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História A Poção do Papai - Capítulo Único - Frederic, O Sapo - História escrita por CakeJeh - Spirit Fanfics e Histórias
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História A Poção do Papai - Capítulo Único - Frederic, O Sapo


Escrita por: CakeJeh

Notas do Autor


Bonjour (que não deve ser mais bonjour mas okay)!!!! Como vão vocês?????
Bem, depois de eu ficar um tempinho parada só lendo algumas trilhares de fics na minha biblioteca e adicionando mais algumas trilhares, eu fiquei com vontade de escrever algo fofinho dessa vez eis que me vem Kaibaek, e dessa vez irmãos, eu mirei em Kaibaek e acertei neles! suhsuhssuhush é kids, mas ainda é Kaibaek pq são os bebes mais lindos e eu posso provar!

É isso, boa leitura e até as notas finais *dá tchauzinho

Capítulo 1 - Capítulo Único - Frederic, O Sapo


Fanfic / Fanfiction A Poção do Papai - Capítulo Único - Frederic, O Sapo

— Baekhyun?

 

A voz ecoou alto por toda a residência, numa tentativa quase falha de encontrar o garoto seja lá onde ele estivesse naquele momento.

 

— Baekhyun?

 

Chamou mais uma vez abrindo a porta dos fundos da casa, se deparando logo que o fez com uma pequena figura ajoelhada no chão gramado do quintal, esta que tinha apenas a ponta do chapelão negro que usava à cobri-lo totalmente do sol, enquanto parecia mexer em algo no chão.

 

— Ah, aí está você! — o garoto soltou um resmungo interrogativo, virando a cabeça apenas o suficiente para que pudesse ver de relance o pai apoiado no batente da porta. — Estou indo até os Oh…. parece que o filho mais novo deles está com uma alergia terrível por causa daqueles Bumbbles... Já cansei de dizer que aquele negócio é algo tóxico para as crianças. — suspirou um tanto irritado. Aquela já era a terceira vez só naquela semana que era chamado para resolver problemas causados pela nova guloseima que circulava por toda a cidade bruxa, mesmo nas pequenas tendas de feiras — Volto em poucas horas, tudo bem?

 

— Tá bom...

 

—  A senhora Cho já está chegando para ficar com você... Não apronte nada enquanto eu estiver fora, e obedeça ela. — tateou o casaco em busca da sua varinha, logo a encontrando num dos longos bolsos dentro dele — Eu fiz alguns biscoitos de semente, estão no forno, lave as mãos antes de comer. — fez um leve gesto com a varinha e uma maleta voou de imediato até uma de suas mãos. A maleta escura levava várias gravuras e o nome “Do” bem esculpido num dos versos. — E nada de entrar na minha sala mocinho, já não basta da última vez do Halloween!

 

— Sim senhor. — sorriu amarelo para o mais velho enquanto ele acenava e voltava a entrar na casa.

 

Assim que ouviu a porta da frente bater, indicando a saída do mais velho, Baekhyun voltou ao que fazia.


 

Seu pai raramente o deixava “sozinho”, não porque Baekhyun não sabia se cuidar, esse já tinha dez anos muito bem vividos, obrigado, de nada — e as saídas geralmente eram rápidas, do contrário ficava na casa da senhora Cho por tempo indeterminado, fazendo companhia para ela e seus trezentos companheiros gatos —. O pai só não o deixava sozinho porque não havia a real necessidade já que, na maioria dos casos as pessoas vinham até ele, essa era uma das vantagens em ser um bruxo curandeiro autônomo, porém, o Do era muito requisitado entre os bruxos, principalmente nos arredores de onde morava, o que acarretava em algumas saídas como aquela, coisa que vinha acontecendo bastante nos últimos dias.

 

Bem, na verdade aquele era um dos motivos, já que um problema recorrente em deixar o pequeno de sobrenome também Do, sozinho, era justamente o que ele fazia quando estava sozinho...


 

— Humm… vejamos o quanto eu consigo crescer você… — encarava o sapo parado em sua frente. O pequeno anfíbio com chifrinhos não fazia nada. Só ficava lá parado o encarando de volta —  Eu preciso completar essa experiência, mas juro que depois te trago de volta ao normal.

 

Baekhyun viva fazendo experimentos com todos os tipos de feitiço que aprendia, todos mesmo. E isso desde quando ganhou sua primeira varinha aos seis anos — varinha essa que não durou muito depois de sair para brincar com ela e voltar com o objeto mágico aos frangalhos —. Seu pai claro que ficava bravo. Mesmo quando seus experimentos eram muito bem sucedidos e podia ver o pequeno sorriso de orgulho do mais velho,  ele logo tratava de esconder às feições orgulhosas para então dar lhe uma bronca carrasca por fazer aquele tipo de coisa que poderia ser, e era perigosa.

