A comissária de bordo avisa que chegaríamos em minutos e pede o uso de cinto de segurança. Faço o que se pede me recostando na poltrona e olhando as nuvens pela janela.
Um ano.
Um ano se passara desde que deixei a Coreia a mando do senhor Sim. De acordo com ele para evitar escândalos na empresa e preservar minha imagem profissional. Ainda podia sentir o senhor Kim desapontado quando contei sobre meu envolvimento com JongSu. Definitivamente não era o que o homem esperava de mim.
Fui para casa naquela tarde pensando se havia uma forma de mudar tudo aquilo. Quem sabe voltar no tempo e dizer ao chefe que me recusava trabalhar com o filho dele? No meu apartamento vazio e impessoal abri uma garrafa de vinho tomando direto do gargalho. Levando o celular, para o caso de o senhor Sim ligar, vou para o banheiro chutando os sapatos de salto pelo caminho. Quando chego a beira da banheira já estou apenas com as peças intimas e a garrafa pela metade. Encho a banheira e entro dentro depois de ligar uma musica animada no celular tentando me distrair.
Isso tudo era uma completa loucura. Como eu pudera me deixar levar pelo desejo daquela forma? Onde estava meu autocontrole e meu profissionalismo? Bom... Provavelmente devia ser exatamente o que o senhor Sim tentava descobrir naquele momento. Quando ao filho dele... JongSu devia estar feliz pela conquista. Parecia ter a necessidade de marcar tudo a sua volta como seu. Já havia percebido isso e durante as reuniões que estivera com ele descobri que isso se estendia a todas as áreas de sua vida e por isso fora tão bem com os negócios confiados a ele.
Parecia ter um imã para as atenções. Seja sendo um idiota na empresa, colocando os pés sobre a mesa do chefe e usando aquelas roupas informais, e muito atraentes no corpo dele, ou ainda incorporando o sucessor responsável e dedicado levando os empresários japoneses na palma da mão.
Tudo que ele parecia precisar pra ter algo era querer aquilo.
E ele dissera que me queria. Agora que tivera provavelmente era só isso. Mais uma conquista para sua provável extensa lista.
Quando o celular tocou interrompendo abruptamente meus pensamentos e a musica quase deixo o que sobrara na garrafa cair na água com o susto. Estava sonolenta e minha cabeça girava deliciosamente pesada e entorpecida pelo álcool ao atender a chamada.
A voz do senhor Sim do outro lado me faz limpar a garganta, tentar fazer a cabeça parar de girar e fingir que não estava bêbada. Com poucas palavras e de forma clara explica o que eu faria para consertar tudo.
Nada além de ir trabalhar em um projeto para expandir sua empresa para Europa. Mais precisamente ele queria que eu administrasse as finanças de um restaurante que adquirira há poucos meses em Portugal, minha terra natal.
Na hora percebi. O trabalho em si não tinha nada a ver com aquilo. Senhor Sim estava apenas me mandando pra casa.
Na manhã seguinte seguindo as ordens do chefe não fui trabalhar. Sem qualquer vontade comecei a arrumar as malas já que recebera um email avisando que minha passagem estava comprada para o próximo dia. Mas nem mesmo a expectativa de rever minha família me deixava empolgada com a viagem.
Passo horas tentando ligar para JongSu. Queria ao menos ser quem o contaria sobre minha ausência. Queria ouvir o que ele diria e se possível olhar em seu rosto e ver o que nosso envolvimento significava pra ele agora que estava ao fim. Mas de todas as tentativas a chamada sempre caia na caixa postal. Apenas poucas horas antes do meu voo, quando vou a empresa para uma ultima reunião com senhor Sim que descubro o fato de JongSu ter voltado ao Japão em uma viagem urgente por ordem do pai para fechar alguns negócios.
Obviamente aquela fora uma ótima estratégia do mais velho para não deixar que o filho me encontrasse. E mesmo antes do voo enquanto espero no aeroporto tento entrar em contato com ele e envio varias mensagens que nunca foram respondidas ou se quer visualizadas.
