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História A poção do amor - Hedric - Poção do amor - História escrita por Frost23 - Spirit Fanfics e Histórias
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História A poção do amor - Hedric - Poção do amor


Escrita por: Frost23

Notas do Autor


Olá, meus amores.
Tive essa ideia fresquinha há um tempo atrás e decidi colocar ele no papel. O capítulo ficou bem fofinho no final das contas e eu estou feliz com o resultado final.
Tem um recadinho pra vocês lá nas notas finas. Então, leiam, por favor.

Capítulo 1 - Poção do amor


Não surta! Não surta! Não surta!

Harry repetia a frase para si mesmo incansavelmente. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo com ele. Seu segredo tão bem guardado ao longo dos anos não era mais secreto para ninguém. Por que isso tinha que estar acontecendo com ele? Com tantas poções que existem no mundo, por que Slughorn tinha que escolher justo a Amortentia para ensinar hoje? Mas acima de tudo, por que ele, Harry, tinha que ser assim? Por que não podia ser normal como os outros garotos? Por que tinha que ser... diferente.

Ele não se lembrava muito bem do que havia acontecido. Sabia que tinha sido convidado pelo professor de poções para sentir o aroma que a Amortentia tinha nele. Sentiu um cheiro de vassoura polida, um aroma de margaridas, cheiro de shampoo masculino e do bolo de chocolate que sua mãe sempre fazia para ele e seus amigos quando passavam a tarde na casa do seu padrinho, Sirius. Depois de sentir cada  um daqueles cheiros, sua mente focou em um belo rapaz lufano de olhos cinza, cabelos loiro escuro e um sorriso capaz de fazer qualquer um se derreter. Harry ficou tão perdido em suas lembranças com Cedrico que quando percebeu o que estava prestes a fazer já era tarde.

- Tem o cheirinho do Ced. - ele sussurrou, só percebendo o erro que cometera ao terminar a frase. Olhando ao redor da sala e vendo olhares de espanto e indignação ele percebeu que todos ali presente haviam ouvido o que ele disse. Seu olhar se voltou pra Ron e Hermione. A garota estava espantanda e com um olhar triste em sua direção, enquanto seu amigo estava com a cabeça baixa e coçando os cabelos ruivos. 

"Eles não me aceitam." foi o que Harry pensou. "Eles nunca mais vão querer olhar na minha cara."

- Quem diria, hein, Potter - uma voz falou em meio aquele silêncio incômodo. Era Draco - Eu sabia que você gostava de quadribol, mas nunca pensei que gostasse tanto assim de segurar uma vassoura. 

Alguns alunos começaram a rir e Harry só se lembrava de sair o mais rápido possível daquele situação em que se encontrava.

Em algum momento ele tinha conseguido chegar até a Sala Comunal da Grifinória, subido os degraus até o quarto dos meninos e retirado sua capa de invisibilidade do baú. Andou durante vários minutos com a capa sobre o seu corpo e, quando se deu conta, estava parado em frente ao lago negro, embaixo de uma árvore que ficava próxima a sua margem. Harry se sentou ali e, quando percebeu tudo que estava segurando dentro de si, começou a chorar. 

Todos os seus medos, inseguranças e questões pessoais foram extravasados através das lágrimas que desciam por suas bochechas. Sentiu a vergonha que seus pais iriam sentir quando soubessem a verdade sobre o seu menino. Sentiu a tristeza e medo de seus amigos nunca mais o tratarem e o respeitarem como sempre fizeram. E sentiu pavor ao perceber que, mais cedo ou mais tarde, Cedrico estaria sabendo de todo aquele ocorrido, e que nunca mais iria querer olhar na cara de Harry.

Passou horas sentado embaixo da árvore admirando o lago. Sabia que já devia ter passado da hora do almoço há muito tempo. Seu estômago implorava por comida, mas ele se recusou a se levantar e ir almoçar com os demais. Assim evitava de ouvir as péssimas coisas que deveriam estar falando sobre ele naquele momento.

Nada poderia retirar ele dali

Bom... foi isso que ele pensou.

