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História A viúva do coronel - Capítulo 17 - História escrita por Namikaze_Uzumaki - Spirit Fanfics e Histórias
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História A viúva do coronel - Capítulo 17


Escrita por: Namikaze_Uzumaki

Capítulo 17 - Capítulo 17


Ela estava séria e centrada, ele podia notar. Certamente todo o inconveniente ocorrido naquelas terras contribuiu para algo rui. Kiba gostaria de ouvi-la por longas horas, ou apreciar novamente o sorriso honesto e real da mulher. Ele estava ansioso com o fato de partilharem experiências, ele adoraria recebê-la no curral e discutirem sobre manejo, ouvi-la reclamar do que não gostava ou admirar algo novo que aprendia. 

O tempo se foi, talvez em outra oportunidade menos ruim, não é? Embora ele duvidasse que se encontrariam espontaneamente no futuro. Aliás, dado aos último dez dias ele duvidava até mesmo de Naruto ter outro encontro com a mulher quando ela deixasse aquelas terras. 

 — Senhora, foi um imenso prazer conhecê-la. Agradeço a gentil hospitalidade. — Ele curvou-se a ela que nada respondeu, apenas assentiu levemente, permanecendo protocolarmente parada aguardando que ele se fosse. 

Os olhos castanhos de Kiba voltaram-se então para o loiro que estava sério, amargurado e um tanto sobrecarregado nos últimos dias. 

Ele entendia bem o porquê. Paixão poderia acabar com um homem. Minguá-lo sem comer, sem dormir. Atormentá-lo como um fantasma ou um monstro embaixo da cama. Ainda mais para um homem que jamais apaixonou-se na vida e sequer era capaz de reconhecer as nuances de um amor, ainda mais um intenso. 

— Uzumaki — ele abraçou cordialmente o amigo — Foi muito bom revê-lo. Sai admirado com o potencial de suas terras e a disposição para ajudá-lo. Sei que fará grande coisas ainda, tem uma boa visão — ele olhou para Hinata de modo disfarçado — uma grande visão para negócios valiosos e… — ele baixou o tom de voz de modo que apenas eles ouviam — tem uma valorosa companheira na jornada. Uma mulher forte é o alicerce de um grande lar e de… um grande homem. Invejo-o. 

— Hinata me odeia mais do que antes. 

Kiba sorriu ladino… 

— É… odeia mesmo, mas sabe, essas são as melhores. 

Ele acenou e finalmente entrou em sua carruagem, seu assovio falhou na proposta, e enfiando a cabeça para fora ele gritou:

— Akamaru, vem logo! 

Mas o cachorro parece virar o rosto e seguia sentado quieto ao lado da lady daquela casa. 

Ela sentiu o rosto aquecer um pouco, mas curvando-se, acariciou o animal de pelagem clara, conversando com ele algo, e foi apenas depois disso que Akamaru levantou-se e entrou finalmente ao lado de seu dono. 

 

Cinco dias depois, a nova boiada estava sendo recebida na fazenda, o que causou uma grande mobilização dos boiadeiros separando os garrotes em seus lugares. Separava-os por tamanho, para facilitar o manejo da engorda e tudo isso acompanhado de perto pelo coronel, no entanto esse, apoiado e quase debruçado sobre uma das cercas do novo curral, parecia apenas deixar o tempo passar. 

Ele deveria se sentir orgulhoso agora, já que a cidadela vinculada a suas terras crescia. Com a demanda de mão de obra tanto para os pastos e propriedade, quanto para as plantações. O caixa da fazenda seguia positivo, os empréstimos estavam sendo liquidados, e as dívidas anteriores foram todas quitadas, claro, graças a engenhosidade de Hinata ao manipular tão habilmente as contas e finanças.  

À medida que se andava na cidadezinha, essa ganhava novos comércios para atender à necessidade de novos moradores, um ciclo que estava sendo impulsionado gradativamente. 

Mas ele estava muito mais que infeliz, e por isso suspirou enquanto os olhos encaravam apenas suas botas. Tão avoado que sequer notou a proximidade de seu feitor. 