Pouco depois que cheguei ao restaurante em Portugal começou-se um boato que crescia e se espalhava pela cozinha do restaurante e por toda parte.
JongSu tinha uma noiva.
E de acordo com as fofocas já haviam sido visto várias vezes juntos. Apesar de o meu coração apertar cada vez que ouvia sobre o assunto em algum canto tentava ignorar. Sempre profissional dessa vez. Me afastei dos meus colegas. Decidi não ir todos os dias mais visitar minha família, alguém podia perceber minha falta de empolgação naquele trabalho o que era o oposto de como sempre tratei tudo. Interagia com as pessoas apenas o necessário e indispensável. No final meu tempo naquele país acabou e agora voltava sem saber como as pessoas do restaurante ficaram sabendo sobre o noivado de JongSu já que nem ao menos pareciam saber como ele se parecia.
Passo pelo portão de desembarque com um suspiro. Durante todos esses meses praticamente contara os dias pra voltar. Mas agora que estava aqui pensava se não tivesse sido melhor pedir a transferência definitiva para Portugal. Era um bom emprego. Calmo e confiável, sem muito da confusão da empresa e ótimas comidas, além de estar no país que eu chamava de lar. Havia vários pontos positivos em uma transferência.
Lá não precisaria ver JongSu com a noiva o que eu apostava como acabaria acontecendo aqui.
Caminho sem vontade até a esteira resgatando minha mala. O sim de meu nome sendo pronunciado com o claro sotaque coreano, faz meu coração disparar. Me viro lentamente com expectativa, mas me deparo com o motorista particular do senhor Sim.
-Bem vinda de volta, senhorita. – sorri se curvando e faço o mesmo cumprimentando o homem.
O motorista se apressa em me ajudar com as malas e pouco depois estamos a caminho do meu apartamento.
-Como foi sua viagem, senhorita? – pergunta depois de alguns minutos de silencio pesado. Sabia que ele só queria puxar conversa, mas estar de volta me trazia muitos sentimentos e eu queria ficar em silencio por alguns instantes.
Mesmo assim respondo.
-Bem, obrigado. Tive sorte de ter um voo tranquilo.
-Que bom. – sorri olhando pelo retrovisor – Feliz por voltar?
-Estou mais apreensiva. – admito com completa sinceridade.
-Entendo... – e com isso ele parece perceber que eu não queria falar e o silêncio volta.
Meus olhos acompanham as lojas e as pessoas passando rapidamente do lado de fora do carro. Aperto os dedos envolta do celular enquanto mordia os lábios. Olho a tela e deslizo o dedo sobre ela para desbloquear. Dou uma olhada nas pelo menos vinte mensagens que JongSu enviara antes de desistir.
-Posso perguntar algo? - o motorista me olha pelo retrovisor parecendo feliz por eu tomar a iniciativa dessa vez.
-Se eu puder responder. – sorri.
-É verdade que o filho do sr. Sim está noivo?
-Ah. Isso... – limpa a garganta – Temos visto uma jovem o acompanhando por toda parte. Mas eu diria que ele não parece feliz com isso. Nunca havia visto seu rosto tão abatido quando na ultima festa da empresa. Ainda mais estando acompanhado de uma senhorita tão bela.
-Então ele realmente está noivo... – digo com um suspiro.
-É a senhorita? – dessa vez ele olha pra trás em vez de olhar só no retrovisor, já que estávamos parados no sinal vermelho, pergunto eu o que – A mulher que o deixou por algo mais importante pra ela.
Meus olhos se arregalam. Por que diabos ele sabia disso?
-O que?! – só percebo que falara alto quando ele sorri.
-Eu sabia! – parece feliz com algo próprio – O jovem senhor acabou bêbado na festa e o sr. Sim me pediu pra leva-lo em casa. – começa em tom confidente voltando a dirigir – Quando perguntei por que estava daquela forma me contou de um suposto romance proibido. – sinto as bochechas quentes ao pensar o quando um JungSu bêbado poderia ter contado – Juguei ser apenas conversa de bêbado. Mas agora vendo a senhorita e ligando os fatos... Vejo que não era mentira.
