Eu repensava se a decisão de pular de um penhasco somente com meu short e sutiã neste frio tinha sido uma boa ideia, o frio não me incomodava de forma alguma, minha pele sentia a temperatura de 15°, mas nunca chegaria a ficar irritada. O único problema era que ninguém daquele grupo sabia disso.
— Muito obrigada, mas não. — recuso a proposta de Paul apressando os meus passos.
— Qual é? Você não quer ter uma hipotermia, calor humano vai te fazer bem. — Ele disse alto, me fazendo revirar os olhos.
— É mais fácil eu pegar alguma doença com sua temperatura febril, falando nisso, já pensou em ir num médico? — Pergunto começando a andar de costas e o vejo fazer uma careta.
— Não estou com febre. — ele nega e eu rio.
— Palavras de afirmação não curam doenças. — cantarolo. — E não finja que você só quer me abraçar porque está preocupado com minha saúde.
— Você é muito teimosa, não vou ao seu enterro de jeito nenhum. — Ele diz irritado apressando os passos e passando por mim.
— Ótimo! Vou contar hoje para minha família, aí ela não gasta o tempo te convidando. — ironizo e ouço seu resmungo.
Ando um pouco mais rápido novamente já que não queria ficar sozinha lá atrás. Chego perto de Jake, ele parecia estressado com alguma coisa, o que é bastante incomum se analizarmos como ele sempre está com um sorriso no rosto.
— Está tudo bem? — Pergunto e o vejo assentir, mas ele ainda parecia com raiva, então prefiro não insistir em seu mau-humor. — Me lembre de trazer algumas peças de roupas para ficar na sua casa. — Murmuro brincando.
— Era para você ter pensado nisso há pelo menos uns 6 meses. — Ele dar um pequeno sorriso. — Quer a minha blusa? — Oferece e eu nego rapidamente.
— Não, eu estou bem. Iria me sentir uma idiota se você passasse frio por minha causa. — Sorrio. — E também ela está molhada, não iria fazer muita diferença. — Completo.
— Iria fazer uma enorme diferença para mim. — escuto ele resmungar muito baixo, franzi o cenho em confusão, mas relaxo minha expressão quando sinto sua mão segurar a minha. — Você está muito gelada.
— Você também não está quente. — Ele revira os olhos e me puxa para perto.
— Mas não estou congelando, é uma grande diferença. — Sorrio um pouquinho boba, eu definitivamente odiava ter sentimentos por Jacob Black.
Por que eu não poderia ser uma garota normal que ver o melhor amigo como irmão? Ia ser tão mais fácil! Porém, ao invés disso, eu sentia minha mão formigar, borboletas na barriga e um sorriso idiota que eu prendia para não mostrar o quanto ele me afetava.
Fomos pelo caminho todo até o topo do penhasco de mãos dadas, meu corpo praticamente colado pelo seu, não ajudou nenhum pouco a minha saúde mental, porém a sorte, ou azar, foi que a trilha da praia até o penhasco era bem mais curta do que pelo caminho da primeira vez.
Depois de mais um tempo se divertindo e brincando uns com os outros, todos pegaram suas coisas quando as nuvens começaram a se unir anunciando a grande chuva que aconteceria.
☽ ☼ ☾
Aceno mais uma vez para Jacob e abro a porta de casa, vejo o meu pai com um avental branco, ele tirava um pirex do forno. Seja o que for, o cheiro me trazia uma enorme sensação de segurança, é extremamente nostálgico e feliz.
Me aproximo vendo a mesa arrumada de um jeito simples e o observo mexendo, um pouco desastrado, no fogão.
Ele se vira suspirando, parecia cansado, mas quando me olha seu rosto relaxa e abre um sorriso que me pareceu ser um crime não retribuir.
— Parece ótimo, pai! — Comento olhando para o molho e vejo seu rosto corar levemente.
— Eu tentei seguir a receita da sua vó, mas não ficou parecido. — Responde me fazendo rir.
— Bom, o cheiro está incrível, é impossível que o gosto também não esteja. — Informo o tranquilizando e olho para o pirex maior, me deixando com água na boca. — Fez as costeletas de porco com bacon? Faz tanto tempo que não como. — Digo surpresa, quase lamentando.
Quando eu era pequena, papai sempre fazia costeletas de porco com bacon nas segundas e eram as melhores do mundo, porém, depois de um tempo, a casa começou a ficar mais obscura, uma tensão que até eu e minha irmã sentíamos; papai e mamãe brigavam sempre que podiam, mas nunca na nossa frente, eles geralmente esperavam a gente dormir, só que nem sempre estávamos realmente dormindo. Depois disso fomos embora e o papai ficou.
