Os olhos do capitão estavam arregalados, a força do corpo daquele homem em suas pernas não era nem perto do que ele sentiu cair sobre suas costas. O peso do mundo, das dúvidas, era sempre o que lhe restava. Aquele lugar trazia uma sensação esquisita, era a mistura de sentimentos mais difíceis de explicar para Jeon, ele apenas sentia. Cada célula de seu corpo se arrepiou e ele tentou se afastar do aperto, quase caiu quando ele soltou de uma vez e Jungkook deu passos para trás, levantando a mão enquanto abria a boca para tentar dizer algo.
— Senhor? — O homem exclamou, levantando do chão e Jungkook riu curto, sem acreditar. — Podemos conversar?
— Eu não sou sua majestade, deves estar confundido com alguém — olhou para os olhos verdes do senhor.
— Perdoe-me pela emoção, apenas fiquei muito feliz de vê-lo aqui novamente. Deixe-me explicar — disse calmo e Jungkook balançou a cabeça em positivo, para ele continuar. — Chamo-me Timóteo, sou o guardião de Jade e faço parte desse reino há anos. Como pode ver, não sou tão novo, mas estou vivo desde a última guerra, há quase 32 anos atrás. Majestade era um homem de honra, ele queria salvar o seu povo de acabar, o problema era que não havia saída sem ser a morte.
Ele disse e Jungkook franziu o cenho. Timóteo andou até próximo aos quadros que Jungkook estava observando, puxando um deles da parede.
— A morte foi o que aconteceu com toda a família real, eu e o rei estivemos juntos antes dele morrer e pela primeira vez Jade nos ajudou. Ela nos mostrou que ele iria renascer em outro universo, com uma família pobre, os Jeon. Ele morreu, mas eu fiquei, tentei conversar novamente com Jade, porém ela nada me dizia, tentei me apegar apenas às coisas que ela disse antes.
Ele olhava o quadro com as flores, alisando os dedos sobre o vidro e sorriu pequeno. As mãos tinham cicatrizes e eram enrugadas, mostrava a velhice dele.
— Foi em um sonho que tive, Jade me mostrou que um espírito próximo iria trazê-lo de volta. Ela me mostrou o navio e depois o príncipe Korproff. Eu não entendi bem os motivos daquilo, pensei que o príncipe poderia ser o espírito, mas ele não estava morto, então seria outro.
— Eu… eu não consigo compreender nada do que diz senhor, isso me soa como baboseiras, me desculpe a forma rude. Não consigo confiar em alguém que nunca vi. — Jeon emitiu firme, descendo lentamente a sua mão para a adaga.
Timóteo ainda olhava a pintura, todavia parou, correndo os olhos para Jeon e olhou para o lado direito, vendo ali Yoongi, com as mãos para trás, entrando para dentro da sala dos tronos. Jungkook olhou rápido, andando para perto de Yoongi da mesma forma, entretanto o contramestre parou, levantando a mão.
— Fique aí, capitão Jeon. — Ele disse, sorrindo pequeno e Jungkook franziu o cenho. Eram tantas coisas confusas acontecendo. — Eu queria dizer a última coisa que disse antes do navio ser tomado por água.
— Não consigo entender, Yoong. — Jeon andou para perto, Min afastou dois passos.
— Fique. Como eu disse: eu te amo. Estarei com vosmecê a todo momento, nas próximas reencarnações, por todo o tempo em que tivermos que cumprir nossas missões, eu estarei contigo. — Yoongi disse, com um sorriso pequeno, a luz que entrava no lugar fazia o corpo dele brilhar e Jungkook não entendeu. — Confie em Timóteo e tente realizar essa missão. Fiquei contigo até o momento que pude.
— Yoongi, — o pirata andou para mais perto, seus olhos estavam enchendo de lágrimas já — o que está dizendo?
— Desculpa-me por te deixar tão cedo, mas eu não podia ficar vivo, aquele navio foi destruído e tu voltou para o lugar de onde não deveria nunca ter saído. Desse universo, aqui és tua casa.