— Tem dez doentes, mas não parece ser grave. Mandei separar — disse. Naruto demorou um minuto ou dois para apenas consentir. 

— Acha que as chuvas vão atrapalhar? — perguntou e um tom baixo enquanto seus olhos erguiam-se pelo lugar agitado por bichos e funcionários. 

— Não tanto. O galpão pronto ajudará a manter um bom estoque de grãos para ração, mas podemos ter problemas com o ataque de onças. São jovens… a defesa deles é limitada. 

— Confinamento então?

— Na maior parte. Encomendei mais rifles para os homens da vigia.  

— Certo. 

Aquele silencio era comum entre homens, certamente era, e o que eles achavam que deveria se resolver com um tapinha no ombro e um copo de bebida parecia pouco diante da melancolia. 

Iruka suspirou. 

— Desculpe me meter coronel, mas anda tão infeliz. 

Naruto virou lentamente os olhos para ele. Não falou, tão pouco desmentiu. Apenas suspirou cansado. 

O feitor tomou aquilo como aceitação para prosseguir, e com cautela ele firmou-se.

— Sabe coronel, eu considerava mulheres como flores. Graciosas, delicadas… então percebi que algumas são muito frágeis ao ponto que tocando do modo errado elas perdem todas as pétalas, já outras são mais… duronas, sabe, como as dos cactos do deserto. Elas florescem mesmo em meio a tanta adversidade e escassez e são… muito bonita aos olhos, mas não sabemos tudo que ela passou até estar assim, desabrochada. 

— Flores… — Naruto balbuciou com certo tédio. Considerou Iruka um pouco idiota, do tipo que deveria se manter centrado em peões e bichos e deixar a filosofia para homens pensantes. 

Iruka sorriu sem jeito. Ele tirou seu chapéu e brincou um pouco com as ambas. Seu cabelo estava mais comprido e ele se lembrava de algo positivo nisso. 

Estranhamente pervertido ao recordar-se de sua senhora literalmente sentada em sua cara e os agarrando e puxando enquanto gemia e rebolava. 

“Foco” 

pensou, a fim de desviar o fluxo sanguíneo do lugar errado. 

— O que eu quero dizer é que… Se elas nascem em um lugar hostil, elas se adaptam para isso. Elas criam formas de defesa. Espinho, veneno, como as urtigas por exemplo ou as papoulas. Mas quando alguém entende suas defesas, é capaz de driblar seus mecanismos. Como os lindos arranjos de rosas, que ainda repleta de espinhos agrada os olhos. Os jardineiros aprenderam como lidar, como colhe-las sem se machucar e sem machuca-las. 

— Sabe que está parecendo um louco, não é? 

Iruka riu. Os dedos bagunçaram os fios escuros por um momento e inspirou. A lady tinha razão ao chamá-lo de asno. Naruto era um homem brilhante, mas apenas no seu pequeno mundo em que era centrado e apegado. Sua engenhosidade para solucionar problemas era incrível, sua visão na construção e na matemática era incontestável, mesmo diante de intensidade e impulsividade. Naruto também se socializava muito bem. Era um homem bem articulado em seus diálogos e nas avaliações de caráter o que o tornava um negociante excepcional, porem limitava-se aí. 

— Lady Hinata é como um espelho — finalmente Naruto deu atenção ao homem — ela reflete exatamente o lado oposto. — Aquilo pareceu tão confuso para Naruto — ela é uma das flores frágeis, das que perdem as pétalas facilmente. Como uma dama-da-noite, ela se fecha e se resguarda para tudo. Sua defesa protege tudo que tem a oferecer em seu interior, mas quando a noite cai… ah… quando a noite cai, e tem a frescura das brisas e a lua no céu, ela se abre bonita por demais, e seu perfume se torna o mais atrativo dentre todas as flores, manifestando-se longe. 

— Eu deveria ligar para onde ela empurra sua fragrância? — pareceu tão zangado e frustrado. — Hinata é apenas o negócio inacabado do antigo coronel, não é? 