- Olá, Harry - alguém o chamou. Não. Alguém estava vendo ele. Afinal, ninguém chegava a beira do lago negro e falava "olá, Harry" do nada. O rapaz se virou e, ao fazer isso, seus olhos encontraram Luna Lovegood sentada alguns centímetros ao seu lado esquerdo. A garota estava com sua expressão sonhadora de sempre, o olhar perdido em algum dos seus pensamentos, e, para o alívio de Harry, não havia mais ninguém por perto. - Você não vai me responder? 

- Desculpa, Luna - exclamou, ainda escondido sobre a capa - Só fiquei surpreso que tenha me encontrado. Como sabia que eu estava aqui?

- Zonzóbulos. - respondeu - Sua cabeça está cheia deles, sabia?

- Não, não sabia - Harry falou. Feliz por sua amiga estar ali com ele e continuar agindo de forma normal com ele (mesmo o normal de Luna sendo um pouco diferente do das outras pessoas). - Por que você está aqui no lago?

- Estava procurando você, é claro. Quando não apareceu no almoço nós ficamos preocupados, então decidimos nos separa para encontra-lo. Ron e Hermione foram ver se você estava na Comunal da Grifinória; Gina foi checar a cozinha; Neville a Sala Precisa, e eu pensei em dar uma olhada perto da cabana de Hagrid, mas me distrai com um passarinho que estava voando para esta árvore e acabei encontrando você sentado aqui. 

Harry olhou pra cima e, de fato, havia um pequeno ninho de pássaros na árvore em que estavam sentados. Não havia reparado naquilo quando chegou ao local.

- Obrigado passarinho - Harry disse, um pouco irônico e mal-humorado.

- Verdade, eu devia agradecer a ele, não é mesmo? - Luna se voltou na direção do ninho - Obrigada senhor passarinho. Foi muita gentileza da sua parte me trazer até meu amigo.

Harry às vezes ficava impressionado com o quão longe a inocência de Luna era capaz de chegar. Ele estava estressado, envergonhado e com raiva de toda aquela situação, mas não pode deixar de dar um sorriso ao perceber como nada entre eles dois parecia ter mudado. Luna continuava a mesma de sempre.

- Então, - a garota se voltou para direção aonde Harry estava - por que você está aqui sozinho? 

- Você não sabe? - Harry ficou espantado. Os boatos de Hogwarts sempre se espalhavam rápido, como Luna não sabia o motivo dele estar isolado? Talvez ainda houvesse esperança para ele.

- Eu ouvi alguns boatos por ai, - e toda esperança de Harry se foi com essa frase. - mas não acho eles muito confiáveis. Perguntei para o Ron e para Hermione se eles sabiam o por que de você ter sumido, e eles acharam melhor que você contasse quando estivesse pronto. Então eu estou curiosa para saber o por que de você se isolar aqui.

Harry teve um pequeno surto com aquilo que acabara de ouvir. Os boatos já estavam rolando por aí, isso ele já esperava. Mas ficou surpreso em ver toda a determinação de seus amigos em encontra-lo para conversar, e mais surpreso ainda ao perceber que Ron e Hermione não contaram nada para os outros sobre o que aconteceu na Sala de Poções. Esperaram que Harry contasse quando estivesse pronto, quando se sentisse confortável. Estavam preocupados com ele. Estavam sentindo a falta dele. Queriam ele por perto. Como ele poder perceber por um mísero segundo que seus amigos iriam se distanciar dele depois que descobrissem a verdade? Harry tinha os melhores amigos do mundo.

O garoto voltou seu olhar para a expectativa que estava evidente em Luna e pensou se estava pronto para anunciar aquilo em voz alta. Se dissesse aquilo com todas as letras, não teria mais volta. Sabia disso. Mas também sabia que seus amigos estariam lá para ajuda-lo no que precisasse, isso era o mais importante de tudo.

- Luna, - Harry reuniu toda coragem que tinha, olhou firme nos olhos da garota, mesmo que ela não fosse capaz de vê-lo naquele momento, e falou em alto e bom som: - eu sou gay.

Sentiu que um enorme peso acabava de ter sido liberado de suas costas. Era quase como se algo o estivesse sempre prendendo o fôlego. Como se ele precisasse sempre pensar em cada gesto, cada fala e cada atitude que tivesse. Pela primeira vez em muitos anos, ele se libertou de toda aquela pressão. Sentiu que podia, finalmente, agir livremente sem se preocupar tanto com que estariam falando. 