Yoongi disse, Jeon tentou o tocar, mas não conseguiu, seu corpo atravessou, vazio, não tinha nada de matéria. Muitas coisas começaram a se encaixar de forma dolorosa na cabeça dele. O pirata sentiu o corpo fraquejar, caindo de joelhos no chão, Timóteo desceu as escadas para tentar ajudar ele a levantar, porém Yoongi o olhou, pedindo com os olhos para que ele ficasse calmo. Min abaixou na frente do seu grande amigo, companheiro e fiel capitão Jeon.
— Sei que não entende minhas falas esquisitas, tem coisas nessa vida que nunca iremos realmente entender, pelo menos não iremos entendê-las enquanto estivermos vivos, depois da morte o que acontece não se sabe. Sei que acredita em reencarnação, tu és a do rei e está de volta, para defender o teu povo que foi morto.
Yoongi levantou novamente, Jungkook estava com os olhos arregalados, uma lágrima deslizou por sua bochecha e ele balançou a cabeça em negação. As lembranças de Yoongi ao seu lado passavam rapidamente por sua mente. Era sempre o que restava, doía como o inferno e Jeon continuava movimentando a cabeça.
— Não digas mentiras! Parem de mentir. — Jeon gritou, sua voz ecoou pelo salão e Timóteo cobriu seus ouvidos, a voz do pirata era carregada com seus sentimentos doloridos e de sua alma vivida.
— Quanto mais cedo aceitar a verdade, melhor será para lidar com o incômodo de saber dela. Tu não entendes agora o que digo, depois vai entender. A vida é isso, Jeon. A busca pela evolução, a sua procura por Jade o trouxe a isso. Evoluir nunca será ruim. — Yoongi disse, curvando o corpo para Jungkook, que ainda estava no chão e chorava. — Eu irei vê-lo depois, capitão Jeon.
Quando Jeon menos percebeu Yoongi havia sumido, agora as coisas faziam mais sentido em sua cabeça, mesmo que ele não quisesse isso. O motivo de Yoongi não ter ajudado diretamente Jungkook com os problemas da carruagem, como ele tinha aparecido depois de dias que o pirata tinha dormido e falado aquelas coisas. Como ele sempre aparecia do nada, como Yoongi nunca acompanhou Jungkook ao reino Zelenyy, não ficava com ele na casinha e Jungkook acreditou na mentira que sua mente o mostrou. Tudo era mentira.
Ele gritou em plenos pulmões, como tinha chorado naquela caverna, sentado sobre a areia. Ele chorava, apertando seu coração, não sabia como iria seguir em frente depois de saber que realmente sua tripulação não existia mais e seu navio. Toda sua vida não foi nada daquilo que ele viveu. Ele demoraria para aceitar isso. Timóteo sentou na frente de Jungkook, segurando suas mãos e o pirata o olhou rapidamente.
Tudo fruto da sua imaginação tão criativa ou realmente ele era um rapaz com a mediunidade aflorada.
— Podes chorar, Jeon, mas lembre-se que vosmecê nunca vai estar sozinho, não importa para onde for.
O queixo de Jeon tremeu mais e ele continuou a se desmanchar em lágrimas como as rosas vermelhas da pintura do rei Kalel.
†
O vento balançava os galhos das árvores, fazendo algumas folhas caírem devagar no chão, alguns esquilos andavam pela madeira forte e se escondiam. Os pássaros cantavam e alguns voavam para outros lugares. As madeixas loiras se moviam com a brisa, os olhos azuis estavam concentrados em ler as páginas do livro em sua mão, um romance de uma jovem sonhadora, que se aventurava por lugares até conhecer o seu grande amor. Taehyung não era lá o homem mais romântico, pelo menos ele não achava ser, já que não tinha se apaixonado ou parado para pensar sobre esse assunto, sempre focou em outras coisas, como: ser um guardião e um bom príncipe para seu povo. Mas ler os livros o fazia entender mais ou menos como a paixão e o amor aconteciam.
