A Sra. Styles passa o dedo indicador sobre a borda do copo d’água que eu havia acabado de trazer. Sento no sofá de frente para ela, mamãe está ao seu lado, com a mão pousando em seu ombro para lhe dar algum conforto.
Respiro fundo.
— Como isso aconteceu, Sra. Styles? — pergunto e espero que ela me olhe nos olhos. — Me conte, por favor.
— Harry estava muito agitado. Passou o dia inteiro inteiro no quarto, não sei o que estava acontecendo com ele. Mas essa tarde ele saiu, e não voltou até agora. Pensei que estivessem juntos...
Ela não conseguiu terminar de falar, e eu também não esperei para ouvir o que mais ela tinha para me dizer, quando levantei do sofá e sai batendo a porta atrás de mim.
Harry Styles não desapareceu, eu tinha certeza. E a prova disso é que eu o encontrei sozinho em Waterloo, no High Park. E claro que só descobri isso depois de rodar Stratford inteira com o carro do meu pai.
— Harry — chamei.
Ele estava de costas para mim, seus ombros subiam e desciam, a cabeça baixa. Então eu soube que ele estava chorando.
— Harry? — chamo novamente.
— Eu lembrei de algo, Isabella — ele disse com a voz rouca e sem virar para me olhar. Fico onde estou, e ouço Harry puxar o choro pelo nariz. — Esse lugar não saiu da minha cabeça o resto do dia, e lembrei de uma caixa de madeira. — Ele deu um longo suspiro. — Droga! Eu não consigo lembrar de mais nada, por mais que me esforce. Droga. Droga. Droga!
Harry puxou os cabelos, e gritou. O som que saiu de sua boca foi alto e carregado de frustração. Ele deixou que seu corpo caísse de joelhos no chão.
Eu me aproximei dele e com cuidado afaguei seu ombro.
— Vai ficar tudo bem, Harry — falei, tentando segurar minhas próprias lágrimas.
E esse, sem sombra de dúvidas foi um dos piores momentos em que presenciei Harry Styles chorando e mais uma vez eu não sabia como consolá-lo.
Eu o abracei, simplesmente.
Ajoelhei-me ao seu lado e o abracei, sentindo a manga da minha blusa umidecer com suas lágrimas. Harry me apertou entre seus braços.
— Vai ficar tudo bem, Harry.
— Não vai, Isabella. Não sem que eu antes lembre de tudo. É horrível não saber quem você é. É horrível ter uma garota em sua casa falando que te conhece e que foram namorados. — Meu coração para de bater por um segundo. Harry se afasta e me encara, seus olhos estão vermelhos e seu rosto molhado pelas lágrimas. — Não lembro dela, Isabella. Por mais que eu tente não consigo lembrar.
— Quem é Harry? De quem você está falando?
— Alice Miller. Conhece?
— Não. — Sussurrei para mim mesma, mas sei que ele ouviu pois me olhou intrigado.
— Me ajude a lembrar, Isabella. Por favor.
E a única coisa que tento fazer é sorrir para ele.
Mais tarde, naquela mesma noite vejo a lua alta no céu, brilhante e bela. Parecia estar alheia à todos os meus problemas. Porém, as estrelas não se deram o trabalho de brilhar, talvez elas estejam tristes assim como eu.
Apoio os cotovelos na janela, sentindo o ar noturno bagunçar meus cabelos.
A cortina do quarto de Harry está aberta e a luz acesa, o que significa que ele ainda não havia dormido.
Suspiro.
Endireito o corpo e estico o braço para fechar a janela, mas antes disso, Harry apareceu. Ele fez um movimento com a mão pedindo para que eu esperasse, e some do meu campo de visão.
Harry volta instantes depois com um caderno e uma caneta em mãos. Ele apoia o caderno no peitoril da janela, escreve algo e mostrar pra mim.
Você não consegue dormir?
Balanço a cabeça em negativa.
Harry vira a folha e escreve novamente
Quer ir lá fora?
Olho para o visor do meu rádio relógio. 11:38 h. Sorrio internamente e faço um sinal de positivo para Harry.
Harry escreve outra coisa, morde o lábio e mostra o caderno para mim
Leva um travesseiro
Por que?
Ergo uma sobrancelha, ou pelo menos acho que consegui. Harry não disse mais nada e simplesmente virou-se me dando as costas e pegando o seu travesseiro também.
E eu fui.
Desci carregando meu travesseiro e usando pijama amarelo com estampa de bichinhos. Espero que Harry não se importe. Abro a porta da frente e para a minha surpresa Harry estava me esperando na varanda, sentado no banco de madeira. Ele usava calça preta e camisa de flanela verde, aos seus pés estava jogado um cobertor e um travesseiro. Seu travesseiro.
Eu não pude deixar de sorrir.
— O que é isso, Harry? — pergunto achando graça, ao me aproximar dele.
— Te convido para passar a noite comigo Isabella. — Ele disse. E foi simples assim, era como se dormir na varanda da minha casa com Harry fosse tão normal quanto tomar sorvete no parque. — Trouxe um cobertor extra para caso faça frio.
Harry estava com um cobertor vermelho dobrado sobre as pernas, e o jogou no chão junto com o meu travesseiro.
— As vezes tenho vontade de sumir — disse Harry. — Pegar a estrada sem rumo e esquecer por alguns instantes tudo o que vem acontecendo até agora.
— Então, o que acha de ir para longe daqui? — pergunto encarando o teto, com as costas grudadas praticamente no chão.
Harry e eu estávamos dividindo o mesmo cobertor e faz um bom tempo que os carros deixaram de passar. Ao julgar pela calmaria acho que já é quase uma hora da manhã.
O tempo ao lado de Harry Styles voa.
Eu continuo.
— Coloca gasolina no carro — falei. Não tenho coragem de olhar para Harry, pois sei que ele está de olho em mim. — Dirige sem rumo, sei lá. Dá um tempo em tudo isso, Harry.
— Vou fazer isso.
Oi?
— Tá brincando, não é? — olho para ele e me deparo com o sorriso mais lindo que eu já vi, as covinhas de Harry o davam um charme especial, admito.
— Não. Não é brincadeira, Isabella. — Harry afasta o cobertor e senta, cruzando os joelhos de frente para mim. — Gostei da ideia. Tem alguma sugestão?
— Não — eu rio e estendo um dos braços para Harry me ajudar a sentar. Ele me puxa e eu cruzo os joelhos, o imitando. — Pensei que gostaria de passar a tarde em um parque, observar as crianças brincando e os cachorros correndo com seus donos que querem ser fitness.
— Não. Se é pra esquecer de tudo isso eu quero ir pra longe. Humm. Isabella, topa por o pé na estrada comigo?
Meu coração pulou uma batida.
— E a Alice? — mordo minha bochecha por dentro. Eu tenho tantas coisas para falar. Mas não dá. Alice Miller continua me atormentando. — Você contou que ela veio te visitar.
— Quando voltei para casa ela não estava mais lá — disse ele. — E então vem comigo, Isabella?
— Se eu disser que não, você vai aceitar de boa?
— Não.
Reviro os olhos.
— Eu quero ir com você, Harry.
Sinceramente, pensar em passar algumas horas com Harry Styles me deixava empolgada.
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