Aperto os lábios com força, me afundando no banco do carro. Não conseguia imaginar aquela cena vinda de JongSu. O cara que bebia todas sem ter efeito algum sair por aí bêbado e contando o que não devia para o motorista do pai. Isso não era legal.
O carro para na frente do meu prédio e depois de me ajudar a levar as malas até a porta de casa ele se despede com um sorriso me desejando boa sorte.
Fico parada com a chave na mão enquanto ele desaparecia no corredor.
Por que ele poderia estar me desejando boa sorte? Não era como se eu fosse tentar novamente ficar com o filho do meu chefe.
Conto o tempo com as batidas do meu coração enquanto espero o elevador chegar ao meu andar. Minhas roupas, cabelo e maquiagem tudo estava perfeitamente em seus lugares, mas por dentro eu estava uma grande confusão. Achei que seria fácil voltar. Ainda mais depois que soube que JongSu estava comprometido.
O problema é que nada acontece como a gente imagina e aqui estava eu com o coração batendo a mil e as pernas bambas enquanto com um clic as portas do elevado se abrem para o andar onde ficava o escritório do sr. Sim.
Não queria estar ali. Não queria relembrar de tudo que passei naquele lugar. A mesa que eu ocupava ainda estava lá. Agora ocupada por uma nova secretária que parecia bem jovem e bonita, com seus lábios rosados e roupas de grife moldando perfeitamente suas curvas. Não posso evitar pensar se JongSu colocara os olhos sobre ela como fizera comigo.
A possibilidade era bem grande e isso me deixava incomodada.
Ela me recebe com um sorriso perguntando se tinha hora marcada. Quando digo quem sou ela comunica imediatamente com o chefe que eu estava ali, dizendo que ele estava me esperando.
Sou recebida calorosamente pelo sr. Sim. Pensei que me olharia feio e perguntaria se eu já tinha esquecido seu filho, mas em vez disso ele sorri me perguntando sobre a viagem e sobre tudo que eu tinha feito. Não deixa passar nada inclusive queria saber se eu tinha descansado bem e afirma que não precisava de ter vindo tão cedo falar com ele.
-Sim eu precisava. – tento engolir o bolo que se formara em minha garganta e aperto a alça da bolsa – Eu tinha que fazer isso antes que minha coragem acabasse.
-Fazer o que? – as sobrancelhas do velho se erguem apreensivo quanto ao que eu estava falando e mais ainda quando tiro um envelope da bolsa colocando na sua frente – O que é isso Sophia?
-Minha carta de demissão.
Os olhos dele aumentam de tamanho de surpresa quando me olha.
-Isso... – tenta encontrar palavras e eu até poderia ajuda-lo, mas estava ocupada demais com minhas próprias decisões pra decidir que palavras seriam melhores pra ele – Isso é totalmente desnecessário. Sabe disso não sabe? Eu sei que fui duro com você te mandando embora, mas sei que foi um bom tempo o que passou fora e... – desliza a carta de volta na minha direção se recusando a aceitar - Não precisa fazer isso Sophia.
-Sim eu preciso. – dou um sorrisinho sem graça – Eu não fiquei brava com o senhor por ter me mandando pra Portugal. Serio. Foi um bom aprendizado e eu agradeço por isso. Muito mesmo. Mas a verdade é que... Eu pensei que nesse tempo eu poderia esquecer seu filho. Queria tirar ele completamente da minha cabeça e quando voltasse eu seria a secretaria profissional e responsável de sempre e aquela que o senhor quer que eu seja. Acontece que isso não aconteceu. E mesmo quando eu soube que ele está... Acompanhado. Nada mudou. Eu tive ciúmes e sentimentos que sei que o senhor e a politica da empresa desaprova. Se eu voltar a trabalhar aqui quer dizer que vou continuar o vendo. Cada vez que nos encontrarmos aqui vou me lembrar do passado e vou me distrair do meu trabalho. Por isso... – empurro a carta de volta pra ele – Vou me demitir. Sei que vou precisar me esforçar pra conseguir chegar onde cheguei na sua empresa em outro lugar, mas se puder me escrever uma carta de recomendação ou algo do tipo eu agradeceria muito.
