~ Capítulo 5 ~
Kai sentiu um aperto inexplicável quando Obito pôs sua mão ao redor do seu braço.
- AI! AI!- Ela tentou se soltar das garras dele. Uma tentativa frustrante.-
- Você não escuta nada, não é?!- Obito estava furioso, então ela parou de se debater e disse:
- Qual o motivo desse stress? Você disse pra não sair de casa, e eu não sai.- Ela riu mentalmente, mas se arrependeu na hora.
- Oh, que menina obediente. Oh, me desculpe. Oh, você gostaria de uma sopinha?- Ele fez uma pose engraçada, mas ela se limitou a rir.
- Ramen, por favor.- Ela disse, e ele deu um tapinha na testa dela.- Ai! De novo.-
- Isso é por ter deixado um estranho entrar na casa, e isso- Ele deu um tapinha na cabeça dela.- é por ter DEIXADO UM ESTRANHO ENTRAR NA CASA E COM VOCÊ DENTRO!- Por mais que ele tentasse, não conseguia ficar bravo com a garota. Apenas a repreendeu durante alguns minutos, enquanto Guruguru ria.
×××
- Então, onde vocês estavam?- A garota perguntou da cozinha, tentando esconder os pedaços da espada sem ser percebida.
- Fomos resolver uns assuntos pendentes.- Sua voz estava calma, ele aparentemente tinha esquecido o ocorrido a alguns minutos atrás.- Mas e você? O que aquele garoto queria?- "É, ele lembra sim", ela pensou.
- Um coelho..uh, ele queria ajuda com um coelho.- Se ela fosse um poquinho mais forte...
A bagunça do porão pra cozinha era perceptível. Se ele percebeu, fingiu que não viu, ou então não reparou em nada. Levar aqueles pedaços enormes para a caixa daria muito trabalho. Não seria mais fácil dizer a Obito, que encontrou por acaso? Ela se ajoelhou no chão tentando pensar em algo, quando uma sombra nítida aparece nas suas costas.
- Mais surpresas? Em um dia só?- Ele pegou um pedaço do aço da espada, nas mãos.- O alçapão aberto explicaria isso?- Kai apenas se virou e fez uma cara de desentedida, de alguém que está fingindo demência.- Anda logo, desembucha.- Ele ficou sério novamente. A garota não tinha outra opção.
- Minha mãe me deixou isso.- Kai se levantou e ele arqueou a sobrancelha.
- E como sabe disso?-
- Ela deixou uma carta para mim. Obito, por favor, deixe-me ficar com a espada! É a única lembrança que eu tenho dela.- A pequena curvou a cabeça, suplicando para que ele fosse piedoso. E ele suspirou.
- Certo, é apenas uma espada quebrada.- Ela se endireitou rapidamente.
- Eu também pensei isso. Mas olha..- Ela pegou a base da espada e ela se formou novamente. O genin ficou surpreso.
- Mas, como isso pode ser possível?- Disse totalmente desacreditado.- A espada só funciona com você?- Ele segurou o cabo, e ela se desfez.- É, só com você.-
- Não vai ser útil para o meu treinamento???- Ela disse animada, e ele sorriu. Mas se lembrou que tinha que conversar com a garota, logo, logo, não estaria mais em Konoha.
- Eh, então, se lembra que eu queria conversar com você quando eu voltasse?- A garotinha acenou com a cabeça.- A questã.. não, sente-se primeiro. Preciso de sua total atenção para o que eu vou dizer.- Os olhos atentos o perseguiam até a sala. Os dois se sentaram no chão, ambos com as pernas cruzadas. Ele limpou a garganta e disse:
- Eu sei que faz muito pouco tempo que chegamos, literalmente, não faz nem vinte e quatro horas que chegamos. Mas eu preciso contar com a sua ajuda.- Um sorriso se formou nos lábios da menina. Seria a primeira missão deles juntos?- Eu e Guruguru, vamos embora indefinidamente, e preciso que você fique aqui.- Seus olhos ficaram marejados quando ouviu aquelas palavras, e ela abaixou a cabeça, deixando as lágrimas rolarem. A sala ficou uma zona de silêncio entre eles, e então ela quebra o clima.