— É? — Naruto o olhou, o vendo sorrir com certo desdém — coronel, eu sou um homem discreto, mas o senhor está longe disso. — Ele viu Naruto abrir e fechar os lábios algumas vezes sem argumento — o estábulo… e alguns outros lugares… também trabalho ao lado dos dois tempo o bastante para sentir o perfume de um no outro. 

Naruto nada disse, apenas voltou seu olhar para frente, o que fez Iruka suspirar longamente e imitando o coronel, ele se apoiou nas cercas. 

— Eu posso ter… usado palavras erradas com ela. — Balbuciou como se confidenciasse algo a um amigo. 

— E tentou usar as certas? 

— Tsk… como se ela fizesse questão de ouvir. Por culpa dela eu estou com a gaveta entupida de convites formais para chá, encontros e bailes. 

— Mulheres com raiva sabem como maltratar — o feitor suspirou. — Mas não estou vendo o senhor assumir qualquer compromisso. 

Naruto riu com desgosto. 

— Como se o luto dela me permitisse. — Balbuciou surpreendendo ao feitor. Naruto o direcionou o olhar e suspirou — esqueça o que eu disse. — Ele afastou-se da cerca, mas Iruka interrompeu suas passadas. 

— O antigo coronel, quando a deixava melancólica, costumava a presentear. 

— Como flores e brincos? 

— Como éguas, bois e trincheiras. 

Naruto sorriu negando. 

— Essa melancolia é bem cara aos bolsos. 

Iruka sorriu. 

— Quem pode medir em valor a felicidade de uma mulher, principalmente uma lady? 

— E quando sua senhora tem melancolia? 

— Então as flores ão de servir… e talvez um vestido. 

— Justo. 

— Se quiser, pode começar com palavras gentis, às vezes ajudam. 

— No caso de Hinata, ela escalda minha língua e a frita antes mesmo de eu conseguir dizer. 

 

(…)

 

— Precisa de vestidos? — ele indagou no jantar, e ainda soprando sua sopa e a levando aos lábios, Hinata disse:

— Pareço mal vestida? 

— Não, mas…

— Então não. 

Calaram-se com ele a olhando e ela mais interessada em sua torrada, frutos e ensopado. 

Tomou a taça de vinho entre os dedos e bebeu tão voraz quanto um homem, o encarando profundamente nos olhos até esvaziá-la facilmente. Serviu um pouco mais.  

— Mas se aprecia caridade, as crianças do orfanato carecem de novos colchões. pobrezinhas. O inverno está chegando. 

O olho dele estremeceu, mas ela prosseguiu. 

— Um bom vestido de seda e camurça valeria o que, uns seis, talvez dez colchões razoáveis? 

Os lábios dele tencionaram em linha reta. 

— Colchões são diferentes de vestido. 

— São sim — ela esboçou um sorriso provocativo que fizera o coração dele acelerar. 

— T-três vestidos. 

— Eu já disse que adoro brocados e renda italiana bordada a mão? — ela notou o maxilar dele tencionar enquanto segurava um pouco forte a taça de vinho. 

— Quarenta colchões — disse por fim. Tão centrado no olhar lavanda dela naquele momento. 

— Sua graça é tão generoso. Aposto que a família Roran ficará encantada. — Ela viu a careta dele tão desgostosa. 

— Hinata, por favor… 

— Eu tomei a liberdade de convidá-los para o jantar de amanhã. Gosta de piano, coronel? 

— Odeio! 

— Que bom, pedirei para a menina Sara tocar um pequeno recital para vossa graça. 

— Até quando levará isso adiante. Pode somente aceitar minhas desculpas? 

— Está pronto para liquidar meu dote? 

— Seu luto não permite. 

Ela calou-se e bebeu um pouco mais. 

— Acho que pedirei para colherem gerberas. Dão um ar tão feminino e carregado de empatia e admiração. Aposto que a senhorita Sara gosta delas. 

— Não participarei do jantar. 