-Sophia...
-Desculpa sr. Sim. – o interrompo antes que ficasse mais difícil deixar aquela empresa onde por anos eu lutei pra ser a melhor – Eu não vou voltar atrás com minha decisão...
-Mas... – somos interrompidos quando a porta se abre, olho por cima do ombro e fico paralisada olhando para JongSu caminhado em nossa direção – JongSu... O que está fazendo aqui?
Seus olhos estavam sobre mim um tanto surpresos em me ver, mas não parecia ser uma surpresa ruim. O que era pior ainda. Tornava minha decisão ainda mais difícil. Pelo menos vejo que sr. Sim havia feito a carta desaparecer com a chegada do filho e torço pra que não tenha jogado ela fora.
-Sophia... – sorri pra mim – Não sabia que estava de volta.
-Pois é. – me levanto fechando a bolsa e ajeitando ela no ombro – Se isso era tudo sr. Sim vou me retirar. – sorri para o mais velho que parecia um pouco perdido pela primeira vez na vida – Até mais. – me curvo para os dois saindo quase correndo da sala.
-Foi bom te ver Sophia. – ouço a voz de JongSu e olho por cima do ombro o vendo com um sorriso.
-Foi bom te ver JongSu.
O caminho do escritório do chefe para o elevador é feito em poucos segundo e até mesmo ignoro quando a nova secretaria me cumprimenta. Precisava sair dali. Assim como pensei na noite anterior eu não era mais forte o bastante pra continuar, e por isso havia tomado aquela decisão e escrevi a carta de demissão. Aquela provavelmente era a última vez que eu via o filho do meu chefe naquela empresa.
Claro que eu estava errada.
A porta do elevador já terminava de fechar quando uma mão entra no vão fazendo-a abrir novamente e JongSu aparece na minha frente. Nossos olhos se encontram brevemente e desvio os meus mordendo o lábio. Por que ele não podia ter ficado lá mais tempo? Por que não podia me deixar ir embora sem mais complicações.
O clima dentro do pequeno cubículo era silencioso e pesado. Sufocante até.
Eu tinha coisas pra dizer, mas não diria. E provavelmente ele estava surpreso em me ver por já estar noivo daquela garota das fotos. Quando a porta se abre eu suspiro aliviada, correndo pelo saguão em direção a porta. Ignoro quando ele começa a me chamar. Já estava quase livre do lado de fora quando sua mão se fecha em meu pulso.
-Precisamos conversar. – me faz virar pra ele.
-Hoje não JongSu. – imploro tentando soltar meu braço – Sinceramente hoje eu não tenho animo para mais nada. Então... Por favor... Me deixa ir.
-Não. – começa a me arrastar pelo estacionamento – A gente tem muito o que conversar. Por que meu pai estava tão sério e preocupado quando você saiu é a minha primeira pergunta.
Com um suspiro derrotado entro no carro que ele mantinha a porta aberta e fecha logo em seguida dando a volta e tomando o lugar atrás do volante. Sem uma palavra começa a dirigir pela cidade. O interior do carro silencioso em comparação com o transito lá fora.
Disfarço e olho seu perfil concentrado na tarefa que realizava.
Deus como eu senti a falta dele.
Como era mais bonito que em minhas melhores lembranças.
Mais um suspiro pesado escapa de meus lábios e ele olha em minha direção. Desvio novamente o olhar encarando a rua lá fora.
-Pedi demissão. – ele freia o carro de repente e tenho que segurar pra não bater a testa no painel – Mais que...
-O que você disse? – olha na minha direção, carro buzinavam atrás da gente que havíamos parado no meio da rua.
-Eu pedi demissão. Disse que a primeira pergunta era por que seu pai estava sério. É que entreguei minha carta de demissão. Será que agora dá pra tirar a gente do meio da rua antes que esses motoristas coloquem fogo no carro?
Com um soco no volante, faz o que eu disse seguindo o caminho até uma parte mais calma e alta da cidade. Dali podíamos ver uma boa parte dos prédios inclusive a empresa da família dele. Para o carro e ficamos ali encarando o nada a nossa frente até que volta a falar.