Ele sempre soube que que era gay, mas dizer aqueles palavras pela primeira vez sem medo ou preocupação, foi uma das melhores sensações que Harry já experimentara. 

O rapaz encarou diretamente a amiga. Preparado para ver qualquer expressão que ela estivesse fazendo naquele momento. Mas ficou surpreso ao olhar para Luna e ver que a menina parecia estar confusa com a afirmação que ele acabara de fazer.

- Luna, - começou, um pouco receoso - está tudo bem?

- Bom, - ela ainda parecia incerta, a testa franzida em sinal de dúvida, mas começou a falar - eu acho que está tudo bem sim. É só que estou com uma pequena dúvida Harry.

- Pode perguntar. Se eu souber responder eu te ajudo.

- O que é gay?

O queijo de Harry caiu. Luna lhe encarava, o semblante de dúvida e confusão estampado na cara. A garota estaria brincando com ele? Aquilo seria algum tipo de piada ou algo do tipo? Não, Luna não era esse tipo de pessoa. Harry sabia que a inocência da garota às vezes podia ser espantosa e também sabia que quando a garota fazia perguntas ou comentários como aquele, ela não estava sendo grossa ou querendo ofender. Estava apenas curiosa. Estava apenas sendo a Luna.

- Você não sabe o que é ser gay, Luna? - Harry se esforçou para não rir ao perguntar aquilo para amiga. Como sempre, Luna sempre estava a lhe surpreender.

- Creio que não. - ela declarou. A testa ainda franzida, mas não havia mais em seu rosto a dúvida e curiosidade que lá estavam a poucos segundos atrás. Ela parecia estar pensando. - Meu pai nunca comentou nada sobre isso comigo. Também não tenho a lembrança de ter visto essa palavra nos livros que já li. Acho que nenhum professor usou esse termo em sala de aula também. Então o que é ser gay, Harry?

 Dessa vez foi inevitável. Harry gargalhou tão alto que o pássaro que estava pousado no ninho acima deles, bateu as assas e voou para longe do barulho. Após se recuperar de sua crise de risadas, Harry se voltou novamente para sua amiga, a garota o observava pacientemente, e pensou na melhor forma que poderia explicar para Luna o que é ser gay.

- Bom, Luna, - ele começou. A voz estava um pouco insegura e ele se segurava para não voltar a dar risadas com o decorrer da conversa - uma pessoa é gay quando ela... gosta de alguém do mesmo sexo.

- Ahhhhh - a garota assentiu. Mas o semblante de curiosidade ainda estava em seu rosto. - Eu nunca ouvi essa expressão antes.

- É porque ela não existe no mundo dos bruxos - uma voz exclamou mais ao fundo. Harry se virou para ver quem era e se deparou com Hermione, acompanhada de Gina, Ron e Neville. Todos estavam ali olhando para ele e Luna.

- Harry Tiago Potter - Gina exclamou. A raiva evidente em seu olhar e mais ainda na sua voz. - Você poderia fazer o favor de nos explicar de onde surgiu a ideia brilhante de sumir do nada e deixar todos nós preocupados. E faça o favor de tirar essa capa ridícula de invisibilidade se não eu mesma vou arrancar ela com as minhas próprias mãos. 

Harry estava atônito. Por um segundo o seu cérebro parou de funcionar ao presenciar toda aquela cena. Depois, percebeu que seria inútil fugir. Mais cedo ou mais tarde ele teria que falar com seus amigos, não tinha porque adiar o inevitável. Lentamente, ele tirou uma das mãos de dentro da capa de invisibilidade e a utilizou para arranca-la de uma vez.

- Finalmente o senhor nos deu o ar de sua graça, não é mesmo? Eu posso saber por que... Pera, - a raiva sumiu da voz de Gina, dando lugar para a preocupação - você tava chorando?

Harry assentiu lentamente.

Gina pareceu ficar mexida com aquilo, assim como seus outros amigos.

- AFF. Por que você tem que ser tão fofo às vezes? Vem cá, vem.

A garota deu um braço em Harry e, lentamente, cada um dos outros presentes no local foram se juntando aquele ato de carinho até se tronar  um abraço coletivo. Ficaram alguns segundos assim até Gina se afastar de Harry e, por consequência, os outros repetirem o movimento. Agora Harry era novamente encarado por todos os seus amigos, sentiu levo desconforto, mas preferiu deixar de lado essa emoção. Eles são meus amigos, repetiu para si mesmo. Eles são meus amigos e estão do meu lado.