Sem contar as poções estranhas que o garoto também fazia, coisa que deixava o pai ainda mais louco, afinal, poções eram tão traiçoeiras quanto feitiços, uma vez que na colocada de um ingrediente em falso, você tinha uma nova e talvez terrível combinação.  

 

“Baekhyun! Eu já disse para você parar de fazer esse tipo de coisa! E se isso dá errado? Você sabia que pode crescer um chifre bem na ponta do seu nariz?”

 

Naquele dia o menino até poderia ter ficado  horrorizado, mas seu tio Chanyeol já havia lhe dito uma vez que chifres só crescem se você se meter com gengibre e açafrão, e desses o Do menor fazia questão de passar beeem longe.

 

Baekhyun admitia que de vez em quando acabava por cometer erros visíveis, como da vez que lançou sem querer um feitiço errado, e este acabou por acertar seu gato Bolota, o pobre gato mudava excessivamente de cor a todo momento, mas o felino parecia não ligar, nem mesmo no dia do feitiço, apenas continuou deitado sobre o sofá com a mesma cara de tédio de sempre enquanto passava de laranja para um verde listrado.

 

Mas o que o garoto poderia fazer? Seu pai dizia que ele ainda era muito novo para aprender a magia em suas mais variadas formas, deixando apenas que praticasse feitiços pequenos, mas o pequeno Do não queria aprender a descascar batatas como o pai vivia mandando que fizesse, queria mesmo era transformar peixinhos em tubarões.

 


— Não deve ser difícil, eu já fiz isso com uma flor. — falou para si mesmo enquanto sacava a varinha bem talhada, a direcionando para o sapinho verde que havia nomeado como Frederic. Oras, não podia sair por aí lançando feitiços nas coisas sem antes mostrar respeito a elas! E Frederic era um ótimo nome também! — Não deve ser tão diferente com um animal vivo, certo?


 

Errado.

 

 

— Jongin… Ei, Jongin… — jogava pequenas sementes de árvore na janela do amigo, se abaixando vez ou outra para ter certeza que ninguém o estava vendo.

 

Durante a quinta ou sexta semente certeira jogada, ouviu o som de leves passos do outro lado da janela, e um arrastar de algo pelo chão. Ficou encolhido por precaução em meio as várias flores azuis apenas no caso de outra pessoa senão o amigo aparecer ali.

 

— Yah, Yah! — Jongin abriu a janela de seu quarto, identificando quase de imediato o garoto agachado no meio das hortências de sua mãe. — Baek?

 

— Preciso de ajuda…

 

Disse de imediato, não tinha tempo para ficar enrolando, se o seu pai chegasse antes que resolvesse a situação que tinha criado, teria um problema dos grandes, com direito a castigo até se formar como um bruxo completo, casar e ter filhos.

 

— O que você fez? — Jongin encarou o outro desconfiado. Sempre que o amigo aparecia assim do nada na janela do seu quarto, jogando sementes de árvores nela, sabia que ele havia aprontado alguma coisa, e que teria que ajudá-lo a resolver.

 

Já estava acostumado com o pacote surpresa em se ter um Baekhyun como melhor amigo.

 

— Nada demais… talvez só um pouquinho… — o pequeno Kim estreitou os olhos quando o biquinho amuado surgiu nos lábios do amigo indicando que seja lá o que ele tivesse feito, não tinha nada de “pouquinho”.



 

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— Isso é um pouquinho, Baek? — Jongin disse num tom que beirava o surpreso e o lamuriante enquanto olhava o estado da sala de poções do pai do melhor amigo. Havia até mesmo tirado o chapéu pontiagudo que vivia caindo sobre seu rosto, apenas para que pudesse visualizar perfeitamente o desastre de cacos e a grande poça do que um dia foi uma poção alaranjada espalhada pelo chão.


 

Os dois não haviam demorado muito para chegar até a casa onde Baekhyun morava.

 

Depois de caminhar um pouco, só tiveram que entrar agachados na habitação, passando por detrás do sofá enquanto a senhora Cho dormia num sono extremamente profundo no estofado de couro, com um dos seus gatos preto sobre o colo, esse que dormia igualmente a ela.


 

Não precisou de mais de dois segundos após vislumbrar a rústica sala de poções para que Jongin abrisse a boca igualmente a da senhora Cho no sofá, só que sem os roncos e os barulhos um tanto suspeitos.