— Já lhe disse que o senhor Roran é um importante mercador de Kiri, de carne. Ele está em Ame esses dias e tirou uma noite exclusiva em respeito ao coronel. 

— Isso é tão baixo, Hinata. 

— Quer mesmo falar sobre jogar sujo comigo, Coronel?

Ele virou sua taça outra vez e se levantou. 

— Tenha uma boa-noite. 

— Quarenta colchões, coronel, não se esqueça. 

Ele rosnou, mas ela sorriu a princípio. E depois de sozinha a mesa, ela deixou a taça de lado. Seu sorriso despareceu, e seus olhos fixaram na prataria. 

Ela era tão humilhantemente fraca ao deixar seu coração sentir saudades de uma mentira? Ela era sim, sabia. Ainda assim, sentia carência dos lábios dele nos seus, das mãos que percorriam com tanta intimidade e destreza seu corpo, de como seus olhos a olhavam no auge do desejo… ela sentia falta de como sua mão encaixava-se tão pequena na grande, quente e forte dele. Dos sussurros em seu ouvido enquanto afundava-se em si. De como ele a envolvia o corpo adormecendo em si como se fosse ela seu travesseiro. De como os cabelos dele eram muito mais bagunçados e desleixados do que o chapéu deixava saber, mas ela adorava como lhe caia os olhos. Adorava fazer seus dedos brincarem provocando os pequenos gomos de seu abdômen até deslizarem sobre a fina pelagem do caminho da perdição ao mesmo tempo que podia admirar a masculinidade ganhando uma vida intensa em suas mãos, fazendo elas parecerem ainda menores do que eram.  

A mentira mais sincera, sensual e doce que viveu. 

Ela ergueu-se, e então aquela pequena cólica a acometeu. Precisou apenas cegar ao seu quarto e livrar-se do vestido para ver que suas regras a davam olá, aquele mês. 

Ela deveria sentir alivio, não é? Muito dele e uma parte sua de fato sentia, mas outra pensava que talvez a culpa de tudo pudesse ser de Nagato que não a buscava no leito tantas vezes assim quanto necessário, mas qual seria a desculpa agora quando Naruto a buscou praticamente todos os dias incansavelmente?

Suas mãos apertaram seu ventre enquanto ela olhava a lua através da janela. 

— Um deserto árido e estéril, onde a vida mal ousa florescer…

 

(…)

 

“— Coronel, permita-me apresentar a senhorita Sara Roran, ela tem dezessete anos e… 

(...) — É realmente… talentosa no piano, senhorita” 

 

— Acha que um buque de flores ou trinta deles é um passe para baixo dos meus lençóis? Acreditava que homens ricos davam joias e mimos para as putas do bordel! 

— Você não é uma puta! 

— Não… senão eu ganharia diamantes, coronel, dos mais caros. 

 

“ — O coronel é realmente um homem de caridade e muito gentil! As crianças já estavam felizes com os colchões novos, mas graça ao pequeno patrocínio de sua graça, ganharam roupas também e armários novos. 

— Tudo pelas crianças. Agradeça a Lady Uzumaki, padre. 

— Que bom que ela tem sido uma inspiração positiva em sua vida, coronel. É uma mulher altruísta e uma dama de grande valor.”

 

O som do piano sendo tocado com a melodia certa o prendeu. Uma melodia doce, suave e ao mesmo tempo triste capaz de entorpecer os sentidos. Os dedos dedilhavam tão agilmente sem tropeçar ou falhar. O tempo correto, as notas perfeitas, o movimento delicado dos punhos e articulações soavam indecentes e eróticos feitos por ela diante de olhos tão azuis. 

Ele odiava piano, mas adorava a ela. 

— Não sabia que tocava — balbuciou. 

— Nunca me perguntou. — Ela pareceu tão seca, mas era apenas direta. Não se moveu quando ele se sentou ao seu lado dividindo a banqueta.  

Ele a atrapalhou desengonçado e ela estava tão zangada, mas riu. 

— Você é horrível! 

