. Kassandra olhando ao redor teve um mal pressentimento. Por impulso, ela pegou rapidamente o rádio em mãos.

 

“Droga… Eu vou preciso ir atrás do Paulo…” Alisson Criatura disse. Ele estava prestes a dar um passo na direção do caminho que Paulo percorreu, quando o ocultista chamou a atenção deles.

 

“Ei, seus putos!” Ele disse. “Agradeçam ao “mãos felizes ali”. Conseguiu me impressionar”. E ele começou a mover os ponteiros. 

 

Kassandra rapidamente se aproximou. O ponteiro das horas ficou onde estava. O menor deles foi direto para o número dois, O terceiro para o três.

 

Meia noite, três minutos e dois segundos.

 

Em um som estridente de ferro se arrastando, o portão se abriu. O ocultista cruzou os braços satisfeito, De fato, ele estava certo. Kasandra voltou-se para ele, ainda com a arma em mãos.

 

“Desgraçado… Você realmente sabia… Estava jogando com a nossa sanidade, seu filho da…”.

 

“Você sabe rituais, princesa?” Ele perguntou sem encarar Kassandra. “É o mesmo princípio, sabe? Arriscar e testar a teoria”.

 

Ele olhou para o céu.

 

“Quando a porra desse breu cobriu o céu. Eu tava dentro daquela casa idiota olhando pra janela. Eu lembro bem o horário que tudo escureceu. Meia noite e dois”.

 

Kassandra o encarou.

 

“E como sabia que esse seria o horario?”.

 

“somei dois mais dois, sua idiota” Ele disse. “O nome do lugar é torre da lua. O céu escureceu à meia noite e dois. Só pode ter ligação…”.

 

Kassandra encarou o chão. Ela estava segurando seu instinto de esfaquear o maldito ocultista que parecia estar testando seus limites. Ela observou novamente o relógio agora dividido em dois, em cada um dos portões. 

 

“...E os segundos? Como sabia exatamente que eram dois segundos…”.

 

O ocultista sorriu.

 

“Ah…” Ele esfregou o nariz. “Essa eu chutei”.

 

O som da matilha de escudeiros retornou com a abertura dos portões. Alisson Criatura carregou o cartucho de munição e olhou para frente, focado e compenetrado em seu objetivo. O som do sopro do vento trazia consigo uma vez mais a indagação de seus inimigos.

 

“Esse maldito sujeito. Age como se fosse uma parede…” 

 

“Vamos destroça-los antes que…”.

 

E subitamente pararam. Kassandra encarou o Ocultista que sorria. Ele ergueu a cabeça.

 

“Deixaram o portão escancarado, aqui…” E apontou para frente. “Não me digam que estão subestimando minhas capacidades…”.

 

Kassandra acompanhou a direção. Ainda existia um pequeno trajeto florestal antes dos ladrilhos brancos da catedral ganharem o cenário. Porém, uma silhueta caminhava na direção deles.

 

Criatura percebeu as figuras ganhando formas e surgindo da escuridão, ele levantou o rifle na direção deles, mas exitou. Eles não olhavam em sua direção. Apenas continuavam olhando para frente.

 

“...Capitão…” Um deles ajoelhou-se. “O Senhor em pessoa…”.

 

Uma voz jovial ecoou pela entrada, mesmo ele estando distante.

 

“Demoraram tempo demais para lidar com meros invasores… Oponentes sem valor são assim tão interessantes, escudeiros?”.

 

A escuridão do céu pareceu mais espessa. Como se a escuridão que a caçada pintasse os céus fosse  unicamente para a graça daquele que caminhava. Os portões da catedral se abriram mais ainda para que ele passasse. Sal observou que todos os escudeiros estavam ajoelhados.

 

“Os portões da catedral foram manchados pelo toque dos invasores… Verão agora, que essas manchas serão limpas com o sangue de vocês”.

 

“Capitão Marte…” Um deles disse.

 

Kassandra o observou. As vestes negras, a imponência, os cabelos escuros. Ele lembrava Helena Mercer das fotografias. Ele não os encarou. Parecia contar os lacaios presentes.

 

“Onde está Tummen?”.

 

“...Ela… Ela está enfrentando um dos invasores na mata, senhor…”.

 

E Marte sorriu.

 

“Isso não é estupendo?” Ele disse, chamando a atenção dos escudeiros e invasores. “Meu irmão acaba de utilizar seu ritual no palácio. Algo o fez atacar com tudo o que tem…”.

 

Alisson virou-se alarmado para Kassandra. Ela fechou os punhos com força. Uma súbita preocupação crescia.

 

“Considerando que não seja o impostor… Os invasores são inimigos formidáveis…"

 

“Impostor?” Kassandra refletiu. E naquele momento, os olhos dela encontraram os de Marte. Ele sorriu.

