Olá, P. E.
Essa é a primeira carta que escrevo desde que saímos da Northwestern. As coisas mudaram, Harry. E tenho certeza que tanto eu quanto você não somos mais os mesmos. Desde que você entrou nesse hospital aconteceram tantas coisas...
É sexta-feira.
O hospital virou minha segunda casa. Eu chegava depois das cinco da tarde e ficava com Harry até as oito horas da noite, o que me deixava esgotada por sair do trabalho e pegar um táxi direto para Toronto, sem ao menos passar em casa para trocar de roupa ou comer algo.
Fiz isso nos três primeiros dias, e ontem à noite sai com Dylan. Ele e Amanda conseguiram me convencer a ocupar a cabeça com outras coisas, mas ainda assim meus pensamentos continuavam em Harry Styles. E me partia o coração não saber quando ele acordaria.
Sento-me na cama e estico os braços acima da cabeça me espreguiçando. Depois do trabalho, Amanda e eu vamos à uma seção de cinema ao ar livre em Like's de Drive, as margens do Rio Avon. Dylan ficou de nos encontrar lá, e eu sei que mamãe ficará uma fera comigo.
Não a culpo. Culpo Dylan que me enrola e me convence a ficar mais tempo com ele, mas em minha defesa Dylan Campbell beijava muito bem. E eu precisava me distrair.
Levanto da cama e vou em direção ao banheiro, tomo banho, escovo os dentes e pego minha calça jeans que já havia deixado separado a noite anterior e a blusa verde do uniforme que o Sr. Robson faz questão de usarmos, com o meu nome bordado sobre o bolso. É tarde e já passa das 6:30 quando saio do quarto encontro meus pais na cozinha.
— Bom dia a todos — eu disse sorrindo.
Os olhos dos dois caíram sobre mim, e papai apenas balançou a cabeça concentrado em alguns papéis sobre a mesa.
— Bom dia, querida. — Disse mamãe com uma xícara verde em mãos. — Dormiu bem?
— Não — admito. Só consegui pregar os olhos depois da meia-noite, quando Dylan me deixou em casa.
Eu e Dylan estávamos mais próximos, e eu adoraria dizer que tive forças para terminar o que talvez não deveria ter começado, mas Dylan foi o único que me deu o ombro para chorar quando Kim e eu paramos nos falar, e Harry sofreu aquele acidente.
E eu fui fraca, poxa.
Precisava dele.
Penso em algo para falar.
— Estou preocupada com a Kim — digo. — Não a vejo desde ontem.
— Você não sabe, Isabella? — Foi meu pai quem perguntou. E pela sua expressão, sei que está chateado.
— Não. O que vocês sabem, que eu não sei?
— Kim voltou para à casa da mãe dela ontem à noite, querida — minha mãe respondeu. — Pensei que soubesse.
— Ela não sabe Rosie — disse papai. — Como poderia saber o que acontece com amiga dela, se vive chegando tarde da noite com aquele baquista? — E essa é a palavra do dia que papai roubou do dicionário, aposto.
— Bom, Kim e eu não somos mais amigas. — Falei hesitante.
E a conversa encerrou-se por ali mesmo.
Por volta das 5 horas da tarde meu turno acabou e peguei carona com Amanda até sua casa, ela com toda sua insistência conseguiu me convencer a me arrumar junto com ela.
Grande erro o meu.
— E ai vai rolar? — pergunta Amanda pela segunda vez, e eu não consigo acreditar que ela quer mesmo falar sobre isso.
— Não, Mandy — eu disse.
Estávamos em seu quarto. Eu havia trazido minha mochila com uma muda de roupas e agora estou prendendo meu cabelo com presilha de Amanda, em frente ao espelho. Me sinto confortável usando o meu vestido branco estampado de florzinhas vermelhas. Amanda fez careta quando me viu vestida assim.
— Caramba, Isabella — ela resmunga enquanto enfia pelos braços uma blusa vermelha e justa. — Você e Dylan já namoram à quatro meses. Não é possível que vocês ainda não tenham... você sabe. Ido aos finalmente.
E nesse ponto Amanda me lembra Kim.