- Como você pode?- Ele fica surpreso.- Como você pode fazer isso comigo? Justo agora que estava indo tudo be..- Ela foi interrompida por um abraço sufocante. Os soluços falaram por ela durante um tempo, até que Obito conseguiu acalma-la, e disse:
- Eu disse "indefinidamente", não é um para sempre. Eu disse pra você que iria voltar, não é?- Ela acenou um "sim".- E eu voltei, não foi?- Ela repetiu o movimento.- Você confia em mim?-
- Sim.-
- Então se eu digo que vou voltar, é porque eu vou. É uma promessa.-
-É uma promessa.- Ela repetiu as palavras dele.
- Mas como eu disse, eu preciso da sua ajuda para isso.-
-E como? Sem vocês dois aqui, eu não sei o que eu..-
- Ei, calma, vai ficar tudo bem. Eu acredito em você, assim como você acredita em mim, e Kai, eu jamais te colocaria em perigo. Sei que você dá conta.- Ela respirou fundo.- Eu preciso que você cuide de uma moça grávida.-
- Que moça?-
- Uma que carrega duas coisas muito especiais dentro dela, consegue advinhar o que é?- Ela pareceu pensar durante uns minutos e disse:
- O primeiro eu sei que é um bebê, mas o que é a outra coisa? Outro bebê?- Ele riu.
- Não, é uma raposa de nove caudas.- Sua cabeça pareceu doer um instante, e ela lembra que já tinha visto algo parecido em seus sonhos.
- Kurama..- Ela balbucinou.
- O quê?- Ele parecia confuso.
- Mas você acha que eu dou conta?-
- Sim, você irá cuidar deles três, mas quando o bebê nascer, não se preocupe com a moça, proteja o bebê para mim, ele e a raposa.-
- Mas..-
- Shh, sem "mas", só faça isso para mim, está certo?-
- Sim, pode contar comigo.- Eles fizeram um soquinho com os pulsos.
×××
- Veja bem, eu vou ficar por uns dias, mas não se acostume com isso.- Eles estavam na floresta, ele disse se preparando pra treinar e ela preparada para ser treinada.
- Ok, mas antes de você ir, eu preciso de mais informações.- Ela nem sequer teve tempo, quando ele a atacou com uma kunai.
- Devagar demais, deixe os pensamentos de lado, e me ataque.- Ela quase não conseguiu impedir a investida dele, mas foi para cima.
- Como eu vou saber quem é a moça, deve ter muitas jovens grávidas na vila.- Ela conseguiu ter uma boa aproximação para lançar uma kunai na direção dele, mas ele repeliu.
- Eu já disse, esqueça os seus pensamentos, seus ataques estão lentos.- Kai já estava ficando impaciente, quando invocou um pilar de terra abaixo de Obito, o pegando desprevenido.- Me leve a sério, você está brincando comigo.-
- Ok então,- Ele simplesmente desapareceu de onde estava, sua velocidade tinha aumentado, mesmo usando o seu sharingan, era impossível acompanha-ló. Quando sentiu uma cotovelada nas costas, fazendo-a cair.- como quiser.- E ele riu.
- Fala logo!- A garota se levantou do chão e limpou um pouco de terra da boca.
- Ela é ruiva, tem cabelos longos, e é tem um gênio muito forte.- Ele dizia como se a conhecesse- Você saberá quem é quando a encontrar. Agora, se concentre no treino, e melhore seu estilo terra. Foi um bom ataque, mas se estiver tensa, não terá a mesma força que deveria.- Ela concordou com a cabeça.
Eles treinaram durante várias horas, deixando a garotinha exausta. Seu corpo gritava por uma boa noite de descanso.
×××
- Onde estou? Esse cheiro? Estou naquele lugar novamente?- Ela olhava ao redor, quando avistou a bela raposa novamente.
- Então, você retornou mesmo. Você tem coragem, criança.- A raposa se levantou, ficando diante dela. Dessa vez, sem a mesma bravidez.- Concluí que foi ele mesmo que mandou você, e se ele te mandou, eu não posso contestá-lo, já que você passou no teste. Do medo.- A garota timidamente se aproximou da raposa, deixando-a desconfiada.
- K- u-r-a-m-a. Aprendi seu nome, viu?- Ela sorriu, e a raposa ficou surpresa.
- Eu esperava qualquer tipo de resposta, menos esta.- Ele se deitou perto da menina.- Você precisa provar que merece minha confiança. O que você vai fazer a respeito?- Kai fez um gesto, pedindo permissão para tocar na cabeça dele.
