Era um dia comum, toda a cidade estava movimentada. Pessoas corriam para não se atrasar e muitos veículos não obedeciam os sinais de trânsito, algo normal para quem mora ali. Uma jovem rosada, vulgo Mitsuri Kanroji, morava em uma casa mais afastada de toda aquela agitação, era uma casa espaçosa, mas não chegava a ser uma mansão.
– Bom dia, flor do dia! – Mitsuri cantarolava, abrindo as janelas. – O dia está tão lindo hoje,é uma pena que tenha trabalho. – entristeceu-se.
A rosada direcionou-se ao jardim, ainda tinha um tempinho antes de ir para o serviço e aproveitou para cuidar de suas belas plantas.
– As rosas estão mais bonitas do que nunca! – exclamou orgulhosa de seu esforço.
Tirou as folhas mortas colocando em uma lata de lixo extremamente limpa. Olhou novamente para o jardim. Era solitário e não tinha ninguém para passear pela grande “floresta” em seu quintal.
– Chega de admirar as flores. – pegou sua bolsa no balcão da cozinha.
Assim que saiu a garota trancou a porta de vidro que dava passagem a parte externa de sua casa, em seguida fechou a grade, para dar uma segurança maior. Seguiu até a garagem onde encontrava-se seu carro, a mesma não era muito fã de dirigir, mas não tinha muita opção, era isso ou morar na parte mais agitada da cidade.
Pegou o caminho da estrada, adentrando naquela terrível muvuca, o trânsito não deveria estar ruim, mas ao que parece hoje era uma exceção.
– Sorte que saio cedo de casa…– resmungou Kanroji.
Os carros começaram a pegar um desvio e a rosada fez o mesmo. Em questão de poucos minutos encontrava-se no estacionamento de seu trabalho.
Mitsuri trabalhava em uma floricultura extremamente famosa, quem cuidava das flores era ela,por isso todas sempre estavam saudáveis e lindas.
– Parece que uma das flores com cheiro abriu. – referiu-se ao doce aroma que estava vindo do jardim de tal lugar. Tirou seus sapatos e colocou em um canto assim que entrou no estabelecimento.
– Bom dia, minha rosada favorita! – quem falava era Uzui, admirava a mesma por ser tão “fabulosa” E tão esforçada pelas plantas.
– Bom dia, Vossa Majestade! – brincou Mitsuri.
– Eu abri a loja um pouco mais cedo, espero que não seja problema. – olhava para a garota.
– Se nossa chefe reclamar eu falo com ela. Tenho um certo direito de mandar aqui também. – ambos riram.
A rosada era dona de metade da floricultura, a outra dona, Shinobu Kocho, é uma mulher de pavio curto, sua falta de paciência deixa muito a desejar.
– Se acontecer te devo uma. As coisas lá em casa não andam bem. – o olhar de Uzui entristeceu-se.
– Não me diga que sua mãe… – a mesma interrompeu-se para não ferir o amigo.
– Ela está piorando. Levei ela no médico pouco antes de vir para cá. – suspirou. – A doença dela tem tratamento, porém não é nada barato.
– Entendo. Se precisar de alguma coisa não hesite em me chamar. – Mitsuri disse em seu tom gentil.
– Pode deixar, chefe! – ele riu.
Os clientes começaram a chegar, a floricultura estava mais cheia que o normal, isso acontecia pelo dia das mães estar chegando. Todos pensavam em dar flores para as mães, e o lugar certo para isso era onde Kanroji se encontrava.
– Essas violetas são divinas, minha mãe certamente adorará! – um garotinho de cabelos longos e pontas azuis afirmou.
– Certamente são, Tokito – sorriu. – você já é um cliente querido, vou fazer um buquê especial para dar a sua grande mestra! – afirmou a rosada.
– Como não vir a melhor floricultura da cidade para escolher o presente de dias das mães? – Ambos riram.
Kanroji escolheu flores maravilhosas para um buquê e pegou as violetas que Tokito escolheu. Quando voltou estava segurando dois buquês, um mais lindo que o outro.
– Nossa, são de verdade!?–perguntou chocado com tanta beleza.
– Claro que são. – riu e entregou os buquês a ele.
– Pagarei os dois buquês–disse indo em direção ao caixa, mas Kanroji o segurou.
– Não, eu te dei um dos buquês porque eu quis. Você não vai pagar! – afirmou.
Tokito apenas se deu por vencido e pagou apenas um dos buquês. Quando Mitsuri olhou para trás, Uzui estava correndo em direção a mesma.
– Uzui, o que aconteceu!? – perguntou com uma expressão preocupada.
– Está um tumulto no jardim principal!
O jardim principal era onde todas as flores cresciam e eram cuidadas, estava mais para uma floresta, por assim dizer. O lugar era enorme, havia arbustos, flores e árvores extremamente saudáveis.
A rosada correu até tal lugar dando de cara com pessoas tentando capturar algo, sem entender se aproximou. Se tratava de uma cobra albina, muito linda, estava assustada, muitas pessoas estavam tentando pegar ela. Até mesmo matá-la.
– O que está acontecendo? – perguntando Mitsuri com seu ar de autoridade, fazendo com que todos olhassem para ela.
– Esta cobra é extremamente rara, senhorita! – explicou um homem. – daria um bom dinheiro.
– Ela está tentando nos morder! – disse uma mulher que interpretou a situação de maneira errada.
Mitsuri apenas suspirou e disse:
– Vocês vieram para o jardim principal, onde é liberado apenas entrada para funcionários–seus olhos demonstravam raiva. – estão pisando nas minhas plantas e assustando a minha cobra! – exclamou e todos se assustaram.
–S-sua cobra?–uma mulher perguntou tremendo de medo.
– Exatamente, esta cobra é minha e vocês invadiram um lugar sem permissão e destruíram várias plantas. – suspirou. – eu vou contar até três para vocês saírem daqui ou eu chamo a polícia.
E ela começou a contar, mas antes de falar o número dois não havia ninguém além de Uzui, ela e a cobra.
Kanroji se aproximou da cobra arisca, torcia para que ela não mordesse ou tentasse fugir.
– Calma, amiguinha…eu não vou te machucar. – se aproximou da cobra e entendeu os braços para que ela subisse no mesmo.
A cobra olhou fixamente para os olhos esmeraldinos de Mitsuri, como se estivesse agradecendo a mesma por tê-la salvado.
– Pode confiar em mim, se eu te fizer algo aquele moço ali. – se referiu a Uzui. – vai me dar um belíssimo tapa.
A cobra subiu nos braços de Mitsuri, indo até seus ombros e se enrolando no pescoço da mesma.
– Eu nunca iria te bater, Mitsuri. – afirmou Uzui. – não tenho direito de bater em ninguém.
– Eu sei, mas ela estava assustada...eu precisava dizer isso. – acariciou a cobra, agora enrolada em seu pescoço.
– Ela é perfeita, quem será que a deixou aqui? – perguntou Uzui.
– Eu não sei…– suspirou. – não posso ficar com ela, não tenho licença para ter esse tipo de animal.
– Acho que está na hora de ter uma então. – sorriu.
– Ela deve ter dono… – a cobra no mesmo instante balançou a cabeça como se respondesse um “não”.
Ambos riram.
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