 

— Eu não fiz nada! Foi o sapo! Eu só fiz um feitiço simples para que ele crescesse e…. — na parte “crescesse” Jongin estreitou os já pequenos olhinhos enquanto balança levemente a cabeça de modo negativo, assim como seu pai fazia sempre que quebrava uma janela sem querer — Bem, ele endoidou entrou pela janela da cozinha e depois de eu correr atrás dele pela casa, ele veio aqui e derrubou tudo….

 

— E aí pulou pela janela? — olhou o estrago enorme na vidraça da pequena sala.

 

— E aí pulou a janela. — confirmou num suspiro.

 

— A senhora Cho já estava aqui quando isso aconteceu?

 

— Já, ela chegou aqui logo que meu pai foi embora.

 

— E não ouviu nada?

 

— Não… Você sabe que ela é meio surda. — apontou o dedo para uma das próprias orelhas
 

— Seu pai vai te matar… — o pequeno Kim foi até a janela estilhaçada olhando o lado de fora com a esperança de ver quem sabe o sapo do outro lado, mesmo que de longe. Nunca havia visto um sapo enorme, e pelo o estrago na sala, aquele com certeza deveria ser dos grandes!

 

Tudo bem, tudo bem, não deveria estar deslumbrado com o sapo enorme que o melhor amigo havia feito, existiam muitos por aí no mundo bruxo, e de natureza, mas era um sapo ENORME! O que poderia fazer? O mais perto que chegou de ver um foi no oráculo semanal, e nem era tão grande assim… pelo menos não da última vez.

 

— Eu sei. — choramingou — Depois ele vai me colocar pra ajudar a senhora Joohyun a limpar o cocô do Bong…

 

Os dois se entreolharam em silêncio, antes de por fim, abraçarem o próprio corpo em uma falsa tremedeira, soltando um “Eca”.

 

Poderia até ser um castigo justo analisando os estragos, mas quem em sã consciência gostaria de limpar um cocô grande, verde e esquisitão de um cachorro com quase três metros de altura? Baekhyun é que não queria.

 

— E o que você vai fazer?

 

— Vou refazer a receita! — de repente o pequeno Do tomou um ar determinado enquanto colocava as mãos na cintura, crente de que todo o seu plano daria muito que do bem certo.

 

— E me chamou aqui para te ajudar, né?

 

— Sim. — sorriu o mais abertamente que conseguiu

 

— Hum... Eu não sei se devo… — cruzou os braços olhando para o lado oposto de onde Baekhyun estava.

 

— É necessário, Nini! Se eu ficar de castigo por um mês de novo, quem vai te ajudar a organizar corrida de lesmas no nosso clubinho das Lesmas Douradas?

 

O Clubinho das Lesmas Douradas era o local secreto de todos os meninos da rua, um lugar achado por ambos os garotos quando estavam caçando cogumelos azuis fluorescentes. Depois de se enfiarem num enorme arbusto com flores rosas, saíram numa zona  totalmente nova para eles com uma casinha um tanto velha — até mesmo para o estilo rústico e desgastado da maioria dos bruxos na atualidade — em cima de uma árvore seca, mas com grandes raízes que circulavam a casa toda. A casinha era pequena por conta dos pedaços faltando que julgaram provavelmente ter caído com alguma tempestade.

 

Com a empolgação aflorando no peito, trataram de voltar correndo e logo contaram da grande descoberta para todos os outros amigos, esses que ficaram igualmente empolgados. E assim, a casinha da árvore seca, acabou virando um local em comum para encontro de amigos, onde organizavam um pouquinho de tudo, desde corridas de lesma à quem cuspia mais longe que o outro. O Clubinho levava aquele nome por falta de outro mesmo, mas isso era apenas um detalhe.


 

— O Luhan, o Junmyeon, — ergueu os dedos começando a enumerá-los sem parar — o Minseok, o garoto novo e…


 

— Então você vai trocar o seu melhor amigo e deixar ele cata cocô verde sem remorso?


 

— Da última vez eu quase fiquei careca — colocou as duas mãos na cabeça espetando os fios escuros


 

— Por favorzinho… eu juro que dessa vez você não vai voltar com o cabelo de nenhuma cor diferente da dele normal. — juntou as mãos dramaticamente enquanto fazia um biquinho.

 

— Tá bom, tá bom, vamos lá. Mas antes temos que começar aqui com a sala, você não vai conseguir fazer uma receita com essa gosma grudenta no chão.


 

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— Mais alto! — esticava os braços com certo esforço.