-Por que fez isso? – pergunta por fim.
-Por que eu precisava.
-Não precisava não. Por que... – sua voz tinha um tom tenso – Por que foi embora pra começar?
-Eu...
-Foi meu pai não foi? – solta o cinto de segurança se virando pra mim – Foi meu pai que te fez sair do país não foi?
-Ele fez a coisa certa.
-Minha bunda que fez. Onde já se viu? Te mandar para o outro lado do mundo praticamente só pro que tivemos algo?
-As regras.
-Dane-se as regras. Eu sou dono daquilo posso quebrar quantas regras eu quiser.
Tive que rir dessa vez. Ele continuava o mesmo JongSu de sempre. Mandão e mimado achando que poderia ter tudo que queria quando e onde queria. E o pior era que eu gostava daquela característica dele.
-Você não pode não. Regras são regras. Não importa se para um dos entregadores ou para o presidente. As regras são a mesmas para todos. Você não pode quebra-las quando quer.
-Aish! – dá um soco no volante – Digamos que tenha razão. Por que quer pedir demissão agora? Achei que queria ser algo em nossa empresa e agora que provou pro velho o que pode fazer pela filial da empresa dele, acho que poderia realmente ter um bom cargo aqui.
Fico calada por um tempo pensando se devia responder àquilo ou simplesmente abrir a porta do carro e correr o quanto desse rezando pra ele não me alcançar. A primeira opção ganha, já que eu estava de salto e não conseguiria correr muito longe.
-Eu não posso continuar lá. Achei que ficar longe de tudo fosse me fazer esquecer tudo... Esquecer você... Mas não foi o que aconteceu. Quando coloquei meus pés naquela empresa tudo que consegui pensar foi em suas cantadas baratas, e sua forma desleixada de tratar os negócios do seu pai. E então teve a festa... E tudo mais... Eu não posso conviver com isso será que entende?
-Está deixando a empresa por minha causa?
-Eu poderia pedir que seu pai me mandasse definitivamente para Portugal, mas não quero voltar pra lá. Aqui foi o lugar que escolhi pra viver. Não importa o que aconteça quero continuar aqui. Não importa o quanto lá seja mais fácil.
-Está deixando a empresa por minha causa? – repete a pergunta m olhando sério.
-Sim... Pode-se dizer assim.
-Você não precisa fazer isso. Sabe ne? Tecnicamente eu nem trabalho para meu pai. Sei que ele quer que eu faça isso e siga seus passos, mas aposto como ele tem uma tonelada de pessoas querendo seu lugar. Não precisa colocar justo eu que não quero. Além do mais eu tenho minha boate. Não vou deixar a M.I.B só pra tomar conta de um monte de coisas chatas na empresa do meu pai.
-Espera... A boate é sua?
-Sim. Por quê? De quem achou que fosse?
-E não sei. De qualquer um menos sua. Você não tem cara de empreendedor.
-Sua falta de fé em minha pessoa me fere sabia? – sorri e me pego sorrindo também – Não queria que saísse do seu emprego. Sei que trabalhou duro para isso. – parecia realmente preocupado comigo e isso era tocante – Liga pra meu pai e pede ele pra rasgar a carta de demissão.
-Não posso.
-Então vem trabalhar comigo na boate.
-Você enlouqueceu? – aperto os olhos sem acreditar – Não ouviu uma palavra do que eu disse? O que vai adiantar sair da empresa pra não te ver e ir trabalhar com você em outro lugar.
-Você seria uma ótima sócia. Não quer nem pensar? – se aproxima mais de mim, podia sentir seu hálito no pescoço a mão se movendo em minha direção.
-Para com isso. – o empurro – Se sua noiva descobre vai ter problemas e vai me arrastar junto.
-Noiva? – parece chocado.
-Sim. Aquela garota com quem está saindo. Todos estão comentando que ela é sua noiva.
JongSu começa a rir e tenho vontade de bater nele, já que parecia que eu era a única que não sabia da piada.
-O que foi? – estava irritada.
-Amo quando você fica irritadinha... – segura meu queixo selando meus lábios suavemente – Fica linda desse jeito.