Ele sorriu pequeno com a cena deles brigando, eram um casal que não se gostavam muito e ficavam implicando um com o outro. Taehyung sabia que sua personalidade era difícil de entender, em momentos era mais sereno, calmo e gostava de sentar no chão como estava agora, descalço e sentindo a natureza e em outros, usava roupas mais formais e tinha uma pose impecável de dominância. Era o príncipe Korproff e Kim Taehyung. Fechou o livro, deitou na grama e olhou para a árvore. Uma frecha da luz do sol chegava em seu rosto, iluminando um pouco e ele sorriu pequeno, gostava de ficar assim em alguns momentos, se sentia conectado com a natureza.
O casal do livro tinha brigado e começado a jogar comida um no outro, Taehyung não sabia que a paixão poderia iniciar de uma forma tão inusitada assim. Ele lembrou de Jeon, aquele pirata tinha o jogado no rio depois de ele jogar areia em seus cabelos. Taehyung revirou os olhos, levantando do chão. Não tinha tanta diferença deles para o casal do livro, a diferença era que eles não tinham se beijado ainda. Taehyung fez uma careta ao pensar nisso e depois soprou uma risada para o nada.
— Mas eu não irei me apaixonar por um pirata nem por duas moedas de ouro.
Pegou o livro do chão e caminhou para o castelo. Esse pirata não poderia invadir seus pensamentos por muito tempo, ele não queria isso naquele momento. Entrou no palácio, sorrindo pequeno para os servos que passavam e se curvaram para si. Taehyung foi para os fundos do castelo, onde tinha o campo de treinamento, ao chegar lá, Jimin o viu, vindo apressado para perto do príncipe.
— Alteza — curvou-se para ele. — Trago novidades.
— O que? — Taehyung colocou as mãos na frente do corpo, ainda segurando o livro.
— O pirata foi para o reino Krasnny. — Jimin sussurrou e Taehyung franziu o cenho.
— Como sabes?
— Perguntei a Jade — disse Jimin.
— Aaa… então, iremos atrás dele amanhã, certo? — Taehyung olhava para o campo de treinamento.
— Certo, príncipe. Com licença. — Jimin curvou o corpo, saindo do lugar e deixando Taehyung olhando para os soldados treinando.
Mesmo que não quisesse pensar em Jungkook, iria pensar nele agora que sabe onde ele está e isso intriga. Teria sim que aprender a conviver melhor com o pirata, talvez não fosse tão ruim assim estar ao lado de Jungkook, Taehyung espera que não seja.
†
Outro dia, pela manhã, no Reino Siniy.
O ambiente estava escuro e frio, fazia os dentes baterem, o céu estava nublado, mas o sol estava lá, por entre as nuvens, tentando esquentar um pouco aquela cidade congelante. Algumas pessoas corriam procurando lugares para se esconderem, outras davam seus últimos suspiros e alguns gritavam alto pela agonia que sentiam até ter alguma arma cortando sua pele e os tirando a vida de uma vez. O ranger das espadas batendo uma na outra ecoava pelo lugar e grunhidos de dor. Era a cena tenebrosa de uma guerra que começou sem aviso prévio, foi da forma que as pessoas traiçoeiras do reino Zheltyy gostam de fazer.
As ruas estavam bagunçadas, a vida do reino Siniy estava sendo deixada em ruínas, a história estava se repetindo. As bandeiras sujas de sangue, a cor azul sendo tomada pelo vermelho de uma forma triste e deixando um cheiro desgostoso. Dentro do castelo não era diferente, o povo de Zheltyy eram realmente fortes, ninguém sabia como parar eles, não sabiam até onde a crueldade deles chegaria. Eles não queriam deixar nada passar na cidade de Siniy. Os passos da princesa Rosett eram lentos, ela tentava ser cautelosa para que ninguém percebesse sua presença e a matasse. O seu arco estava nas mãos e ela olhava para todos os lados, queria encontrar o seu pai e o mais rápido possível fugir dali.
