História A princesa do Sharingan: Evolução - Boas mentiras vem de bons mentirosos - XIII

~ Capítulo 13 ~

03 de Outubro

- Acredito que todas as dúvidas foram sanadas, espero ter ajudado. É isso, foi um prazer vê-los, estão dispensados.- Ela se levanta vendo o pessoal saindo lentamente da sala e chama pela garota.- Espere Kai, gostaria de conversar com você.- A morena ergue a sobrancelha, mas não diz nada contra.

- Até mais Shimaro, até mais gente!- Todos se despedem da pequena. Com a sala vazia a menina se volta para a sua líder.

- Vamos sair desse lugar abafado também.- Sua mão descansa nas costas da menor a encorajando a sair.

As duas saem e caminham até a superfície, caladas durante algum tempo. A garota pode perceber que ao saírem da sala a linhas antes tingidas de vermelho, voltavam a tonalidade "morta" de antes, como se nada tivesse acontecido. Até avistarem o moreno mascarado esperando por Kai, escorado na parede. O mesmo fica atento à esverdeada, todos aqueles reunidos ali junto de sua irmã, lhe eram uma ameaça.

- Como eu disse, esse é Tobi.- Ele estendeu a mão para cumprimentar a moça e ela retribui, com um sorriso gentil. De certa forma essa era sua marca registrada.

- É um prazer Tobi.- Ele aperta sua mão de volta sentindo uma pressão da parte dele, o que a fez estranhar. - Se você não se importar Tobi, gostaria de conversar rapidamente com a Kai.- Aquilo era estranho pra ele, mas apenas concordou com a cabeça, dando privacidade às duas saindo de perto.- Então, que tipo de relação vocês dois tem?- Ela diz mantendo seu olhar no horizonte. Longe o resto do grupo ainda se dissipava na multidão.

- Ele é meu irmão.- Já a garota olha constantemente para seus pés.

- Irmão? Não lembro de Misa ter me dito que tinha outro filho.- Ela coça o queixo confusa com a resposta dela. O quê?

- Nitse, você conheceu minha mãe?- Os olhinhos da pequena estavam arregalados, encarando firmemente a mulher ao seu lado.

- Oh sim, conheci. Me lembro de estar com meus vinte anos, foi assim que eu entrei para os guardiões. Estava encarregada de encontrar Misa Ramize.- Os lábios carnudos exibiam um sorriso sincero, a deixando comovida.- Sua mãe era o ser humano mais doce que já tinha conhecido em toda minha vida. Mesmo sendo idosa e estando grávida ainda conseguia sorrir. Ela me contou várias coisas sobre seu clã, e de como ela estava ansiosa para te conhecer.- Os olhos da pequena também seguiram o horizonte.

- Ela também me disse.- Sua fala sai como um suspiro de tristeza.

- Como assim?- Nitse expressava curiosidade sobre o que a garota disse.

- Minha mãe me deixou uma carta me contando muitas coisas.- O vento daquele lugar era constante, os fios pretos balançavam pelo rosto delicado da menina. As lembranças daquele dia eram importantes pra ela, um contato indireto com sua mãe através de um papel.- Todavia foi você que a conheceu de fato,- Aquela frase a cortava.- pode me contar mais sobre ela?- Suas olhos a encaravam como se exibissem súplicas de ajuda. A expressão da mais velha era de surpresa, ela entendia muito bem como Kai se sentia.

- Sim, claro.- Ela diz enquanto sobe numa laje e se senta na ponta, fazendo sinal para que Kai fizesse o mesmo. Não demora muito para que a garota estivesse ao seu lado, então ela limpa a garganta antes de falar.- Sua mãe estava grávida de um mês na época, lembro-me de ficar com ela por três meses, absorvendo conhecimento. Misa era uma mulher muito inteligente e forte, sua fala era mansa, mas seu jeito de pensar era... especial, eu diria. Com seus ensinamentos consegui me transformar na líder que sou hoje, e me orgulho de ter sido sua discípula, mesmo que por pouco tempo.- Ambas ficaram conversando durante algumas horas, e o "conversar rapidamente" já tinha se passado, deixando um certo alguém incoformado com a demora.

- A mamãe era alguém incrível. Também tenho orgulho dela, principalmente pelo fato de ser sua filha.- Nos seus lábios havia um sorriso singelo.- Obrigada Nitse, por conversar comigo e ser sincera.- A mulher pôs a mão na cabeça da pequena, devolvendo um sorriso.

- Oe, não quero atrapalhar as duas, mas precisamos ir Kai. Você precisa retornar para casa.- Sua voz ainda saia de maneira esquisita. A garota se aproximou do rapaz acenando para sua líder.