 

— Não tem como, é o meu máximo.


 

Baekhyun segurava as pernas do amigo enquanto este se mantinha sentado sobre seus ombros tentando alcançar uma das frutas em cima da árvore. A tarefa se mostrava bem árdua, mas os garotos não haviam desistido mesmo assim.

 

Os chapéus já se encontravam esquecidos há tempos em cima de uma pedra juntamente das capas surradas por conta de todo o percurso feito até ali.

Depois de terminarem de arrumar a sala de poções, Baekhyun tinha pego um dos diversos livros de receita do pai, mais especificamente o que tinha visto o mais velho lendo enquanto mexia no caldeirão horas antes de sair de casa. Havia ouvido o pai dizer que a poção que fazia era a do astral, e que iria a entregar para outra pessoa, não chegou a ouvir toda a frase do mais velho porque num descuido, Bolota roubou a rosquinha de abóbora que comia antes de correr para fora da casa, obrigando o garoto a correr atrás dele no mesmo instante. O gato não podia definitivamente comer nada com abóboras em sua composição, pois isso o deixava intenso, e intenso na linguagem de um Bolota, era um gato grande, peludo e soltador de bolas de pelos extremamente grudentas e com cheiro de abóboras que nunca saíram do galpão no halloween, às quais Baekhyun teria que mais tarde recolher com muito esforço e uma espátula.


 

Quando pegou o livro, logo achou a página que procurava numa rapidez incrível e mostrou para o amigo. Eram poucos ingredientes então poderiam terminar tudo antes do pai do menino chegar. Kyungsoo nunca ficava muito tempo fora, apenas algumas horas já eram suficientes. Na realidade, não era para passar mais do que três horas fora de casa em consultas como as do Oh, mas o pai do garoto sempre acabava por fazer uma coisa ou outra a mais, o famoso “Já que você está aqui, você não poderia olhar tal coisa para mim?”, e o Do como um bom amante do que fazia apenas respondia “Mas é claro”.

 

Depois de marcar a página certa com a receita da poção, Baekhyun apenas pegou um mapa velho no seu quarto onde marcou em que lugar ficava cada um dos itens — seu pai havia o ensinando muitas coisas que não envolviam feitiços, se localizar em lugares aleatórios era uma dessas coisas —, por sorte os locais não eram distantes, isso também explicava o fato de que uma poção como aquela era bem comum na comunidade.

Optou por levar o livro junto de si ao invés de apenas marcar o nome dos ingredientes, pois aquele volume continha diversas imagens que iriam auxiliá-los na hora de colher os itens corretos. Guardou tudo numa bolsa igualmente velha e saiu com o amigo.

 

Agora voltando a situação atual, lá estavam eles depois de marcharem rumo a floresta do lado de fora da casa de Baekhyun, nem tiveram que adentrar muito as árvores e arbustos  que cercavam a vila onde moravam. Ainda era possível vê-los de dentro da casa, e na realidade, os surrados das roupas eram porque haviam caído depois de brincarem de escalar uma pedra torta no meio do caminho.


 

— Peraí, peraí… só mais um pouquinho — esticou mais os braços numa careta de quem faz muito esforço antes de por fim, baixá-los derrotado — Por que você não usa um feitiço mesmo?

 

— É que eu não sei um feitiço para isso. — o som terminou abafado por conta da manga da roupa do amigo que cobriu seu rosto após baixar completamente os braços magros.

 

— Então você sabe feitiços para transformar sapos em elefantes, mas não sabe um para colher frutos?

 

— E você sabe? — olhou para o outro com uma careta assim que o tecido destapou a sua visão.

 

— Não...— fez um biquinho e voltou a esticar as mãos.

 

Se fosse só um tiquinho mais alto conseguiria pegar a fruta. Faltava tão pouco, mas só conseguia raspar levemente os dedos nela, o que já estava sendo frustrante. E se continuasse mais tempo apoiado no amigo abaixo de si, certamente ia cair visto que ele vez ou outra cambaleava para trás.

 

“Só mais um pouquinho…”


 

— BAEKHYUN????

 

A voz da senhora Cho ecoou por todo o lugar e, no susto, Baekhyun soltou as mãos dos joelhos do amigo que se desequilibrou e caiu de seus ombros no meio da moita com frutinhas azuis ao lado deles, quase o arrastando junto de si no processo.

 

— Dona Cho?

 

— O que está fazendo aí, Baekhyunnie? — perguntou docemente enquanto espalmava as mãos na longa saia tirando todos os carrapichos que grudaram ali.

 

— Só levando o Bolota para passear.

 

— Oh, o cachorro?