Hermione foi a primeira a dar um passo pra frente, ficando ombro a ombro com Gina e, indiretamente, mais próxima e de frente para Harry.

- Nós ouvimos o que você falou, Harry - ela começou. A voz um pouco hesitante, mas ao mesmo tempo com total certeza sobre cada palavra que estava saindo da boca. - E saiba que isso não muda nada entre a gente. Continuamos sendo os seus amigos e te apoiando em tudo e...

- Então por que você estava com uma cara de choque na aula de poções? - Harry não queria interromper a sua amiga, mas as palavras simplesmente saltaram de sua boca. Ele esperou que Hermione ficaria chateada por ser interrompida ou até mesmo sem graça, mas, para surpresa de Harry, a garota abriu um sorriso compreensivo e voltou e falar:

- É claro que fiquei um pouco chocada Harry. Querendo ou não, eu nunca vi você dessa forma. Quando eu ouvi você dizendo que sentiu o cheiro do Cedrico exalando daquela poção, eu fiquei em choque, de fato, mas em nenhum momento em pensei em tratar você de uma forma diferente ou te olhar de outra maneira - a garota se aproximou mais um passo dele e levou a sua mão de encontro com a de Harry, a apertando com firmeza. - Você é o meu melhor amigo amigo, Harry. Nada pode mudar esse fato.

Uma sensação de conforto e segurança indescritível passou por Harry, mas uma coisa ainda lhe incomodava. Dessa vez, ele se dirigiu ao Ron quando perguntou:

- E por que você não me olhou nos olhos quando aquilo aconteceu? - falou sério.

- Cara, me desculpa, mas aquele momento foi muito vergonha alheia, até mesmo pra mim. Você contou para uma turma inteira a pessoa que você gosta após sentir o cheiro dela saindo de um caldeirão. Isso foi literalmente o que aconteceu. 

E aquela simples fala de Ron foi mais do que suficiente para quebrar do clima de tensão que estava no ar. Todos começaram a rir daquele comentário e depois se sentaram a beira do lago para aproveitar aquele momento entre si. Após algum tempo de silêncio, Hermione , que estava sentada ao lado direito de Harry, perguntou para o amigo:

- Quais foram os cheiros que você sentiu quando inalou a poção?

- Como você sabe que eu senti mais de um cheiro quando inalei a poção?

- Harry, - Ron falou. Estava sentado do lado esquerdo do amigo, um braço em volta do pescoço do mesmo -, exite alguma coisa que a Hermione, não saiba?

- É verdade - o amigo riu e se voltou para Hermione. - Por um momento quase esqueci que você é uma sabe tudo.

- Vocês também saberiam disso, - ela começou. Um pouco vermelha de raiva, odiava quando a chamavam de sabe tudo - se prestassem mais atenção naquilo que o professor fala ao invés de ficar viajando no mundo da lua. Agora chega de enrolação Harry. Os cheiros que você sente ao inalar uma Amortentia podem estar, muitas das vezes, relacionadas as lembranças que você tem da pessoa amada. Se você se sentir confortável em falar, eu gostaria de saber um pouco mais sobre como começou esse sentimento pelo Cedrico.

Harry hesitou por um momento. Depois, se lembrando que não havia porque esconder ou mentir sobre aquela situação, ele começou a falar sobre como aquela paixonite por Cedrico Diggory havia começado:

- A primeira vez que a gente se conheceu foi durante uma partida de Quadribol no meu terceiro ano. É até um pouco engraçado quando eu paro pra lembrar como tudo ocorreu: eu havia capturado o pomo de ouro e garantido a vitória da Grifinória, então desci da vassoura e fui comemorar com o restante do pessoal do time. Quando eu me dei conta, Cedrico estava atrás de mim com o braço estendido. Na hora eu fiquei um pouco sem reação com tudo aquilo. Ele estava basicamente me cumprimentando. Falando que foi uma ótima partida e que da próxima vez ele não seria tão bondoso comigo. Bom, depois disso um balanço muito rebelde acabou me acertando na cabeça e eu só lembro de ter acordado na enfermeira de noite.