Quanto mais se aproximava da sala do trono conseguia ouvir as vozes altas das pessoas. Mordeu o lábio inferior, nervosa e com medo do que poderia encontrar lá. Parou um pouco atrás da porta, movendo a cabeça para conseguir ver o que acontecia dentro. Vários corpos de soldados dos dois reinos no chão e outros ainda lutando para sobreviver. Ela sentiu uma vontade grande de chorar quando viu seu pai sendo segurado pelo pescoço.
— S-solte-me. — O rei de Siniy implorou.
— Por que eu iria soltar vosmecê, Vatten? — O príncipe Temnny disse, ele apertava o pescoço dele, mas logo o soltou quando não obteve resposta.
Vatten cuspiu o sangue que estava em sua boca, olhando com desprezo para o príncipe que riu em deboche. Um coração carregado de maldade. Temnny andou até o rei, agachando, com um sorriso ladino, ele não precisou tocar nele, apenas levantou a mão e se concentrou em tirar o ar do corpo de Vatten. Temnny estava dando a pior morte ao rei de Siniy. A falta de ar iria o matar devagar. Rosett, que estava olhando aquilo acontecer, levantou seu arco na cor azul, suas mãos estavam tremendo e ela colocou a flecha, tentando mirar no príncipe, bem no pescoço dele. Rosett soltou a flecha, acertando no chão e grunhiu em desgosto. Temnny estava concentrado em matar o seu pai e ela estava querendo o matar.
A princesa novamente puxou outra flecha, preparando o arco de forma rápida e lembrou das palavras de Taehyung: se estiver muito nervosa, faça a respiração enchendo a barriga e soltando pela boca. Assim ela fez, mirando no pescoço de Temnny e atirou. O grito dele ecoou pelo local, ela entrou na sala com pressa, puxando mais flechas para atirar nos soldados de Zheltyy, vendo os corpos caírem no chão, algumas flechas iam parar nas paredes, porque ela estava correndo para ir até seu pai. Caiu de joelhos ao lado de Vatten, segurou o rosto dele, já com lágrimas em seus olhos.
— P-papai… — a voz saiu trêmula e Vatten olhou nos olhos da filha, as lágrimas descendo por sua bochecha. — Não morra, por favor.
— Perdoe-me, querida — encostou as testas, segurando a mão dela e colocando sobre sua ferida na barriga. — Ele me envenenou.
— P-papai.
Rosett já chorava e ele selou a testa dela.
— V-vá para Zelenyy, peça ajuda, não deixe que essa guerra continue — tossiu mais sangue e Rosett chorou mais alto. — S-seja forte, minha linda filha.
— Papai. — Rosett chorava que chegava a soluçar.
Ele passou a mão pelo rosto dela, o veneno de Temnny já fazia efeito em seu corpo e a falta de ar tinha acelerado a morte. Vatten não iria durar muito tempo e Rosett o abraçou com força, chorando sobre seu corpo quase morto. As mãos moles caíram para o lado, a princesa levantou a cabeça rápido, balançando o corpo dele e chorando mais forte.
— Não! — Ela gritou, olhando para cima, seu rosto todo molhado.
Rosett apertava as roupas do seu pai, tentando diminuir a dor de perder ele e balançava a cabeça em negativo. O povo de Zheltyy destruiu tantas vidas, sonhos e arrancou a felicidade de tantas pessoas, eles mereciam pagar por tudo que vinham fazendo há tantos anos por desejos supérfluos e ganaciosos, fazendo todos sucumbirem às suas ordens. Eles mereciam a destruição, a lei do retorno, a vingança crua e fria. Rosett chorou, chorou, olhando para os corpos no chão, os soldados feridos, porém ainda vivos, ela estava desolada. Olhou para o corpo de seu pai e aproximou o rosto dele, selando um beijo na bochecha dele.
— Eu irei fazer eles pagarem por tudo o que fizeram, papai.
Ela colocou força nas pernas para levantar, chorando baixo, rumou até o corpo de Temnny, a flecha estava cravada no pescoço dele, ela puxou, vendo o sangue daquele maldito jorrando, todavia não se importou, apenas desceu os desgraus e começou a andar, olhando para os soldados feridos.