 

— Não dona Cho, o gato.— mesmo depois de dizer diversas vezes que Bolota era um gato, a velha insistia em achar que ele era um cachorro, às vezes até desistia de dizer o contrário.

 

— Então está bem, não apronte nada, hein? Qualquer coisa vou estar vendo o Oráculo.

 

Quando a senhora deu meia volta e foi se afastando gradativamente, Baekhyun se voltou rapidamente para o amigo ainda caído.

 

— Jongin? — nada — Nini? — a moita se mexeu levemente acompanhada de um resmungo.  

 

— Você tá bem? — outro resmungo dessa vez mais alto — E a fruta?

 

O arbusto balançou um pouco mais que da última vez, e logo uma mão se ergueu segurando firmemente a fruta arroxeada e molenga entre os dedos.
 


 

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Depois de Baekhyun guardar cuidadosamente a fruta dentro da bolsa, ambos voltaram a seguir rumo floresta a dentro.

 

— Onde fica o próximo item? — Perguntou Jongin arrumando entediado o chapelão em sua cabeça que insistia em tobar para os lados… Só se conformava com o chapéu porque seu pai o havia dado dizendo ser uma herança de família e que já o tinha usado na idade do Kim.

 

“Adultos… todos melosos”

 

Baekhyun revirou a sua bolsa pegando o mapa e os dois se abaixaram no chão, enquanto o mais velho entre eles abria o grande papel amarelado pelo tempo.


 

— Aqui. Perto dos montes


 

— Aaah, o lago fedorento… eu devia ter vindo com as minhas botas de borracha...

 

.

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Chegando ao local de destino, a coloração escura e cheia de pelotas não deixou dúvidas, era o lago fedorento.


 

Jongin foi o primeiro a puxar a barra das calças e entrar no lago melequento, sendo seguido pelo amigo segundos depois. O lago não era fundo, só grudento e fedido. Às vezes ele e Baekhyun iam ali com os outros amigos, faziam uma ponte com cordas e brincavam de se equilibrar em cima dele, quem perdesse voltava para casa bem mal cheiroso. Era divertido, e demorava uma semana inteira para o cheiro do lago sair do cabelo.


 

.

.

 

— Okay, Nini — Baekhyun sussurrou ao lado do amigo, ambos se mantinham escondidos dentro de um arbusto — o plano é simples: a gente só chega, enfia a mão na barba do Goblin puxa dois pelinhos de nada e vamos embora, correndo de preferência.

 

— Isso vai dar muito errado…

 

— Não, não vai não.

 

— E se ele estiver de mau humor?

 

— A gente corre.

 

— E se a gente não conseguir pegar pelo nenhum?


 

— A gente corre também.


 

— Mas e se ele correr atrás da gente?


 

— A gente continua correndo.


 

Jongin apenas suspirou enquanto o amigo quebrava um galhinho do arbusto em que estavam espremidos.


 

— Vamos tirar no gravetinho quem vai primeiro.

 

— Tá bom… Que?! Não, não não, não, você me chamou aqui, você vai primeiro!

 

— Tá né… — resmungou “Pelo menos havia tentado” — Me deseje sorte.

 

— Eu vou desejar… daqui do arbusto… bem quietinho.
 

Baekhyun se levantou e respirou fundo passando a caminhar em direção a pequena figura vermelha e barbuda que dormia tranquilamente em meio a um monte de folhas secas no chão.

 

Goblins nada mais eram que pequenos seres às vezes bem zombeteiros que gostavam de comer, dormir e de vez em quando realizar alguns desejos para as pessoas, se seria bom ou ruim ia depender muito do humor temperamental deles. Era bem fácil encontrá-los espalhados pelos cantos sempre a relaxar com tudo e nada. Normalmente eram bem na deles… normalmente.

 

“Calma, Baek… eles são dorminhocos… ele nem vai perceber nada”

 

O jovem garoto se aproximou do Goblin deitado no chão, e levou as mãos calmamente em direção aos pelos extremamente brancos e compridos da barba.

 

“Muita calma”

 

Olhou para trás quando finalmente segurou os fios pela pontinha, e a criatura se remexeu mas não acordou, vendo Jongin fazendo joia com os dedos ainda baixado no arbusto, o incentivando a continuar.

 

“Vamos lá Baekhyun… Você consegue! No três!”



 

...Um…

 

Dois…

 

Três!


 

— AAAAAAAH!


 

Fora tudo tão rápido, em um momento Baekhyun estava puxando os fios da barba, e no outro estava gritando juntamente da criatura que havia grudado na sua cabeça ao mesmo tempo que puxava seus cabelos.