- Completamente aleatório essa coisa do balaço - opinou Gina.

- Eu lembro desse dia - Ron falou. - Os balaços estavam realmente doidos, parecia até que foram enfeitiçados. 

- Então esse foi o seu primeiro contato com Cedrico, Harry? - perguntou Luna

- Mais ou menos. Como eu falei eu havia acordado na enfermaria e já estava quase voltando a dormir quando ouvi a porta se abrir e abri os olhos para ver que quem havia entrado era o Cedrico. Já tinha passado da hora do jantar e ele tinha me trago um sanduíche muito generoso. Falou que se sentia mal por ter feito eu levar aquele balaço e queria ver se eu estava bem, eu falei que aquilo não havia sido culpa dele e que já estava me sentido bem melhor. Ele foi bem simpático.

- Ele é o Cedrico - interrompeu Gina -, ele sempre é simpático.

- Bom, toda essa simpatia pareceu fazer efeito com o Harry. - falou Hermione, arrancando uma onde de risadas de todos do grupo, com exceção de Harry, que se encontrava quase tão vermelho quanto um tomate. 

- Posso continuar ou as duas bonitas gostariam de acrescentar mais alguma coisa? - exclamou Harry, indignado.

- Pode continuar meu querido amigo - Gina levou as mãos para os cabelos e jogou a sua cabeleira ruiva para trás, quase como uma modelo posando para uma foto - Essas duas bonitas, inteligentes, carismáticas e maravilhosas mulheres não tem mais nada a declarar.

Dessa vez foi inevitável, Harry caiu na gargalhada junto dos seus amigos.

- Bom, continuando a história, depois desse dia eu fiquei um bom tempo sem ver ele. Só nos encontramos de vez em quando pelos corredores, mas nunca troquei nenhuma palavra, no máximo alguns acenos com as mãos ou com a cabeça. Até que chegou o dia da Copa Mundial de Quadribol e nós nos encontramos e começamos a conversar.

- Falaram sobre o que? - perguntou Luna.

- Nossa, foram muitas coisas: quadribol, principalmente, opções de carreira no mundo bruxo, matérias favoritas, professores favoritos, animais de estimação. Foram muitos assuntos.

- Por isso que você ficou sumido durante quase todo o dia - constatou Neville.

- Exatamente. Ficamos sentados perto de um campo com margaridas perto das barracas. Só percebi que estava tarde quando Cedrico falou que era melhor voltarmos já que o sol estava se pondo. Depois desse nós começamos a trocar correspondências e a conversar mais a cada dia, até aqui em Hogwarts, só que não com a mesma frequência.

- E quando você percebeu que estava gostando dele? - perguntou Hermione.

- Não tenho certeza. Foi em algum momento durante a nossa conversa na Copa Mundial e o meu quarto ano. Só fui ter certeza que estava apaixonado por ele naquela tarde que a gente passou na casa do Sirius. 

Um silêncio tomou conta do lugar quando Harry terminou de relatar sua história. Ele olhou para os seus amigos na esperança que alguém começasse a falar algo, mas não ninguém aparentava estar disposto a comentar sobre tudo que ele acabou de falar.

- E então? - ele questionou. Seus amigos precisavam falar algo.

- Então o que? - Hermione rebateu.

- Vocês não vão falar nada?

- Harry - a garota se aproximou mais dele, colocando sua mão em cima da de Harry, que estava sentado com as mãos sobre os joelhos -, a gente não precisa dizer nada. Eu achei meio fofo toda essa história que você contou e tudo mais, se fosse quer saber. Agora se vocês estiver perguntando isso porque acha que precisa de nossa aprovação ou algo do tipo, eu vou deixar algo bem claro: você não deve nada a ninguém.

Harry ficou estático. Um grande sentimento de gratidão e uma sensação de conforto crescendo dentro dele. 

- Obrigado. Sério mesmo, obrigado.

- Você não precisa agradecer nada. Estou apenas fazendo meu trabalho de amiga.

Todos ali presente se entreolharam com sorrisos no rosto. Só naquele momento Harry percebeu que o sol já estava se pondo, fazendo com que o Lago Negro adquirisse um lindo tom de laranja sendo refletido nas águas. Harry fechou os olhos e focou em cada uma das sensações que estava sentindo: a brisa fresca e fria do vento, a grama tocando levemente a palma das suas mãos, seus amigos ao seu redor. Tudo aquilo estava perfeito e nada poderia estragar aquele momento.