— Irei trazer ajuda, por favor, tentem se ajudar. — A princesa disse e os dois balançaram a cabeça.
Rosett correu para fora da sala, passando pelos corredores, limpou as lágrimas de seu rosto e puxou o capuz para cobrir o rosto, quando saiu para o lado de fora. Seus passos eram rápidos para o celeiro, entrou, correndo até o seu cavalo marrom e soltou as cordas, alisando o pelo do animal.
— Evin, nós temos que ser fortes — beijou a pele da égua e montou. — Iremos em busca de ajuda. Aguente firme.
Saíram em galopes rápidos do castelo, a princesa colocava a flecha com sangue no arco, atirando nas costas do soldado inimigo, vendo-o cair no chão. Rapidamente ela puxou mais uma flecha, acertando outro e mais um. Rosett fez a égua parar, olhando para os homens de seu reino.
— Por favor, vão para o castelo o mais rápido possível e protejam o lugar. Onde está o líder da guarda? — Exclamou e eles concordaram.
— Ele morreu, alteza. — A voz saiu baixa e Rosett deixou os ombros caírem. Ela respirou fundo. As coisas não estavam nada bem, só que ela tinha que ser forte.
— Então, agora vosmecê é o líder, encontre todas as pessoas vivas e leve-nos ao castelo. — Ele concordou, começando a correr.
Rosett jogou o arco e as últimas flechas para um dos soldados e disse:
— Use-o para matar quem aparecer, eu terei que ir até Zelenyy, pedir ajuda. Tire as flechas que usei dos corpos mortos.
— Alteza, não demore. — Ele disse, vendo-a se preparar para sair do reino.
— Não irei.
A égua marrom começou a cavalgar com rapidez, o capuz saiu da cabeça da princesa, fazendo as madeixas castanhas serem jogadas ao vento e os olhos azuis de Rosett carregavam a determinação e também a dor de uma guerra que ninguém saia ganhando.
†
Taehyung colocou a testa no chão frio, se curvando a Jade e respirando fundo. O ambiente estava silencioso, ele vestia roupas brancas e seu arco dourado ao seu lado direito, no solo. Ele sussurrava palavras para ela, em busca de forças para continuar sua missão. Antes de sair do reino Zelenyy, Taehyung sempre ia até Jade e falava com ela, esperando que suas bênçãos e proteções continuassem caindo sobre si.
— Sabes que tem minha honra e fidelidade até o final, diga-me o que eu tenho que fazer — murmurou, levantando um pouco a cabeça e olhando para o altar. — Eu estou confuso, com medo do que possa acontecer. Diga-me.
O silêncio tomou conta do lugar, Taehyung ficou olhando fixamente para o altar e tocou a pedra, fechando os olhos. Imagens começaram a correr rapidamente por sua mente, guerra, mortes, gritos que o fizeram franzir o cenho e mover a cabeça para o lado esquerdo, uma bandeira verde rasgada e outra vermelha ao lado, pessoas correndo. Parou em dois homens se encarando, Taehyung removeu a mão rápido quando percebeu que era ele e Jungkook na última visão.
— O que queres dizer com isso? — Perguntou, mesmo que ela não fosse falar nada. Taehyung levantou do chão, respirando fundo, limpando sua calça suja e pegou o arco. — Eu não entendi o que me mostrou, mas irei me preparar para a guerra.
Ele se curvou e saiu correndo da salinha, subindo as escadas com rapidez, para chegar ao lado de fora do castelo e encontrar Jimin e alguns guardas montando nos cavalos. Taehyung olhou para o rosto de Jimin, balançando a cabeça em positivo. Aproximou-se de Atom, beijando a pelagem branca e montou nele, novamente respirando fundo e soltando o ar quente. Ele olhou para os três soldados e Jimin.
— Falei com Jade, teremos que ir até o encontro do pirata, ele parece ser importante. — Taehyung desviou os olhos para o chão, era a primeira vez que o Korproff não estava tão firme com suas palavras. — Muitas coisas vão acontecer, porém, nós sempre iremos fazer o nosso melhor. Não demoraremos muito no reino Krasnny.