 

Havia folhas secas voando para todos os lados enquanto Baekhyun rodava de um lado pro outro com o Goblin ainda a segurá-lo firmemente pelos fios castanhos. O garoto tentava tirar a criatura histérica de cima de si, mas todos os seus esforços eram em vão.

 

Quando Baekhyun estava cogitando bater com a cabeça em uma árvore e quem sabe assim se ver livre, ouviu o som das folhas secas no chão se quebrando com passos firmes, e alguns segundos depois uma forte pancada que o fez cair no chão de imediato pelo impacto, mas finalmente se ver livre do ser pequenino.

 

Antes mesmo que pudesse se levantar sozinho e agradecer Jongin que, naquele momento segurava um pedaço de galho grande o suficiente para arremessar Goblins e suas carcaças duras para bem longe, o amigo o puxou pela mão e começou a correr.


 

.

.


 

— Dessa vez eu que quase fiquei careca… — Baekhyun começou um tanto ofegante depois que ambos pararam de correr, e o Goblin enfurecido já não podia ser mais visto a perseguir eles. — e ainda por cima nem consegui pegar os fios da barba...

 

Baekhyun olhou para o amigo soltando um muxoxo com a ideia de que quase ficou mais careca que o pai a toa, mas notou que Jongin, ao contrário de si, sorria.

 

— Quem é o seu melhor amigo?

 

A resposta ainda demorou um pouco para vir, e tinha um tom relutante pela pergunta repentina.

 

— … Você?

 

Então Jongin ergueu um dos braços mostrando longos fios que segurava enrolado entre os dedos.

 

— Peguei antes de acertar vocês com o galho.

 

— Eu já disse que você é o melhor amigo do mundo?

 

— Não.

 

— Você é o melhor amigo do mundo!

 

— Sim, eu sou.


 

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— Qual o próximo ingrediente? — Baekhyun perguntou para o amigo que naquele momento segurava o livro.

 

— Um cipó de bordo.


 

Baekhyun olhou para a  árvore que teria que escalar e suspirou


 

“Devia ter feito esse primeiro…”


 

— Você faz pézinho?


 

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Voltaram para casa com os cabelos cheios de galhos e folhas, além de claro, as roupas encardidas de terra.

 

Mas com a lista de ingredientes completa.


 

Naquele momento, os dois estava em frente ao caldeirão, Jongin ia falando o modo de preparo e Baekhyun ia se guiando através do que o amigo dizia.

 

— Oh, oh… — Jongin disse se concentrando mais no livro em suas mãos que praticamente tapava a sua figura dos outros ao redor tendo apenas ao seu lado o gato Bolota, que naquele exato momento tinha a pelagem num tom amarelado.

 

— O que foi?

 

— Parece que você não viu que uma das páginas estava colada em outra.

 

— O quê? Então a gente não pegou tudo? — sentiu uma pontadinha de decepção quanto aquilo, ainda mais quando o amigo confirmou.

 

— Pelo jeito não.

 

— Qual o último ingrediente?

 

— Hmm... Casca de Fagus.

 

— Fagus… A de dragão?!

 

— Essa mesmo. — virou o livro para que o amigo também pudesse ver as imagens.

 

— Aaaaah, não vai dar tempo de voltar e conseguir uma, meu pai com certeza já deve estar chegando. A senhora Cho já tirou dois cochilos, ele sempre volta no terceiro. — cruzou os braços

 

— Tem alguma ideia? Porque eu não tenho.

 

Baekhyun fez uma careta pensativa, não podia ficar desesperado — não mais do que já estava —, seu pai sempre dizia que aquilo era uma péssima alternativa para se resolver as coisas. “Um bom bruxo é um bruxo sensato”.

 

— …Talvez… talvez meu pai tenha aqui nesse monte de coisas. Mesmo que a maioria dos armários são enfeitiçados ele sempre deixa alguns frascos vazios para fora, e de vez em quando alguns deles tem alguma coisa, mesmo que pouco. — falou começando a andar pela sala, sendo seguido pelos olhos atentos do amigo sentado no balcão no lado oposto ao dele.


 

Nem cinco minutos depois e a voz do garoto já ecoava alegre novamente pela sala de poções.


 

— Achei! — veio saltitante segurando um frasco de vidro — Isso é casca, não?

 

—É, mas do que?

 

— Não sei… só tá escrito “Casca”, a outra palavra está borrada… Deve ser um frasco velho que meu pai nem deve lembrar mais da existência. E olha... — abaixou o livro que o amigo segurava colocando o objeto de vidro ao lado da ilustração de casca no livro — as cores são parecidas.