- Eu tô com fome - Luna exclamou, fazendo com que todos começassem mais uma rodada de risada - Já está tarde, pessoal. Acho que vou ir para o Salão Principal. Será que já começaram o jantar.

- Tenho certeza que ainda não, Luna - respondeu Hermione. - Vamos, acho que já esta na hora de voltarmos para o castelo de qualquer forma.

E assim, todos caminharem em direção a entrada do castelo. Luna saltitando na frente do grupo, Gina e Neville conversando sobre algum assunto alheio cujo qual Harry não conseguiu identificar o que era, e Hermione, localizada entre ele e Ron, com os braços estirado sobre a parte de cima do pescoço dos dois, falando sobre as matérias que Harry acabou perdendo do dia, e garantindo que iria passar tudo para ele quando chegassem ao Salão Comunal, além de ressaltar o quão irresponsável foi aquela atitude dele de sair no meio do horário das aulas. Como se uma pessoa escolhesse o momento que vai ter uma crise, pensou Harry.

Estavam atravessando as portas de entrada do castelo, indo em direção ao Grande Salão, quando uma voz surgiu em meio a dos outros estudantes, chamando a atenção do trio.

- Harry, posso falar com você?

A voz vinha do seu lado esquerdo. Ah não, Harry pensou. Por tudo que é mais sagrado, me diz que eu estou engando e essa voz não é de quem eu acho que é. 

Ao se virar, Harry se viu diante de ninguém mais ninguém menos que Cedrico Digorry. Ele tentou dizer qualquer coisa, mas o que saiu da sua boca foi algo como: Nãopossocomeragoravoudepoisdoquadribol.

- Desculpe, Harry, mas eu não consegui entender.

O garoto respirou fundo. Estava prestes a dizer que não seria possível quando Ron o emburrou na direção do garoto e falou algo como: Sem problemas. Guardamos seu lugar, Harry. Melhor conversarem no pátio da entrada, ele está meio vazio agora.

Harry lançou um olhar fulminante na direção do amigo, que já estava nas portas do Salão Principal gesticulando algo como me agradeça depois. Ele se virou para encarar Cedrico e percebeu que o garoto já partira na direção do pátio da escola. Então ele realmente quer conversar comigo, mas o que eu posso falar?

Cedrico se voltou na direção do moreno e fez um gesto para que ele o acompanhasse. Harry obedeceu, caminhado a passos lentos na direção dos banquinhos que ficavam de frente para a fonte do pátio e se sentando no local, garantindo que ficasse na maior distância possível de Cedrico. O rapaz pareceu perceber que Harry fazia o possível para ficar o mais distante possível, mas não falou nada.

Harry se concentrou ao máximo para conseguir se manter calma durante aquela situação. Repetia para si mesmo sem parar: Tá tudo bem. Cedrico me chama para conversar com ele justamente no dia que surge um boato pela escola que eu estou apaixonado por ele; isso não quer dizer nada. Afinal, ele pode simplesmente querer falar sobre quadribol ou qualquer outro assunto bobo do dia a dia, já fizemos esse tipo de coisa antes. É isso ai, Harry. Só relaxa que...

- Eu ouvi o que o pessoal anda comentando sobre nós dois.

Só relaxa que tudo vai acabar sendo uma merda gigantesca.

Legal. O que fazer agora? Poderia inventar uma história muita complexa e aleatória que justificasse tudo aquilo ou talvez apelar para desculpa clássica que se tratava de só uma brincadeirinha idiota do Malfoy. Sim, podia fazer isso. Mas por algum motivo ele não estava com paciência e não queria inventar mentiras sobre isso. Não mais.

Ele se concentrou em Cedrico, prestando o máximo de atenção em sua expressão. O garoto não parecia estar com raiva ou chateado, parecia o mesmo Cedrico de sempre. Calmo, prestativo e atencioso, apenas esperando que alguém começasse a falar dos problemas para ele poder ouvir e ajudar da maneira que fosse possível. Aquele era o Cedrico que Harry conhecia e, ele sabia, que jamais viraria as costas para Harry independente da situação. Como ele sempre gostava de falar: isso não é uma atitude digna de um lufano.

