— É claro que sim, Beth — digo impaciente através do telefone trouxa. Bato meus pés na calçada, encarando aos dois lados da rua vazia. — Eu preciso mesmo de algum emprego, é sério. E você têm de me possibilitar algum, certo? Por favor! — ouço uma respiração pesada do outro lado da linha, Beth aparentemente deveria estar fazendo algo muito mais interessante do que nossa conversa particular.
— Olha, Mione... — começou ela, rolei meus olhos com a enrolação da minha amiga, um carro preto passou pela rua, eu já podia sentir os perigos que estava correndo só por estar ali, sozinha. — Eu gostaria muito de te ajudar. Mas o único emprego disponível que eu posso lhe dar é numa das empresas do centro da cidade.
— Do centro? Beth, eu não quero um emprego trouxa, é sério. Preciso de algo do nosso mundo — digo, tentando não soar preconceituosa demais, uma moto passa pela rua, meu corpo indefeso se arrepia por inteiro. Com certeza meus pais deviam estar me esperando à essa altura, enquanto eu tinha uma conversa extremamente séria com Beth Romanov.
— Não, Mione. O emprego que eu estou te dando é metade trouxa e metade bruxo. É bem acessível ao mundo trouxa, sendo sincera. Mas é muito útil e tem um bom pagamento, pelo menos para você que está desempregada.
— Olha, eu não estou desempregada porque eu quis — retruquei, com uma voz completamente áspera, me apoiei no suporte do telefone, sentindo cada partícula do meu corpo estremecer com o que estava pensando. Tudo bem, terminar os meus anos em Hogwarts fora uma ideia incrível, mas depois tudo aconteceu tão de repente, a confusão com os aurores e minha briga recente com Harry e Rony... tudo estava bem recente em minha cabeça ainda, e largar tudo de mão foi a melhor opção possível. Pelo menos para mim.
— Eu sei disso, Mione. Mas acho que você não vai gostar do emprego que eu estou disposta a te dar...
— Pode falar, Beth. À essa altura eu aceito de tudo e um pouco — minha voz soou cansada, ouço o suspirar pesado típico de Beth Romanov, o que me faz sorrir internamente com a impaciência da minha amiga.
— É com a família Malfoy — soltou a bomba de uma vez, e eu precisei me segurar para não gritar.
— O que? Você está louca, não é? Eu nunca, definitivamente, vou me envolver com àquela família, Bethany! — me encolho por inteira com o vento frio que me atingiu.
— É sua única opção!
— Desde quando a família Malfoy abriu uma empresa trouxa?
— Não é apenas trouxa, é bruxa também e... — Beth parou de falar por um instante, logo voltando. — É ótima, Mione. Pode te pagar tudo o que você está disposta a conseguir em qualquer outro emprego. Sei sobre suas desavenças com a família e com o tal de Draco, mas você tem que saber que isso é para o seu bem.
Tento ouvir tudo calada, mesmo sabendo que ela estava totalmente certa.
— Está bem — cedi, suspirando alto. — Pode me incluir na lista.
Ela soltou uma risada, e então soltou um grito repentino que me fez rir.
— Vou te mandar uma carta com o apoio.
— Obrigada, até mais.
— Até.
Finalmente pude soltar o telefone, caminhando rapidamente pelas ruas nebulosas da cidade. Meu estômago se revirava em nervosismo, e todos os meus pensamentos de positivos foram quase que instantaneamente para os negativos.
O que poderia ocorrer depois dali?
Quando cheguei em casa meus pais me receberam, preocupados. Acalmei eles dizendo que estava a procura de um emprego, para não ser um incômodo total na minha casa ao qual eu passei toda a minha infância. Minha mãe logo me reprovou, dizendo que eu poderia ficar o tempo que me fosse necessário.
Eu subi para o meu quarto, ou pelo menos, para o meu antigo quarto. Como que Draco Malfoy reagiria ao saber que eu estaria, provavelmente, trabalhando para a empresa da família dele? Bem, eu até sabia o que aconteceu com ele após o término da escola. Ele se casou com Astoria Greengrass e teve um filho faz, um ano? Dois anos? Não sei. Com certeza ele não gostaria de minha invasão a sua vida incrível, isso era mesmo um problema. Pelo menos para mim.
~~
— Você é a...? — a mulher da recepção me encara da cabeça aos pés, sinto meu rosto queimar.
— Hermione Granger. Vim para uma entrevista de emprego — respondo-a, tentando ser a mais responsável o possível, ela concorda com a cabeça, então digita alguma coisa no computador. A empresa Malfoy era literalmente e totalmente trouxa, o que me surpreendeu e bastante. Devido aos preconceitos que eu já sofri pela aquela família, eu realmente achei que eles odiassem trouxas e qualquer coisa que fosse lembrar a eles.
— Para a secretária, não? — diz ela, com um sorriso pequeno, concordei com a cabeça. — Boa sorte. O senhor Malfoy a espera faz algum tempo. Quarto andar, primeira porta a frente.
Concordei novamente com a cabeça, ainda achando tudo aquilo uma loucura. Fui em direção ao elevador, apertando meus dedos um contra o outro, ao apertar o botão a porta se abriu rapidamente, entrei dentro do mesmo e apertei até o quarto andar. Era agora ou nunca, e mesmo assim eu sentia o nervosismo me corroer por inteira.
Engoli em seco quando o elevador chegou ao terceiro andar, o próximo era o meu destino. Eu tinha me arrumado tão bem para uma simples entrevista, com um vestido com a parte de cima grudada ao corpo e a parte de baixo com a saía esvoaçante, até me maquiar maquiei. Tudo para causar uma "boa impressão". Eu precisava desse emprego, não queria ser taxada como a "bruxa formanda que ainda mora com os pais". Não mesmo. E se para tirar esse título eu tivesse que trabalhar para a família Malfoy, eu até deixava esse pequeno fator de lado.
Finalmente, o quarto andar. Meus pés foram quase que automaticamente para o corredor, onde uma grande porta de mármore branco estava a frente. Peguei na maçaneta dourada, tentando conter tudo o que eu sentia.
Ao abrir, finalmente, a porta, encarei quem estava lá dentro. Sentado, vendo alguns papéis em sua mesa, estava Draco Malfoy, usando um terno preto e com os cabelos louros bagunçados de um jeito completamente sensual e até meio que... provocante?
— Merlim... — soltei um suspiro alto, o que chamou a sua atenção total para mim. E agora?
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