 

"Invasores''. Demonstrem respeito pelo capitão. O guarda da torre da lua, um dos três Heinsnodt. Marte, o caçador heroico do céu em penumbra”.

 

O ocultista deu um passo a frente.

 

“Então, você é o responsável por isso?” Ele apontou para o céu. Marte o observou.

 

“Sim”. Ele respondeu o ocultista. O ocultista sorriu. Levou a mão esquerda até a boca e a mordeu com toda a sua força. Marte o observou sem se mover.

 

“Entendi… Sendo assim, você é um dos putos que eu faço questão de esmagar primeiro…”.

 

E o oculista tapou a sua visão com a mão ensanguentada e olhou na direção de Alisson Criatura.

 

“Ei!”Kassandra olhou preocupada na direção de Criautra. Ele deixou o rifle cair no chão, enquanto levava a mão à cabeça grunhindo em agonia.

 

Por um breve segundo, Criatura encarou o Ocultista, que preocupado, quase deu um passo para trás, felizmente, parecia que a presença do líder dos inimigos, o fez mudar seu foco de ódio. O mascarado partiu agressivamente em direção a Marte.

 

“Alisson!” Kassandra tentou para-lo, mas era tarde. Com um violento soco, ele se aproximou de Marte.

 

Blake observou a cena com atenção.

 

“Ah, não…” Sal observou a falha da investida.

 

Marte havia parado o ataque de um incontrolável Alisson com apenas uma das mãos. Ele agarrou os dois punhos de Alisson e voltou-se para seus inimigos.

 

"Respondam-me invasores… Por que estão aqui? Possuem uma enorme fibra. Seriam caçadores brilhantes…” Ele colocou um pouco de força em seus punhos. Alisson Criatura era forçado para o chão. Um dos joelhos já tocava o solo. “...Não confirmem minha teoria… Não me deem uma pista de que vocês simpatizam com o impostor…”.

 

E ele voltou-se para Kassandra. Ela tinha uma lâmina em mãos, ele pode perceber. 

 

“Que pena, invasores… Estou sendo convencido de minha teoria…” E Alisson grunhiu com o som dos ossos de sua mão se partindo. “Se essa é a razão para estarem aqui… Lhes ensinarei como fazemos as coisas aqui, em Caim Lake…”.

 

E com toda a sua força, Marte agarrou o braço de Alisson e o atirou na direção de Sal. O pequeno rapaz foi arremessado junto do pesado corpo de Alisson em direção às árvores, enquanto os escudeiros fundiam-se à escuridão, saindo do caminho de seu senhor.

 

Ele foi em direção ao Ocultista. Ele lançou um olhar furioso para Kassandra. Ela rapidamente entendeu. Ele não tinha como se defender. Marte sorriu para o Ocultista.

 

“Não consegue nem ao menos ser um desafio?” Ele segurou Alysson pelo rosto. O Ocultista sentiu seu coração disparar em um ódio quase incontrolável. “Desapareça, rato…”.

 

E Marte atirou o ocultista na direção de uma das árvores. 

 

Ele voltou-se agora para Blake. Caminhou devagar até que subitamente, parou de se mover. Ele olhou na direção contrária.

 

“Tummen?”.

 

Kassandra acompanhou ele com o olhar. E ali,surgindo da escuridão, Paulo emergiu. Seu olhar era firme, e Kassandra notou algo inédito até ali. Um terrível terceiro olho de pupila dourada surgirá na testa do caçula.

 

“Paulo?”.

 

“Não dê mais um passo na direção dos meus amigos, seu desgraçado…”.

 

E Marte fez uma expressão enojada.

 

“Já entendi… Então os laços que unem vocês são de amizade…? Essas palavras me causam repugnância…".

 

Kassandra, Paulo e Blake conseguiam perceber por entre as árvores, os escudeiros de Marte se afastando.

 

“Invasores, isso nada mais é do que um desperdício de beleza. Amizade é um conceito limitado de uma criatura que tem medo de descobrir os próprios limites e se ancora na presenca de outra. Se esses são os laços que os ligam, eles merecem ser pulverizados…”.

 

E ele voltou-se para Paulo. O agente percebeu ali que o inimigo estava se movendo.

 

“Meus parabéns, invasor. Você pode realizar um ritual da besta…”.

 

“Vamos ver agora se você aprende este…” E ele abriu os dois braços, os levantando na direção de Kassandra e do invasor. “Resplendor”.

 

E tudo se foi. Como se a escuridão do céu fosse fundida a anatomia dos agentes. Silêncio. Sem vento. Sem calor…

 

...E em seguida a dor extrema e aguda, como se algo os queimasse de dentro para fora. Sem fim. Blake fechou os olhos. A morte seria um alívio em comparação a aquilo. Mas ela nunca chegou. Kassandra aguentava o quanto podia. Segurava o Chokuto com tanta força, que parecia que ele iria se partir. 