- É tudo verdade. - Harry disparou. Simples e direto.

Por apenas um segundo, Cedrico ficou espantado com aquela notícia, mas logo sua expressão voltou para a serenidade de sempre. Harry tentou decifrar aquele olhar que o rapaz estava lhe dando. Parecia o seu olhar habitual, mas havia alguém coisa além. O lufano levantou a cabeça e passou a enxergar o céu que já estava bem mais escuro do que anteriormente, pensando sobre algo que Harry era incapaz de saber. Longos minutos de um silêncio desconfortável se passaram até Harry decidir que era melhor entrar no Grande Salão e deixar o rapaz preso em seus pensamentos. 

Estava prestes a se levantar quando ouviu. Uma gargalhada. Começou pequena, mas logo estava atingindo proporções épicas. Harry ficou espantado ao perceber que quem ria era Cedrico.

- Ai, Harry - ele falou depois de um tempo. Secando as lágrimas de alegria que caiam de seus olhos. - Você não sabe como fico feliz em ouvir isso.

O corpo inteiro de Harry pareceu dar uma pane geral. Ele fica feliz em saber que eu gosto dele?

- Sabe, - continuou - eu estava acreditando que toda essa história era só uma pegadinha de muito mau gosto feita pelo Draco e seus amigos da Sonserina, mas fico feliz em saber que eu estava errado.

Ok. Harry não estava delirando. Cedrico disse duas vezes seguidas que fica feliz em saber que Harry gosta dele. Ele tenta abrir a boca para responder, mas não consegue formar palavra alguma no momento.

- Eu só fico me perguntando quando tudo isso começou. Por que você nunca me falou nada?

- Ced - finalmente conseguiu falar algo, mesmo que fosse só uma sílaba -, por favor, se isso for algum tipo de brincadeira ou

- Não é - ele interrompeu. - Você me conhece, Harry. Sabe que eu jamais faria uma brincadeira dessas com você. Por que você pensaria uma coisa dessas?

Harry sabia que Cedrico estava sendo sincero, mas alguma coisa dentro dele ainda tratava toda aquela situação como se fosse algo errado de se fazer. Ele se lembrou de uma tarde que passou na casa dos tios. Já tinha terminado seu primeiro ano em Hogwarts e quando voltou pra casa soube que sua mãe insistia em fazer uma visita para a irmã, e queria que ele fosse junto. Harry acompanhou ela, relutante. Quando percebeu, ele já estava contando a história para oa migo:

- Acho que eu tinha uns 12 ou 11 anos quando visitei minha tia uma vez. Eu estava na sala com ela e minha mãe enquanto um programa qualquer passava na TV. Acredite quando eu digo que meu tio e minha tia são  provavelmente as pessoas mais prepotentes e preconceituosas que eu conheço, talvez só percam pra família Malfoy. Mas enfim, chegou um momento no programa que um casal de dois homens apareceu no programa e na mesma hora meu tio apareceu na sala e desligou a TV. Eu não lembro as palavras que ele utilizou ao ver aquele casal, mas raiva, o ódio, na expressão dele... aquilo nunca saiu da minha mente.

Ele permitiu que o silêncio reinasse sobre eles naquele momento. Harry não tinha ideia que aquela memória o havia afetado tanto assim, nem se lembrava dela até o momento presente. Quando percebeu, uma pequena lágrima escorreu do seu olho. Ia levar a mão até o rosto para seca-la mas Cedrico foi mais rápido.

Agora o rapaz estava muito próximo de Harry. Os corpos de ambos se encostando, a mão do lufano segurando o rosto do menor e uma eletricidade intensa preenchendo o ar naquele momento. Harry tentou mudar o seu foco do olhar de Cedrico, mas aquilo era uma missão impossível; o olhar que o outro lhe lançava era muito intenso, fazendo ele ficar sem qualquer reação.

- Eu não sabia disso - ele declarou com a voz firme. - Sabia que os trouxas tinham problemas com relacionamentos homoafetivos, mas pela forma que você falou... nossa. Superou todas as minhas expectativas.

Sua mão desceu do rosto de Harry e segurou firme a sua mão.