— Tenho defeitos incontáveis, madame. 

Olharam-se em silêncio, enquanto o rosto dela incendiou-se, mas ignorando a sensação em seu ventre ela voltou para o piano. 

— Precisa relaxar mais o pulso, assim…

 

“ — A senhorita Rin Nohara é a caçula da família. Tem dezoito anos e passou um longo tempo morando com a tia viúva na capital, onde pode se educar um pouco, ela trabalhou nos últimos seis meses com um conceituado médico onde aprendeu a assessorar. 

(…) — O coronel gosta de eventos e espetáculos? Eu amava ir ao teatro… também adoro gatos. Tenho seis…”

 

 — O que é isso? — ela estranhou o embrulho. Era um pouco pesado e tinha um bonito laço lilás. 

— Abra. 

Os dedos o fizeram com leveza, encontrando o livro de capa dura, acabamento em dourado e luxuoso. “ Promessas de outono, por Amaterasu” 

— I-isso é…

— O novo lançamento inédito. É o seu autor favorito, não é? Ainda não está no mercado. 

Ela sentiu os olhos umedecer iluminados, seus dedos com suavidade abriram, encontrando já na primeira página a dedicatória do autor exclusivamente para si. 

— C-como? 

— Mesmo os asnos tem amigos, senhora. 

— Obrigada. Eu realmente apreciei. 

 

“ — Essa é a senhorita Tayuya Otto. Ela tem quatorze anos — ele engasgou-se um pouco com a bebida e estava tão chocado, enquanto ela apenas segurou o riso. — Ela é sabe ler um pouco, não escreve, mas é primorosa com bordados e costura. Também toca flauta. 

— Diferente… Quatorze? Bastante… jovem. 

— O senhor Otto é um dos fazendeiros da nossa região, coronel. Ele é um dos maiores produtores de café.”

 

Ele encarava a caixa grande sobre sua cama sentindo uma imensa frustração e ao mesmo tempo dor. Abriu-a retirando as belas peças de roupas de um terno completo feito sob medida escolhidos em cada detalhe por ela. Desde o lenço ao relógio de bolso. Das luvas brancas de gala aos sapatos de bom couro. 

Ao lado havia um elegante envelope que formalizava aquele convite de baile.  

“Ryuzetsu Sonozaki”

 

 

“ — A senhorita Koyuki Kazahana é grande admiradora de literatura e poesia. Ela adora teatro e bons livros. Vem de uma família tradicional de bom nome. Ela viajou bastante e tem uma etiqueta social impecável. 

Ele beijou sua mão com suavidade 

— Seus olhos são muito bonitos, me lembram os de minha falecida mãe. 

— Obrigada, coronel. 

 

 

— Com que direito invade meu quarto assim? — ela levantou-se de sua poltrona, fechando o livro que lia e o repousando sobre a mesinha. Seu chá fora deixado de lado enquanto ela o olhava. 

— Estou cansado e sufocado desse jogo. Quantas vezes ainda terei que me desculpar para que pare? 

— Faço-lhe um favor. 

— Brinca comigo severamente e eu permito por alguma razão estupida. 

— E como lida com isso, hm? — eles aproximaram-se enquanto seus olhos não podiam perder tal conexão — como lida ao se sentir estupido, ou magoado. Como se sente quando está numa mesa de jantar e é o troféu de todos aqueles pais e mães? Daquelas meninas? Como se sente quando brincam com seu destino ou futuro, quando trançam-lhe os planos sem que você faça parte real deles? A única diferença é que ainda tem uma escolha. 

— Chega, Hinata! É astuta e engenhosa, eu percebi. É brilhante ao demonstrar sua insatisfação, e honestamente é mais cruel do que deixa revelar. Me tem entre seus dedos e me esmaga com satisfação. 

— Não sou rancorosa, coronel, tão pouco cruel. Estou lhe dando cartas no seu próprio jogo. Case-se, fique solteiro, tenha filhos, ou termine bem aqui seu legado. Vá a bailes, ou viva entre os bois. Traga putas pra cá, ou se enfurne em um bordel. Eu não ligo. Nem tudo será sobre você, às vezes será apenas sobre mim e o pouco de escolha que tenho nessa vida. 