Volta aos meus lábios e mesmo que minha consciência gritasse para que não fizesse aquilo, que era errado e uma traição com a garota que aceitara ser noiva daquele idiota não podia resistir. Era tão bom. Quente e gostoso. Acabo cedendo a sua vontade me entregando àquele beijo de vez. Ouço quando a trava do cinto se abre me libertando e sou puxada para seu colo, com uma perna de cada lado da sua. As mãos seguram em minhas coxas apertando e puxando pra mais perto até que o a falta de oxigênio nos obriga a fazer uma pausa. Me sento em seu colo, nossas testas permanecendo coladas, a respiração descompassadas e o coração disparado parecendo ter pulsação em vários pontos diferentes do meu corpo.
-Isso é muito errado.
-Tecnicamente você pediu demissão. Não estamos mais quebrando nenhuma regra.
Mordo o lábio ainda marcado e um pouco inchado pelo beijo.
-Sua noiva...
-Eu não tenho uma noiva. Será que não percebe? Acha mesmo que sou do tipo que aceita se casar com uma garota que não escolhi? Se pensou isso não me conhece bem. – sua mão subia e descia em minhas costas em quanto falava – Ela é filha de um dos acionistas da empresa. Minha amiga de infância. Sim nossos pais pensaram que a gente iria se casar um dia ter dois filhos, um cachorro e viver em uma enorme casa de campo. Mas a verdade é que ela é uma tremenda namoradeira e eu também. Além do mais não é dela que eu gosto, sabe?
Agora eu estava confusa. Se ela era amiga de infância dele por que aquela comoção toda sobre noivado? Não fazia sentido.
-Então por quê...
-Não deve acreditar em tudo que ouve por aí querida Sophia. – coloca uma mexa do meu cabelo atrás da orelha – Ela só queria companhia enquanto estava na cidade. E pra fingir que somos boas pessoas por que não os dois juntos? Fomos a uma festa tiraram uma foto e agora estamos, de acordo, com a mídia noivos.
-Não viram vocês juntos só nessa tal festa.
-Não se pode sair com os amigos nos dias de hoje. – encolhe os ombros – Pode falar com ela se quiser. Podemos marcar um encontro de nós três e vai perceber que o que tem entre a gente não é nada... Romântico. Ou nada do tipo.
Fico olhando para ele por logos minutos. JongSu sustenta meu olhar sem desviar os dele nem um minuto. Por mais que eu estivesse desconfiada tinha que admitir que ele estava falando a verdade. Não havia qualquer traço de mentira em seus olhos, em sua expressão e além do mais o que ele ganharia mentindo?
-Digamos que você esteja falando a verdade. O que vai acontecer com a gente? O que somos?
Ele respira fundo apertando os lábios. Podia jurar que vi fumacinhas saindo de seus ouvidos enquanto pensava.
-Sabe que minha vida todo fui um cara perdido na vida. Sempre amei os “prazeres” da liberdade, mas... – seus indicador traça o contorno do meu rosto parando no queixo onde segura e me puxa pra um breve beijo – Eu quero tentar Sophia. Quero tentar ter uma vida com você. Confia em mim o bastante pra isso?
-Sim JongSu dizendo que vai sossegar? – não pude evitar a risada – Fala de novo que eu não ouvi.
-Ok... – respira fundo e então começa a deixar selares por meu rosto – Minha querida Sophia... Aceita namorado comigo. Tipo... De verdade. Nada de apenas brigas, sexo sem compromisso no avião, calcinhas roubadas e medo de gravidez? – deixa finalmente um longo selar meus lábios – E então? O que me diz.
-Vou correr o risco.
-Repete que eu não ouvi. – paga na mesma moeda.
Seguro seu rosto entre as mãos tomando sua boca pra uma beijo quente que consome completamente nosso oxigênio, aquece o corpo e embaça os vidros do carro.
-Sim. Eu aceito namorar pra valer. Vamos ver quanto tempo você aguenta sendo um bom menino. Mas se prepare pra ser castigado caso saia da linha, saiba que de agora em diante eu vou ser a chefe.
"FIM"
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.