- Sinto muito por você ter passado por tudo isso, Harry, mas, se serve de consolo, os bruxos não tem tantos problemas assim com a homossexualidade entre casais.

- Não?

- Não, inclusive alguns dos grandes bruxos famosos da história são gays e lésbicas. Embora nós não façamos uso desses termos.

Harry assimilou aquela notícia por um tempo. De repente, se lembrou do que Hermione havia dito mais cedo: É porque ela não existe no mundo dos bruxos. Por isso que Cedrico aceitava tão bem a sua sexualidade, diferente dele que precisou de uma sessão de terapia com os amigos durante quase todo dia para ver que não havia problema em um menino gostar romanticamente de outro menino.

- Eu realmente não sabia disso. E quais são os termos que vocês usam, afinal?

- Nenhum - ele admitiu, após pensar por um tempinho. - No fim são só pessoas gostando de outras pessoas. Acho que essa é a razão da comunidade bruxa nunca ter criado um tempo pra esse tipo de relacionamento, embora a gente esteja começando a utilizar um pouco as expressões trouxas ultimamente.

- Queria que os trouxas tivessem essa mentalidade. - Tudo seria tão mais fácil se eles percebessem que no fim são só pessoas gostando de outras pessoas.

- Bom, mas agora eu quero saber quando você começou a gostar de mim.

Harry arqueou as sobrancelhas com aquele comentáio. 

- O que foi? Eu sou curioso. - Cedrico se defendeu, o que arrancou uma risada de Harry.

Harry contou para ele tudo que havia dito para os amigos mais cedo. Cedrico era um bom ouvinte, não interrompia a história com comentários impertinentes e se mostrava focado durante toda a explicação. Harry também reparou que, desde quando o rapaz havia segurado a sua mãe ele não havia solto ela em nenhum momento e, agora, estava fazendo um leve carinho na mesma, com o polegar.

Quando Harry terminou, o mais velho encarou o horizonte e soltou um suspiro pela boca.

- Uau. Eu sou muito lerdo - confessou com um pequeno sorriso no rosto. - Eu nunca reparei em nada disso. Não acredito que você gostava de mim a tanto tempo e nunca falou nada.

- E o que nós fazemos agora? - Harry perguntou depois de um tempo. A curiosidade falando mais alto do que tudo.

- Bom. Eu gosto de você e você gosta de mim. Acho que não tem muito o que discutir, não é?

Harry ficou estático por um segundo. Depois disso, se iluminou de uma maneira incrível, um sorriso preenchendo seu rosto de ponta a ponta. Como um dia que começou tão merda poderia terminar tão bem assim? Harry olhou nos fundo dos olhos de Cedrico quando pronunciou as palavras que queria dizer havia tanto tempo.

- Quer namorar comigo?

Cedrico sorriu mais ainda, se é que aquilo era possível, quando respondeu a pergunta.

- Achei que nunca fosse perguntar. Sim, é claro que sim.

E com um impulso, os dois se beijaram. Harry não soube dizer quando tempo haviam passado daquela forma juntos, segundos, horas, meses ou anos. Fora um simples selar de lábios, mas ele queria aquilo jazia tanto tempo que a sensação de finalmente usufruir daquele momento era indescritível. Quando se separaram, os sorrisos bobos ainda no rosto, Cedrico se levantou do banco e estendeu a mão para Harry. 

- Me acompanha?

Harry não precisou pensar duas vezes antes de dizer:

- Sempre. 

E assim, os dois partiram para o Grande Salão. Harry com a sensação de que já atingira o nível máximo de emoções intensas pelos próximos sete anos, e com a certeza de uma coisa: uma boa conversa com os amigos pode ser a solução para os mais desastrosos e complexos problemas.

Quando chegaram às portas do salão, se entreolharam. Cedrico levou a boca até o ouvido de Harry e sussurou:

- Depois de você, namorado. 

E juntos, adentraram o Grande Salão para uma nova etapa de sua vida: Harry, o namorado de Cedrico, e Cedrico, o namorado de Harry.

 


Notas Finais


Eu gostaria de saber se vocês queriam que eu fizesse os capítulos dos momentos que Harry citou estar se apaixonando pelo Cedrico. Ele narra bem por cima como foi a situação, até por que ele esta envergonhado e tals. Então se quiserem esses capítulos é só falar.

Obrigado e se cuidem!


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