— Que merda Izuku! — Gritou Katsuki, gesticulando avidamente. — Já te falei que podemos melhorar. Porra!
— Não, não podemos Kacchan. — Afirmou Izuku no mesmo tom. — Você sabe que não! Esse nosso vai e volta está acabando com nós dois Katsuki! — Exclamou agitado antes de se acalmar. — Não dá mais para continuar isso, não dá mais para continuar com nós.
— Porra Deku! — Gritou uma última vez antes de se acalmar também. — Vamos tentar só... só mais uma vez.
— Já foram muitas últimas vezes, Kacchan. — Disse Izuku em resposta ao pedido do outro.
O esverdeado se aproximou, acariciou a bochecha esquerda de Katsuki, antes de subir o carinho por todo seu rosto. O verde esmeralda e o vermelho rubi se encontraram por um momento em uma troca intensa de olhares que transmitia muitas coisas, carinho, saudade, compaixão e gratidão. Eles eram o oposto mas se completavam de um jeito estranho, ambos sofreram no passado e apenas se reconstruíram com a ajuda do outro, talvez seja isso que os levou a se apaixonarem, bem como levou ao término.
Era inegável que já se amaram, amaram como perfeitos bobos apaixonados, mas esse sentimento acabou. Não desapareceu por completo porque não há como sumir com o que se importou uma vez, mas foi suprimido, outras coisas mais importantes tomaram conta do espaço ocupado pelo amor e então, este foi passado para segundo plano.
E quanto mais eles tentavam forçar esse amor a voltar à tona, mais ele se estilhaçava e levava os dois juntos, foi o que fez Izuku tomar aquela decisão.
O que Bakugou Katsuki e Midoriya Izuku viveram foi lindo, intenso e verdadeiro, mas assim como um bom livro, chegou ao seu final. E colar os cacos de um jarro quebrado não vai trazer trazê-lo de volta a normalidade, vai apenas deixá-lo mais frágil e suscetível a novas rachaduras.
— Acabou. — Proferiu por fim. Izuku deu um passo para trás ainda olhando os belos olhos rubis, levou sua mão livre ao próprio rosto para enxugar as lágrimas e começou a afastar sua outra mão do rosto de Katsuki.
— Uma noite. — Falou Katsuki ao pegar rapidamente a mão de Izuku e segurá-la na mesma posição de antes, o esverdeado exitou mas logo cedeu, se aproximando novamente. Bakugou soltou um longo suspiro, segurou o choro e continuou. — É a única coisa que te peço. Depois disso nos separaremos e nunca mais vamos nos ver se for de sua vontade. Então, por favor, apenas uma última noite.
— Tudo bem. — Izuku disse após alguns minutos de silêncio. Ele queria apenas ir embora e esquecer tudo, mas sabia que aquilo podia ser algo bom para os dois, seria como os créditos finais de um filme.
“Apenas, uma noite depois da noite, em que a gente termina, nosso pacto a última noite e a melhor das nossas vidas.”
A supernova brilhava fortemente no céu estrelado, iluminando o rosto de dois jovens e ex amantes que estavam no alto de um prédio a curtir a companhia um do outro enquanto observavam a cidade de cima.
— Somos tão pequenos. — Disse Katsuki abraçando os joelhos e trazendo-os para mais perto de seu corpo. O loiro estendeu sua mão para cima, fechando-a de modo como se quisesse pegar a lua. — É estranho o jeito como conhecemos e fizemos tantas coisas, mas ainda assim parecem feitos pequenos em comparação ao vasto universo, ao que ainda não sabemos e o quanto temos a explorar.
— E é isso que torna as coisas mais lindas. — Falou Izuku com um sorriso ao se aproximar mais do outro, sentando-se atrás do mesmo. Um dos seus braços circulou a cintura de Katsuki enquanto o outro fez caminho por seus ombros até se esticar para frente e completar o meio círculo que o outro fazia com a mão. — As dúvidas e questionamentos, o quanto ainda não sabemos, o que pode ou não existir. Os mistérios da vida são o que a tornam mais legal de se viver.
Um sorriso cúmplice foi trocado, seus rostos se aproximaram, verde no vermelho, antes dos lábios se encontrarem. Não foi um beijo necessitado, apaixonado ou até mesmo lascivo, não, foi um beijo calmo, onde buscavam transmitir o enorme carinho que um tinha pelo outro, mesmo depois de tudo o que viveram e o que se tornaram, o carinho que sentiam um pelo outro não mudara.
E ali em cima daquele prédio se iniciou o que seria a última noite. Um momento só deles para relembrar e encerrar o que um dia sentiram.
O cinema foi a primeira parada, onde tiveram seu primeiro encontro.
O parque foi a segunda, onde o pedido de namoro foi feito, em meio a doces e um céu estrelado a quase seis anos.
A boate, onde depois do terceiro término se reencontraram e viveram uma noite de loucura, antes de reataram o namoro.
O quarto do apartamento que dividiam, onde tiveram os momentos mais intensos e prazerosos e desfrutaram um do outro.
A sorveteria, a praça e o karaokê, todo e qualquer lugar que foi uma parte importante da história deles.
E então, a praia foi o último ato, pois foi onde se conheceram e onde tudo começou. E agora, em meio as ondas calmas e os primeiros raios que apareciam para esquentar-lhes a pele, seria onde tudo iria terminar.
— Por que me deixar ir? — Perguntou Katsuki de repente.
— Porque eu te amei. — Respondeu Izuku em um tom firme. — Nosso relacionamento foi lindo, mas no final acabou nos machucando. Essa foi a melhor decisão, a que nos libertou. — Afirmou com um curto sorriso.
— A liberdade do abandono? — Questionou o loiro, num levantar de sombrancelhas. Apesar das palavras, um sorriso pequeno e leve enfeitava-lhe os lábios, sabia bem o que Izuku quis dizer.
— Se você quer que um filhote de pássaro aprenda a voar deve deixá-lo aprender com as próprias asas. — As esmeraldas encararam brevemente os olhos rubis do ex parceiro antes de se voltarem para o belo nascer do Sol que assistia. — A gente se prendeu um no outro e no final tivemos que pagar um preço por nossa liberdade. Um preço alto mas justo para quem quer felicidade.
— Obrigado, Izuku. — As palavras deslizaram pelo lábios de Katsuki enquanto ele encarava incessantemente o outro com um sorriso. Estava bem consigo, a dor de um término ainda estava ali, mas fora aplacada, entendia que estava na hora de virarem a página e rumar para outra aventura.
Assim um último abraço foi dado. E cada um seguiu seu caminho, com a promessa de encontrar novamente a felicidade e levando com eles o que seria a mais bonita das despedidas e a melhor noite de suas vidas.
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