— Sim! E-Eu queria fazer um jantar de família... como era nos velhos tempos, antes de tantos problemas. — ele diz um pouco constrangido e receoso, sorrio o abraçando.
— O senhor é o melhor pai do mundo, eu te amo! — Digo emocionada e ele retribui o abraço dando um beijo em minha cabeça.
— Também te amo, Eliza. Sempre vou amar. — Afirma e eu dou um beijo em sua bochecha. — Chame a Bella por mim, ok? Ainda preciso botar um pouco de sal nesse molho. — Brinca e eu assinto sorrindo.
Subo até o quarto da minha irmã e abro a porta dando de cara com ela e Edward sentados na cama, vendo algo no notebook aberto dela.
— Hora de ir, pisca-pisca. — Digo com um sorriso irônico.
— Pensei que você iria parar com os apelidos.
— É a melhor parte de te conhecer, não tem como parar. — Nego provocativa e ele revira os olhos.
— O que veio fazer aqui? — Bella pergunta.
— Papai fez um jantar para a gente, ele quer que seja como nos velhos tempos. — Aviso sorrindo.
— Ah, legal... — Ela murmura com uma expressão incômoda, a mesma expressão que já vi um milhão de vezes em seu rosto quando alguém se referia à nossa família quando éramos crianças.
Eu fui a única a perceber como Bella ficou abalada com o término dos nossos pais, ela tinha muitos problemas em relação a separações. Bella sempre foi a mais sentimental de nós duas e tudo o que aconteceu a fez se fechar para o mundo.
— Sim, sim. Agora desça e deixa seu brinquedinho aí. — Peço com um sorriso e saio fechando a porta.
Vou para o meu quarto e pego uma troca de roupas indo direto pro banheiro, eu fedia a peixe por causa da água do mar. Totalmente desagradável.
Tomo um banho até tirar o cheiro da minha pele, precisei passar sabonete duas vezes até que meu olfato apurado só sentisse o cheiro de frutas vermelhas.
Depois disso a noite passou consideravelmente rápida, nós três jantamos a comida que o papai havia feito e estava tudo muito bom, após isso assistimos um filme e todos foram dormir ou foi o que nosso pai acreditou, Bella ficou conversando com o Edward em seu quarto e eu sair para me alimentar, a única vítima que encontrei no meio da noite foi no jardim do hospital, esse é um dos problemas de morar em uma cidade pacata, mas pelo menos era um acompanhante bastante saudável.
Quando voltei para o meu quarto, todos já estavam dormindo e pelo cheiro, Edward ainda estava no quarto da minha irmã, realmente não consigo deixar de achar isso problemático.
Eu havia me sentado na cama quando vejo Edward em pé em minha frente, faço uma careta por ele entrar em meu quarto sem permissão.
— Não é problemático. — afirma com sua total convicção me fazendo revirar os olhos. — Por que acha isso?
— Eu não deveria precisar explicar ética para um cara centenário. — reclamo com uma careta. — Você parece um stalker doido que invade a privacidade das pessoas para vê-las dormindo.
— Se você fosse da minha espécie iria saber o quanto sentimos falta desses gestos humanos, a vida que levamos é cansativa pela rotina. E não são pessoas, é a Bella. — Ele explica e eu só assinto indiferente.
— Sei disso, Ed, mas não deixa de ser estranho por outros olhos. E não pode ser tão interessante assim ver Bella dormindo, ela baba e se meche muito. — brinco e ele sorrir.
— Ela fala bastante também. — Ele diz no mesmo tom que o meu e eu analiso sua feição.
— Você parece amar muito ela, é verdade? — O hipnotizo, eu precisava saber.
— Eu a amo mais do que tudo, é como se com ela eu voltasse a vida. Bella me tirou da escuridão em que eu insistia em entrar. Então, sim, é verdade. — Ele responde sem reclamar por ter usado minha habilidade novamente.
— Então posso confiar que você nunca irá machucá-la, certo? — pergunto, dessa vez sem hipnotizá-lo.
— Preferia morrer outra vez do que machucá-la, Liz. — Ele responde e eu assinto tirando minha preocupação do meu rosto.
— Eu espero, odiaria ter que te matar. — digo com um sorriso brincalhão e ele revira os olhos desaparecendo da minha frente.
Suspiro e deito na cama pronta para finalmente dormir.
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