 

Se afastou animado.


 

— Não me parece uma boa ideia, Baek… — Jongin desceu do balcão e foi até o amigo já perto do caldeirão, que naquele momento abria o frasco.

 

— Não há outras alternativas caro Nini.

 

E assim Baekhyun se aproximou mais do caldeirão despejando a quantia que o livro pedia de casca, e por sorte, havia o suficiente para aquilo no frasco.

Logo a mistura borbulhante começou a tomar um forte tom de laranja enquanto o garoto mexia a colher de pau.

— Voilà! Tá vendo? Está igualzinho a poção do meu pai! — foi em direção as prateleiras - Agora é só pegar um frasco para colocá-la e pronto.
 

— Mas e o resto?

 

— Hmm? Que resto?

 

— As duas janelas quebradas...

 

Baekhyun já estava prestes a resmungar quando o amigo continuou:

 

— Para a sua sorte, a minha irmã me ensinou um feitiço que conserta vidraças!
 

— A sua irmã?

 

— Sim, depois de eu quebrar três vezes a janela da sala, ela me ensinou. — tirou a varinha das roupas a direcionando para a janela — Eu nunca tentei em um estrago tão grande, mas não deve ser tão diferente… só mais difícil… talvez.

 

— É toda sua.

 

E num pequeno aceno com a varinha meio torta — havia sentado diversas vezes na varinha desde que tinha a ganhando, e com o tempo o material começou a gradativamente ganhar um leve envergado no meio que chegava a ser um tanto engraçado —  o Kim pronunciou as palavras necessárias, mas nada aconteceu.

 

— É só isso?

 

— Geralmente sim… — ficaram ambos encarando a janela esperando que algo acontecesse

 

— Me parece igual.

 

— Eu não sou um profissional ainda, tá?

 

Um pequeno ruído chamou a atenção dos meninos, e logo a janela começou a se restaurar aos poucos.

 

— Viu? Eu disse que eu sabia.

 

— Sem cocô de Bong pro pequeno Baek.

 

—Sem cocô de Bong. — olhavam a janela se reconstruir.
 


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A porta da sala foi aberta e logo uma figura com um longo casaco negro entrou.

 

— Senhora Cho? — Kyungsoo se aproximou da velha senhora no sofá que acordou de imediato assustando o gato em seu colo que saltou para o chão.

 

— Ah, você já voltou!

 

— Sim, o Baekhyun se comportou?

 

— Como um anjinho. — se levantou do sofá e pegou o gato no colo, esse que mesmo depois do susto continuou perto dela.

 

— Muito obrigado dona Cho, eu fico preocupado de deixar o Baekhyun sozinho.

 

— Não, não, não. Ele ficou bem quietinho… Aah, isso me lembra do tempo que olhava os meus, inclusive você… — o tom era nostálgico — Você era tão arteiro, achei que o Baekhyun iria lhe puxar…

 

— Você ficaria surpresa…

 

— Certo, certo. Você voltou então eu vou indo…— espalmou a saia despreocupada —  Até depois Kyungsoo!

 

— Até senhora Cho.

 

Quando a porta bateu, Kyungsoo deixou sua maleta sobre o sofá e tirou o casaco pesado que usava. Normalmente aquele seria o momento que iria suspirar de tédio e sentar-se no sofá, mas estava com os sensores ligados e isso desde o momento que havia avistado a casa da rua.


 

— Baekhyun? — chamou desconfiado

 

— Aqui na cozinha!

 

O garoto respondeu ao chamado estando sentado num banco na bancada da cozinha enquanto comia os biscoitos que o pai tinha feito mais cedo. Jongin havia ido embora fazia algum tempo, mas não sem antes claro, comer os biscoitos também como uma ótima recompensa na visão dele.

 

— A senhora Cho disse que você se comportou bem.

 

Baekhyun apenas sorriu amarelo enquanto o pai bagunçava seus cabelos.

 

— Eu encontrei o Chanyeol no meio do caminho, ele já deve estar chegando aqui e—


 

Tim dom…


 

— Na verdade já chegou. — foi impossível não pensar um “Nessas horas ele é pontual” — Vou estar na sala conversando com ele.


 

.

.

 

Kyungsoo  atendeu a porta dando de cara com o amigo alto de cabelos ruivos e orelhas um tanto salientes. Logo mandou que ele entrasse sem cerimônias para que que pudesse pegar a “encomenda”.
 

Já sentados no sofá da sala Kyungsoo entregou a poção ainda enfrascada como havia deixado antes de sair para o amigo.