 

Até que finalmente parou. Ela arfava e permanecia de pé. Paulo, Blake e os demais estavam caídos. Ela olhou na direção do inimigo que olhava para o céu.

 

“Então foi você que me atrapalhou?” E Kassandra reconheceu de imediato. A figura da coruja que a acompanhava surgiu. Ophelia veio em defesa de sua humana. Kassandra voltou sua atenção para o inimigo que agora a encarava.

 

“Que belo laço, não é? Tão puro e significativo. Este não se atrela a promessas ou palavras. É mais genuíno”. Ele retirou a espada da bainha.

 

“Espera… O que você vai…”

 

“Eu vou fazer um favor a você…”.

 

E com um corte no ar, Marte lançou um ataque em direção a Ophelia. A pequena coruja piou com pesar na noite sem fim, em um choro que partia o coração de Kassandra. Sua asa direita estava ferida e seu voo mais lento.

 

“Ela é ágil…" Marte disse observando as asas. “Eu mirei na cabeça…”.

 

E subitamente, a garota desapareceu. Marte observou que os outros aliados da invasora permaneciam onde estavam. Ele manteve a espada em mãos.

 

E finalmente, ela surgiu junto do brilho de faíscas douradas. Usando seu ritual de teletransporte, ela quase conseguira atingir um ponto cego no caçador. Ele sorriu em desafio.

 

“Ophélia, sai! Agora!”. 

 

E Kassandra permaneceu em uma longa investida de quase um minuto até que ele a coruja tivesse longe da batalha. 

 

“Quanta honra, menina… Quase me fez chorar…”.

 

“Honra? Isso é uma coisa que você nunca vai ter…”. Kassandra sentiu a consciência a deixando aos poucos.

 

E em seus últimos instantes de lucidez, Kassandra percebeu o sorriso de Marte desaparecer. A aproximação de algo atrás de Kassandra o pegou de surpresa. Cinco enormes cachorros malamute rosnavam para Marte.

 

“Impostor…” Ele fechou o punho. Aqueles malditos animais gigantes estavam de fato ao lado dele.

 

“Espere”. Uma voz familiar soou nos ouvidos de Marte. Caminhando lentamente, mais distante das criaturas, a voz de Canopus surgiu por entre as árvores.

 

“Canopus? O que faz aqui…”.

 

E Canopus observou os inimigos caídos em frente os portões da catedral.

 

“Vim informa-lo de que os invasores são aliados do maldito impostor, mas acredito que já saiba disso…”.

 

“Tudo indica que Larkin não foi competente o bastante para proteger Hilda. Uma vez que esteja aqui, acredito que tenha posto um fim nos invasores…”.

 

Canopus negou com a cabeça.

 

“Deixei que quase todos escapassem com vida… Um deles me tirou a atenção por um curto momento… Mas não há com o que se preocupar…” E Canopus atirou no chão o punho e uma lâmina de katana partida. 

 

“E então? Vamos logo acabar com essas criaturas e eliminar os invasores…”.

 

“Não creio que seja preciso”. Ele virou-se para o irmão. “Vamos deixar que essas criaturas os levem. Se estivermos certos, elas estão levando os invasores até o impostor. Ele está em algum lugar na floresta. Ele até mesmo me atacou para que não entrasse no caminho dos invasores…”.

 

E enquanto conversavam, os malamutes pegavam os pupilos do Impostor e seus pertences. Quando eles se foram, entretanto, notaram a permanência de um deles. O Ocultista não havia sido levado.

 

“E o que faremos com aquele?”

 

Canopus o encarou por alguns segundos, antes de suspirar cansado.

 

“Ordene que levem-o para os escudeiros de Orion. Eles saberão dar um fim melhor para esse rato”.

 

E os irmãos observaram a escuridão no céu.

 

“Já fazem treze horas desde que a caçada teve inicio…”. Marte disse. “Eu estou impaciente…”.

 

“Se você está impaciente, meu irmão, imagine como o vovô deve estar… “.

 

“Ele já despertou?”.

 

“Com toda certeza… O fato do Impostor colocar os pés em nossa terra sagrada é a prova real de que ambos os receptáculos da besta pensam da mesma forma…”.

 

“...Os dois estão prontos para morrer. Até o fim do dia, um deles estará de pé, e o outro cairá”.

 


Notas Finais


Puzzle, resposta: 00:03:02. (Meia noite, três minutos e dois segundos).
Primeira pessoa a dar a resposta certa: @marsgalaxy.
Obrigado por ler. Nos vemos novamente em breve.


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