Eu sorri para o meu reflexo no espelho ao lembra de como éramos grudadas e em com Kim me enchia com a mesma ladainha.
— Isabella?
— O quê, Mandy?
Ela deu um passo em minha direção, e eu soube que iria ser difícil fazer Amanda mudar de assunto.
— Você e Dylan já transaram? — Amanda bate o pé no chão.
— Lógico que não, Amanda! — quase gritei, minhas bochechas já estavam esquentando.
— Isabella, me diga uma mulher que tem um namorado gostoso e que além disso tem uma banda, e não foi pra cama com ele.
— Eu.
— Só você! — disse ela. — Isabella, cá para nós, você ainda é virgem?
Assenti.
Amanda abriu um largo sorriso e eu disse à mim mesma para relaxar, que ela pararia com esse assunto por hora.
— Ah. Meu. Deus. — Amanda disse, pausadamente. — Você está se guardando para o Harry, não é?
— É claro que não, Amanda — eu disse exasperada, guardando minha escova de cabelo na mochila. Depois sento-me na cama. — Eu só não quero ir pra cama com o Dylan.
Amanda sentou ao meu lado para afivelar as sandálias. Ela estava um arraso usando essa blusinha vermelha que mostrava suas curvas e a calça capri desbotada.
— Isabella, se você soubesse o quanto é gostoso. Aposto que o Dylan tá doidinho pra passar uma noite com você.
— Amanda, ainda não é a hora certa.
— E quando será?
Amanda olhou para mim como se eu soubesse a resposta. Bem, eu sei. Mas tenho certeza que ela não vai querer ouvir.
As vezes quando penso sobre o assunto parece que tem uma voz que grita em minha cabeça falando que irei me arrepender caso eu vá para cama com Dylan, assim sem mais e nem menos. E eu tratei de obedecê-la. Sempre sonhei que minha primeira vez fosse por amor, em uma casa de praia com janela de vidro para a vista do mar. Seria a noite e teria uma cama com lençóis brancos de seda e pétalas vermelhas espalhadas pelo chão.
Por isso eu sei que passar uma noite qualquer nos braços de Dylan não será uma boa ideia, pelo menos não agora.
Se eu contasse isso para Amanda, ela me chamaria de burra. Então eu fico calada.
— Hmmm... eu definitivamente não faço ideia, Mandy — falei em resposta a sua pergunta.
Ela revirou os olhos para mim.
— Ainda acho que é por causa do Harry — ela disse com um sorrisinho.
E talvez seja mesmo.
Dylan e eu seguimos Amanda por entre as pessoas que estavam sentadas em toalhas coloridas, estendidas pela grama. Eu não havia trazido meu suéter e meu corpo tilintava de frio, por causa do ambiente aberto e de frente para o rio.
O filme Agora seria exibido no festival e pelo o que Amanda me contou é um longa metragem Brasileiro. Eu achei interessante, e foi por isso que insisti para virmos, pois se dependesse de Dylan, nós dois estaríamos em algum bar à essa hora da noite e quanto a Amanda, eu não faço ideia. Mas ela estava animada desviando das pessoas enquanto carregava uma toalha vermelha e uma bolsa com saquinhos de pipoca que preparamos antes de sairmos de sua casa.
Eu caminhava tentando acompanha-la, quando Dylan esticou o braço me abraçando por trás.
— Nossa. Tem muita gente aqui, não acha? — Dylan perguntou.
— Sim — eu disse. É por isso que eu gosto desses festivais de cinema, me tiram da rotina cansativa de casa, trabalho e barzinhos com Dylan
Só queria que Harry Styles estivesse aqui comigo e não naquela cama de hospital.
— Quer dar uma volta, gatinha?
— E o filme, Dylan? — falei.
— Voltamos antes de começar.
E ele sorriu, aquele mesmo sorriso conquistador de sempre.
Okay... eu vou.
Me aproximo de Amanda e digo:
— Mandy, vou dar uma volta com Dylan. Voltamos logo.
— Vão, lá.
Amanda não deu a mínima para mim, estava mais concentrada em esticar a toalha na grama.
— Vem, gatinha.
E Dylan me guiou para longe das pessoas.
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