Eles concordaram com o Taehyung, que moveu o pé e a corda para o cavalo começar a correr. A incerteza dominava a mente do príncipe, mas ele queria encarar os olhos do pirata Jeon e tirar suas conclusões sobre o que Jade queria dizer desde o começo de tudo. De ter derrubado o navio do pirata, trago ele para esse universo. Taehyung sentia que havia falhado em ficar de olho no pirata, que tinha deixado seus preconceitos e irritado ele demais para que fugisse dali, mas o Kim não iria ficar martelando nisso, iria fazer algo para mudar suas atitudes.
†
O vento jogava os cabelos longos para trás, Rosett atravessou os portões do reino Zelenyy com velocidade, as pessoas olhavam para a princesa assustados, comentando do motivo do dia de hoje ter sido agitado, já que o príncipe tinha saído mais cedo nesses mesmos galopes rápidos e Rosett tinha entrado tão veloz. Alguns ficaram nervosos com o que poderia ter acontecido para toda essa movimentação. Já Rosett tentava ser a mais rápida possível para chegar no castelo, assim que estava passando pelo caminho aberto e vendo aquele palácio bonito mais ao longe, começou a gritar:
— Abram os portões, sou a princesa Mope, do reino Siniy.
Os guardas ouvindo os gritos intensos dela, abriram os portões e ela passou como uma bala, segurando as cordas da égua e a puxando para o lado esquerdo, freou e respirou fundo, descendo do animal rapidamente. Alguns servos se aproximaram e ela entregou as cordas para um.
— Onde está o rei e rainha? — Ela perguntou, seus cabelos estavam bagunçados, suas roupas cheias de sangue, seu estado estava assustador. — Chame-os, rápido.
Ela não pedia, ela implorava, engolindo o choro com força, entretanto seus olhos estavam cheios de lágrimas, as servas correram para dentro do castelo e a princesa também caminhou rápido para dentro. A agitação fez com que muitas pessoas começassem a sair de suas posições, olhando horrorizados com o estado de Rosett. Nunca havia visto ela assim em anos. Rosett apoiou a mão em um pilar, puxando o ar com força e fechando os olhos, estava cansada e com dor no corpo pela velocidade que andou em sua égua.
— Rosett?
A voz de Aninska preencheu o lugar, Rosett levantou a cabeça rápido, procurando pela rainha e saiu correndo ao encontrá-la. A princesa caiu aos braços da rainha, não segurando o choro. Aninska olhou para o rei, preocupada.
— O que aconteceu, querida?
— M-meu pai… ele foi m-morto — falou com dificuldade, levantando a cabeça e seu choro se tornava mais forte.
Os olhos da rainha e do rei se arregalaram. O rei logo segurou os braços de Rosett, ajudando ela a levantar, Aninska foi para o lado esquerdo dela e abraçou a cintura da princesa, que chorava como um bebê.
— Querida, o que mais? — O rei perguntou.
— A-atacaram o meu reino, a… a guarda real de Zheltyy acabou com tudo, precisamos de ajuda, majestade — disse Mope, segurando forte as roupas dele.
— Kamen, ajude o reino, eu irei acalmar a princesa. — Aninska murmurou, olhando para o rei, que balançou a cabeça em positivo e saiu rápido do salão.
Aninska olhou para a princesa que choramingava e a abraçou forte, olhando para as servas e fazendo sinal para que elas trouxessem água. A rainha deslizava as mãos pelas costas dela, tentando acalmar o seu coração ferido, só que a dor de perder alguém que ama é extremamente angustiante e doloroso.
Rosett tinha sido forte, tendo vindo até lá e pedido por ajuda mesmo depois de perder um pilar de sua vida. Naquele momento ela só precisava de um abraço e palavras sussurradas em seu ouvido, mesmo que não acreditasse.
— Vais ficar tudo bem, princesa, nós iremos ajudar o seu povo e ajudar vosmecê. — Aninska disse, apertando mais o corpo dela e sentindo a angústia do que poderia acontecer dali para frente.
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