— Você ainda não me disse para que quer uma poção de astral, Chanyeol.

 

— Eu estou fazendo um experimento emocional. — balançou o líquido um tanto viscoso no frasco.

 

— Eu vivo repleto de pessoas que gostam de fazer experimentos… vocês são um perigo para a comunidade bruxa.

 

— Você também com  colheres de pau... eu ainda sinto o galo na minha cabeça.

 

— Isso porque você ia colocar a mão em um caldeirão borbulhante.

 

— Estava testando a  impermeabilidade das minha novas luvas.

 

— Pois então fiz bem porque elas eram uma porcaria.

 

Os dois riram.

 

— Você vai começar quando esse seu experimento?

 

— Agora. — disse despreocupado.

 

— Aqui?

 

— Aqui. Assim você também pode me ajudar na análise dos efeitos.

 

— Eu ainda não entendi o porquê de você mesmo não fazer a poção.

 

— As suas são sempre as melhores, Soo…

 

Kyungsoo apenas revirou os olhos.

 

— Tá bom, vai lá… — observou o amigo começar a destampar o frasco — Ah, e o cheiro dessa é horrível de perto.

 

— Sério? — Chanyeol pressionou o nariz com a ponta dos dedos.

 

Aah que exagero.

 

—  Eu sou sensível.


 

E assim Chanyeol fez. Destapou a poção levando até a boca e bebeu um grande gole do frasco em mãos.


 

— Eai? — Kyungsoo se mantia curioso, mesmo que já havia visto mais vezes do que podia contar pessoas sobre efeito de poções, era sempre curioso.
 

—... Nada… nem cosquinha. — olhou para os pés, os balançando — Eu pareço feliz?
 

— Não.
 

— Estranho porque eu estou sentindo algo, mas ao mesmo tempo não estou sentindo…

 

— Sentindo nada? — completou o amigo que ficou em silêncio o encarando.

 

— Kyungsoo… você… você tem certeza que fez uma poção do astral? — piscou os olhos freneticamente como se tentasse enxergar algo direito —  Porque nesse momento eu não sei pra qual de vocês dois eu olho.

 

— Dois? Você está vendo dois de mim? — começou a se preocupar, nunca na sua vida inteira havia errado uma poção a esse ponto, mesmo quando já sabia de cor a receita, sempre olhava pelo menos duas vezes o passo a passo. — O que… o que você está vendo necessariamente?

 

— Além de dois de você?... Hmm tem uns... — começou a balançar as mãos — umas coisas no alto. — riu.


 

Quando Chanyeol começou a sorrir meio bobo e desorientado, começando a ignorar completamente a existência do Do ali, achando a almofada ao seu lado bem mais interessante, Kyungsoo realmente se preocupou. Ainda mais quando notou a ponta do nariz do amigo começar a tomar uma coloração avermelhada. Aquilo não tinha nada a ver com efeitos colaterais, muito menos por uma poção preparada errada. Não era possível que houvesse errado tanto assim a mão!


 

E nem mesmo dois segundos depois, um fiapo verde saiu da ponta do nariz antes vermelho, e o Park apenas soltou um “Oh”, antes de tocar as pétalas da flor branca que desabrochou na ponta do fiapo.

 

— Por Merlin, Chanyeol! Me de esse frasco! — Kyungsoo estendeu a mão para o amigo que lhe deu o frasco, na verdade tentou visto que estendeu o braço para o nada.

 

Kyungsoo pegou o frasco e cheirou o resto do conteúdo dentro dele, franzindo o cenho logo em seguida.

 

— Mas o quê? Essa… essa não é a poção que eu fiz… — cheirou novamente o frasco uma última vez, para só então inflar profundamente os pulmões — BAEKHYUN!!!

 

O garoto na cozinha soltou o último biscoito que comia no prato limpando o resto de farelo em seu rosto.


 

É, estava encrencado.


 

Ouviu o som de algo firme se chocando freneticamente contra o chão, e em frações de segundos o mesmo sapo chifrudo de mais cedo saltou a janela da cozinha estilhaçando com ela toda.

 

 

Definitivamente encrencado.

 


Notas Finais


Eu nunca fiz algo tão "fantástico" assim, acho que o mais perto que passei disso foi com O Baú do Viajante, e confesso que por causa disso fiquei meio receosa em continuar a fazer e postar, mas fiz mesmo assim pq é de erros que se aprende ou de acertos que se aprende muito mais hsushsuhshushsusuhs

Espero que tenham gostado e até a próxima *agora dá tchauzinho pra valer


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