A raposa aproximou a cabeça da mão da menina, diminuindo a distância. A garota passou a mão pelo pelo, era macio, sentiu o corpo quente, então se ousou a abraçar a cabeça da raposa.
- Você não é uma arma, e agora, não vai mais estar só, é uma promessa.- Uma lágrima solitária se permitiu rolar pelo rosto da garota. A raposa parecia mais confortável com a garota.
A conexão entre as duas aos poucos foi ficando mais fraca, assim como da última vez, só que nessa tudo terminou numa paz inabalável. Dessa vez, Kai não se sentiu febril, seus olhos abriam aos poucos, o cenário ao redor era apenas do antigo quarto de seu pai, tudo conforme deveria ser, tudo conforme deveria estar.
- Está tudo bem?- Obito entrou no quarto, e se sentou na beira da cama, parecia sereno.
- Sim, meus músculos estavam doloridos, mas agora estão novinhos em folha.- Ele sorriu.
- Isso é bom, mas o que eu vou te contar vai ser melhor ainda.- A garota se sentou, deixando as costas confortavelmente apoiadas no travesseiro.
- Você vai para a academia. Vai aprender novas técnicas lá, fazer novos amigos, tudo isso pra que não se sinta só.-
- Tudo bem.- Ele estranhou a resposta da garota.
- Está mesmo tudo bem?-
- Sim, você vai voltar em breve, então, está tudo bem.- O coração dela estava apertado, mas ela tinha que ser forte. Obito, sua mãe, seu pai, todos acreditavam no seu potencial, ela tinha que orgulhar cada um deles, e fazer valer a pena.
A noite de fato foi calma, os medos, as aflições, nenhuma dessas vieram lhe pertubar durante o descanso. As palavras que ela mesma tinha dito, tanto à Obito quanto à Raposa, "É uma promessa", soavam docemente, cada vez mais suaves. Todos os problemas não seriam suficientes para quebrar essas promessas. Ela acreditava nisso.
×××
Já tinham se passado seis dias. Esses últimos dias com Obito passaram voando, os treinamentos durante as tardes foram rígidos, as noites calmas, estava tudo muito monótono. Apesar de Obito estar distante com seus pensamentos silenciosos, ela sentia que ele estava cada vez mais frio. Estava perdendo sua essência dócil, e ela acabou aderindo parte dessa frieza nos seus movimentos de ataques, e até mesmo no seu modo de falar.
Durantes esses dias, Obito a instruiu corretamente, sobre cada detalhe. Ele iria demorar, mas ela sabia disso. A suas origens seriam um segredo para os aldeões de Konoha, e a parte de ser guardiã também. Guardiões estavam sendo caçados naquela época, seria ruim se Kai'sa morresse pra algum louco querendo poder.
A tarde ocorreu tranquilamente, Obito não quis treinar com ela. Ele disse que queria registrar esse último dia com ela antes de partir, se divertindo. Eles jogaram alguns jogos de estratégia, depois fizeram comida para ambos, e depois relembraram de como se conheceram. Uma criancinha tímida e um garoto estilhaçado.
- Obito?- Lá estavam os dois, deitados sob o gramado, cobertos pela luz do luar, iluminando o lugar.
- Sim?- Ele continuava a olhar pra cima.
- Porque eu nasci?- De repente ele se vira para ela, intrigado.- As vezes sinto que não tenho propósito aqui. Desde o meu nascimento, me sinto tão vazia, deveria ser assim?- A frieza com que essas palavras foram ditas, deixou o clima mais silencioso, deixando apenas o zumbido dos insetos a soar. Ele parecia pensar em algo para dizer.
- Você é fruto do amor de seus pais, e se você nasceu, é porque tem algum propósito no mundo ninja. Todos nascemos com propósitos, uns para morrer mais cedo do que outros, alguns para serem pessoas grandes, outros para ajudarem pessoas a serem grandes, isso varia. Temos sempre algo com que nos identificámos. Não se apavore se não tiver encontrado o seu lugar aqui, o tempo dirá. Não pense demais, pensar demais estraga o que há de bom.-
- Obrigada, por tudo. Você é o melhor irmão que eu poderia querer.-
- Odeio de te ver chorar.-
- Eu sei. Mas eu te amo, e vamos passar por isso, eu sou só uma garota com muita bagagem.- E com essas palavras eles dois ficaram quietos, apenas observando as estrelas.
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