- Até Kai'sa, e tome cuidado.- Estranhamente Obito sentiu que aquela última parte era pra ele e a fuzilou por debaixo da máscara.

Já longe do local, ambos puseram seus capuzes de volta e Kai colocou sua máscara. A vila fazia jus a seu nome, chovia a todo momento, mas se tornava um grande atratativo para turistas, já que tinha um bom desempenho comercial, as ruas eram lotadas se assemelhando até mesmo à Konoha. Uma pena que os garotos tinham de andar nas "sombras" para não serem percebidos, assim não poderiam aproveitar quase nada. Desde que tinham saído de perto da mulher com tapa olho, Kai não falou mais nada, o que deixou Obito atento.

- Nós podemos dar uma volta pela vila, ir ver os centr...- A fala do rapaz foi cortada pela voz fria de sua irmã.

- Não. Vamos pra casa, estou cansada e só quero chegar logo.- Por que ela está me tratando dessa forma? Obito estava começando a ficar irritado com suas atitudes.

- Certo, mas então, o que vocês duas conversaram tanto? Demoraram muito.- Tentou disfarçar mudando o rumo da conversa.

- Nada demais.- Sua resposta o deixa intrigado, é sério?

- Pode apostar que "nada demais" não dura três horas.- A menina apenas suspirou, alertando um ataque de impaciência.- Kai...-

- Irmão,- Ela para de andar, ainda de costas para ele e respira o mais fundo que pode antes de se dirigir novamente a ele.- algum problema?- A figura mais velha se aproxima.

- Eu é quem deveria te perguntar isso, algum problema?- Os olhos de Kai se tornam mais opacos e sua mente vaga lentamente pelas palavras da esverdeada.

Flashback

- Sabe, voltando ao assunto sobre seu irmão. Há quanto tempo convive com ele?- A expressão que antes era calorosa, agora é mórbida.

- Desde os meus quatro até agora.- Sua voz saia suavemente, dando um toque de leveza na tensão que se entendia entre as duas.

- Ele te trata bem? Cuida bem de você?- Qual o sentido de todas essas perguntas?

- Sim, ele sempre me tratou muito bem e me protegeu, afinal de contas somos irmãos.- Ela deu uma risada sem graça.

- Entendo. Aquela casa é de vocês certo?- Kai afirma que sim.- Bem há algo que não entendo, como um irmão que cuida e protege pode deixar sua irmãzinha só?- Suas palavras geraram uma pequena reflexão da parte da garota e ela tentou argumentar, era seu irmão oras.

- É que meu irmão só é bem ocupado sabe.- Era isso, não é?

- Então vocês dois não moram juntos?- Onde diabos ela quer chegar com isso?

- Não, como eu disse meu irmão é muito ocupado e sai da vila pra resolver alguns negócios.- Pelo menos era o que o rapaz a dizia, isso a deixa frustrada ao ponto de encarar o chão.

- E você não sabe que negócios são esses né?- Bingo! Então era isso.

- Você o considera suspeito não é mesmo?- Agora seus olhinhos a encaram de canto, quase como esmagadores.

- Apenas me responda com sinceridade, você sabe que negócios são esses Kai'sa Uchiha?- A garota não queria acreditar no que tinha escutado.

- Não Nitse, eu não sei o que meu irmão faz fora da vila, porque ele simplesmente não me diz.- Seu tom era arrastado de raiva.

- Então sim, seu irmão é considerado não só nosso suspeito, assim como pode ser nosso inimigo.- Aquilo fez a garota se levantar rapidamente e preparar-se para sacar sua espada.- Não faça isso Kai, não quero lutar contra você.- Uma lágrima rolava na expressão de desgosto da pequena.

- Nenhum problema irmão, estou tranquila. Sugiro que continuemos.- Após alguns segundos pensando a garota põe suas emoções em ordem, considerando a razão.

- Certo, não vai me contar mesmo? É ultra secreto assim?- Apesar de ter deixado claro que não estava afim de conversa ele ainda sim insiste.

- Sim Obito, tem muitas coisas acontecendo e eu fiz uma promessa.- Ela se volta para caminhar novamente.

- Que promessa?- O moreno indaga ainda curioso.

Flashback

- Meu irmão não faria isso, acredite Nitse, eu devo minha vida a ele. Por favor, deixe-me mostrar que ele não é quem procuramos.- Nitse a olhou com pena.

- Kai'sa eu...- Sua fala é interrompida, por uma menina agora ajoelhada.

