O filme havia começado, eu podia ouvir. Dylan e eu estávamos no estacionamento e não tinha ninguém aqui além dos carros e nós dois. Obviamente ele queria algo, dava para ver pelo modo como me olhava.
— Você tá muito linda essa noite, gatinha.
— Obrigada — eu murmurei.
— Eu passei o dia inteiro querendo ficar sozinho com você. — Ele disse chegando mais perto de mim.
Dou um passo para trás, olhando-o nos olhos.
No momento, meu estômago se contraiu e eu bato minhas costas contra o carro de Dylan.
— Dylan, eu...
— Quer me dizer alguma coisa, gatinha? — ele sussurrou próximo ao meu rosto. Dylan cheira à sabonete a pastilha de menta.
— Dylan... — murmuro baixinho quando suas mãos pousam em minha cintura.
Meu subconsciente me avisa que ele estava com segundas intenções, e não pude evitar que meus joelhos tremessem quando os lábios de Dylan tocaram a pele sensível do meu pescoço.
— Dylan, alguém pode nos ver aqui. — Eu digo olhando para um dos lados, onde à um banco de madeira e um poste de iluminação.
Mas a verdade é que quero voltar para a beira do Rio Avon e sentar-me junto com Amanda para ver o filme, comer pipoca e ficar com Dylan onde tenha várias pessoas para que ele pare de usar suas mãos atrevidas. E a propósito, uma delas está apoiada na minha coxa, mesmo que seja sob o tecido do vestido.
— Ninguém vai nos ver, gatinha. Estão concentrados no filme, e aquilo não vai acabar tão cedo.
— Pode chegar alguém, sabia?
Dylan me lançou um olhar desconfiado.
— Escuta, Isabella. Jamais vou fazer algo que você não queira. — Ele disse, erguendo a mão que estava em minha coxa para acariciar meu queixo. Dylan parecia querer me despir com aqueles olhos azuis, e eu não estou acostumada com seu atrevimento. Fico nervosa. — Mas você não acha que já está na hora de termos um momento só nosso?
Fecho os olhos e balanço a cabeça em negativa.
Essa conversa outra vez, não. Por favor!
— Por que você não quer, gatinha?
— Não é assim que as coisas funcionam, Dylan — digo ao abrir os olhos e tento afastá-lo.
Dylan me mantem no lugar segurando-me pelos ombros.
— Já namoramos a quatro meses, Isabella. — Ele disse. — E até agora você não aceitou passar a noite comigo uma única vez.
— Dylan, me entenda. Por favor. — Ergo os olhos para encará-lo. Os olhos dele brilhavam com desejo e algo à mais que eu não conseguia identificar. Mas aquele era um olhar safado, com certeza. — Vamos voltar. Amanda deve estar preocupada.
— Eu não quero voltar, gatinha. Eu quero você.
E naquele momento Dylan me beijou com urgência, não me dando tempo para pensar. E eu me deixei levar por um instante, enquanto Dylan destrava a porta do carro atrás de mim.
Você é burra, Isabella! Gritou meu subconsciente fazendo cara feia.
— Dylan, vamos voltar — eu quase implorei.
Dylan me puxa para ele e me beija, dessa vez contra a minha vontade. Eu endureci e ao invés de me soltar, Dylan abre a porta do carro. Ele me agarra pelos ombros e me faz sentar no banco traseiro de couro, minhas pernas estavam para fora do carro e eu ainda conseguia tocar o piso do estacionamento com os pés.
— Não negue, Isabella — disse ele, olhando-me nos olhos como um falcão que deseja capturar sua presa. — Eu sei que você quer isso tanto quanto eu.
Dylan me mantem no lugar, segurando meus braços.
— Dylan, por favor. Me solte. Eu não quero ficar aqui, vamos voltar — eu peço.
— Relaxa, gatinha. — Ele repuxa o canto dos lábios.
Era ameaçador aquele sorriso.
Sei o que Dylan quer. E me recuso a fazer qualquer coisa que seja no banco de um carro no meio do estacionamento, que ainda por cima corria o risco de alguém ver. Isso me dava calafrios na espinha.
— Dylan, vamos voltar — digo baixinho, olhando-o nos olhos.
Ele se inclinou para frente e pela primeira vez senti repulsa com seu toque, no momento em que suas mãos ameaçaram levantar a barra do meu vestido.
— Você vai gostar — ele sussurrou perto do meu ouvido, e eu tremi.
— Eu vou gritar, Dylan — eu disse em tom de aviso.
Ele ri e meu coração quase sai pela boca.
No mesmo instante fecho os olhos com força, sentindo-os queimar. Dylan estava muito próximo de mim, o que não me deixava espaço para sair. Isso me causou arrepios e eu não esperava mais nada vindo dele à não ser suas mãos subindo cada vez mais por minha coxa. E agora eu percebi que Dylan Campbell não gosta de mim tanto quanto diz.
E por que você ainda continua com ele, Isabella?
Burrice, talvez.
Não, é carência.
Eu gostava dele. Dylan não fazia meu coração balançar tanto quanto eu imaginava, mas para mim Dylan tornou-se uma boa companhia. Hoje, abomino essa minha atitude e até culpei Harry Styles por ter desaparecido por um tempo.
Fui burra ao me envolver com Dylan sem antes conhecê-lo de verdade. Mas agora tenho certeza de que Kim estava certa o tempo todo quando tentava me convencer a parar de ser trouxa e largar dele.
Eu não larguei e parece que comecei a pagar por isso. E mesmo que Dylan tenha preenchido um pouco do vazio que eu sentia aqui dentro de mim, aquele encanto quebrou-se.
Junto toda a força que tenho e empurro Dylan. Ele cambaleia um pouco para trás.
— Sai, Dylan! — eu grito, tremendo de raiva e pisco algumas vezes para afastar as lágrimas que começavam a se formar.
— Ei! — ouço um grito e Dylan vira-se em direção a voz.
É Amanda.
— Tire suas mãos da Isabella. — Ouço outra voz e dessa vez é de homem.
O que aconteceu a seguir foi tudo muito rápido. Alguém puxou Dylan para trás e acerta seu rosto com um soco. Com o impacto Dylan se desequilíbra e cai no chão. Eu grito, encolhendo-me no acento.
Amanda corre até mim e inclina-se segurando uma de minhas mãos.
— Ah, graças à Deus te achamos. — Amanda suspira aliviada, passando a mão por meus cabelos. — Você está bem, amiga? Dylan não fez nada com vc, não é?
— Estou bem, Mandy — murmurei tentando disfarçar o choque em minha voz. — Obrigada.
Amanda fez um gesto com a mão descartando meu comentario.
— Não toque nela outra vez. — Aquele cara que acertou Dylan falou com rispidez. Sua voz era familiar e eu começava a desconfiar de quem poderia ser, porém o capuz do moletom que ele usava cobria seu rosto. — Já aguentei muita coisa vinda de você, Dylan. Mas a Isabella, não. Ela não merece que você a trate dessa forma.
Dylan limpou o canto da boca que sangrava e xingou algumas vezes ao se levantar. Raiva transbordava por seus olhos, eu pude perceber.
— O que você veio fazer aqui? — Dylan ralhou.
— Quebrar a sua cara.
O homem puxa o capuz para trás, revelando os familiares cabelos escuros.
É Enrique Petrovic.
E ele acerta um soco novamente no rosto de Dylan.
— Enrique, pare! — Eu gritei. — Não vale a pena.
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