Ele segurou seu ombro apertando em um embalo que palpitou o coração de ambos. Seus corpos atraiam-se, arrepiava-se, mas seus sentimentos os repeliam. 

— Mas tudo é sobre você, é justamente sobre você e como tem me desgraçado fazendo eu morder e rasgar minha língua a cada dia. — O nariz dele roçou com suavidade contra o pequeno e arrebitado dela enquanto as respirações chocavam-se quentes. O aroma de jasmim do chá estava lá, misturado ao leve baunilhado do whisky. — é sobre o que provoca em mim, ou como me leva, como me influencia e como me torna mais insignificante que o pó. É sobre como eu estar sentando em uma mesa repleta de pessoas, mas meus olhos só buscam os seus. 

— Para — ela balbuciou contra os lábios masculinos que roçavam lentos aos seus. 

— Não aquece só meu colchão. Aquece minha alma, me inunda de cores. Me envolve com seu cheiro, seus sons. Me contamina com a sua empolgação, mas também me destrói com sua raiva. Me faz passar o dia apenas esperando meras migalhas do seu tempo, da sua companhia no jantar, ou no café. Me faz querer desesperadamente que algo apenas aconteça para que eu veja seu sorriso. A importância que tem para mim vai muito além dos lençóis. Ainda que não sejamos casados… Sinto como se fosse minha companheira e a vejo como minha. E sinto muito pelas palavras infelizes, por… ficar doente de ciúmes de você, mas você vai muito além de produtora de crianças.

Os lábios tocaram-se por um instante. Talvez segundos até que ela se afastou bruscamente de seu toque, e o olhando com raiva, ela deslizou o torço da mão sobre os lábios, limpando-os de seu toque. 

— Se lamenta… — sorriu com certa raiva — Palavras gentis e vis misturam-se, Naruto. Se eu não respeitar a mim mesma e impor meu valor, — ela bateu em seu peito — não será você a fazê-lo. Não foi apenas seus ciúmes. Me desmoralizou, me humilhou e me diminuiu. Me considera cruel… a mesma mulher que esteve ao lado do seu leito enquanto delirava adoecido, que se preocupou e o alimentou. E por fim me tratou como um negócio… Como um bem da fazenda a quem se barganha, e honestamente não difere de Nagato. Uma vaca premiada arrastada em bailes e festas, mas uma que é carne, não reproduz, é claro — ela falava isso com uma violência incontestável enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto, mas sua intensidade era tamanha em seus sentimentos que Naruto sentia o rosto úmido por igual, em olhos que ardiam em lágrimas represadas. — Calada, muda… quieta, ainda assim sorria, mesmo com seus machucados bem escondidos. Uma cuja a valia era sobre uma cama de pernas bem abertas para um homem cheirando a tabaco, álcool e puta meter até se satisfazer, e então ouvir que não prestava, que era defeituosa e inútil, e então tudo começava outra vez… Eu sou mais que isso, muito, muito mais que isso, e se tudo que o mundo tem a me oferecer é isso, então morro em um convento.

Encararam-se com um silêncio sepulcral. Sentimentos tão viscerais e expostos. 

Ela aproximou-se dele, e ainda que ela mesma chorasse tanto e seu coração parecesse tão pequeno e esmagado. Seus dedos gentilmente secaram o rosto dele.

— Ainda quer falar sobre o jogo que o cansa e o sufoca, Naruto? Quer falar sobre o quão injusta a megera Lady Uzumaki é com vossa graça o punindo por ter apenas um pouco de ciúmes ou fugir de sua cama? 

— Não… — ele balbuciou retirando a mão dela de sua pele com cuidado. 

— Está bem então. De todo modo, tem uma lista bem grande de valiosas meninas que se sentiriam maravilhadas e honradas em casar-se com sua graça, não careço mais me intrometer em sua vida. 

 



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