- Por favor, eu imploro.- Aquilo acabou deixando-a boquiaberta, exibindo surpresa com sua atitude perante ela.- Se meu irmão for realmente esse cara, acredite, eu caçarei ele pessoalmente. Isso é uma promessa!- Seus braços finos estavam no chão, apoiando sua cabeça curvada.

- Você é o segundo ser humando mais doce que conheci na minha vida. Um reflexo de Misa Ramize. Eu respeito você e suas atitudes. Confiarei na sua palavra.- O rostinho se levanta aos pouquinhos com olhos marejados e Nitse a ajuda se sentar novamente. - Me desculpe, sei que é seu irmão, mas nesse momento tão delicado é natural desconfiarmos de todos.- Nitse agora a observa, cada feição, cada movimento.

- Manter segredo.- A garota suspira e puxa o braço do mais velho para perto.- Vamos logo.

- Sim.- Mentirosa. Apesar de não te escutado a conversa de vocês duas sei que está mentindo. Não se preocupe Kai, haverá um momento em que todas essas coisas serão esclarecidas.

- Aliás, por que fez aquela voz bizarra na frente de todos?- A voz soou em tom de zoação.

- Preciso manter o personagem. Nesse momento sou Tobi.- Ela ri ainda tirando com a sua outra personalidade.- Eu admito, você foi inteligente ao inventar esse nome.- Sua identidade estava protegida graças à ela.

- É, eu sei, sou um gênio assim como meus pais.- De onde ela tirou isso?

- Tem razão, uma pena só ter conhecido Madara, mas depois de alguns anos de convivência posso ver que vocês são muito parecidos.- Kai estremeceu ao ouvir aquilo, seu pai sempre fora frio a maior parte das vezes e em alguns momentos demonstravam carinho. Eu me consideraria mais carinhosa que ele.- Ainda mais na parte de guardar segredos.- Ok, ele conseguiu deixar a vibe tensa novamente.

- Passou pouco tempo conosco e temos tantas coisas em comum, não é incrível? Quem vê de fora poderia jurar que somos irmãos de sangue.- Ela ri sendo sarcástica e ele percebe a alfinetada na sua frase.

Flashback

- Há algo que não está me contando Nitse?- Com alguns minutos em silêncio ela consegue acalmar seus nervos.

- A descrição bate.- Em poucas palavras o nervos retornam mais fortes do antes.

- C-como?- E aquele papo de "é natural desconfiar de todos"?

- Se lembra que na reunião eu havia dito que tinha recebido mensagens de outras vilas?- Ela acente.- Eu escondi a parte de saber como esse homem era. Por um motivo muito simples, se o inimigo estivesse entre nós, seria melhor que essa informação estivesse em segredo. Apenas Shimaro e Jon Jon sabem.- A garota a olha chocada, seus lábios estavam entre abertos.

- Qual era a descrição Nitse?- A mulher se prepara para responder.

- O homem tem seus 1,75 de altura, cabelos medianos e morenos como os seus.- Idêntico. Era ele mesmo? Não pode ser coincidência não é?- Não tenho outras informações além dessas, entretanto existem milhares de ninjas com essa descrição, entre eles seu irmão.

- Mesmo assim, isso ainda o categoriza como principal suspeito.- Suas palavras saem em um tom desesperançoso.

- De qualquer forma, era apenas isso. Sem mais segredos.- A mais velha dá leves tapinhas nas costas da garotinha.

- Está querendo dizer que eu guardo segredos?- Ele sabia onde queria chegar nisso tudo, estava apenas a cutucando, queria ver o quão longe ela poderia ir.

- Não estou dizendo nada, mas se a carapuça serve...- Ela o pegou, o rapaz apenas riu com o comentário da garota.

- Você acha...- Ela o interrompeu no meio da fala.

- Obito por favor, se essa conversar não vai ter nenhum resultado, poupe o trabalho de continuar. Minha cabeça dói e agradeceria o silêncio.- Por trás da máscara seus olhos se arregalaram diante da atitude dela.

- Como quiser.- Sua voz saiu baixa.

Sinto muito irmãozinho, apesar de não parecer eu deixei de ser mais infantil quando saí daquela caverna, depois de nos separmos ambos mudamos muito, em um curto período de tempo. Fazem quase quatro meses desde que fomos embora daquele lugar. De lá pra cá nossa relação tem ficado complicada, não estamos mais nos entendendo como antes. Talvez eu é que fosse ingênua demais pra perceber, mas agora sei, não posso deixar você tentar me controlar. Seja lá o que for que esteja acontecendo, somos eu e você, você e eu. Vamos superar toda essa situação e no fim de tudo, iremos ficar bem e prevaleceremos irmãos. Para sempre irmãos.

Continua...